ORDER BOOK

*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-09-18

INTERCOMUNICADOR 1998

agencia1>

«Frente Ecológica» -Intercomunicador de Notícias

MINI-AGÊNCIA NOTICIOSA PARA A ÁREA HOLÍSTICA E ECO-ALTERNATIVA

Mensagem discreta aos meus amigos:
Carlos Ventura
Filipe Rocha
José Carlos Marques
Zé Marramaque

18/Setembro/1998 - Já agora e para aproveitar a pequena estrutura que ficou montada em minha casa, após o estágio de 5 meses que fiz como secretário da revista «Ar Livre», lembrou-me de aproveitar a embalagem (não é grande mas é alguma) para retomar antigos projectos, dos muitos que foram ficando falidos pelo caminho.
Um deles, digamos que era uma espécie de «agência» (de miniagência, claro) de informação noticiosa para o sector holístico e eco-alternativo. Uma espéce de agência Lusa em miniatura para o sector eco-alternativo.
Sonhos são sonhos, projectos são projectos e notícia é notícia. E vendo bem, notícias ainda é uma coisa que eu sei fazer relativamente bem. Desde que tenha os dados: o quê, o quem, o onde, o como, o porquê...
Mas notícia pode ser também uma arma ao serviço da causa eco-alternativa e holística. Coisa que nunca consegui fazer valer junto dos donos do movimento holístico e eco-alternativo, que depreciaram sempre - para não dizer que ignoraram - o valor estratégico da notícia que é notícia, quer seja:
- Em 1ª mão
- Em retoma de outros órgãos noticiosos
- Em agenda dos acontecimentos a haver

Foi esta mensagem que eu nunca consegui fazer passar junto dos meus amigos da áera alternativa: a notícia (especialmente se em 1ª mão) é a melhor publicidade e ainda por cima, se os jornais a aproveitam, é publicidade à borla.

Ao ouvir os noticiários ditos culturais , nomeadamente na Antena 2 - RDP , no Carlos Pinto Coelho (Antena 2 - RTP) e, já agora, nas páginas ditas culturais dos grandes diários - é como se o sector eco-alternativo e holístico não fosse cultura ou, pior ainda, não existisse.
De facto , na sociedade mediática e mediatizada, desde que não seja noticiado, um acontecimento não existe.
Tenho pensado, portanto, que uma espécie de agência Lusa para o sector eco-alternativo e holístico, seria uma iniciativa interessante em favor da causa alternativa.
Tentei provar, numa experiência do ano 1988 (Novembro/Dezembro), na retoma que o Albarrán fez do jornal «O Século», e onde estive um mês e tal, que havia notícias todos os dias em 1ª mão, do sector ecoalternativo e holístico.
Tentei provar, em outra experiência, do jornal A Capital» (de Maio a Setembro de 1996), que era possível, todas as semanas, apresentar uma agenda do que vai acontecer e todos os jornalistas e políticos sabem a importância estratégica das agendas para levar a água aos respectivos moínhos.
Tentei com o sr. Valventos da «Beija-Flor» ser apoiado para levar adiante este projecto de agenda/agência noticiosa do sector ecoalternativo e holístico.
Ao fim e ao cabo, era só preciso uma pequena estrutura - pivot - de expediente para pôr em andamento esta pequena/grande iniciativa: pequena nos encargos de realização (embora tenha alguns), grande nos efeitos multiplicativos benéficos sobre a imagem pública do movimento alternativo (holístico e ecológico).
Mas os chulos como sr. Valventos estão mais interessados em mamar da teta do que em alimentar a vaca de que estão mamando. E nunca apoiou a ideia, para lá de até ter baptizado com um nome giro - New Age, News Letter - o papel (4/8 páginas A4) que serviria de pivot /boletim e que, em princípio, seguiria todos os quinze dias para os órgãos de Comunicação Social (a despesa maior seria de correio).
Que mais não fosse, e mesmo que não aproveitassem uma única notícia, os grandes e imponentes media teriam de engolir esse sapo quinzenalmente: à cabeça desse boletim noticioso, figurariam as entidades patrocinadoras da iniciativa, para já:
- Revista «Ar Livre»
- Revista «100% Natural»
- Revista «Adarsha»
- Escola Superior de Ciências Naturais (ESCNH) .

Acho eu e naturalmente acho mal, que:
- as medicinas naturais existem (embora no panorama mediático cultural é como se não existissem)
- o movimento ecologista é uma força ( embora pela conhecida estratégia parcelarizante, os media consigam esvaziá-lo dessa força unificatriz)

Neste pé estamos:

- Valeria a pena pôr em andamento, (quinzenalmente) uma «Newsletter, New Age» - com notícias breves do que aconteceu e do que vai acontecer (Agenda) na «nossa» área?

E o outro projecto, indesligável deste, chamado «Anuário Holístico»?

- Um anuário holístico viria apenas, anualmente, recompilar, seleccionar e republicar um apanhado dessas notícias que permanecessem relevantes .
Um anuário incluiria, claro, as tais «listas verdes» de que o sr. Valventos se apropriou para a «Beija-Flor» mas que eu desejaria que fosse uma iniciativa mais abrangente.

Os 4 nomes a que inicialmente me dirijo - Zé Marramaque, Filipe Rocha, José Carlos Marques e Carlos Ventura - seriam os 4 primeiros «sócios» patrocinadores desta iniciativa .
Outros posteriormente se fariam assinantes da referida «News Letter».
Pagar-me-iam uma verba insignificante (simbólica?) só para ajudar aos custos de produção (teclagem em computador, paginação das 4/8 páginas do boletim, impressão em fotocópia) e despesas de expediente, envios, correio, telefone, fax, etc.
Mas principalmente (e de princípio) prometiam inundar-me (o meu fax e telefone gravador) de notícias de que tivessem conhecimento (só por um engano de esferográfica, por exemplo, tive conhecimento de uma iniciativa interessantíssima da Vajra - a vinda a Lisboa do Yves Requena...)

- Sugiro que o angariador de publicidade das revistas existentes ficasse igualmente como angariador de publicidade do Anuário Holístico/ Listas Verdes.
- O título «Vida Natural» - título da página publicada n' «A Capital» entre Maio e Setembro de 1996 - é vulgar mas flexível e poderia baptizar a referida «News Letter» , que seria encabeçada pelos patrocinadores :
o telefone/fax continuaria o que tem funcionado para a «Ar Livre» e o Apartado seria o meu apartado 17 de 2780 Paço de Arcos.

- Revista «Ar Livre»
- Revista «100% Natural»
- Revista «Adarsha»
- Escola Superior de Ciências Naturais (ESCNH)

Para aproveitar antigos carimbos e até antigos logotipos, capaz era eu de fazer ressuscitar a simpática «Frente Ecológica» para logotipo da agência, mais ou menos assim

«Frente Ecológica» - Intercomunicador de Notícias

Secções da «News Letter» «Vida Natural» editada quinzenalmente pela «Frente Ecológica»:
- Em Primeira Mão (notícias que eu fabricaria com base em toda a informação recolhida)
- O Mundo Holístico (Notícias recolhidas e seleccionadas da imprensa nacional e internacional)
- O Mundo Eco-alternativo (Notícias recolhidas e seleccionadas da imprensa nacional e internacional)
- Notícias do Terceiro Milénio (aquelas notícias que antecipam a prodigiosa Era do Aquário que se está instalando)
- Em Agenda : uma antecipação do que vai acontecer em Lisboa e arredores (onde quer que mexa alguma coisa e desde que eu saiba para poder anunciar)
***

RADIAÇÕES 1967

1-1-67-09-18- ecologia humana velho paradigma

18-09-1967

RADIAÇÕES IONIZANTES:
CONFIAR SERÁ BASTANTE?

(Este texto, claramente datado e contemporâneo da minha estadia na «Vida Mundial», está perfeitamente actual e assinala preocupações ou intuições de ecologia humana, que em 1967 era ainda mais tabu do que ainda é hoje)

Principalmente no campo genético, a ciência confessa, de vez em quando, a sua ignorância. São desconhecidas as leis que regem o crescimento das células quando submetidas a acção prolongada das radiações ionizantes e as radiografias, de que muitos usam e abusam, têm vindo a ser denunciadas, ultimamente, como um perigo superior ao das explosões atómicas. Matam, ao que parece, mais e melhor, acrescem de novos sofrimentos e novas doenças os pacientes que a elas se submetem com regularidade.
Se a utilização industrial das radiações ionizantes está sujeita a legislação tão apertada - perguntam os peritos reunidos em Roma - porque não há-de essa legislação estender-se às aplicações médicas ?
Sem querermos sentenciar num campo onde só os técnicos devem pronunciar-se, parece-nos que certas imunidades conferidas à especialidade médica se baseiam no princípio de que o médico terá sempre o critério profissional e a consciência lúcida para decidir por si, sem precisar de constrangimentos extras; mas terá sempre esse critério e essa consciência?
No caso das radiações, pensam os membros da União Internacional dos Ginecologistas e Obstetricistas que «em toda a a prática radiológica, importa fazer apenas os exames verdadeiramente indispensáveis.
É, no entanto, muito pouco tranquilizador para o doente, saber que nestes e em milhares de outros casos, a sua vida depende de um fio tão frágil como é o do critério, da consciência ou da simples disposição momentânea do médico a que confiadamente se entrega.
***

POLUIÇÃO 1991

3560 caracteres - luta-3> diario>diario91>

LÁGRIMAS DE CROCODILO SOBRE A POLUIÇÃO

18/9/1991 - Lágrimas amargas são vertidas, nos países do centro e norte da Europa, por causa das chuvas ácidas que vão destruindo as florestas. «A danificação das florestas ameaça ruir lentamente as bases da indústria madeireira, que dá ocupação a 800.000 pessoas» - queixava-se um articulista, na revista «Scala», de Outubro de 1984.
Com o mesmo cinismo com que levaram uma década a fabricar as «chuvas ácidas», os mandarins da indústria mandam agora o articulista «alertar» as populações para as árvores mortas e proclamar que é preciso a ajuda dos empresários (novas indústrias), para despoluir o meio ambiente. No caso das «chuvas ácidas», o argumento da «despoluição» é duplamente cínico, pois o processo é irreversível e não há já hipótese de dar vida aos milhões de árvores mortas. Triplamente cínico é o anunciado «negócio da despoluição» relativamente ao holocausto dos incêndios de Verão em Portugal, igualmente irreversíveis, tão irreversíveis como os milhares de eucaliptos que irão ser plantados nas áreas ardidas.
As empresas salivaram de contentamento quando se anunciou que o Koweit ia ser reconstruído, após os bombardeamentos cirúrgicos aliados. As empresas salivaram de contentamento quando os jornais relembraram que a poluição está cada vez mais uma porcaria e que era preciso, era urgente despoluir. Ora não se despolui à mão. É preciso montar sistemas, aparelhos, modernos e caros, de despoluição, e isso constitui um negócio.
As empresas não salivaram quando se anunciaram as passagens aéreas em toda a linha de Sintra e de Cascais (para começar) porque quando as empresas portuguesas acordaram já o monopólio do negócio estava dado a um consórcio, vindo da CEE e estimulado por quem sabia do projecto.
As empresas ficaram menos zangadas quando, às 13 horas de 18/9/1991, o Dr. Macário Correia, mais brilhante de bochechas e com um sedutor bronzeado algarvio, veio dizer que a despoluição é o grande negócio do futuro, expressão que até hoje, dia 18/9/1991, era clandestina e já fora proferida por terroristas do ecologismo radical não reformista. O que tipifica este nosso tempo de pós-perestroika, é que o cinismo do capitalismo triunfante se exibe às claras e já não usa estratagemas. Com a derrocada dos socialismos (que nunca foram) reais (e daí a minha estranheza por ouvir designá-los de reais embora entre aspas), o capitalismo entra numa paranóia exibicionista do seu triunfalismo de merda.
Sempre que mais uma alternativa se fecha, o sistema capitalista dá urros de contentamento, refina o cinismo e dá coices de excitação. Nem é preciso que John Updike, talentoso escritor, escreva um refinado romance «S» para colocar a ridículo (e no banco dos réus) um «asharam» de esoterismo hindu. As comunidades -- de inspiração ióguica -- são um alvo privilegiado, não porque tencionem derrubar o sistema mas porque são alternativas de vida possíveis ao canibalismo capitalista, adoptando inclusive alguns dos seus defeitos. É preciso fechar portas atrás de portas e fazer com que o desespero dos felizes consumidores desemboque numa única solução: o suicídio ou a droga.
Os cientistas não podiam adivinhar -- porque não são bruxos -- quando puseram detergentes com fosfatos no mercado. E agora que o mercado está saturado de detergentes não biodegradáveis e o ambiente, coitado, geme sob toneladas de espuma --agora, sim, os cientistas previdentes e cautelosos, colocam à nossa disposição, amigos que são do Ambiente, detergentes biodegradáveis. Será que não vamos agradecer-lhes?
***

ECOCÍDIO 1979

1-2 - ecocídio-2-ie> ideia ecológica do ac – notícias do apocalipse - os retrocessos do progresso

AS CONTRADIÇÕES DA SOCIEDADE INDUSTRIAL(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «O Correio da Manhã», 18/9/1979 e no jornal «A Capital», 18-9-1979


18/9/1979 - Carter proclamando um vasto e ambicioso programa de exploração da energia solar e outras energias alternativas.
Giscard d'Estaing anunciando aos franceses que a sociedade de consumo terminou, e apelando para que se modere o produtivismo, ao mesmo tempo que insinua, também, a necessidade de enveredar rapidamente pelo desenvolvimento, como os ecologistas o têm vindo a preconizar, moderado e harmonioso.
Olof Palmer, na Suécia, chefe dos sociais democratas e recentemente «convertido» à estratégia antinuclear, por força das circunstâncias que o teriam desalojado de um Governo que cegamente teimava em promover a escalada electronuclear.
O ayatollah Khomeiny discursando, insistentemente, contra a cultura ocidental, a pseudo-liberdade das sociedades de consumo, a corrupção e a imoralidade inerentes aos costumes ocidentais e, principalmente, a sua incurável irreligiosidade, o seu ateísmo suicida.
Eis quatro exemplos confirmativos de que efectivamente os tempos estão mudando.
E por mais que se acuse de contraditório um chefe de Estado como Giscard d'Estaing anunciando o «fim da sociedade de consumo» quando foi ele, em França, um dos principais obreiros da Sociedade do Plutónio.
Por mais incompreensível que se apresente, efectivamente, um chefe do Estado como Carter a defender teses e alternativas energéticas que ainda há pouco tempo seriam consideradas «utopias de loucos e tontos ecologistas».
Por mais que alguns possam considerar «hipócritas» as afirmações de Olof Palmer de marchar para uma sociedade «pósindustrial» e as classifiquem de simples «bluff» eleitoral, pretendendo com a isca verde pescar os votos da mesma cor que na Suécia já poderão ser a maioria.
Por mais que se classifique de retrógado e tirano o «leader» da revolução islâmica, por mais que as agências noticiosas europeias lhe deformem as palavras e as retransmitam sempre em contextos que, por insólitos, as tornam risíveis.
Por mais que a «reacção» a todas estas (aparentes) contradições seja naturalmente a de hostilidade, riso, indiferença ou ataque, eis que se multiplicam as posições de políticos que necessariamente contradizem o poder, e muitas das acções que eles em outros campos são levados a assumir.
Por outro lado, os ecologistas começam a ser olhadas com desconfiança pelos seus simpatizantes.
É mesmo a altura de se acusar o ecologista de «complot» com o Poder. De traição. De inspirar afinal os oportunismos políticos e as «pontualismos» eleitorais. E os que nunca tiveram palavra de aplauso para defender as teses «revolucionárias» do ecologismo, são agora os que, em altos gritos, talvez venham acusá-los de servis, ou, na melhor das hipóteses, de ideólogos que alimentam a demagogia de presidentes à procura de assunto e popularidade.
De facto, o ecologismo começa a ser o ponto de confluência necessária para onde convergem todos os que tomam consciência dos «becos sem saída» a que o desenvolvimento conduz as sociedades e do próprio «beco sem saída» que é a sociedade de consumo ou da produção pela produção. Do desperdício pelo desperdício. Do crescimento pelo crescimento.
Daí a «aparente» contradição: mas nem os governantes são tão hipócritas e demagogos como parecem, defendendo a Natureza e os recursos dos quais tudo, mesmo a Economia, depende, nem os ecologistas se fizeram, repentinamente, lacaios do Poder.
O que une pessoas e posições tão dispares - Carter, d'Estaing, Palmer, Khomeiny e os ecologistas - é não já a ideologia mas a realista necessidade de sobreviver.
Nesta plataforma, começam a ter que se encontrar no «ponto central» ou centro de gravidade da História: Salvar a Pele.
Muitos dos mais sinceros defensores da Natureza foram antigos vendedores de pesticidas ou medicamentos.
Nem mesmo o maior tecnocrata da Europa, Sicco Mansholt, quando fez «mea culpa» do seu passado Plano Verde, verdadeiro suicídio da agricultura dos «Nove», se contradizia.
Reconhecia a soberania da realidade que dissolve fantasmas, ideologias e pré-conceitos, sejam eles quais forem, e fazia questão de o proclamar publicamente, de maneira dramática.
Acusado de ter constituído em França um das maiores «gangs» do Mundo Nuclear - facto que ninguém discute nem desmente - Giscard d'Estaing parece que teve também a sua Hora da Verdade: e as suas declarações, mesmo à luz das explosões no atol da Muroroa (perímetro das experiências termonucleares da França no Pacífico) soam-nos como um «comovente» grito de consciência.
Exemplos que nos fazem, à beira do Abismo e da Catástrofe, acreditar. Ter alguma Fé. E não desesperar totalmente deste sombrio Fim dos Tempos.
É imediatamente antes da madrugada que a noite se faz mais negra.
E tal como os profetas sempre anunciaram, até os Demónios (do Plutónio), na Madrugada da Nova-Era, serão postos ao serviço de Deus.
- - - - -

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «O Correio da Manhã», 18/9/1979 e no jornal «A Capital» , 18-9-1979

ECOROPA 1982

1-3 ecoropa-1-ie> = ideia ecológica do ac

SAIR DO ATOLEIRO UMA SÓ PORTA ENTREABERTA(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», Crónica do Planeta Terra, 18-Setembro-1982

Há duas estratégias para (tentar) sair do atoleiro: uma ficou mais uma vez expressa na importante reunião realizada em Toronto das mais altas instâncias financeiras internacionais; a outra, que se conhece por omissão, pois dela os "mass media" nunca falam, fica implícita das reuniões a propostas que pensadores a organismos não governamentais têm apresentado em diversas circunstâncias, das quais a mais recente foi a reunião de Nairobi., realizada em 14 de Maio de 1982 (como já referimos em crónica anterior).

ONDE ESTÁ A UTOPIA?

A primeira destas estratégias, guiada pelo FMI e pelo Banco Mundial, respeita o status económico vigente (a ideologia do crescimento infinito), o sistema monetário internacional tal qual é e tal qual deseja continuar a ser, ainda que para isso tenha de exterminar até ao ultimo ser vivo da Terra; a outra estratégia respeita os ecossistemas a propõe uma ruptura pacífica com o sistema, a construção de uma sociedade paralela.

Qual das duas será mais utópica face aos recentes buracos e bancarrotas revelados pelo próprio sistema? Qual das duas evitará a catástrofe e para qual delas a catástrofe é estruturalmente inevitável? Qual das duas serve o Terceiro Mundo e propõe uma verídica ultrapassagem do chamado sub-desenvolvimento? Qual das duas leva à confrontação final de um holocausto nuclear?

A resposta parece clara, quando sabemos que países como o México, onde se dizia ainda há poucos meses que o petróleo instalaria verdadeiro Eldorado, abrem falência com estrondo e fecham os bancos, dizendo que vão nacionalizar a ...bancarrota.

Com exemplos destes, que pensar do sistema que se instalou e permanece a troco de ir destruindo os ecossistemas a adiando para as calendas o prometido paraíso?

Na chamada esfera socialista, Cuba e Polónia, por exemplo, apresentam dívidas externas colossais ao lado das quais a dívida portuguesa permite tornar o Dr. João Salgueiro um homem optimista e cheio de fé no grande e belo país que ainda pode vir a ser Portugal.
Mas a estratégia preconizada mais uma vez em Toronto não foi de alternativa ao sistema estabelecido, a Leste e a Oeste, foi de reformas dentro do sistema e no sentido da sua auto-reprodução. A mudança na continuidade, pois...
Embora todos os técnicos presentes fossem unânimes em considerar que o sistema está doente, as terapêuticas de quem o adoeceu continuam a ser exactamente as que lhes provocaram a doença. A técnica do Saridon, como dizia o outro.
Daí que a imagem de atoleiro não seja metáfora nada exagerada. Apagar fogos com gasolina ou tentar encher o tal balde roto, não é?
Entretanto, na linha realista de pensadores como Ivan I1lich e F. Schumacher (este ultimo economista iminente a nada suspeito de conluios ecologistas) a modesta proposta às pequenas comunidades a às regiões é que deixem o sistema moribundo (morrer) em paz e procurem eco-alternativas radicais, com base nas tecnologias apropriadas a no controle democrátïco das tecnologias intermédias, tentando construir uma sociedade paralela com as nossas próprias forças.
Uma coisa está provada, e a reunião de Toronto confirmou: o sistema encontra-se na maior crise depois de 1944, encontra-se no fundo do atoleiro e não sabe como sair dele, recomendando apenas aquilo que o afundou; entre afundar-se e (uma derradeira tentativa de) saltar do pântano, por mais utópico e dificil que este salto qualitativo pareça, surge evidente o caminho.
Porque não dar um pouco de ouvidos às propostas modestas, modernas, alternativas, que as Organizações Não Governamentais tiveram ocasião de apresentar em Nairobi a convite do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) no passado mês de Maio?

A PORTA DA ESPERANÇA ESTÁ ENTREABERTA
O deserto progride cerca de 6 milhões de hectares por ano, dentro de 25 anos um bilião de pessoas poderá morrer à fome, a floresta desaparece à razão de 20 hectares por minuto...
Estas são apenas algumas das conclusões obtidas durante os encontros realizados para marcar os 10 anos decorridos sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente, em Estocolmo.
Apesar das esperanças que nessa conferência nasceram e apesar do vasto programa intergovernamental lançado no quadro da ONU para salvar o essencial dos recursos naturais e o ambiente do homem (seria então criado o Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente, abreviadamente PNUMA), os Estados continuaram - como se nada se passasse e como se nada fosse com eles - a sua corrida concorrencial para a posse dos recursos naturais.
Assim o lembra, na sua mensagem de Junho último, o boletim do movimento "ECO-ROPA" que, ao traçar este negro quadro, não deixa no entanto de abrir imediatamente uma porta de esperança.
E o que vem a ser essa esperança?
Para Edouard Kressmann, que redige esta mensagem de "ECO-ROPA", se é evidente que os governos se demitiram (a lógica do sistema tecno-económico mundial não lhes deixa nenhuma outra escolha!) a esperança emerge, no entanto, das chamadas Organizações Não Governamentais , as O.N.G., que se multiplicaram por todo o Mundo na última década.
"Partindo da prática - escreve Kressmann - estes pioneiros do futuro lutam evidentemente contra as grandes ameaças urgentes e visíveis (deflorestação, pesticidas, armamento) mas sobretudo preparam o futuro.
"Em todos os continentes, inúmeros grupos locais inventam técnicas adaptadas às suas necessidades vitais, sociais a culturais. Isto passa-se mesmo no coração da luta de guerrilhas. Os "índios" de todos os países protegem-se contra o biocídio ao mesmo tempo que lutam contra o genocídio recriando micro-sociedades para a sobrevivência."

OS 10 ANOS DO PNUMA ENTRE O DESESPERO E A ESPERANÇA

Para o l0º aniversárdo do P.N.U.M.A. , os governos que integram a O.N.U. foram convocados para uma sessão de carácter particular, com o objectivo de estabelecer um balanço da acção passada e preparar o futuro. As já citadas O.N.G. foram também convidadas.

Vindas de 55 países dos cinco continentes - a maioria do Terceiro Mundo - as O.N.G. elaboraram, com dificuldade, um texto que apesar de tudo demonstra um certo consenso sobre alguns pontos importantes, ainda que o esquema de um "desenvolvimento diferente" continue por definir.
Quanto à sessão de carácter especial que, segundo a mensagem de Kressmann, "decorreu num certo torpor" - ela reuniu delegados de 105 Estados.
"Perante a impossibilidade de entrar em acordo num ponto - comenta ironicamente o texto de "ECO-ROPA" - foi-se para a solução habitual em casos semelhantes: uma comissão!"
Independente dos governos, ela tem por missão redigir um relatório até à Primavera de 1984.

A ENGRENAGEM SISTEMÁTICA

Entretanto, a mensagem número 44 de "ECO-ROPA" lembra que, por iniciativa desta organização, a dimensão global dos problemas originados pelo "sistema" foi constantemente acentuada no Encontro das O.N.G. a que o slogan que serviu de "leit-motiv" aos debates só não figurava na declaração final por ser demasiado agressivo...
Os leitores que julguem dessa agressividades " delapidação do Planeta, corrida aos armamentos, miséria e fome - a mesma engrenagem sistemática."
Implícito, no entanto, esse conceito serviu de pressuposto à aprovação do número 13 da Declaração das O.N.G. , ponto que pede aos governantes a constituição de uma direcção do Ambiente em cada Ministério ou Administração do Estado, ficando o conjunto submetido a um órgão de coordenação ao mais alto nível."
Com efeito - sublinha o texto - "não há nenhum domínio, nenhuma disciplina que não esteja relacionada com o Ambiente."
Os especialistas, entretanto e evidentemente, recusam esta evidência...


"EM SOCORRO DA VIDA"

Que este encontro da O.N.U, para marcar os 10 anos da conferência de Estocolmo e do P.N.U.M.A., não tivesse praticamente eco na opinião pública portuguesa, é significativo de uma apatia que nem mesmo a predominância dos habituais assuntos "prioritários" da nossa retórica política poderá justificar.
A declaração das O.N.G. - " Em Socorro da Vida" é o seu título - é demasiado importante para que nos demos ao luxo de ignorá-la.
-----
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», Crónica do Planeta Terra, 18-Setembro-1982

ALZHEIMER 1997

alz-0> fichas de pesquisa ortomolecular – cartas de socorro - a patologia em naturologia

18-9-1997

A DOENÇA DE ALZHEIMER À LUZ DA LÓGICA ORTOMOLECULAR

Nas doenças em que a medicina se confessa totalmente impotente, como na difícil doença de Alzheimer, é natural que a Naturologia tente, sem que consiga mais do que algumas melhoras

Nunca é tarde para entrar na via justa, cosmicamente justa.

Do que a medicina sabe (ou diz não saber) da doença de Alzheimer, poderá apurar-se o seguinte:

É uma doença da circulação nervosa e de interconexação entre as células, nomeadamente as células nervosas cerebrais; a terapia lógica, causal e ortomolecular, deverá ir, portanto, toda no sentido de incentivar essa comunicação e essa interconexação.
Os livros de medicina natural indicam a lecitina líquida - devido ao componente chamado colina - como o factor principal que irá facilitar a informação entre as células nervosas.
Sabe-se que deficiências de colina no organismo podem produzir anomalias no sistema nervoso, o que é o caso na doença de Alzheimer.
Todos os produtos químicos na alimentação - hoje tão abundantes - contribuem para inibir a interinformação celular nervosa. O mesmo se diga de todos os medicamentos, havendo alguns que têm exactamente um acção inibidora específica sobre a produção de colina, inibição que está na origem da doença: por isso a medicina diz que a doença é irreversível, já que só tem como solução administrar medicamentos que, a curto, médio e longo prazo, vão agravar a situação de toxemia química. Mas o maior inibidor será talvez a anestesia geral.

1º TEMPO - RECURSOS IMEDIATOS

Tomar a Lecitina que deve ser líquida e da melhor qualidade que existir no mercado: atenção, principalmente, ao seu teor em fosfatilcolina (30% dizem os entendidos)
Complemento vivo desta lecitina em frasco, é a adopção de bons derivados da Soja hoje existentes graças à macrobiótica:
a) Rebentos de soja (soja verde germinada) que se pode fazer em casa, a partir da soja verde, e que deverá ser comida em saladas e nunca cozinhada
b) Tofu - ou queijo de soja, que também pode ser feito em casa
c) Tempeh , derivado da soja, mas muito raro no mercado
d) O único derivado da soja não aconselhável é o Leite de Soja
- Logo a seguir, o doente deverá imediatamente adoptar processos de mineralização correcta, completa e equilibrada, onde entrem todos os oligoelementos essenciais ao equilíbrio celular:
a) O Caldo dos Vegetais Doces deve ser tomado todos os dias - é o mineralizador por excelência
b) As Algas - todo o tipo de Algas - devem entrar em abundância na dieta diária
c) Os alimentos, nomeadamente cereais, devem ser todos integrais e o mais variados possível: arroz, trigo, milho, milho-painço, cevada, aveia, centeio e outros cereais que a macrobiótica pôs em uso; não usar farinhas ou reduzir os farináceos ao mínimo dos mínimos;
d) Isto equivale a dizer que o doente se deve aproximar o mais possível do regime macrobiótico (todo ele baseado nos alimentos integrais e com grande apport de cereais, algas e leguminosas na comida diária, além, claro, dos vegetais frescos e folhas verdes )
e) Para suplemento de Magnésio - oligoelemento indispensável também à intercomunicação entre células nervosas - não usar o produto isolado, mas comer 3 ou 4 ou 5 tâmaras por dia, que têm o teor de magnésio assimilável pelo organismo
f) O Zel-Oxigen deve entrar também imediatamente no processo curativo, para ajudar à interinformação celular
g) Todos os dias, alternadamente, deverá tomar um sumo fresco de:
- Beterraba
- Cenoura
- Maçã Reineta
- Nabo/Rábano/Rabanete
- Aipo
h) A presença dos alimentos enxofrados - Nabo, Rábano, Rabanete - deve ser diária na alimentação (ralados, cozidos, de todas as formas possíveis)
hh) Se se quiser reforçar este aspecto do Enxofre - fundamental para a intercomunicação celular - poderá tomar-se o Rábano Negro, que existe em ampolas bebíveis, vindas de França, nos bons mercados dietéticos
i) A presença de legumes frescos e vegetais de folhas verdes (nomeadamente as couves, mas principalmente a Couve-Flor) deve ser também diária na alimentação
j) Se houver (ainda) tachos de alumínio em casa, devem ser substituídos, rapidamente, por outros materiais, pois muito se tem dito sobre a responsabilidade do hidróxido de alumínio na doença de Alzheimer
l) Para culminar e potencializar todo este trabalho, nada melhor do que pegar no pêndulo de radiestesia com a mão direita e tocando na esquerda os metais que estiverem à mão (ouro, prata, cobre, zinco, estanho, chumbo, ferro) ou as cores do arco íris, fazer o toque vibratório dessas estruturas: o trabalho do pêndulo com os metais equivale a uma reanimação do próprio ADN e, portanto, a uma imediata melhoria de circulação no trânsito intercelular: no caso de um doente de Alzheimer esse trânsito está mais congestionado do que o da cidade de Lisboa: façam o pêndulo e ensinem todos aos vossos filhos essa brincadeira, que é afinal a mais profunda e eficaz das terapias ortomoleculares.
m) O outro sal mineral tão importante como o Enxofre e o Magnésio para o funcionamento intercelular, é o Potássio: por isso, uma banana ou duas por dia talvez não faça nenhum mal ao doente, antes pelo contrário, poderá concorrer para a cura.

2º TEMPO - CUIDADOS A MÉDIO E LONGO PRAZO

Depois destes cuidados básicos, se não se verificarem melhoras sensíveis, deverão acrescentar-se, a pouco e pouco, verificando, um de cada vez, o que operou melhoras mais sensíveis:
O suplemento alimentar Ginkgo Biloba, em uma das marcas que existem à venda no mercado
Massagem shiatsu que, com alguma paciência, pode ser feita pelo próprio, desde que conheça os principais pontos onde agir
Fazer uma oligoterapia cuidada e muito moderada, na base de:
a) Oligoelemento zinco
b) Oligoelemento alumínio
c) Oligoelemento lítio
d) Oligoelemento Manganés+Cobre e Manganés + Cobalto
A oligoterapia aconselhável, no entanto, deverá ser escolhida em função de outros sintomas psíquicos de que o doente se possa queixar (além da falta de memória que é específica da doença).
O mesmo se diga para a Floralterapia de Bach, talvez a terapia psíquica que poderá concorrer para uma melhoria extraordinária do doente.
Recorrer a um especialista em quelatoterapia, para conseguir uma desincrustação mais eficaz de metais pesados no organismo (diga-se, no entanto, que a macrobiótica tem também vários recursos alimentares para conseguir este mesmo objectivo de desintoxicação, nomeadamente os lactofermentados de vegetais, ricos de enzimas, como o chucrute, os picles, o tamari, o shoiu, o miso, etc ).
Deverá também procurar um homeopata para indicação da melhor homeopatia desintoxicante: para já, a Hidrastys Canadensis tem acção de limpesa ao nível dos brônquios, o que indirectamente irá beneficiar a célula nervosa cerebral
De acção indirecta mas muito aconselhável, é o Aloés Vera, numa marca de confiança.

MUITO IMPORTANTE

Se na história clínica de um doente, houver uma (ou mais) anestesias gerais, todo o esquema que aqui se indica para a doença de Alzheimer deverá ser utilizado como profilaxia estrutural, de modo a prevenir doenças que a medicina considera irreversíveis e/ou incuráveis, como é o caso da esclerose em placas.

CONCLUINDO SEM CONCLUIR

Se fizer, ao menos, duas das coisas fundamentais que aqui se indicam, já será 50% de avanço na cura. Nunca poderá obter os 100 % mas , se não continuar a intoxicar-se com medicamentos, poderá obter entre 80% a 90% de resultados favoráveis.
Tudo está no êxito que o doente conseguir nestes dois pontos fulcrais:
a) Desintoxicar-se dos resíduos químicos tóxicos (incluindo medicamentos) que provocaram as carências minerais;
b) Recolocar os oligoelementos e sais minerais que estão em carência e cuja ausência provoca exactamente a doença.
Se a medicina considera irreversível a doença de Alzheimer, é talvez porque considera o problema como uma lesão no tecido nervoso e do cérebro: temos de acreditar que, através de um regime logicamente conduzido, não há lesão de células mas apenas disfunção causada por matérias estranhas dentro da célula. Disfunção que pode, portanto, ser corrigida.
+
alz-2> fichas de cura>

O ALIMENTO-CHAVE DO SISTEMA NERVOSO

A acetilcolina ajuda a transportar mensagens pelas conexões nervosas, de modo a que o sistema nervoso funcione adequadamente.
Vários tecidos usam os níveis sanguíneos de colina na manufactura de substâncias específicas como a lecitina e a acetilcolina.
Nesses tecidos incluem-se:
Baço
Cérebro
Fígado
Rins

Os tecidos que sintetizam colina são:
Coração
Fígado
Testículos

Deficiências de colina podem produzir anomalias no sistema nervoso.
Um medicamento anti-esquizofrénico, por exemplo, cria uma deficiência de acetilcolina em certos neurónios do cérebro.
Atenção ao teor de fosfatidilcolina (30%) na lecitina que se usar.
***

XILOFENE 1990

xilofene>diario>problemas da «saúde pública» - mein kampf 92

PRODUTOS PERIGOSOS NA CEE - O CASO PARTICULAR DO XILOFENE

+ 18 PONTOS

18-9-1990- «Os países membros da OCDE estão entre os principais produtores, exportadores e importadores de produtos químicos», gabava-se um relatório da O.C.D.E. (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico), adoptado em 4 de Abril de 1984, que recomenda, portanto, cuidado aos países membros, considerando que «aos países importadores incumbe a responsabilidade da protecção do homem e do ambiente contra os riscos ligados às importações de produtos químicos nos seus territórios.»
A recomendação vai, pois, no sentido de preparar países subdesenvolvidos como o nosso para poderem vir a receber ainda mais produtos químicos, incumbindo-nos a nós tomar precauções.
[Este elucidativo relatório foi um dos documentos difundidos no «seminário sobre responsabilidade pelos produtos e segurança de produtos, realizado em Lisboa em------- de---. ]
2 - «Vamos viver com os venenos que temos» passa a ser, assim, a palavra de ordem nos países industriais, onde os imperativos de ordem económica acabam sempre por prevalecer sobre os de segurança e saúde do cidadão.
«Viver com os venenos que temos» é o axioma indiscutível que se pode concluir da legislação em curso no âmbito dos organismos europeus, quer da CEE, quer da OCDE, que não existem para evitar ou expulsar os riscos mas para nos acostumar a coexistir com eles: ao preço, evidentemente, daquilo a que se chama «saúde pública».
Salta à vista do cidadão comum, primeira e última vítima dos produtos perigosos à solta no Ambiente, que a chamada política de prevenção se destina apenas a «conformar» as vítimas com a sorte que têm e a manter sem sobressaltos a engrenagem instalada, sem que se coloque jamais a hipótese de reduzir riscos e eliminar fontes de sinistralidade ou patologia.
A política reformista do Ambiente existe para nos «resignar» e para amortecer alguma veleidade de revolta que ainda pudesse persistir nos nossos corações cansados de violência química. Salta à vista do mais desatento observador que os esforços da CEE para «regulamentar a catástrofe» e «gerir a morte e a doença» são incapazes de minimizar, o mínimo que seja, riscos, perigos e problemas dos numerosos produtos tóxicos que às centenas se fabricaram, fabricam e continuam fabricando, sem que ninguém de ordem de «stop».
Ainda que o combate contra produtos perigosos registasse alguns êxitos(o que não é o caso), ainda que a legislação se cumprisse ( o que não é literalmente o caso em países de proverbial bandalheira legislativa como Portugal), seria impossível à chamada «protecção civil» travar o ritmo alucinante a que se desenvolve a catástrofe na sociedade industrial, que, por isso mesmo, depois de «sociedade do luxo e do lixo» foi também cognominada como «sociedade da catástrofe»
Cada vez o desfasamento entre o perigo conhecido e o perigo imprevisto é maior. Cada vez é maior também o desfasamento entre o perigo controlável e o que completamente escapa a qualquer medida ou capacidade humana de controle. Se todos os anos, sem que ninguém diga «basta», entram no mercado novos produtos químicos, tão desconhecidos como os que já cá estão( no que respeita aos seus efeitos fisiológicos e metabólicos), a política de segurança perseguirá a sua própria sombra sem nunca a alcançar e de política de saúde nem vale a pena falar: porque não há diagnóstico possível de novas doenças, quando estas surgem num ambiente contaminado por agentes químicos susceptíveis de provocar, nunca se sabe onde e quando, as mais estranhas e inesperadas doenças.
Como se pode falar hoje de saúde, esquecendo este factor ( do meio) ambiente? Como se pode falar de saúde, ignorando aquilo que fundamentalmente a está condicionando? Trazer, a propósito de tudo e de nada, vírus desconhecidos ao barulho, começa a constituir uma desculpa esfarrapada que a sociedade industrial encontra para justificar os seus crimes e que a opinião pública começa a ter dificuldade em aceitar.
3 - Juristas deitam as mãos à cabeça e proclamam-se impotentes para definir esta nova tipologia de «crimes contra a saúde e a segurança pública».
Carlos Ferreira de Almeida, advogado, especialista em direito do consumidor e assistente jurídico da Associação Portuguesa de Defesa dos Consumidores (DECO), confessa que «estamos no ponto zero em matéria de protecção contra riscos, responsabilidade de produtos e segurança contra produtos perigosos.»
[Interpelou os representantes das confederações presentes, a da Indústria e a do Comércio, que se manifestaram «sensibilizados» para o assunto mas ainda sem posição tomada.]
4 - A julgar pelos escassos progressos verificados no combate aos «produtos perigosos», há ainda poucos organismos em Portugal vocacionados para combater riscos, produtos, venenos e fraudes.
O Gabinete de Defesa do Consumidor e o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor são manifestamente poucos, a julgar pelo que está por fazer e pelo andamento que tem tido a política do sector.
Como diria um ilustre médico, é querer curar cancro com aspirina ou matar mosquito com canhão.
Por mais organismos que se desunhem a lutar contra riscos, poluições, explosões, tóxicos, venenos, produtos perigosos que infestam o ambiente e atacam o consumidor, nunca serão suficientes e a sua ingente luta nunca conseguirá evitar que a desastrosa sociedade industrial vá semeando doentes e cadáveres pelo caminho.
Entre as profissões, aliás, que não podem viver sem doentes nem mortes, a de jornalista é uma delas.
Mas quantas outras profissões não estão também dependentes desse contingente de catástrofe?
A CEE preocupa-se, mas pouco mais pode fazer do que preocupar-se e emitir directrizes dos seus comités científicos aos países membros. Directrizes que não impediram que Seveso transbordasse dioxina para a eternidade, que na Espanha a chamada «pneumonia atípica» tivesse constituído um dos maiores genocídios em tempo de «paz», que outros pequenos nadas do quotidiano do consumidor continuem a proliferar e a matar.
5 - [As listas negras, quando são elaboradas(e raramente o são), não há espaço que chegue nos jornais para as publicar, de tão extensas...
Da lista negra de acidentes que foram objecto de uma troca rápida de informações, desde Setembro de 1979, no âmbito da Comissão das Comunidades Europeias, limitamo-nos a escolher apenas algumas, as que também já têm ou podem vir a ter expressão no nosso país. ]
6 - Há a contar com um certo fundo sadomasoquista dos povos latinos, nomeadamente o português. Não só suportam, calados, todas as agressões da classe dominante, como ainda pedem mais.
No caso dos consumos patogénicos, desde que a televisão diga que dão mais vida, nada feito: nem médicos, nem nutricionistas, nem ecologistas, nem higienistas conseguem desconvencer as massas das virtudes que margarinas, bebidas, «sprays», cosméticos, conservantes de madeiras têm para os telespectadores absolutamente convencidos de tanta virtude e prazer.
O secretismo de organismos, direcções gerais, secretarias de Estado, agudiza-se, à medida que as firmas «culpadas» intensificam as suas manobras de pressão para se ilibarem de tudo o que de cancerígeno, patogénico, perigoso, tóxico lançam no mercado.
7 - Se o assunto dos «produtos perigosos» não é para tratar nos jornais, talvez porque desgraças já a gente tem muitas, a verdade é que a informação entre organismos oficiais também não circula.
Como referiu a Drª Arlinda Borges, médica do Centro de Informação Anti-Venenos, o inventário de produtos, só por si, não chega, é preciso saber os casos que assumem maior relevo, gravidade e frequência (incidência estatística).
Há, segundo disse, «uma percentagem baixa de acidentes por afogamento ou electrocussão mas a percentagem de «intoxicações acidentais» por produtos químicos em casas e campos é muito elevada».
«Seria aconselhável - acrescentou - a prevenção primária desses casos.»
8 - Duas operárias, pelo menos, já morreram em Portugal em condições trágicas quando manuseavam, em fábrica do norte do País, um produto designado comercialmente «Xilofene».
Relatórios do Instituto de Medicina Legal a que tivemos acesso, concluem que a relação causa-efeito é iniludível mas que (pasme-se) nada se pode provar contra o produto.
Este continua a vender-se no mercado com um rótulo em que remete para o utente todas as responsabilidades e riscos decorrentes do seu manuseio. De vez em quando, o produto é publicitado na RTP.
São dois mundos paralelos que nunca se encontram: o mundo do negócio está sob jurisdição diferente do mundo do consumidor.
[Em matéria de jurisdições, a semana foi elucidativa: enquanto pela banda do Ministério da Qualidade de Vida (Gabinete de Defesa do Consumidor e Instituto Nacional de Defesa do Consumidor), se convidavam especialistas da CEE (Taschner, Sheen, Kramer), eis que o Instituto de Qualidade Alimentar convidava um especialista da CEE.
Graças a esta intensa actividade de importação e adequação à legislação comunitária, pode o consumidor português dormir mais descansado.]
9 - Na melhor das hipóteses, a política de segurança ambiental joga no adiamento. Mas se já existe uma lei de bases ou lei-quadro de defesa do consumidor, e se já não se pode distrair nem adiar, clamando que «falta uma lei», usa-se então uma ligeira variante:«Temos que esperar agora que saia a regulamentação», será então o discurso na voz dos dirigentes responsáveis[como referiu a drª Helena Quelhas, economista da Confedereção da Indústria Portuguesa.]
10 - Data de 27 de Janeiro de 1977, a Convenção Europeia sobre a responsabilidade quanto a produtos em caso de lesões corporais ou morte, aprovado pelo Conselho da Europa.
Sublinhe-se, como curiosidade deliciosa, que o artigo 9 da referida Convenção «não se aplica - textual - aos prejuízos nucleares.»
O nuclear está sempre para lá do bem e do mal, da lei e das Convenções.
Tratando-se de produtos perigosos, é evidente que o nuclear não deve figurar na lista negra.
Tenebroso e superperigoso é, sim, o ginseng da Coreia e os produtos fitofarmacêuticos ou dietéticos que continuam a assolar os mercados, sem legislação nem fiscalização, nem controle.
Quando a enciclopédia britânica já não tem folhas que cheguem para lá figurar toda a lista negra de pesticidas, antibióticos, cortisonas, vacinas, etc., quando o ritmo de produção de novas substâncias químicas aumenta todos os anos a um ritmo tal que já ninguém o consegue apanhar, eis que o perigo número 1 vem afinal do ginseng ou dos produtos dietéticos. Eis que o seminário se preocupa em pedir a repressão fiscalizadora dos «dietéticos».
Onde está, afinal, o perigo e o inimigo principal do consumidor, quando o nuclear está fora das leis e das convenções, não devendo por isso preocupar-nos?
11 - Segundo se depreende de uma recomendação do Conselho da OCDE, adoptada em 28 de Abril de 1981, é muito difícil retirar do mercado um produto.
Caso se verifique perigo, ele terá que ser suficientemente provado e comprovado para levar a firma a retirar o produto.
Quer dizer: enquanto não se verificarem casos de escândalo público, mortos e feridos, de preferência crianças, é difícil agir.
O consumidor tem por isso e pelo menos, uma certeza: servirá de cobaia até que haja suficientes vítimas juncando o terreno. Em nome do progresso tecnológico, evidentemente.
Só quando «os riscos se revelarem substanciais e graves, os fabricantes e/ ou fornecedores deverão retirar o produto do mercado, modificá-lo ou substituí-lo por um produto idêntico ou similar...»
12- Como referiu Miguel Marañon Barrio, secretário geral para o consumo de Espanha, foi «devido aos trágicos acontecimentos provocados pela intoxicação com óleo de colza», que se verifica uma «lei de reforma urgente do Código Penal» para, a posteriori, regulamentar o «crime» praticado.
Em virtude dessa «lei de reforma urgente», estipulou-se que o produtor, distribuidor ou comerciante que ofereça no mercado produtos alimentares (omitindo ou modificando as formalidades estabelecidas) e que põe em perigo a saúde dos consumidores será punido com a pena de prisão entre seis meses a seis anos e a multa de 750 mil pesetas até 3 milhões.»
É um caso típico de experiência laboratorial «in vitru» e «post-mortem».
O homem cobaia dos consumos.
13 - Se a corrida na Europa da CEE para ultrapassar o camião-cisterna dos produtos perigosos acusa poucos progressos legislativos, em Portugal o desfasamento é ainda maior, conforme se deduz das directrizes e proposta de directrizes que a CEE já conseguiu publicar, no âmbito dos cinco direitos fundamentais que a CEE definiu:
a) direito à protecção da saúde e segurança
b) direito à protecção dos interesses económicos
c) direito à reparação dos prejuízos
d) direito à informação e à educação
e) direito à representação (a ser ouvido).
14 - O carácter de proliferação cancerígena que torna os chamados produtos perigosos um caso de vida ou de morte, um caso de ecologia humana, que só pode colocar-se em termos de civilização que se afunda nos seus próprios excrementos.
Tudo o que se fizer, ao nível reformista e do remendo, não altera o ritmo deste apocalipse químico.
Para todos os apocalipses, a única resposta de esperança são duas letras: T.A.'s, que se podem traduzir por Tecnologias Apropriadas ou Alternativas.
Reconhecido o carácter circular da contaminação química e adjacentes, o redemoínho tende a crescer e a nunca mais parar.
Medidas reformistas e legalistas, que adiantam?
A única certeza a retirar desta morte em autogestão é uma lição de ecologia humana.
Ou mudamos, ou perecemos num chavascal chamado progresso químico.
***