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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-04-22

SISTEMA 1973

1-2 - 73-04-22-ie> =ideia ecológica - quinta-feira, 5 de Dezembro de 2002-scan

CARTA A MINHA FILHA (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976

22/Abril/1973 - Um dos temas predilectos glosados pelo inimigo da Revolução ecológica é o da recuperação da Resistência pelo Sistema.
É, por exemplo, o reaburguesamento dos "hippies", recuperados e transformados em atracção turística do município de Amesterdão, que a princípio os varria e depois os atraía, logo que descobriu o negócio; Bob Dylan recuperado e devorado pela indústria do disco que logo transformou o protesto ''pop'' num elemento decorativo dos salões burgueses; enfim, o ecologista acabará também por cair nas malhas, na sua condição de protesto minoritário, de resistente individual, já foi recuperado e está à venda, sob a forma de antipoluentes e estações de tratamento de dejectos industriais os mais diversos.
Por agora, não pretendo relacionar com outros aspectos e sublinho apenas este: é curioso como se critica rápida e acerbamente um erro ou um fracasso da Resistência, enquanto se omite e oculta as condições em que essa Resistência se efectua; enquanto se esquece de que é condição sine qua non dessa Resistência o erro e o relativo fracasso (Êxitos rotundos só o Sistema os obtém, pudera: êxitos principalmente nos crimes que ninguém critica).
Multiplica-se, porém. E é este fenómeno da multiplicação das minorias resistentes que o cronista de serviço ao serviço do Sistema finge ignorar. Se há um "hippy" que se aburguesa e joga o jogo do município de Amesterdão, há 20 ou 30 que nascem em outro lugar qualquer da Terra (para se aburguesar ou não, não importa).
Caminhar é errar. E quem caminha para a utopia, é natural que erre, que fraqueje, se a bocarra do Sistema está sempre pronta a engoli-lo, à espera que ele caia, fazendo tudo para que ele caia. Mas são assim todas as histórias de todas as resistências. Nem por isso deixam de ser e de terem razão de ser.
O facto de tudo me obrigar diariamente a entrar no jogo, e apesar de entrar no jogo sempre que a isso a estrita sobrevivência me obriga, não me leva a deixar de pensar como penso, antes pelo contrário; ou de escrever como escrevo, antes pelo contrário (e já que é escrever a minha verdadeira forma de agir, tudo o mais são tropismos de sobrevivência, com que engano os que desejariam suprimir-me).
E se alguma coisa me dá ganas de continuar vivo (para lá de todo o fastio e de todo o nojo de existir Nisto) é precisamente e unicamente a ideia de resistência ao Sistema, de o criticar e sabotar onde possível, de o denunciar.
Os que vierem depois e virem em que estado lhes deixaram o Mundo, saberão quem resistiu e como resistiu até aos limites do humanamente possível.
Assim tivessem resistido aqueles que no alto das suas tribunas vão debitando as suas crónicas sobre os "hippies" e sua traição, sobre os provos e sua deserção, sobre os ecomaníacos e a sua desistência.
É a única herança decente que se pode deixar a um filho: dizer-lhe que algo se fez para sustentar o rosto humano. Que se resistiu, enquanto se existiu.

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(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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LIXO 1973

1-1-73-04-22-ie> = ideia ecológica - quinta-feira, 5 de Dezembro de 2002-scan

UM PROBLEMA DE LIXO(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976

22-Abril-1973 - Em Fevereiro de 1972 o Exército Americano tinha nos seus depósitos 9000 toneladas de herbicidas. Desde 1965 lançou sobre as florestas do Vietname 50 000 toneladas destes produtos químicos para arrasar toda a vegetação e mato que pudesse servir de esconderijos aos guerrilheiros.
Mas que fazer com esse resto de desfolhantes (ou desfoliantes), inservíveis para a agricultura e perigosos em tempo de paz? Onde encontrar uma lixeira adequada? A destruição química era demasiado cara. Queimá-los então num forno especial perto de Huston? O governador do Texas opôs-se por temor à contaminação do ar. Lançá-lo na boca de um vulcão... foi outra "solução" proposta.
Este problema de retrete teve um antecedente naquele barco que transportava gases venenosos do arsenal de Okinawa e que foi naufragado pelos americanos nas águas do oceano para enterrar no fundo o seu conteúdo mortal.
Hoje lançam-se também, encerrados em túneis de betão, os dejectos radioactivos provenientes da fabricação de bombas atómicas e das centrais de energia atómica.
Com o tempo, porém, os recipientes irão partir-se e os produtos radioactivos - que têm milhares de anos de "vida" - filtrar-se-ão para as algas e a fauna dos fundos marinhos. Diga-se para quem saiba que a radioactividade costuma ser mortal.
A solução proposta pela Aerospace Corporation dos Estados Unidos consistiria em depositar os dejectos radioactivos em depósitos especiais que seriam lançados ao espaço por meio de potentes foguetes atlas. Ali, desintegrados, iriam, no decurso da sua trajectória hiperbólica, depositar-se no Sol...
Destacar, de vez em quando, por amor à sensação, apenas uma parcela é injusto para as restantes. Sem noção de conjunto, os problemas de Ambiente tornam-se numa maneira assaz desportiva de brincar aos problemas.

Numa hierarquia de gravidade, evidentemente que antes da poluição biológica das Tágides, muitas outras (químicas) deverão colocar-se. O insólito não reside, pois, em ter lembrado esta, mas em se continuar esquecendo todas as outras, do Tejo ao Guadiana, do Vouga ao Sado, do ar às margarinas, dos pesticidas aos ácidos sulfúricos, do mercú rio ao cádmio, dos detergentes ao monóxido de carbono, dos plásticos aos óleos comestíveis, dos vinhos ao leite, do tráfego aos acidentes de tráfego, das endemias às epidemias, do stress citadino às piscinas com cloro, dos antibióticos no gado às hormonas nos frangos, dos arboricidas da Amadora aos fratricidas de Cascais, os rios mortos aos oceanos moribundos.
Qual a esquerda que dá importância à opressão praticada hoje pela indústria química para corrosão da resistência individual?
Aditivos, tóxicos, refinados, desmineralizantes, adubos, pesticidas, herbicidas, corantes, enfim, a química contra o corpo humano, que melhor programa, que melhor arma, que melhor mecanismo, que melhor pata repressora?
E da radioactividade quem fala?
E do óxido de carbono?
E do chumbo?
E do mercúrio?
E dos produtos farmacêuticos?
E da inaudita violência das vacinas e da cirurgia?
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(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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FRENTE 1983

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CHAVE PARA INÉDITOS AC DE 1983 
CONTRIBUTO ÀS MEMÓRIAS DE UM PESADELO

[Repescagem, em 22 de Abril de 1994, de um texto de 1983, sobre alguns episódios centrados na existência de um jornal chamado «Frente Ecológica»]

VÁRIAS VICISSITUDES, EM DEZ ANOS UM ÚNICO OBJECTIVO: INFORMAR

[12-2-1995]

+ 4 PONTOS

[Um texto de 1983] 1 - Vicissitudes várias fizeram passar a «Frente Ecologica» por diversas fases e crises. Tendo começado por ser rótulo de um jornal (14 números publicados antes de dar a alma ao criador) passou a servir de sigla para algumas modestas edições artesanais (stenciladas) e foi ainda título de um série especial destinada a publicar textos que as várias neo-censuras consideram impublicáveis. «Frente Ecológica» também foi, por força das circunstâncias, mini-livraria ou centro documental ao dispor de estudantes e professores. Muitas listas de livros e minibibliografas foram enviadas aos que solicitavam pistas para os seus trabalhos escolares. Algumas vezes, para equilibrar uma contabilidade permanentemente deficitária, promovemos saldos de livros correntes a preços de ocasião, ou de livros raros a preços convidativos. E assim se foi dispersando a biblioteca que deveria manter-se unida
2 - Mas a Biblioteca dos Tempos Difíceis (como em determinado momento decidi baptizá-la) não morreu, apesar de tantas sangrias. Continua a resistir (1983), embora tendo às vezes que hibernar. Milhares de livros encontram-se armazenados, deteriorando-se e aguardando as condições materiais mínimas (estantes, sala, ficheiros) para funcionar ao serviço do público. Mas quem necessitará de se informar sobre o Mundo que já bate violentamente à nossa porta? Especializada em temas de Ecologia Prática, Movimento Ecológico, Tecnologias Apropriadas, Qualidade de Vida, Protecção da Natureza, etc., a quem poderá servir, e quando, a Biblioteca dos Tempos Difíceis. Terá que esperar por tempos ainda mais difíceis, para que uma entidade a apoie e ponha ao serviço público?
3 - A Biblioteca existe, pacientemente feita e refeita ao longo de 15 anos. Aguardamos sala, estantes, ficheiros. E um Ministro da Cultura que não tenha medo da Ecologia. Centenas de ouvintes se dirigiram, por carta ou postal, ao apontamento radiofónico «Ecologia em Diálogo», enquanto ele foi transmitido pela RDP - Antena 1, através do «Ponto de Encontro». Surgiria depois um jornal com o mesmo título, mas só saíram dois números. A Direcção Gael de Informação, por despacho de Manuel Figueira, negou porte pago ao jornal «Ecologia em Diálogo». Entretanto e na rádio, durante ano e meio, estes dez minutos semanais permitiram um diálogo com milhares de ouvintes sobre problemas de Ecologia. E isso só foi possível por especial empenho e boa vontade de quem nos convidou a realizar o programa. Costa Martins, produtor do «Ponto de Encontro», foi o homem que acreditou e apostou nessa iniciativa, nessa voz da ecologia na Rádio. A correspondência recebida nesse apontamento radiofónico prova que a Ecologia não é um assunto de élites e interessa milhares de portugueses. Gostaríamos de divulgar um dia essas cartas dos ouvintes que nos escreveram. Dando seguimento à vontade de muitos ouvintes e leitores, elaborámos algumas relações de endereços relativos a cada localidade, permitindo assim, a pessoas que porventura se desconheciam umas à outras, entrar em contacto por intermédio dessas listas. Parece-nos este um método expedito para formar núcleos ou nós de ecologistas na mesma terra, entrelaçando-se entre si esses núcleos para ir formando uma rede. Isto permite que se unam e venham a estabelecer convívio pessoas que, embora residindo perto, não teriam conhecimento de outras igualmente interessadas na frente ecologista.
4 - Eis várias situações solicitanto todas a mesma coisa: informação. Acontece que se luta, há 9 anos, na «Frente Ecológica» para pôr a funcionar esse pivot informativo - e ajudas, de facto, não têm sido muitas. Oficiais, nenhumas - antes pelo contrário. Particulares, algumas, de inigualáveis amigos que, de vez em quando mandam um cheque para aguentar as despesas de correio. Outros fazem o favor de convidar a «Frente Ecológica» para colóquios e encontros. Mas o que se pode dizer - a informação que se pode transmitir nesses encontros fortuitos - é apenas notícia de que a informação existe. Falta uma sala onde centralizá-la. Faltam estantes e ficheiros. Falta funcionalidade e capacidade de resposta. O embrião de um centro de resposta existe, mas de estudo embrionário não passará, enquanto o País e a Democracia que temos não passarem de um assustador aborto.
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CÁLCIO 1991

91-04-22-aa> cálcio>behavior> autoterapia alimentar alquimia alimentar - revisão:sábado, 22 de Abril de 2006

ECOLOGIA DO CÁLCIO E SUA INTERDEPENDÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS

22/4/1991 - A assimilação do cálcio pelo organismo serve de exemplo às questões de importância vital levantadas pelos Oligoelementos. No caso da calcificação ou descalcificação, além do cálcio outros dois elementos desempenham um papel primordial: o Fósforo e o Magnésio. Isto para não falar, possivelmente, do mais importante de tudo: o sistema nervoso simpático ou secundário, que regula o funcionamento dos órgãos.
Não há dúvida que a cárie dentária é, entre outros, um sintoma de descalcificação evidente: mas isso não significa falta de cálcio, pode significar a falta de fósforo, de magnésio, de flúor, indispensáveis à assimilação do cálcio, ou à presença de elementos químicos inibidores do Cálcio.
Facto comprovado é de que o açúcar industrial, tão largamente consumido, constitui um desmineralizador importante, retirando ao organismo, cálcio e outros minerais indispensáveis à sua assimilação.
Administrar o Flúor em água de consumo público é uma prática hoje abandonada, pois verificou-se, nos Estados Unidos, que as populações abrangidas pela experiência acusavam uma maior incidência de mongolismo, provocado por carência de vitaminas.
Indispensável à fixação óssea do cálcio é a presença da Vitamina D, que pode ser obtida do Sol e que de nada adianta administrar sob a forma sintética: o Colecalciferol (Vitamina D) fornecido pela alimentação é capaz de encobrir a insuficiência de raios solares nos dias de Inverno. Casos graves de intoxicação podem verificar-se com a administração de vitamina D sintética.
A absorção do cálcio ao nível superior do intestino grosso é facilitada pelas hormonas sexuais e da tiróide.
A eliminação não excessiva de fosfatos de cálcio na urina pode ser sinal de eliminação em excesso de cálcio. O excesso de um ou outro no organismo pode originar um aumento de eliminação e conduzir à descalcificação. Erro de graves consequências, portanto, é administrar Cálcio medicamentoso, o que a própria medicina acabaria por deixar de fazer, depois de se conhecerem as graves sequelas da sua administração.
A menor indisposição faz desaparecer instantaneamente certos sais. Uma ou duas noites de insónia e eis que minerais que deviam fixar-se em células são eliminados na urina ou nos excrementos. Medicamentos há que eliminam vitaminas e bloqueiam minerais. O excesso de certos metais faz baixar o teor de outros. A ausência de certos oligoelementos impede a acção de outros, mesmo que estejam presentes. A carência de cobalto, por exemplo, impede o ferro de actuar, pelo que pode haver anemia mesmo com excesso de ferro.
De todos os factores que concorrem para a normal assimilação do cálcio, o menos falado é talvez o mais importante: trata-se do grande simpático ou sistema nervoso secundário, que, escapando à nossa vontade (ao contrário do sistema nervoso central), comanda as funções de todos os órgãos: circulação, digestivos, depuração, glândulas, vasodilatação, vasoconstrição e até defesas do organismo pelos leucócitos. A energia gasta por esta «força inteligente» que dia e noite vela pelo nosso organismo, deve ser continuamente compensada e alimentada. Quanto mais agitada for a nossa vida, mais energia essa «força inteligente» gasta. Desde que o sistema nervoso trabalhe no máximo das possibilidades, o menor incidente inesperado - desgosto, preocupações, excesso de trabalho - provoca uma brusca perda de equilíbrio.
A descalcificação é uma das deficiências que o organismo nessas circunstâncias pode acusar.
O Magnésio surge no centro desta situação: sendo o alimento específico da célula nervosa, ele falha no organismo, por dois lados: o stress que o gasta em quantidade e os alimentos vindos de solos pobres em magnésio, que são também pobres ou muito pobres nesse mineral, e que não conseguem repô-lo no organismo nas doses necessárias. Ora o Magnésio age como um verdadeiro «regulador» do Cálcio no organismo, favorecendo a fixação deste elemento onde ela deve ser feita e ajudando a sua eliminação (o que é igualmente importante) logo que a quantidade se torne prejudicial, em especial para os vasos e tecidos articulares.
Stress, refinação de alimentos, produtos químicos na agricultura, aditivos e conservantes químicos nos alimentos, são alguns factores de ambiente que condicionam profundamente a ocorrência ou carência de oligoelementos. O empobrecimento dos solos agrícolas em Oligoelementos tão importantes como Magnésio, Zinco, Cobre, Ferro, Iodo, Selénio, Lítio, é um facto comprovado.
Um dos antagonismos entre minerais a registar é o do Magnésio-Chumbo, permitindo assim obviar à presença deste na cidade poluída pelos escapes de automóveis (a gasolina tem alto teor de chumbo adicionado, que por vezes se torna sensível ao cheiro).
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ASMA 1992

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Lisboa, 22/Abril/1992

C.F.: Foi na tentativa de compreender os problemas da asma, teus e da Astrid, que reuni essa documentação sobre espasmofilia que te envio. Em vez de a destruir, talvez te possa ser útil. Do que se trata, então? Acho que cada um deve fazer o dossier do seu caso, tentando conhecer-se o melhor possível nos seus problemas, tendências e sintomas.
É nesta perspectiva - do «conhece-te a ti próprio» - que eu acho dever colocar a questão da autoterapia. A verdade é que cada um tem obrigação de zelar, velar por si próprio, ainda que toda a tendência, no nossa sociedade, vá no sentido contrário: e cada um entrega-se sempre nas mãos de um médico ou qualquer outro salvador.
Curiosamente, foi ainda este princípio de autosuficiência o que sempre me interessou mais nas chamadas tecnologias «limpas». Não apenas por serem ecológicas, mas principalmente por primarem o princípio da autolibertação e da autoindependência. O prefixo «auto» acaba por ser mais importante do que o prefixo «eco» em uma ética ecologista, digamos assim.
Não sei se estás nesta onda nem se quererás aproveitar o espaço que tens - que tens a sorte de ter - para conservar documentação que pode ser útil sempre a quem dela necessite. Dou comigo, neste momento, de cabeça louca à procura de tudo o que respeite a pêndulos, teleradiestesia, pirâmides, etc. Imagina que um inesperado (?) relâmpago me acaba de mostrar a faceta inédita desses temas que eu supunha menores e de cuja documentação fiz o favor de me expoliar, numa manifestação de burrisse em que provei bem o grau de atrofia do meu sexto sentido, a intuição.
É o momento de te dizer que estou a ressuscitar da segunda maior crise que jamais atravessei. Dizem-me que irei agora viver a minha segunda infância. O Carlos Carvalho foi um dos que me ajudaram a sair do buraco mais negro onde jamais estive. [ Curiosamente, recorri à Macrobiótica para ultrapssar uma crise devida a erros praticados dentro da Macrobiótica, o que só prova que ainda sabemos pouco de dialéctica taoísta].
O Carlos Carvalho perguntou por ti, como te sentes. Disse-lhe que devias estar a marcar nova consulta, se é que não marcaste já. Se vieres, ficas então a saber que neste momento, em matéria de documentação e nem só, a minha Prioridade das prioridades é o pêndulo. Acho que por ele vamos poder começar a construir a tão propalada era do Aquário. Só que, no meio dos ruídos parasitas, raramente se ouve a melodia principal.
A convicção a que fui compelido - por força dos factos, por força do que para mim tem a maior força que é a experiência vivida e vivenciada - diz-me que, finalmente, e depois de vários atalhos, estou finalmente a caminhar na estrada real, aquela que leva à mansão certa. É como se todos os fios se tivessem subitamente reunido num único fio, sendo este o do humilde e maravilhoso pêndulo. É como se tivesse tocado o centro de gravidade do Universo. Se estou enganado, já não era a primeira vez. Mas pode ser que não esteja: e que, dentro de algum tempo, me encontre em condições de ajudar os outros com energia e eficiência, em sinal de gratidão pelos que me ajudaram a sair desta.
Será exagero falar de transmutação? Dizem-me que é mesmo e eu tenho fé que seja. Sendo a experiência mais espantosa que já vivi - sofri - é claro que me assedia a vontade de a compartilhar com os amigos. Mas para isso - e por enquanto - a distância física é um obstáculo. Pode ser, em breve, que a distância não seja obstáculo nem faça nenhuma diferença. Mas isso é a parte mais prodigiosa deste prodígio de que te falo. Teleradiestesia: tudo o que encontrares sobre esta matéria, guarda e diz-me. A restante documentação que me prometeste, continua a ser-me útil e podes mandá-la ou trazê-la quando te calhar: o essencial sobre o MS-DOS, por exemplo.
É nestes momentos que me surge a ideia-força: um grupo (mesmo clandestino) trabalhando e investigando no mesmo sentido, sem dispersar energias - tempo e dinheiro - é de facto, como diziam os surrealistas, o princípio de tudo. Isolado vou avançar na minha pesquisa. Mas avançaria ao dobro da velocidade, se houvesse constituído um grupo, um núcleo, um a equipa de investigadores sintonizados. Mas, como digo, pode ser que a gente, mesmo à distância, consiga fazer essa grupo. Consta-me, mas não pude confirmar, que a teleradiestesia é considerada em França, nesta altura do campeonato, uma seita subversiva. Se se confirmar a notícia, é porque há então fortes razões para esta minha súbita euforia.
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ECOSFERA 1973

1-3 - 73-04-22-ie> quinta-feira, 5 de Dezembro de 2002-scan

CONTRA A DEMAGOGIA DAS POLUIÇÕES A NOÇÃO DE ECOSFERA NO CENTRO DA UNIDADE DIALÉCTICA(*)

22-04-1973 - O que distingue a Ecomania da Demagogia sobre poluições (e respectivos antipoluentes) é que não existe Ecologia sem a aguda consciência da totalidade e da unidade. Sem profunda noção de Ecosfera. Todo o sistema é posto em causa nos seus fundamentos e não só este ou aquele detrito, este ou aquele fumo, este ou aquele efluente, este ou aquele lixo.
Para a consciência ecológica, cada parte implica todo o (odioso do) Sistema, todo o Ecosistema.
E não há hierarquias: o ruído é tão odioso como os hidrocarbonetos, os antibióticos tão odiosos como o DDT, as mitologias do desporto tão odiosas como as mitologias da política, o reformismo da medicina tão odioso como o reformismo económico, a ciência tão odiosa como a técnica, a mentira dos mass media tão odiosa como a alienação no trabalho, a bomba tão odiosa como as bombas, a guerra tão odiosa como as guerras, a luta contra a Natureza tão odiosa como a luta contra a doença, o combate à inflação tão odioso como o combate à fome, a poluição atmosférica tão odiosa como os slogans publicitários, os aviões tão odiosos como as modas do consumo, a cidade tão odiosa como a fábrica, a escola tão odiosa como a literatura, a oligarquia tão odiosa como a instituição, o telefone tão odioso como o automóvel, o tribunal de menores tão odioso como o tribunal de adultos, o tecnocrata tão odioso como o didacta, o estruturalista tão odioso como o experimentalista, o comerciante tão odioso como o industrial, a industriocracia tão odiosa como o tecnocracia, o ecocídio da Indochina tão odioso como os outros etnocídios, ecocídios e biocídios de outras Indochinas, o colonialismo tão odioso como o neo-colonialismo, o racismo expresso tão odioso como todas as formas de racismo difuso, o autoritarismo tão odioso como o paternalismo, a demagogia das esquerdas tão odiosa como a demagogia das direitas, o escapismo lírico tão odioso como o patriotismo e o fanatismo, o desenvolvimento tão odioso como o subdesenvolvimento (faces da mesma realidade, diria Josué de Castro).

Nesta perda da unidade e da relação dialéctica entre contrários, também Barry Commoner* diagnostica o principal obstáculo à consciência ecológica, que se caracteriza exactamente pela relação de todos os fenómenos vivos.
As palavras de Barry Commoner desfazem os equívocos alimentados pela demagogia sobre poluições e antipoluentes. Essa demagogia só é possível quando se omite o sentido da unidade, a noção de Ecosfera, a indissolúvel cadeia cósmica que une tudo a tudo, o microcosmos ao macrocosmos.

O famoso conceito marxista de reificação só pela noção de Ecosfera se torna imprescindível e transparente. Tudo se separa de tudo, na sociedade capitalista, tudo se aliena e reifica; não existem relações significantes da máquina ao produto e àquele que a utiliza; tudo se pulveriza e atomiza; é a proliferação cancerígena de dados e o congestionamento; é a inflação e, ao mesmo tempo, paradoxalmente (?), o vazio; é qualquer coisa de profundamente errado.
O que o Sistema fez foi, arremedando o Ecossistema e sua estrutura indissolúvel, criar uma falsa cadeia de fatalidades mas contra o Ecossistema, não de harmonia com ele. No fundo, são dois sistemas que se defrontam. O que a demagogia das poluições pretende é impedir essa consciência da unidade, essa noção de Ecosfera.

Contam as crónicas que os adeptos da Unidade, os resistentes à divisão, foram, através dos séculos, a pretexto de manter a ordem (da desordem) acusados de heresia e lançados à fogueira.
A noção de heresia e de satanismo andou sempre ligada à consciência da unidade.
Compreende-se, assim, porque a Ecologia hoje, também, surge como algo de herético e de satânico.
Os próprios marxistas que se reclamam de um materialismo dialéctico, ainda não digeriram esta dificuldade e a demagogia das poluições é também para eles o alibi com que adiam os verdadeiros problemas postos pela Ecologia, problemas da Unidade e da Totalidade dos dois sistemas.
Quando um pretenso marxista se insurge contra o ecomaníaco, devia pensar duas vezes, devia saber que está, pelo menos, a ir contra si próprio.
Quando se noticia o lançamento de detritos radioactivos no oceano - um dos muitos poluentes para os quais não há antipoluentes nem lixeira nem retretes - quando sabemos que são vários países, entre burgueses e socialistas, a fabricar bombas e, portanto, a produzir dejectos - mas não só bombas, "átomos pacíficos" também como dizem os profissionais -, e quando se sabe, porque a ciência deles o diz, que a radioactividade costuma ser mortal (será?) e quando se sabe que toda a vida dos oceanos será destruída quando os recipientes forem destruídos pela acção erosiva das águas e pela altíssima pressão a que ficam sujeitos nos fundos oceânicos - pergunto se a Ecologia é um luxo, uma manobra de distracção e se o ecomaníaco é o louco, o oportunista; pergunto se afinal o crime é nosso, se dos que deitam os resíduos ou dos que, embora não os deitando, logo a seguir os esquecem, ou dizem não ter importância, ou (demagogicamente) afirmam que para todo o poluente há um antipoluente.
Perante factos como o dos detritos radioactivos no Oceano, não há possibilidade, dentro ou fora da Ecologia, queiram uns ou não queiram outros, de tornar reversível (ou recuperável pelo Sistema) uma contestação do Sistema, a radicalização absoluta e irreversível de uma opção. Não há a mais mínima chance de fugir ao pró ou ao contra, de fugir a uma radicalização irreversível.

Não é preciso ter sido o dono das mãos que empurraram os túneis de betão lançados ao mar, tão pouco é preciso ter sido o timoneiro que conduziu o barco, tão pouco é preciso ter sido quem deu a ordem e tomou a decisão do lançamento. O crime vem mais de trás e há outras formas de conivência com ele: ou o silêncio sobre o facto; ou a sua ignorância; ou a sua pretensa solvência e não representatividade; ou a solução do tipo da que a Aerospace preconizou: lançar os detritos em órbita no espaço; ou qualquer outra demagogia antipoluente, venha da Aerospace ou de uma Aerospace equivalente de qualquer outro pais atómico.

Perante este pequeno crime oceânico, não deixará de ser crime um homicídio na Rua de Los Angelos; ou nas masmorras de qualquer ditadura; não deixará de ser crime o ecocídio, o etnocídio e o biocídio de todas as Indochinas do Mundo. Mas não é o ecomaníaco que omite uns e considera outros: para um ecomaníaco ou maníaco da unidade, tudo se liga a tudo e tudo implica tudo, desde que dentro do Sistema. Quem separa, quem pretende separar, mostrar a árvore e ocultar a floresta, quem estabelece hierarquias e pretende que há crime maior e crime menor, é o inimigo da Ecologia.

*Transcrevo o texto de Barry Commoner a que se refere o comentário:

"Um ser vivo que não se adapte à ecosfera não tem nenhuma oportunidade de sobreviver. A crise do ambiente é o sinal de que uma adaptação subtil e complexa, pela qual a vida se liga a tudo o que a rodeia, começou a alterar-se. Logo que os vínculos existentes entre os diversos organismos vivos e entre todos os organismos e o seu meio começaram a romper-se, as trocas energéticas de que depende a existência de todo o conjunto começaram a diminuir e em outros pontos a interromper-se.
Porque é que, após milhões de anos de uma coexistência harmoniosa, as relações entre os seres vivos e o seu ambiente terrestre começaram a alterar-se? Quando começou a desfiar-se esta rede que é a ecosfera? Até onde pros seguirá este processo? Como é possível interrompê-lo e reparar as malhas caídas?
Compreender o que é a ecosfera apresenta dificuldades, pelo facto de que se trata de uma realidade bastante curiosamente estranha ao pensamento moderno. Acostumámo-nos a pensar em acontecimentos independentes e particulares, ligando-se cada um a uma causa única e singular. Mas na ecosfera cada efeito é igualmente a causa: a pele de um animal transforma-se em alimento para as bactérias do solo; o que é elaborado pelas bactérias vai alimentar as plantas.
É difícil, nesta era da técnica, fazer entrar no quadro da experiência humana os ciclos da ecologia, uma vez que não vemos senão produtos que são criados por máquinas e que pomos de lado depois de servir; e não existe então mais relação significante da máquina ao produto ou ao que o utiliza.
Aí descobre-se o mais grave defeito da vida do homem na ecosfera. Rompemos o ciclo (círculo) da vida, transformando os seus ciclos eternos em uma suite linear de eventos feitos pela mão do homem: o petróleo é extraído do solo, destilado e transformado em gasolina que os motores queimam e transformam em fumos nocivos que se expandem na atmosfera. O processus completa-se peta invasão de um smog destruidor. Pela acção do homem, os ciclos da ecosfera sofrem muitos outros atentados - produtos químicos tóxicos, águas de esgotos, acumulação de dejectos - que testemunham o nosso poder de rasgar este tecido ecológico que, após milhões de anos, perpetua a vida do planeta".

BARRY COMMONER

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(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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BIOLOGIA 1999

4 páginas - capítulo do livro principal - erwin- -1> a informação em ciências biológicas

A BIOLOGIA QUÂNTICA TEM 100 ANOS MAS A NOVA NATUROLOGIA CONTINUA A IGNORAR OS SEUS FUNDAMENTOS - ACADÉMICOS & ACADEMISMO

22/Abril/1999 - Embora seja uma disciplina decisiva para fundamentar a Nova Naturologia, a biologia quântica permanece ausente dos currículos escolares e não há indícios de que venha tão cedo a ter, na formação naturológica, a importância prática efectiva que em teoria alguns lhe reconhecem.
Alguns, poucos, não todos nem muitos.
Onde o suporte científico da teoria quântica se torna mais necessário é, obviamente, nas terapias vibratórias, que escapam à análise científica vulgar, que não tem instrumentos de análise e de medida para estudar a chamada «área quântica» das energias.
Diga-se, já agora, que o único instrumento de medida capaz de medir, detectar, avaliar e conhecer as energias da área quântica é o próprio ser humano, que aliás não tem outra missão na Terra além dessa.
O espectro electro-magnético traduz a área conhecida pela ciência ordinária. Aquém e além desse espectro, é o mundo fantasmagórico e desconhecido a que matemáticos ilustres, desde há um século, chamaram área quântica, sem se entenderem muito bem entre si, sobre e daquilo que falam.
Mas esse «campo unificado» continua problemático porque nenhuma das especialidades - seja a Física, seja a Química, seja a Biologia - consegue elaborar metodologicamente essa área unificada.
O caso da Homeopatia, como terapia vibratória, é mais uma vez extremamente elucidativo dessa dificuldade da ciência académica e materialista, que trabalha apenas no campo do espectro electromagnético, remetendo para outros especialistas - nomeadamente os matemáticos - o que escapa a essa área conhecida.
Ora, quando entram matemáticos em cena, nenhum dos outros das outras especialidades lá consegue entrar. É aqui, aliás, que reside o poder despótico das especialidades. É que cada uma delas só pode ser julgada, avaliada, conhecida e dominada pelos pares do reino, pelos colegas da mesma corporação, pelos iluminados detentores da mesma nomenclatura, tornada uma cabala hermética e fechada.
É a história dos exames e dos júris de exames. Quem não alinha nos académicos borlados, chumba. Para passar tem que alinhar. E assim se prolonga, geração atrás de geração, a linhagem da estupidez.
É o chamado corporativismo, que tão bons frutos tem dado em ditadura, sendo neste corporativismo que se baseia o poder inexpugnável do poder cientifista em geral e do poder académico-universitário em particular.
Poder que continua a oprimir gerações de estudantes atrás de gerações, formando-as no mesmo esquema e esmagando aqueles que, por espírito criador, porventura quisessem fugir um milímetro desse neo-esclavagismo instalado em nome do despotismo iluminado.

ASSALTO À FORTALEZA

A matemática «quântica» forma-se então como uma fortaleza inexpugnável , a que só os privilegiados têm acesso.
Raramente um prémio Nobel da Física se atreve a entrar na Química (embora sejam convizinhos), raramente um prémio Nobel da Química se atreve a entrar na Matemática. E assim sucessivamente.
Erwin Schrodinger, Prémio Nobel da Física, ficou como um dos raros que se atreveram a formular hipóteses de unificação entre «Vida, Espírito e Matéria», título de um livro muito curioso que me permito comentar aqui e muito ao de leve.
Esse é, com efeito, o título (interrogado) de um seu ensaio de 1944, um ano antes de terminar a hecatombe da 2ª guerra mundial, editado em língua portuguesa pelas Publicações Europa-América. (1963)
Anti-nazi refugiado na Inglaterra (para alguma coisa as democracias hão-de servir), Erwin Schrodinger é considerado um dos mestres criadores da teoria dos quanta, que tão fortemente marca a moderna teoria atómica.
Foi um dos primeiros, com Einstein, a erguer-se contra as teorias indeterministas, outra peça-chave no sistema de relações entre ciências convergentes mas ignorantes entre si.
A passagem de informação (bioinformação) entre gerações (sem a qual não existiria vida) é abordada no ensaio de Schrodinger, que humildemente não hesita em se aventurar numa ciência - a genética - que obviamente não é a sua especialidade.
E recorre a Goethe - esse gigante da ciência erradamente catalogado na história da literatura - para explicar, em linguagem poética, a realidade desse continuum entre passado, presente e futuro:
«O ser é eterno, porque as leis existem para conservar os tesouros da vida, dos quais o universo tira a beleza» - disse Goethe que até nem foi prémio Nobel da Literatura comó Saramago.
Permanência essa, continuum esse que Schrodinger explica assim com grande clareza:
«Qual a medida da constância ou permanência que se observa nos factores hereditários e qual devemos, portanto, atribuir às estruturas materiais que as suportam?»
E adianta: «Não devemos esquecer que o que se transmite do pai para o filho não é esta ou aquela particularidade, nariz arqueado, dedos curtos, tendência para o reumatismo, hemofilia, dicromatismo, etc. (...)
«Na realidade, é o conjunto da estrutura (tetradimensional) do «fenótipo», isto é, tudo o que é visível e aparente no indivíduo, que é reproduzido sem alteração apreciável durante gerações, conservado imutável durante séculos - ainda que não em dezenas de milhares de anos - e transmitido pela estrutura nuclear de duas células que se unem para constituir a célula-ovo fecundada. Trata-se de uma coisa maravilhosa - sublinha Schrodinger - , de que só há uma maior : (...) Refiro-me ao facto de nós, cujo ser total resulta da maravilhosa interacção desses processos hereditários, termos o poder de descobrir as suas leis.»

MUTAÇÕES E TRANSMUTAÇÕES

Com esta humildade do verdadeiro cientista e do verdadeiro espírito criador de investigação, Erwin Schrodinger entra a seguir no tema-chave das mutações, fronteira não só entre ciências profanas mas, o que é talvez ainda mais importante, entre ciência profana e ciências sagradas, das quais a Alquimia é imediatamente evocada quando se fala de Mutação e Transmutação:
«De Vries descobriu que, na descendência (de) certos indivíduos - dois ou três em milhares - exibiam pequenas alterações, como que saltos - fenómeno a que chamou «mutação» .
Apropósito, Erwin Schrodinger sublinha:
«O facto significativo é a discontinuidade do processo, que lembra ao físico a teoria quântica - quer dizer, de que há energias intermediárias ocorrendo entre dois níveis vizinhos de energia.»
E para que não restem dúvidas, Schrodinger afirma lapidarmente :
«Poderia, assim, chamar à teoria das mutações de De Vries a teoria quântica da biologia.»

Eis a grande porta aberta para a Nova Naturologia quântica e, portanto, para a fundamentação científica (estatística e matemática, se quisermos) das terapias vibratórias, como a Homeopatia, até hoje ignorada da ciência académica que teima em ser académica, dogmática, míope, estúpida e mesquinha.
Schrodinger entra então numa explicação luminosa da sua área predilecta:
«As mutações são na realidade devidas a saltos quânticos que se passam na molécula do gene. Mas a teoria quântica só existia há dois anos, quando de Vries publicou, em 1902, pela primeira vez, o resultado das suas observações. Não admira, portanto, que fosse necessário uma geração para descobrir a conexão íntima entre os dois fenómenos.»
Se, como lembra Schrodinger, as coisas se passaram assim entre oficiais do mesmo ofício, não devemos desesperar de que as terapias vibratórias em geral e a Homeopatia em particular venham finalmente a ser entendidas pela ciência académica, mesquinha e míope que teima em ignorá-las.
Continuando a seguir Schrodinger, sabemos que «as mutações constituem o material adequado sobre o qual se exerce o mecanismo de selecção natural, originando as espécies por eliminação dos inaptos e sobrevivência dos mais aptos, segundo o processo que descreveu Darwin (...) .»
Na teoria de Darwin - reafirma o físico Schrodinger - apenas temos de substituir as suas «ligeiras variações acidentais» pelo termo «mutações», tal como a teoria quântica substituiu a «transmissão contínua de energia» pelas «transições quânticas».

HISTÓRIA DA INFORMAÇÃO GENÉTICA

Aproveita-se para reproduzir aqui a síntese que Schrodinger realiza sobre a história da informação genética, de inegável importância na Nova Naturologia: .
«O eixo da teoria (da hereditariedade), as leis que regem, em gerações sucessivas, a distribuição dos caracteres pelos quais diferem os progenitores e, de modo especial, a importante distinção recessivo-dominante são devidos ao mundialmente famoso abade Gregor Mendel (1822-1884).
«Mendel nada sabia sobre mutações e cromossomas. No seu jardim conventual em Brunn (Brno) fez experiências com ervilheiras, criando diferentes variedades, cruzando-as e observando as descendências da primeira, segunda, terceira, etc. gerações.
«Fez assim experiências com mutantes que ele encontrou já feitos na natureza. Publicou o resultado dos seus trabalhos em 1866, nas «Actas» da revista «Naturforschender Verein in Brunn». Ninguém parece ter-se interessado com este passatempo do abade e ninguém, com certeza, teve a menor ideia de que as suas descobertas constituíssem no século XX a base de uma ciência em tudo nova, a mais interessante em nossos dias.
«O artigo, que havia sido esquecido, foi redescoberto apenas em 1900, simultâneamente e de forma independente, por Correns (Berlim), De Vries (Amsterdão) e Tschermak (Viena).»

Notem-se, neste texto do Prémio Nobel da Física, duas coisas notáveis :
a) A humildade de um físico considerar a ciência da hereditariedade « a mais interessante em nossos dias.»
b) A «coincidência» de as descobertas do abade Gregor Mendel virem a ser redescobertas simultâneamente em Berlim, Amesterdão e Viena, ilustrando, de forma espectacular, a lei da ressonância vibratória cósmica enunciada por Etienne Guillé e aquilo a que Carl Gustav Jung chamou lei cósmica da «sincronia».
Lei angular da Nova Naturologia e que só neste século, à volta dos anos 80, viria a ser descoberta,estudada e desenvolvida pelo biólogo quântico Etienne Guillé, a lei da ressonância vibratória é a base da Cosmobiologia ocidental, tal como a lei do yin-yang, ou princípio único, é a base da cosmobiologia taoísta.
Desde 1900, portanto, que sabemos isto: A Biologia será quântica ou não será... Ou será a merda que tem sido.
No entanto e apesar de tão fundamental em ciências da vida, ela continua a pairar, apenas como um fantasma, sobre as cabeças de sucessivas gerações de estudantes.
Bem o compreendemos, no curso de Naturologia, onde a base da biologia quântica se torna um factor da sua própria sobrevivência .
Enquanto o alicerce da biologia quântica não for implantado, a Nova Naturologia não terá bases sólidas e tudo se passa num limbo de empirismos, contradições e, provavelmente, de polémicas estéreis com a ciência médica estabelecida, ela também comodamente sentada no seu cadeirão académico, ela também comodamente ruminante de teorias que já eram velhas há um século, precisamente quando irrompeu a teoria quântica.
Mais uma vez, Schrodinger diz em 1944 as palavras que têm de ser ditas e repetidas em 1999 e que deverão continuar a ser repetidas até que ouvidos inteligentes e inteligências menos surdas se abram:
«À luz dos conhecimentos actuais, o mecanismo da hereditariedade funda-se na própria base da teoria quântica. Esta teoria - lembra didacticamente Schrodinger ... foi emitida por Max Planck em 1900. A moderna genética provém da redescoberta dos trabalhos de Mendel, feita por De Vries, Correns e Tchermak (1900) e dos trabalhos publicados por De Vries sobre as mutações (1901-1903).
«Deste modo, as origens da duas grandes teorias coincidem e não admira que ambas tivessem de conseguir certa maturidade, antes de atingir a fase da sua ligação .
«No que respeita à teoria quântica, só em 1926-27 é que a teoria quântica das ligações químicas foi proposta nas suas linhas gerais por W. Heitler e F. London.
«A teoria de Heitler-London envolve as mais subtis e complexas concepções sobre o último desenvolvimento da teoria quântica (chamada «mecânica quântica» ou «mecânica ondulatória»). »

Na impossibilidade de reproduzir todo o ensaio de Schrodinger, mas convidando os nossos professores a ir lê-lo rapidamente, termino com mais uma citação que ajuda à unificação holística da Nova Naturologia:
«A mecânica quântica é o principal aspecto teórico que interpreta todos os tipos de agregados atómicos encontrados na Natureza.
«A ligação Heitler-London é o único aspecto da teoria que não foi inventado com o propósito de explicar a ligação química.»