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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-02-15

DEEP ECOLOGY 1974

74-02-15-ie> quinta-feira, 5 de Dezembro de 2002-scan

ECOLOGIA É UMA FASE EVOLUÍDA DA MARCHA HISTÓRICA(*)

15/Fevereiro/1974 – "O organismo humano adapta-se a tudo".
Este é um dos sofismas mais perigosos com que a ideologia tecnocrática pretende impor os seus crimes e abusos. Não lhe bastando ter divertida a opinião pública o suficiente para que a maioria aceite ser "oferecida" em holocausto à sacrossanta mitologia do progresso tecno-burocrático, pretende completar o ciclo (vicioso) propondo como dado aceite e científico a capacidade do homem para se "adaptar a tudo".
Teríamos então, segundo esse sofisma, que a biosfera estaria em vias de se transformar na famosa tecnosfera.
Assim como se pode ir gradualmente adaptando o organismo a um veneno - defendem os biocratas - segundo o clássico processo greco-romano designado mitridatismo, assim a espécie humana se iria adaptando a tudo o que constitui manipulação da vida, dejectos, poluição, injecção de produtos químicos, enfim, a toda a tecnocratização da vida e dos indivíduos.

O ruído?
Se é verdade que os antigos dificilmente se têm adaptado às orgias de ruídos ensurdecedores que caracterizam os novos tempos, aí estariam as novas gerações rock, da "orquestra" electrónica, do bombo e da bateria a demonstrar que já saíram do ovo "adaptados" ao novo ambiente de super-ruídos.

Os adubos químicos na fertilização dos solos?
Pode acontecer, claro, que os organismos das anteriores gerações reajam mal e se sintam vulneráveis aos produtos alimentares desvitalizados, mas nada prova que as novas gerações não estejam a viver de perfeita (!) saúde, embora potencialmente desvitalizadas com toda a gama de químicas que, dos solos à manipulação industrial, interferem hoje no mercado dos alimentos e cancerizam o consumidor.
Quer dizer: para os idólatras do pan-industrialismo, a fé de que tudo será resolvido "pela ciência'' e -"pela técnica" - inclusive o biocídio perpetrado através da fonte da vida que são os alimentos - não admite argumentos ou respostas racionais.
Mas a resposta, o argumento racional é apenas um: a um processo de biocídio acelerado, há que opor, em nome da vida e da defesa da vida, uma ideologia que, a nenhum pretexto (incluindo o pretexto político ou económico) consente na tecnocratização da existência.
Não se trata, tão pouco, de entrar no jogo dos poluentes e dos antipoluentes. É uma questão de princípio, radical e radicalista.

FRANCISCANO E IDEALISTA

Se me perguntarem porque defendo a vida, permito-me responder que a defendo por vários motivos estéticos, políticos, económicos, utilitários e, só por último, morais.
Pode parecer franciscano e idealista a defesa da Natureza, das espécies e do homem.
E talvez seja.
Mas seria o argumento humanista, a razão ética, a última que invocaria.
Perante um bando de assassinos, de açougueiros assanhados, de caçadores rapaces, perante os tecnocratas ensandecidos e torpes, perante os que não hesitam em matar(dizendo que é para nosso bem) nada mais inócuo e ridículo do que replicar com um argumento de ética humanista...
Acima de tudo, é preciso afirmar a esplêndida gratuidade desta opção. Um ecologista é, acima de tudo, um esteta. Um sujeito de cheiro apurado (que detesta maus cheiros), que detesta a porcaria, o lixo, que detesta o dejecto e a imundície. E nem sequer por razões higiénicas bem respeitáveis. Mas simplesmente por razões de arte, de requinte, de "aristocracia" espiritual.
Isto deve ser dito e redito aos abúndios que classificam o ecomaníaco de "sensibilidade feminina" e de esteticismo, com o sublime descaramento que só o imbecil pode ter.
"Sem adubos nos solos nunca se chegará a ter alimentos para todos"... - argumentam os merceeiros de adubos.
E com adubos nos solos já porventura produziram alimentos para todos?
Venham merceeiros da direita, venham merceeiros da esquerda, o que a Ecologia Política tem para responder é sempre o mesmo: a ideologia da Natureza é uma questão de princípio e não admite pequenas ou médias poluições "como preço a pagar pelos benefícios (sic) do Progresso".
A ideologia da Natureza é uma fase evoluída da espécie e uma aristocracia espiritual. Está para lá de toda essa vadiagem que ainda não soube imaginar outro progresso que não fosse o das energias e indústrias hiperpoluentes.
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(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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HOLÍSTICA 1986

ciência-2-cc> = contra a ciência = crítica da ciência = «ecologia humana, ciência maldita » - os dossiês do silêncio – inédito de 15/2/1986 - 5 estrelas


DA ABORDAGEM SISTÉMICA À HOLÍSTICA - CIÊNCIAS HUMANAS ANDAM NA LUA - I

- Tudo é ambiente
- Não há ciências humanas sem ecologia humana
- Causalidade e Sintomatologia
- Desintoxicar é subverter o sistema de perversões

15/2/1986 - São pura ficção e fantasia as chamadas "Ciências Humanas" (sic) que assentam as suas premissas em concepções do homem não só abstractas e vagas mas historicamente ultrapassadas.
Ciência do homem que não parta da sua mais concreta e profunda situação real a que se chama Ecologia, só pode conduzir à fantasmagoria que são hoje a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia, a Medicina e demais ciências ditas do Homem.
O modelo cartesiano do pensamento continua em vigor e deu à luz essas aberrações da Natureza em que muita gente dita séria ainda acredita.
Como é óbvio e alguns já sabem, nenhuma ciência se poderá hoje reivindicar de humana, se não assentar sobre o real concreto, situado e existencial que são, por exemplo, as "cloacas industriais” modernas ou os "pesadelos urbanos".
O comportamento nessas cloacas altera-se, as patologias multiplicam-se, o quotidiano dos viventes é sistematicamente bombardeado de poluições, agressões e violações de direitos os mais variados. De que homem abstracto falam afinal essas ciências?

MIGRANTES DE MARTE

Quando a ciência, por exemplo, analisa ou psicanalisa o indivíduo, no consultório, esquece as inúmeras condicionantes que nele convergem, como se acabasse de chegar de Marte ou da Lua, como se emanasse de um ambiente liofilizado, normal, limpo, equilibrado, saudável, humano...
No diagnóstico científico esquece-se que, diariamente, aquele "paciente" é alvo privilegiado de um autêntico bombardeamento de insultos, poluições e agressões.
É sempre incompleta a lista (negra) dos factores que condicionam o comportamento humano, sujeito a coordenadas definidas de tempo e de lugar. Indicam-se alguns desses factores, a que alguns (poucos) chamam "fascismos quotidianos":

- publicidade explícita mas principalmente publicidade disfarçada de "informação ao consumidor"
- multas, verdadeiros roubos (assaltos) legais praticados pelas autoridades
- bichas a que se obriga o cidadão, obrigado a prazos para pagar coisas a que o obrigam
- ruído, principal destruidor do sistema nervoso
- fisco e sua actualização electrónica e informática (Cartão do Contribuinte)
- chicana partidária que paralisa a vida do País e narcotiza as consciências
- medicamentos e seus efeitos secundários
- pesticidas e sua escalada de morte, fome, miséria, mas tudo isso em nome da fartura e da produtividade
- sismos provocados por rebentamentos subterrâneos de bombas termo-nucleares que as potências testam constantemente
- boatos de guerra nuclear , guerra de nervos que as superpotências lançam para aniquilar, pelo medo, as consciências muito antes de as destruir pelas bombas

CAUSA DAS ENDEMIAS SOCIAIS

Se um jovem ou um adulto comete homicídio, julga-se e condena-se. A instituição, lépida, só vagamente fala, quando fala, do extracto social a que pertence o condenado e lhe criou uma idiossincrasia criminosa.
Os tribunais não fazem mas os sociólogos deviam fazer, de cada criminoso ou delinquente, a despistagem dos factores que lá o conduziram.

Entre outros réus, quem deve ir a tribunal são:
- A macrocefalia urbana e quem a defende ou fomenta
- O imperialismo industrial e quem o defende ou fomenta
- O gigantismo de situações e construções sem escala humana
- O congestionamento de espaços e transportes
- A cidade-cancro, auge da entropia
- Projectos megalómanos que arrastam projectos megalómanos e quem os promove
- Lógica logarítmica do Desperdício e do Absurdo
- Retrocessos humanos dos chamados progressos industriais

Factores mais remotos mas que igualmente se potencializam em concentracionários urbanos e cloacas industriais ( zonas ditas desenvolvidas) podem ser, entre outros:

- Êxodo rural, sangria de reservas humanas (conspiração secular do Tecnocrata contra o Mundo Rural)
- Quando se fala em desenvolver e tal como se tem visto, a única coisa que se desenvolve é o sub-desenvolvimento
- Crescimento de Catástrofes, Doença e Morte tem sido a outra face do crescimento industrial
- A chamada "delinquência juvenil" é apenas o subproduto da delinquência senil
- Às doenças da Macrocefalia, do Gigantismo e da Desertificação chama-se pomposamente "Doenças da Civilização" (O holocausto quotidiano é - dizem-nos - o preço a pagar em vidas e almas pelo progresso)
- Desenvolver , até agora e conforme o proclamam todos os papagaios do desenvolvimento, tem significado apenas destruir

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

A estrutura do próprio sistema (concentracionário mais do que autoritário) contribui, desde logo, para um terreno psíquico pré-patológico que a ciência estabelecida não reconhece, porque se encontra ela própria, enquanto instituição, enquadrada por outra ou outras destas instituições:
- Escola colectivista não personalizada
- Burocracia incurável de repartições
- Transportes e comunicações em estado crónico de congestionamento
- Sistema energético centralizado, não permitindo o princípio alternativo da auto-suficiência que cria confiança e sentido da responsabilidade
- Assistência médica em hospitais concentracionários ou em serviços com filas de espera intermináveis

O modelo militar de "internamento" ultrapassou a própria instituição e, combinado com o modelo inquisitorial da Igreja, refinou nas novas instituições da "terceira vaga", que informatizam apenas o campo de concentração que outros se tinham limitado a electrificar. Prisão, Escola, Hospital, Asilo, - são, de facto, formas artesanais de um modelo que leva hoje à perfeição, com a informática, o universo concentracionário.


INDICADORES DE CAUSAS PROFUNDAS

O sistema revela-se ao observador por indicadores que são efeitos de causas instaladas: o fumo de uma fábrica apenas indica que há um criminoso por trás dela a inquinar o ambiente...
Isolar das causas os efeitos, encarar os indicadores como entidades em si próprias sem antecedentes nem consequentes, é a habitual metodologia da ciência e da informação corrente.
Para um investigador holístico, são as causas que interessa analisar quando fica perante um qualquer indicador.
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NOOLOGIA 1997

tabuayy> noologia - plano de matérias - iv- sebenta nova noologia - autoterapia

15-2-1997

NOOLOGIA YIN-YANG E ALQUIMIA ALIMENTAR

1 - Abordagens holísticas da saúde:
a) Macrobiótica
b) Metabolic Medecine
c) Medicina Orto-Molecular
d) Medicina do Terreno
e) Medicinas causais (ecológicas, naturais ou medicinas doces) e medicinas sintomatológicas

2 - A dialéctica taoísta:
a) Energia Ki e princípio único da Ordem do Universo
b) Bipolaridade Yin-Yang
c) Lei dos 5 elementos: base da alquimia taoísta
d) Os 64 Hexagramas do I Ching
e) Correspondências entre macro e microcosmos: Zonas reflexogénicas do corpo
f) Arrogância: causa de todas as doenças
g) Os 7 estágios do Discernimento
h) Tao e Lao Tsé
i) Entropia/Neguentropia
j) Postulados da Lei Universal

3 - Yin-Yang alimentar:
a) Doença e dor: «aviso telefónico» (Oshawa)
b) Cura = processo iniciático de transformação
c) Vegetarianos contra Carnívoros: a falsa questão
d) Qualidade biológica e valor energético dos alimentos
e) Modelos alimentares homólogos do taoísmo:
- Hunza
- Alcambamba
etc
f) Alimento/Medicamento: Cura pela alimentação
g) Bioquímica moderna confirma macrobiótica ( Flávio Zanata)
h) Jejum e Mastigação: reaprendizagem da arte de comer
i) Riscos da euforia yang: crítica aos fanatismos
j) O conceito de alimento principal e de alimento integral
l) Abordagem holística das carências alimentares (em sais minerais, vitaminas, enzimas, proteínas):
- Algas
- Legumes e Vegetais
- Lactofermentados
- Germinados de cereais e oleaginosas
m) Factores determinantes do metabolismo:
- Harmonia das esferas energéticas (5 elementos)
- Interdependência dos elementos minerais
- PH (equilíbrio Sódio/Potássio)
- Defesas naturais (imunidade)
- etc

4 - Ecologia Humana e Ecologia Alimentar (Leitura ecológica dos sintomas) :
a) Efeitos da poluição no organismo humano;
b) Outros factores:
- estilo de vida
- stress: trabalho, vida urbana
- emoções dominantes
c) Minerais/Metais Pesados: interface entre Ecologia Humana e Holística
d) Metais Pesados versus Minerais Subtis
e) O grande problema das carências em Oligoelementos
f) Factores adversos do Ambiente exógeno:
- ruído
- agricultura química/ pesticidas: 1ª causa de carências
- refinação de cereais e óleos alimentares: 2ª causa de carências
- poluição alimentar : aditivos, conservantes, córantes, adoçantes artificiais, etc
- cloro e chumbo na água canalizada
- Irritantes alérgicos: Mercúrio, níquel, crómio, cobalto, resíduos de detergentes, etc.
- cádmio do Tabaco: causa de anemias
- açúcar industrial: Desmineralizante Nº 1
- bebidas Alcoólicas
g) Iatrogénese: doença da medicina química

5 - Despistagem de factores ambientais:
a) Introdução ao diagnóstico ecológico
b)

6 - Oligoterapia Básica:
a) Diáteses segundo Menetrier
b) Resposta às doenças(carências) da «civilização» industrial;
c) Oligoelementos ou Bioelementos: base alquímica da Vida

7 - Outras respostas:
a) Talassoterapia
b) Balneoterapia
c) Macrobiótica

8 - Interfaces-chave:
a) Profilaxia alimentar do Cancro e doenças degenerativas
b) Profilaxia alimentar contra radiações ionizantes
c) Profilaxia da SIDA
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IDEOLOGIA 1986

ciência-3-cc> = contra a ciência = crítica da ciência - os dossiês do silêncio

FUNDAMENTOS DA UNIDEOLOGIA - CIÊNCIAS HUMANAS ANDAM NA LUA -II(*)

(* ) A I parte deste artigo de Afonso Cautela foi publicada em 15/2/1986 n'«A Capital»,Crónica do Planeta Terra


Manifesto contra a Ciência ordinária
A perversão da «Engenharia humana»
Ciência anda à procura de um novo paradigma?

A TESE DESTE ENSAIO

Aquilo que hoje se designa de ciência - e que melhor se chamaria sofistica ou Sofismologia - é no fim de contas a Fraude e a Mentira institucionalizada.
O que seria o menos, se essa Fraude e essa Mentira, para continuar a impor-se, não tivesse começado a matar dizendo que salva, a adoecer dizendo que cura, a destruir dizendo que progride .
Mudar qualitativamente a "ciência" que vem sendo praticada - e que de ciência nada tem – é portanto condição sine qua non à sobrevivência humana e planetária.
Qualquer banha da cobra, hoje, publicitada pelos mass media, invoca a ciência para fundamentar as suas virtudes e qualidades.
A ciência, hoje, serve para fundamentar apenas as mais diversas banhas da cobra com que o imperialismo industrial manipula populações.

OS CIENTISTAS DE CANUDO

Quando alguns "cientistas de canudo" assumem posição da maior arrogância, considerando-se eles os verdadeiros ecologistas só porque repetem a lição aprendida em universidades estrangeiras ; quando alguns grupos de jovens, alunos daqueles "cientistas de canudo", se consideram os únicos ecologistas porque vão para o campo fotografar borboletas, é a altura de pôr os pontos nos iis e lembrar que essa ciência "vomitada" nada tem de ciência porque é mero psitacismo.
Como pouco tem a ver com ciência, a pesquisa de laboratório, com lupa e microscópio, provinciana e mesquinha, analista e rasteira, sectorial e sectária.
Há hoje pensadores que, aparentemente desligados dessa ciência académica, na poesia, na neo-arqueologia, na meditação ou na sabedoria oriental, estão muito mais próximo da vanguarda científica do que essas pretensas e rigorosas análises ou observações de laboratório.
A polémica suscitada em 1962 com o livro "Le Matin das Magiciens" entre um
conceito conformista de ciência e um conceito vanguardista de sabedoria, parece bem longe de estar terminada.
Os cientistas e professores universitários como Henri Lefèbvre e Herbert Marcuse que apoiaram as manifestações estudantis de Maio de 1968, provam de que o baluarte da ciência académica cedeu às investidas da vanguarda revolucionária e da nova geração.
Apesar de todos os equívocos a que deu e ainda dá lugar, "revolução cultural" permanece um debate aberto que continua a extremar os campos.
A vanguarda da investigação científica está hoje muito mais próxima das intuições e profecias dos poetas, místicos e precursores, do que da linha tradicional dos gnósticos materialistas e positivistas.
A rutura maior verifica-se entre os próprios cientistas - como provam os gnósticos de Princeton e os sábios de Pungwash.
Os diálogos de Khrisnamurti com sábios da mais alta craveira internacional, provam que a face oculta da realidade é que explica a face revelada e não o inverso, como a ciência oficial tem pretendido. E ainda teima em pretender.
Casos como o de Jacques Monod, biólogo e prémio Nobel, Konrad Lorenz, etólogo e também prémio Nobel, Edgar Morin, Einstein e mesmo Schumacher, são outros tantos exemplos de que a ciência apenas vem confirmar as intuições e profecias de uma certa sabedoria perene e tradicional.
Teilhard de Chardin provou de que, ao nível das suas máximas consequências teóricas, a ciência está muito mais próxima da religião e da reflexão mística do que os contributos parciais e medianos de uma aparente ortodoxia.
Livros como "Auto-Critique de la Science" (1973) deram apoio aos cientistas inconformistas que se encontravam respaldados por um grupo manifesto de colegas, deixando a luta isolada de outsiders para se integrar, de certo modo, num Movimento mais vasto de contestação interna da ciência.
Em Portugal , as pesquisas de Delgado Domingos no campo da análise energética e da termodinâmica, provam igualmente de que a ciência vem confirmar as teses mais radicais dos ecologistas.
Por todo o mundo, sábios inteiramente integrados no sistema, alguns mesmo galardoados com o prémio Nobel, advogam hoje teses que os ecologistas foram os primeiros, durante anos, a sustentar.
Os que decidem, dentro da ciência, assumir posições inconformistas por imperativo de consciência, nem sempre tiveram, no entanto, coragem de as revelar e manter.
O sindicato dos cientistas lincha os dissidentes. Os que estão instalados no "poder científico" receiam perder o controle dos negócios e não cedem a qualquer contestação interna do sistema, ameaçando de chantagem, boicote, desemprego ou perseguição (e "fogueira") os críticos e recalcitrantes.

A MACROCENSURA

O imperialismo industrial é totalitário à escala planetária. O alargamento do mercado implica uma procura exasperada de oportunidades "tecnológicas" para continuar a colonizar e a pilhar todos os continentes.
Chamam-se "cientistas" aos funcionários-de-aparelho encarregados de preparar as melhores soluções para que as multinacionais se instalem em territórios ecologicamente mais interessantes, onde a rapina, a pilhagem e a devassidão possam prosseguir ao ritmo necessário e que a concorrência feroz entre elas implica.
O célebre "investigador" científico, hoje, tem que andar depressa, abrindo caminho para a cambada passar,
Vendidos os "eminentes" cientistas aos traficantes internacionais da Indústria, chama-se então Ecologista (como um anátema) ao que pretende ver mais de cima esta estrumeira toda.
Vendidos os "cientistas" , a ciência da verdade e a verdade da ciência só poderá começar com uma nega total aos "cientistas", investigadores, peritos, técnicos & etc, cavernícolas adoradores de uma barbárie a que chamam progresso.

A DIALÉCTICA


Uma prática dialéctica (filosófica) tem que ser anterior, hoje, a qualquer esforço no domínio da investigação. A "má fé" é fundamental, condição sine qua non na investigação científica de vanguarda. "Má fé" significa dialéctica e suficiente distanciamento crítico em relação ao chafurdo chamado ciência moderna. Desconfiar é a grande regra agnóstica de hoje. Curiosamente, os agnósticos dos últimos séculos, que deram à luz os sofistas de hoje, começaram por se basear na dúvida sistemática para chegar à situação actual de sistemática burla, quer dizer, crença idolátrica absoluta dos "dogmas de fé" a que chamam “ciência”. Os sofistas conseguiram, de facto, transformar a ciência, que algum dia terá sido honrada – e séria, mesmo no erro - numa teologia da Falsidade e da Mentira. A "ciência" mercenária de hoje mente, inclusivamente, quando se reclama herdeira do cepticismo e do agnosticismo clássicos.

A VISÃO COSNPIRATIVA

Aos que me censuram a "visão conspirativa da História", pergunto que Ecologia - quer
dizer, que Verdade - será possível e ainda viável sem essa prévia "visão conspirativa" de que num dia inspirado o José Carlos Marques me acusou.
Se estamos efectivamente rodeados da mais absoluta e totalitária intoxicação com o rótulo de científica, por onde pode começar uma desintoxicação que não seja por uma desconfiança crítica sistemática?
Se lermos os verdadeiros e decisivos pensadores do nosso tempo - os que efectivamente fundamentam a mutação- Khrisnamurti, Ivan Illich, Michio Kushi, Teilhard de Chardin, Lanza del Vasto, Gandhi - que outra "arma" encontramos se não a dúvida e a desconfiança crítica em relação ao Sistema em geral e ao sub-sistema dito "científico" em particular?
Se é fundamentalmente aos "cientistas" que se deve a responsabilidade no massacre dos ecossistemas vivos, que raio de Ecologista será aquele que comece por perdoar ao seu carrasco ou que finge ignorá-lo ?

OS TEMAS-TABU

Anterior a qualquer passo verdadeiramente científico, há que restabelecer a Verdade por um violento esforço crítico e de contestação ao sistema totalitário envolvente. É a este nível que se exerce a Macro-Censura e a sua primeira vítima - a predilecta - será! é claro, a vanguarda ecologista. Para esta vanguarda os temas tabus, proibidos ou censurados pelos aparelhos da "ciência oficial" são os verdadeiros temas científicos. O resto, burla e mau cheiro. Quantos ecologistas, porém não vemos nós aí rendidos à sedução dos ilustres cientistas e dos eminentes peritos? Quantos ecologistas não vemos por aí correndo constantemente aos escritórios da Sofística para se consultar nos sofistas que aí dão aulas ou consultas?
Para reforço deste sistema totalitário onde a verdade asfixia, contribui ainda o carácter cataclísmico do tempo o actual. O próprio subconsciente colectivo pratica, por medo e defesa biológica, um instintivo encobrimento dos factos. Uma verdadeira censura prévia, este instinto e este subconsciente. É de Morte, Merda, Medo e Mentira o Mundo que os Chacais preparam à Humanidade: mas a Humanidade, instintivamente, pressentindo-se horrorizada e afastando-se do horror, fecha olhos, ouvidos, portas e janelas ao Mundo que os Chacais lhe preparam.
Teremos os Chacais que Merecemos?

OS LEITORES DE «MEIN KAMPF»

Nunca citam Augusto Comte mas a Lei dos Três Estados impregna todos os seus discursos; não se confessam filhos de Maquiavel, mas a "moral" dos fins que justificam os meios está presente em todas as suas acções; não se confessam herdeiras de Darwin, mas a mitologia evolucionista é o caldo onde mergulha toda a sua sofistica a que chamam ciência; de Malthus raramente invocam o nome mas o crescimento demográfico e o "perigo demográfico" aparece implícito nos seus discursos, como dado adquirido indiscutível; não invocam Descartes, mas os seus discursos são uma "pastiche" de cartesianismo e ordinário positivismo lógico;
não vão com certeza dizer que obedecem à teoria de Pavlov mas todos os dias o praticam na grande manipulação de cérebros na lavagem aos espíritos que todo o filho de Hitler e neto de Maquiavel tem que perpetrar para poder oprimir os povos.
Todos estes são os "adoradores do progresso", os que falam, com arrogância, como defensores (por vezes denodados) da ciência, os que se dizem realistas por servilmente se subordinarem à ditadura da tecnologia e da sua intrínseca escalada até às tecnologias estruturalmente fascistas e destruidoras.
E usam os mesmos lugares-comuns: as epidemias da Idade Média, por exemplo, servem de contraste para justificar as grandes obras de saneamento básico que o imperialismo quer, por força, instalar nos países cuja pilhagem dos recursos naturais o mesmo imperialismo planifica.
Os místicos do "crescimento" parecem todos feitos no mesmo molde, e repetem todos os mesmos slogans da mesma ideologia.
Pina Manique está como inspirador e mestre oculto destes mal escondidos tecnocratas. Porque um dos seus ardis principais é não se confessarem discípulos dos mestres que têm. A sua influência, o respeito que incutem ao povo é proporcional ao segredo em que mantiverem as fontes onde vão beber. Leitores diários do "Mein Kampf" não vão revelar, evidentemente, a seu autor de cabeceira.

OS "BODES EXPIATÓRIOS" DA CIÊNCIA

Em que é que se distingue, fundamentalmente, um teósofo do que o não é? Um homem religioso de um profano? Um iogui de um político?
Talvez o nível de causalidade em que um e outro se movem.
Um satisfaz-se com as explicações ao nível da história, o outro aponta para uma meta-história.
A grande diferença será entre causalidade imanente e causalidade transcendente.
Aqueles a quem a causalidade imanente satisfaz e esgota dirão: o acidente de trabalho foi por falta de segurança; a autocarro com 30 crianças esmagado pela locomotiva foi por falhas humanas ou técnicas; os 100 mortos num avião da Alitália foi porque o aeroporto de Palermo não oferece condições; os 600 mortos do parque de campismo de Los Alfaques foi devido ao calor e à excessiva dilatação do gás na cisterna do camião: de facto, estas causas são reais, existem, dão um determinado tipo de explicação a um acontecimento. É a causalidade imanente. É uma dimensão do mundo.
Mas o teósofo dirá que, sem contrariar essa causalidade imanente há outra, de ordem transcendente, que se torna tanto mais visível quanto menos evidentes e aparentes são as causas imanentes.
Muitos acontecimentos deixam-nos perplexos, confusos, inquietos porque somos frustrados na nossa busca de causas humanas, históricas, factuais e elas nos escapam.
Procuramos nervosamente que o Mal tenha uma causa humana, seja explicável e, em corolário, evitável. De contrária, entramos em pânico. O absurdo - quer dizer, o que não tem uma explicação plausível - aterroriza-nos. Tudo quanto se suspeite estar para além do humano, do evitável, do imanente, do histórico e factualmente causal, evita-se, ignora-se. Não suportamos que haja acontecimentos inevitáveis, fatais. Voltamos a cara, desviamos os olhos, mudamos a conversa...
São esses, no entanto, pela margem ou percentagem de transcendente que trazem, os acontecimentos privilegiados, os factos-chave, os que - inexplicáveis em termos humanos - nos trazem claramente uma mensagem divina.
Desde que para uma tragédia haja explicação de ordem social, a consciência do homem político fica apaziguada.
A mãe que lança o filho de três meses no Oceano, pois a que poderá ser senão um caso de patologia mental?
Vem uma epidemia de gripe e a ciência tranquiliza os homens: é um vírus. A causa, embora ninguém a veja, existe...
Mas para as doenças incuráveis, é o pânico. A ciência ignora as causas... Ou , melhor: conhece algumas mas ignora outras. Algo fica fora do controle. Algo escapa à racionalização do Mal, ao enquadramento e domesticação do Mistério.
O maior complexo do homem moderno - e tomo o político revolucionário de esquerda como seu paradigma - é que a ciência não possa controlar tudo e não tenha já descoberto de tudo (principalmente do Mal...) as causas científicas...
Onde quer que os acontecimentos escapem ao seu controlo, a ciência cala-se, finge que não nota, muda de conversa... A maior parte das vezes, insulta. E ceva a sua impotência nas vítimas que tenha ao alcance. Tenras e doces vítimas, tem por exemplo a Medicina, sobre as quais ceva suas históricas impotências.
Em alguns casos, a ciência passa à ofensiva: aplica-se então a engendrar causas humanas ou imanentes para factos que cheiram demasiado a inexplicável, misterioso, sobrenatural, absurdo, insólito, oculto, transcendente, etc
Os centros da ciência ordinária - americanos, soviéticos, alemães - mantém silêncio sobre o Triângulo das Bermudas, alvo apenas das especulações jornalísticas do costume.
De repente, Cuba diz que já explicou tudo. E vem a versão oficial da ciência sobre o Triângulo das Bermudas. Curvem-se os homens, porque a Igreja falou.
A Natureza como bode expiatório do que escapa à causalidade científica é uma táctica que se situa a meio caminho.
A invasão de grandes áreas de África por nuvens de gafanhotos que comem em culturas o equivalente ao seu peso, as secas na zona do Sahel, em 1963, que fizeram milhões de mortos, nessas e noutras é que a ciência se vinga: a malvada Natureza (assim como o fatalismo genético ou hereditário, em outros casos) tem as costas bastante largas para levar as culpas todas.
Vendavais, enxurradas, terremotos, tufões, não são nada de sobrenatural (são a natureza) e também não são culpa humana: o bode expiatório ideal. Nem fatalismo, nem asneira de cientistas. Tão pouco tem aqui cabimento a dúvida subtil que se aplica num caso, por exemplo, de desastre ferroviário: até à eternidade, ficará sempre a pergunta: causa humana ou causa técnica?
Se é possível - e é quase sempre possível - fazer da falha humana de um funcionário o bode expiatório, então o inquérito apresenta conclusões meses depois; se não, nunca haverá conclusões para tal inquérito. A tecnologia fica sempre a salvo.
Para fugir à responsabilidade, o sistema tem, portanto, três hipóteses:
- ou inventa o "bode expiatório" da causa humana;
- ou inventa o "bode expiatório" da causa natural ( a malvada Natureza...);
- ou cala-se e finge que não nota, que esqueceu.
A ciência só explica o que a não compromete.
Quando ela própria é a causa do Mal (no caso das maldades da Natureza, por exemplo...), ou não consegue explicar a causa do Mal, - foge.
Ignora.
Ignorância é o terceiro bode expiatório

CALÃO TÉCNICO, ARMA DE OPRESSÃO

O jargão técnico de financeiros e economistas, a linguagem super-secreta dos especialistas e engenheiros, a barreira intransponível entre os macrosistemas e a vida vulgar, quotidiana, banal da gente banal, funciona como um factor acelerante do Caos actual.
As vítimas não dominam os macro-processos onde se inserem: e dominam tanto menos quanto mais técnico for o discurso empregado.
O trabalhador não sabe para que serve e a quem serve o que produz, o cidadão não sabe quem decide por ele as leis que ele, cidadão, virá um dia a pagar se não as cumprir; aumento de preços ou de impostos, sabe disso quando a conta lhe aparece maior do que esperava: na melhor das hipóteses soube quando a decisão era já um facto consumado.
Cultivar a cifra técnica e a nomenclatura arrevesada é, portanto, uma necessidade intrínseca à complexidade dos macro-sistemas.
É a melhor maneira de os rebanhos, incapazes(impotentes) de compreender a linguagem dos senhores, patrões, governantes, engenheiros, cientistas, tecnocratas s torcionários em geral, melhor serem controlados e manipulados.
Ainda que soubessem e pudessem falar claro, não o fariam. O calão técnico guarda a vinha...
A tecnicidade funciona, também, como um dos melhores mecanismos de opressão, manipulação e exploração do homem pelo homem. Função esta que minimiza bastante aquela outra: a importância que a tecnicidade tem na medida em que lisonjeia a vaidade dos que a cultivam e dos que, todas as noites, se masturbam no canudo das suas diplomaturas.
Adoptar a linguagem de robot, em vez da linguagem de gente, é uma forma de exploração do homem pelo homem que os marxistas clássicos não incluem nos seus discursos.
Se o discurso e a terminologia trai a ideologia, trai também e por consequência a ética que lhe preside. No caso vertente, a ética da mais requintada e sofisticada corrupção mental.

MAIS, MAIS, SEMPRE MAIS E NOVAS DOENÇAS!

A preocupação do "novo" está muito ligada à mitologia do progresso científico, que legitima a sua própria existência dizendo que está sempre a descobrir "coisas novas". Esta pretensão ou presunção do "novo" está - como todos os mitos do progresso - tão enraizada no subconsciente do consumidor, que nela se baseia, com êxito, toda a ofensiva publicitária do produto a impor.
"Novo" é a palavra-chave dos anúncios que palpitam no meio de néons, ora na TV, ora nos magazines ilustrados. Abandonar o velho e comprar o novo: eis todo um programa de técnica de vendas, eis um dos motores da sociedade de consumo, tão estreitamente ligado à moda. Moda e novo são os motores do lucro. Moda é o que muda, não esqueçamos...
Não admira, portanto, que a monomania do novo ataque em todos os campos. Até nas doenças, a ciência médica aspira sempre a ter na mesa novidades. Quando encontra uma nova doença, a ciência médica rejubila: de um lado, porque oculta assim, mais uma vez, a sua sublime ignorância rotulando de estranha, enigmática, misteriosa e ainda não "descoberta" nem estudada a "nova" doença; depois porque o "novo" significa progresso e quanto mais doenças, mais progresso.
Jamais a ciência médica, no entanto, faz cientificamente a única coisa científica a fazer que é ligar o efeito à causa. Procurar a causa para determinado afeito. Por exemplo: ligar o consumo de contraceptivos às anemias graves e leucemias.
Porque rejubila, no entanto, a ciência médica com uma nova doença?
É que, segundo a mesma ciência médica, apoiada numa teoria há muito já podre, tem que haver sempre um novo vírus que se pode descobrir para cada nova doença e para cada novo vírus há sempre uma esperança de poder vir a comercializar uma nova vacina, ou um novo medicamento anti-vírus.
Assim funciona a grande ciência médica, totalmente a soldo dos fabricantes de vacinas. É este o princípio do alargamento de mercados, em economia capitalista. Como é que as economias planificadas continuam alimentando o mesmo tipo de ciência mercenária que rejubila com novas doenças, novos vírus, noves vacinas e portanto novas lucros, eis o que já percebo menos.
Quando me dizem que nas economias planificadas a qualidade de vida é muito protegida, eu pergunto se a protecção consiste em ter, para cada nova doença produzida pelo sistema um novo produto que contra-ataque essa doença, fabricando de seguida mais sete para combater os novos efeitos desse novo produto.

ATLANTA (Jórjia) 24 - Um novo tipo de pneumonia, causada por uma nova bactéria, «Pneumococus", oito vezes mais resistente à penicilina, apareceu nos Estados Unidos, afectando uma criança de cinco anos - anunciou o Instituto de Enfermidades Contagiosas de Atlanta. Os médicos foram obrigados, aliás com êxito, a servir-se de um antibiótico mais perigoso.
Entretanto, o Centra Sanitário Federal de Atlanta advertiu que as bactérias e germes produtores de afecções pulmonares aumentaram perigosamente a sua resistência ao tratamento tradicional pela penicilina
Este caso sucede-se a outro registado na África do Sul, em que foi detectado uma bactéria pulmonar, que resiste a todos os antibióticos conhecidos. – 24/10/1977 (Anop).

Se houver nesta notícia algo de chocante para o vulgar dos humanos, de certeza que a culpa é do jornalista que fez a notícia. No resto, as honras vão para os que descobriram a nova bactéria resistente a todos os antibióticos.

A TÁCTICA DO REMENDO: MAIS, MAIS, SEMPRE MAIS ASNEIRA(COM ALGUNS RETOQUES NA FACHADA)

Onde a ciência requinta a sua capacidade imaginativa de multiplicar a asneira, ao serviço do sistema, é quando se trata de introduzir melhorias anti-poluição num objecto por si anti-ecológico.
O automóvel, por exemplo: a ciência inventa aparelhos para economizar gasolina, reduzir poluição, mover os carros a pilhas ou electricidade, enfim, o que é preciso, custe o que custar, é que o gadget seja cada vez mais escorreito e perfeito enquanto objecto de morte ou doença. Por isso a técnica do remendo.
A política ou táctica do remendo, em que a ciência é exímia, significa outro mecanismo reprodutor do sistema exponencial.
Alguns chamam-lhe a ciência remendona. Sem ofensa...
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(* )A I parte deste artigo de Afonso Cautela foi publicada em 15/2/1986 n'«A Capital»,Crónica do Planeta Terra
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NATURISMO 1968

segunda-feira, 14 de Outubro de 2002- prontíssimo a editar com cautelas de algumas partes a censurar sem hesitação antes de seguir on line - 13 páginas - diário de um consumidor de medicinas - dcm68-1 - merge de 4 files wri dcm68-2,3,4 e 5

A CIVILIZAÇÃO COMO DOENÇA(1)E A MISSÃO DA SPN - FUNÇÃO E OBJECTIVOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE NATUROLOGIA EM 1968

dcm68-5

Alienação
Causalidade
Comportamento
Crimes contra a vida
Defesas nervosas
Desintoxicação
desnutrição
Doença-Civilização
Imunidade
Insalubridade do Habitat
Insegurança no trabalho
Íridiagnose
Leis da natureza
Meio anti-natural
Mitos da violência
Palavras-chave (estranhamente) ausentes:
Palavras-chave deste texto antecedente da ecologia humana:
Perspectiva neo-hipocrática
Sinistralidade
Sintomatologia

15/Fevereiro/1968 - (Porque de certo modo fiquei um bocado inquieto com a nossa discordância, venho tentar esclarecer em que ponto reside o atrito das nossas opiniões e como limá-lo.)

Parecendo que não, mas há uma grande diferença entre naturismo e práticas ou técnicas naturistas. Parecendo que não, a questão de terminologia, neste caso, determina as atitudes que podem entrar em choque e em conflito.
A meu ver, se falamos de naturismo, a ideia que prevalece é de retorno à natureza, com a rejeição pura e simples das coisas civilizadas (as boas e as péssimas) : é a vida o mais possível junto do mar, da montanha, do ar puro, das comidas cruas, dos animais nossos irmãos, etc.
Na palavra naturismo contém-se, explícita ou não, toda uma religião de contacto directo com a natureza, que mais cedo ou mais tarde entra em conflito com todas as forças anti-naturais de vida, que o mesmo é dizer, com todas as formas civilizadas: a cidade, a máquina, o trabalho, as casas, o tráfego, as indústrias, os tribunais, a guerra, a economia - e até o livro, a televisão, a imprensa, o cinema, o teatro, as artes, as ciências, as escolas, enfim, a cultura.
O naturismo - por muito moderado que queira fazer-se - tem sempre a tendência, como ismo que é, para o extremo dos extremos - que é exactamente o regresso total à natureza e rejeição total de toda a civilização, de toda a cultura, de todo o artifício.
Ora e verdade é que este retorno à natureza, este naturismo de cunho doutrinal e até religioso, esta opção radical e absoluta, é que pode levar, na Sociedade de Naturologia ou em outro local qualquer onde se fale de coisas naturistas, a extremos fanatistas, na medida em que se põe a funcionar o mecanismo que dá origem a todos os fanatismos e que é confundir uma opção de foro puramente individual, pessoal, íntimo com uma regra de vida comum e em comum, com um estatuto de vida colectiva e para uso simultâneo de várias pessoas.
Quer dizer: o regresso às origens (ao mar, à montanha, ao ar, ao sol) é uma opção quase ao nível religioso ou conversão, na medida em que implica substituir um padrão de vida por outro; e então teremos o eremita, teremos o asceta, teremos aquele estilo de vida que, por definição, é excepção e o facto de ser excepção é que o justifica, o explica.
Pessoalmente, eu creio mesmo que teria inclinações de eremita, que gostaria de dizer adeus ao trabalho, à cidade, à vida complicada e pseudo-civilizada, às escolas, aos livros, às ciências, a todo o artifício e a toda a cultura. Pessoalmente, eu até sonharia com esse paraíso perdido e lamentar-me-ia de não o poder, por enquanto, realizar.
Mas eis que se trata de um problema puramente individual, até porque se trata de uma atitude extremamente individualista, já que no fundo se trata de recusar o convívio humano , a sociedade humana e tudo o que ela engendrou para a vida de relação. E ninguém pode transformar, sob pena de se contradizer pela base, essa opção, essa quimera, esse ideal em regra de vida colectiva.
Ora quando se fala de naturismo , em vez de práticas naturistas, parece-me que há sempre, no fundo, uma ideia individual ao mesmo tempo que individualista, querendo arvorar-se em regra colectiva. E é isso que dá origem aos piores fanatismos. Se prefiro falar de técnicas e de práticas naturistas, não será por casmurrice filológica mas por diferenciação de atitude na abordagem dos problemas relacionados com a sobrevivência e a segurança da nossa causa e da sociedade que a serve.
Na verdade, principalmente naquilo que detestamos, há pontos comuns sobre os quais não é difícil estabelecer uma concordância básica e uma certa comunidade de propósitos; as coisas negativas da civilização gostaríamos todos, igualmente, de as eliminar ; a pestilência do ar e das águas, os tubos de escape, as drogas medicamentosas que criam novas doenças sem curar as antigas, as drogas diabólicas como a talidomida, os pesticidas , os insecticidas, os adubos e os corantes químicos, etc.

O VÍCIO DO TABACO

Mas tentemos ver, com a maior serenidade, o problema do vício do tabaco enquadrado nestes antecedentes . No fundo, o que leva os homens a usar o tabaco , assim como o álcool, assim como o LSD, os estupefacientes e todas as drogas pseudo-medicamentosas, é pura e simplesmente o seu desejo de ser um pouco menos infeliz, a sua necessidade de se defender dos agentes que nesta sociedade-cidade de facto infernal, o agridem.
O homem cria vícios porque sofre, porque é chicoteado, porque a civilização exige dele , não só a mais antinatural das coisas - o trabalho - mas uma sobrecarga de esforços aos quais acaba por sucumbir. O vício não é culpa nem pecado (e tudo estará estragado se virmos o problema por aí) , é uma técnica deficiente de defesa contra os aspectos negativos da civilização, contra a doença no seu mais lato sentido e nas suas formas mais difusas, já que o conceito de doença vai, mais ou menos, identificar-se com o de civilização.

Aqui surge o momento da grande opção : ou se nega pura e simplesmente a civilização-doença e cada um vai para a ilha que tiver mais a jeito imitar o Robinson Crusoé; ou, por falta de ilha, de coragem, de oportunidade, continuamos mergulhados na doença-civilização, interessados acima de tudo em conhecer as técnicas que nos defendem dela. No fundo, é um problema de coexistência com a doença.

Ora a Sociedade Portuguesa de Naturologia , só pode ter um objectivo enquanto Sociedade e colectividade : ensinar, por todos os meios ao seu alcance, a toda a gente as técnicas conhecidas para defender as pessoas das agressões da civilização e as técnicas conhecidas são as várias terapêuticas , da terapêutica alimentar à helioterapia, da fisioterapia à hidroterapia, da magnetoterapia à hipnoterapia, da marcha pedestre ao ioga, da ginástica sueca à acupunctura.
À Sociedade Portuguesa de Naturologia compete ensinar e não evangelizar, compete esclarecer e apontar ao doente os motivos de esperança contra o desespero. Nada pode ela, entretanto, contra os hábitos ou vícios generalizados, contra o tabaco que se consome e gera cancros, contra os pesticidas, contra a cortisona, contra os corantes, contra os gases dos automóveis, contra o ar envenenado, porque mudar a fisionomia das nossas cidades industriais, a anarquia em que se desenvolveu a chamada civilização, compete aos urbanistas e em última análise aos políticos.
Poderá alegar-se que à Sociedade Portuguesa de Naturologia cabe também o papel de, pela teimosia, promover campanhas que pressionem os poderes públicos a tomar medidas não só defensivas da saúde do cidadão mas também repressivas contra os agentes da doença e da morte; porém, nem a repressão resolve , no fundo, nenhum problema de base (que só a política resolveria) , nem me parece que à SPN reste tempo para dedicar a uma tarefa que excede as suas posses, quando é verdade que tem todo um programa concreto a executar , que é ele o de lutar, ensinando, pelos direitos do doente face às agressões do mundo e de uma medicina fundamentalmente errada.
Para já, se eu sei que não pode ser decretado (como pessoalmente desejaria)que todos os automóveis de Lisboa sejam queimados e substituídos por bicicletas (COMO QUEREM os provos de Amsterdão) não me parece viável fazer campanhas contra os automóveis e seus pestilentos escapes: mais urgente e dentro da tarefa que à SPN incumbe, parece-me mais urgente dizer às pessoas intoxicadas (pelo tabaco, sem dúvida) mas - hélas! - por mil outros venenos também: pelos medicamentos, pela imprensa e suas mentiras, pelo cinema e seus mitos, pela literatura e suas quimeras) como deve criar defesas ou curas mais eficazes.

PARA SE TORNAR CREDÍVEL O NATURISMO TEM QUE EVITAR O MORALISMO

Fora do campo terapêutico (ao que suponho) a SPN exorbita das suas funções : não lhe compete fornecer regras de procedimento que não pode tornar exequíveis e que não digam exclusivamente respeito ao homem doente e que deseja tratar-se; repare-se que isto não significa ambicionar torná-lo são, mas apenas ensiná-lo a viver no meio da doença de modo a saber evitá-la e a combatê-la.
Nem sequer compete à SPN obrigar ninguém doente (e que usa o tabaco, o álcool, os medicamentos como terapêuticas que julga boas) a substituir essas pelas terapêuticas que supomos autênticas.
Parece útil limitar e definir a função da SPN , não apenas porque é limitada a nossa capacidade de acção, havendo portanto necessidade de hierarquizar actividades, de forma a começarmos pelo mais importante, deixando o secundário para depois, mas porque definir a função da SPN, limpando-a de pontos doutrinais obscuros ou controversos ao nível da crença (da fé!) é contribuir para o seu prestígio e para a impor nos meios onde a naturologia (muitas vezes por culpa dos seus profetas, demasiado santos para serem homens) é motivo de mofa.
Antes a hostilidade do que a troça, porque, se assim for e quando assim for, é sinal de que a SPN começa a ser tomada a sério, temida e portanto hostilizada.
No entanto, se confundirmos práticas de terapêutica natural com naturismo e naturismo com zoofilia e zoofilia com espiritualismo e espiritualismo com espiritismo, teosofia, ciências ocultas, charlatanismo, vê-se claramente qual é o caminho mais curto para desacreditar uma causa que nada tem, em verdade, de censurável ou de ridículo, de quimérico ou de idealista, e de concorrente às várias místicas do transcendente.
À SPN , creio, não compete, no caso do tabaco para exemplo, nem debelar o mal social que ele representa (porque debelar males sociais compete ao poder político ) nem tão pouco ministrar conselhos de higiene pessoal; quer dizer, ao contrário do que os santos loucos da Liga de Profilaxia Social têm também desejado, não se trata de dizer a toda a gente para se lavar (os pés, o couro cabeludo, as unhas, etc.) porque a porcaria pode dar origem a doenças (piolhos, eczemas, etc.) não se trata de recomendar que não fumem porque sujam os pulmões, os dentes, os dedos, além de prepararem o cancro ; com efeito, os conselhos a posteriori parecem-me inócuos. Prégar que não se fume a pessoas que fumam exactamente por um derivativo, uma necessidade de evasão , um apaziguamento nervoso (ainda que façam tudo isto inconscientes das intenções determinantes) é pregar moral a barrigas vazias , assim como é pregar no vazio fazer campanhas contra a prostituição (como mal social e...como coisa anti-higiénica do ponto de vista pessoal) quando a sociedade de consumo cria todas as condições para a prostituição, e em todos os sectores, nem só o sexual.
Se num eléctrico o «odor corporal» de alguém incomoda, o caminho não é fazer à pessoa em causa um sermão sobre a água e suas vantagens e sobre o uso de back-stick; nem reunir um comício, à noite, para apontar os perigos, vergonhas e misérias do cheiro a sovaco; o caminho, no aspecto das relações humanas, é compreender que vivo entre pessoas imperfeitas (que cheiram a suor, a tabaco, a mijo e até a alho) e que não posso criar uma lei para suprimir da minha vista esses miseráveis mal cheirosos.
A SPN está fadada, creio eu, para maiores feitos: ela será uma escola de boa vontade, de esclarecimento, de lucidez, de respeito pelo próximo e, acima de tudo, animada pela ideia do respeito pelo homem doente que somos todos. Mau ou vicioso (de tabaco, por exemplo) mas doente, apenas doente e sempre doente.
À SPN compete apontar o caminho, não da regeneração moral de ninguém mas da sua recuperação orgânica, da sua cura por terapêuticas racionais. Tornar os corpos menos infelizes, ajudar a minorar a dor física, libertar os indivíduos dos fardos e preconceitos seculares, ajudá-los a recobrar energias para enfrentar esta tão triste civilização de morte e destruição, - eis, creio eu, o modesto, limitado, apagado mas único desiderato da Sociedade Portuguesa de Naturologia.

INDEPENDÊNCIA E COORDENAÇÃO

Há, no entanto, uma coisa que também me parece verdade e quero reconhecer: a SPN bateu-se desde cedo por práticas que, combatidas a princípio e consideradas extravagantes, constituem hoje o campo de acção de outras colectividades, como que destacadas da colectividade-mãe, com sua independência e autonomia: se vemos hoje proliferarem os clubes campistas, as piscinas, os saunas, as clínicas de agentes físicos, os ginásios, os campos de jogos, as termas e até as praias, não pode esquecer-se que a SPN foi pioneira de tudo isso, quando tudo isso era considerado extravagante ocupação de ociosos e malucos.
Mas a verdade é que, se compete à SPN ficar ligada por direito e tradição, a todas essas actividades, não deve ela, nem pode, nostalgicamente, situar-se na primitiva fase de pioneirismo (tudo evolui!) nem reivindicar , ciosamente, para si a exclusiva execução de tarefas que, aliás, lhe seria humanamente impossível de realizar.
Humildemente, a SPN tem aceitado a autonomia dessas actividades mantendo uma espécie de comunidade espiritual com elas. No fundo a SPN é como que o Ministério de Defesa e Propaganda , e também de educação, que preside a esses outros departamentos; se não possui uma efectiva acção coordenadora ou federativa (quem sabe se o poderá ter um dia?) virtualmente pode aceitar o cargo de tornar conhecidas, do ângulo terapêutico (e nunca moral) todas as práticas que ajudem as pessoas a defender-se do meio anti-natural que as cerca.
Assim como, dentro de uma empresa, uma comissão de prevenção de acidentes no trabalho procura ensinar ao operário a defender-se da agressão da máquina, dentro desta grande empresa que é o estado político moderno, a SPN ajuda o «operário» a defender-se dos mil e um mecanismos que o agridem.
Se meditarmos um pouco sobre o que a SPN significa para a saúde e esperança de todos os doentes, e no que se perderia se ela deixasse de existir, surge-nos a uma luz mais forte a evidência de continuá-la e desenvolvê-la, de não a deixar morrer e, antes pelo contrário, de trabalhar com todas as nossas energias e vontade para que ela não morra, para que ela cresça.
Pensemos, por exemplo, que à SPN compete manter a tradição naturopática que é actualmente mantida por raros homens de rara tenacidade e que, por isso, corre o risco de se extinguir com eles. O dr. Indíveri Collucci , mestre de outros mestres que actualmente se consagram à naturopatia, ocupa o lugar de honra, mas a sua obra , se é certo que já criou discípulos, terá também que criar raízes, grupos de apoio, núcleos de simpatizantes e praticantes, apóstolos; esses, terão de congregar-se em volta de um organismo que pode ser, que deve ser a SPN.
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DIGNIFICAR A CAUSA DANDO A CONHECÊ-LA

Pensemos também que são necessárias campanhas de divulgação; criar novos restaurantes de alimentação racional; criar grupos de simpatizantes das ideias naturológicas; criar cursos de cozinha , culinária e dietética racional; criar clínicas de naturopatia; criar grupos de estudiosos que, embora sem formação médica oficial (escolar) , podem e devem ser os auxiliares preciosos dos médicos, quando estes são ainda poucos e raros; criar uma opinião pública esclarecida sobre a verdade da naturopatia, contrariando os vícios mentais e preconceitos ainda correntes a respeito do objectivo, função e ideal da nossa causa; criar serviço de respostas às perguntas dos que desejam ser esclarecidos sobre os mais diversos temas ou conceitos afins da naturologia, criar bibliotecas de obras seleccionadas sobre naturopatia; editar obras antológicas com os melhores e mais actualizados textos de naturologia; criar (ou incentivar a criação) de grupos de prática ioga , grupos de prática campista, grupos de prática pedestrianista; criar (ou contribuir para) uma opinião pública mais informada sobre os perigos da civilização que nos cerca e as maneiras práticas de os evitarmos, de lutarmos contra, ou de nos defendermos deles; criar as condições favoráveis à ideia de cursos, por iniciativa oficial, de dietética, cozinha e culinária racionais.

COORDENAR NÃO É CENTRALIZAR

Pensemos ainda que aos órgãos de imprensa que actualmente servem o movimento naturopático (Natura, Medicina Natural) deve ser criada uma base cada vez mais estável e sólida de sobrevivência , uma coordenação cada vez mais nítida, e que essa base existe na SPN , organismo que sem ambições de federar ou centralizar esses órgãos com independência própria, deve manter com eles laços estreitos de camaradagem e colaboração.
Pensemos também que a Naturopatia é um movimento que serve essencialmente os interesses da saúde, da felicidade, da integridade individual e que, por isso, não contará nunca com o apoio das grandes forças económicas que o exploram. A SPN terá portanto que viver exclusivamente da cooperação entre os associados , representando a força da sua união e a união da sua força.

DAR A PALAVRA AOS DOENTES E SEUS DIREITOS

Não deseja a SPN condenar a autoridade dos médicos que estudaram e se prepararam ao longo de muitos anos para exercer a medicina alopática: não deseja desautorizar ninguém, mas pretende, com todo o direito, dignificar a posição e autoridade do doente frente às arbitrariedades praticadas por certa medicina e por certos médicos.
Há que dar a palavra ao paciente, à vítima, ao sujeito que até agora passivamente se submete à autoridade médica; não para pôr em dúvida essa autoridade mas para reafirmar a qualidade humana do doente e os seus direitos de ser ouvido, respeitado, atendido.
A naturopatia é um movimento que parte essencialmente dos doentes e da sua iniciativa, do seu desejo de ir ao encontro dos médicos, não para os hostilizar mas para deles receber o tratamento adequado.
Pensemos que a SPN reúne exactamente todos os doentes que, estando cônscios dos seus deveres para com a medicina, estão também certos e seguros dos seus direitos; estudaram nos livros e estudaram-se a si próprios; na própria experiência e na experiência alheia ganharam também um pouco de autoridade que desejam ver respeitada e considerada.
Pensemos que a SPN existe para reunir esses doentes que não querem continuar a ser meros sujeitos passivos da medicina, sem opinião e sem vontade.
Além do mais, o nosso tempo e suas urgências , está a multiplicar os cursos rápidos de formação prática, subdivisões de outros cursos mais morosos e onerosos; também a medicina, com a sua pulverização de actividades , está a sentir a necessidade de profissões complementares, em que a formação profissional acelerada terá de surgir e já está surgindo.
Portanto, não é argumento contra a naturopatia o facto de não se possuir diploma de doutoramento em medicina oficial; não só porque há muitos auxiliares e assistentes de profissão médica a quem esse título não é exigido (enfermeiros, analistas, etc.) mas também porque há os direitos inalienáveis do doente a conhecer também as formas de se tratar.
Aliás, a medicina caminha cada vez mais para uma educação do doente, para a sua consciencialização: objectivo supremo que é também o da naturopatia e da SPN, votadas à consciencialização cada vez maior do doente.

O ÂMBITO DAS MATÉRIAS AFINS

Na palavra naturologia congrega-se hoje um corpo definido de conhecimentos e, principalmente, de preceitos profilácticos, higiénicos, clínicos, terapêuticos, que estão dispersos por diversas outras actividades e colectividade , ciências e disciplinas.
A naturologia engloba um conjunto definido mas bastante vasto de objectivos, muitos deles em execução por organismos especializados mas dos quais à SPN compete efectivar a coordenação.
Vejamos que organismos afins são esses e com os quais a SPN , por isso, deseja manter não só boas relações de vizinhança mas identidade de propósitos:
Centros clínicos onde se apliquem agentes fisioterápicos
Clubes de campismo
Clubes-ginásios
Cursos de ioga
Piscinas
Saunas

Por outro lado, que assuntos nos podem dizer respeito e que matérias importam, primordialmente, ao naturologista , entre as muitas que se leccionam por escolas e cursos?
Enumerem-se algumas:
Culinária e alimentação racional(ortotrofia)
Dietética
Higiene
Medicina preventiva
Medicina psicosomática
Tudo isto confere à SPN uma função vasta e complexa mas também selectiva : aproveitando, da perspectiva neo-hipocrática, tudo o que nas ciências auxiliares da medicina (anatomia, anatomia patológica, fisiologia, biologia molecular, química orgânica, bactereologia) constitui matéria de facto, reserva-se a SPN o direito de aproveitar esses conhecimentos em ordem às normas que defende para a arte de curar, inspirada por outros ideais , apoiada em outras técnicas diferentes da terapêutica químico-farmacêutica.
Se os conhecimentos de anatomia patológica (por exemplo) podem servir a um naturologista, se as técnicas de análise e diagnóstico lhe podem ser de grande auxílio, se a biologia esclarece processos orgânicos indispensáveis à ciência trofoterápica, é óbvio que um naturologista rejeita em princípio a medicação química, assim como os restantes tóxicos químicos e alimentares (carne, peixe, álcool, excitantes, profamina, anfetamina, cortisona, etc).
Um naturologista rejeita a carne e o peixe não por princípios metafísicos, postulados a priori, não por fé ou convicção religiosa mas pura e simplesmente por coerência lógica, porque a carne e o peixe se inscrevem entre os alimentos com efeitos intoxicantes secundários; o mesmo para os produtos refinados (açúcar e arroz branco, farinhas brancas), para as frituras e para os molhos; para a levedura prensada; para os mariscos; etc.
Nas matérias de estudo afins da naturopatia, ha que limitar as nossas ambições, porque as nossas forças , como entidade associativa, são limitadas; se é certo que há dezenas de disciplinas ou ciências que podem interessar, em princípio, um naturologista , algumas há que preferir a outras: a biologia; a microbiologia; a microscopia electrónica; a patologia celular; a química orgânica; a zoologia; a antropologia; a psicologia; sei lá quantas disciplinas podem, mais de perto ou de longe, interessar um estudioso da naturologia, na sua máxima extensão.
Mas há que limitar e a modéstia aconselha prudência: a terapêutica será o nosso ponto de partida e de chegada, será o núcleo da nossa acção, o fulcro das nossas ideias.
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CRÍTICA DE ALGUNS PRINCÍPIOS

À luz deste critério estão fora do alcance da nova medicina certos objectivos e princípios preconizados por um naturismo com base religiosa, moral e mística, como sejam os que a seguir se discriminam e analisam, todos eles transcritos de impressos da SPN que pretenderam traduzir a sua doutrina oficial.

A CULTURA INTEGRAL DO INDIVÍDUO

É corrente, em folhetos naturistas, este lema, que me parece um mero «flatus vocis» sem consistência, exactamente pela vastidão ambiciosa do conceito; a cultura integral compete, no fundo, a instituições de educação e se é verdade que naturistas convictos devem propugnar pelo progresso dessas instituições , se é verdade que a educação, afinal, é também um dos primeiros objectivos da naturopatia, a verdade é que se trata de uma educação muito localizada : o doente na sua qualidade de doente para se defender contra a doença. A educação , nos outros sectores, compete aos respectivos serviços. Portanto, proponho que a expressão «cultura integral do indivíduo» seja substituída por «educação do indivíduo doente na defesa contra a doença».

APERFEIÇOAMENTO MORAL DO INDIVÍDUO

Parte este postulado de um conceito ou preconceito corrente entre os que julgam o comportamento moral das pessoas independentemente das suas bases ou situação psicológica e estas sem os condicionalismos económico-sociais.
Ora hoje sabemos que a moral dos indivíduos ( o seu carácter) melhora quando melhorar a sua saúde psíquica e esta é função directa não só da sua saúde física mas principalmente da sua saúde social: estabilidade no trabalho, segurança política, dificuldades de habitação, conflitos de classe, etc. É criminoso pregar moral a barrigas vazias e pedir responsabilidades a mentes doentes e a homens sem liberdade.

CUIDADOS DE HIGIENE PESSOAL

A higiene é hoje, fundamentalmente, de ordem pública: lixos nas ruas, ar poluído, tóxicos os mais diversos : pesticidas, corantes, cortisonas, etc.
Os princípios básicos da higiene individual já são lugares comuns e tornaram-se intuitivos com a própria evolução dos costumes. Aliás, se a via pública for anti-higiénica, pouco adiantam as medidas individuais de protecção; se for higiénica, somos automaticamente beneficiários delas e não são necessários sermões.

REUNIR OS NATURISTAS

Exigir que haja primeiro naturistas para os reunir depois na SPN é o avesso do que se pretende: a grande massa de doentes desorientados será a massa potencialmente a ganhar para a SPN. Porque a SPN não é para receber santos ou candidatos a isso mas aprendizes de saúde, como diz José Castro, doentes, desesperados, desencaminhados pela medicina oficial, pela indiferença dos médicos, pelo cinismo dos negociantes de droga, pelo comércio imoral que os envolve, engana e conduz ao desespero.

MORIGERAÇÃO SEXUAL

Que terá a ver o foro íntimo de cada qual com o seu comportamento? No dia em que a naturologia, seguindo as pisadas de todos os torquemadas que fizeram da moral sexual o inferno na terra, pretendeu ou pretender interferir no comportamento erótico-sentimental dos indivíduos , não só está a repetir a lição desses torquemadas como está a contribuir para desacreditar o naturismo, assim confundido com a mais puritana das «comissões de censura» ou «polícias de costumes».

O QUE DIZ O NATURISMO O QUE DEVIA DIZER


Cultura integral do indivíduo Educar o doente na luta contra a doença

Alimentação racional e coadunada Cozinha, culinária, alimentação e dietética racionais

Luz, sol e ar Não constituem monopólio de nenhuma causa ou movimento médico

Cuidados de higiene geral Não constituem monopólio de nenhuma causa

Aperfeiçoamento moral do indivíduo Compete a padres, educadores, pais de família, professores de moral, etc

Reunir os naturistas portugueses Reunir os doentes que desejam curar-se recorrendo às terapêuticas naturais

Tratamento das doença pelas plantas Fitoterapia entre outras terapêuticas naturais

Exercícios físicos metódicos e regrados Compete aos ginásios, saunas e parques de jogos, enquanto a SPN não tiver os seus


Banhos de ar, água e sol Com certeza, mas toda a gente sabe

Vestuário e calçado simples e cómodo Com certeza, mas toda a gente sabe

Reforma mental pela auto-disciplina Mas a disciplina não é prática pouco natural e naturista?

Defesa da mulher E porque não também do homem?

Defesa da criança E porque não também do velho?

Protecção aos irracionais e às árvores Compete a toda a gente civilizada e nem só aos naturistas

Luta contra o alcoolismo Compete ao Ministério da saúde

Luta contra o tabagismo Idem

Luta contra a prostituição Fidel de Castro aboliu a prostituição porque aboliu o capitalismo

Luta contra desportos violentos É uma luta de qualquer pessoa civilizada, naturista ou não

Luta contra o vício ???????????????????????

Luta contra o gasto prejudicial de energia/Isso é com cada um e a consciência ecológica de cada um

Luta contra a miséria e morte prematura A miséria é com o socialismo (a fazer) a imortalidade é com os deuses

Vida dentro das sábias leis da natureza Toda a civilização é equilíbrio precária pró e contra a natureza, entre leis da natureza e leis humanas

Desenvolvimento da força de vontade Compete talvez ao ioga o que até hoje os métodos ocidentais não conseguiram com discursos e sermões moralistas

Moralização dos costumes Tinha de começar por moralizar a geral corrupção ao mais alto nível e nunca mais acabava

Oposição aos vícios Vício é o sintoma da doença e é claro que somos contra a doença : mas contra causas da doença e não contra os sintomas declarados, como ensina Hipócrates

Protecção aos fracos Compete a todos, naturistas ou não ?
Felicidade na família ?????????????????
Revigoramento da raça ??????????
Prosperidade da nação Mas não há nada que não se faça neste país que não seja para a prosperidade da nação.

SAÚDE E DOENÇA SEGUNDO O NATURISMO

Saúde e doença, para um naturista, não são fenómenos isolados, esporádicos, superficiais: radicam na mais profunda realidade do homem e do meio que o cerca ou habitat: físico, climático, histórico, cultural.
Por isso o âmbito de assuntos que interessam um naturista é quase tão vasto como a vida, o homem e a sociedade.
Eis, em breves tópicos, problemas e matérias que nos interessam - especialmente para elucidação dos que julgam o naturista preocupado apenas em não comer carne...

1 - A DESINTOXICAÇÃO

O conceito de desintoxicação - sua importância na cura das doenças em geral e em especial das doenças crónicas degenerativas

2 - OS TÓXICOS ALIMENTARES
Alimentos fermentados
Bebidas alcoólicas
Carnes Peixes
Conservas
Corantes
Enlatados
Frituras
Levedura prensada
Mariscos
Molhos

3 - OS TÓXICOS NÃO ALIMENTARES
Fármacos
Estupefacientes
Água e ar poluídos
Adubos
Pesticidas

4 - AS DOENÇAS DEGENERATIVAS OU POR INTOXICAÇÃO
Arterioesclerose
Cancro
Diabetes

5 - AS DOENÇAS DE ORIGEM ARTRÍTICA POR INTOXICAÇÃO

Reumatismo
Cárie

6 - OS MÉTODOS E TÉCNICAS DE DESNTOXICAÇÃO

Jejum de frutos
Alimentação racional e individualizada
Argila
Banhos de sudação
Dieta vegetalina
Ioga
Marcha
Sauna

6 - A TEORIA TÉRMICA DE LAZAETA ACHARAN E SUA IMPORTÂNCIA NOS MÉTODOS DE DESINTOXICAÇÃO

7 - NUTRIÇÃO E DESNUTRIÇÃO

Desnutrição por carência quantitativa e desnutrição por alimentos desvitalizados
Açúcar refinado
Arroz descorticado
Farinha sem farelo
Indústrias alimentares ao serviço da degeneração da espécie
O problema das proteínas e seu equilíbrio
Avitaminoses
doenças por carência

8 - HERESIAS DIETÉTICAS

Em nome da alimentação racional , como método desintoxicante, interessa combater heresias de origem mística ou religiosa que procuram interferir nos propósitos exclusivamente higiénicos , profilácticos, clínicos e terapêuticos do naturismo: vegetarianismo, crudivorismo, veganismo, etc.

9 - AS TERAPÊTICAS NATURAIS

Água (hidroterapia)
Alimentos (trofoterapia)
Hipnotismo
Magnetismo (magnetoterapia)
Massagens
Música (meloterapia)
Sol (helioterapia)
Sono

10 - O ERRO E OS ERROS DA MEDICINA SINTOMÁTICA

O papel defensivo do sintoma no equilíbrio orgânico

11 - AS DUAS CORRENTES DO PENSAMENTO MÉDICO:
ALOPÁTICA OU SINTOMÁTICA
NATUROPÁTICA OU CAUSAL

12 - RAMOS PRINCIPAIS DA MEDICINA MODERNA

Sintomática, curativa e medicamentosa -> preventiva
Cirúrgica -> higiene e educação sanitária
Cirurgia plástica e reconstrutiva ------------
Física e de reabilitação psicosomática
reanimação
parto sem dor

13 - HABITAT HISTÓRICO E SEUS TRAUMATISMOS NO COMPORTAMENTO

Matanças totais e parciais
A competição industrial e financeira mascarada de competição técnico- científica
A guerra das velocidades
Bombardeamentos
Genocídios

14 - A BOMBA OU CHANTAGEM DAS CONSCIÊNCIAS

O medo termo-nuclear como ameaça absoluta para ocultar e escamotear as agressões relativas ou quotidianas

15 - OS MITOS DA CIÊNCIA OU O LOGRO CULTURAL

Barnard como exemplo do fenómeno pseudo-científico, criado para fins de propaganda política
A ciência manobrada pela tecnologia e esta pela necessidade de explorar o homem pelo homem
Corrupção da autonomia cultural pela pressão económica e financeira
O conceito de neurose com base nas alienações sofridas pelo indivíduo a vários níveis

16 - AS DOENÇAS DO HABITAT

Alcoolismo
Crime
Delinquência juvenil
Depressão nervosa
Manifestações sintomáticas ou consequências das desigualdades económicas,sociais, orgânicas e psicológicas, em vez de flagelos «morais» como se consideram
Neurose
Prostituição
Suicídio
Tabagismo

17 - A ILUSÃO DOS TRANQUILIZANTES CONTRA A INSANIDADE PSÍQUICA

Alucinogénicos
Analgésicos
Anfetaminas
Estupefacientes (morfina, cocaína, haxixe, marijuana)
Profamina

18 - OS MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO OU A MITOLOGIA DEGENERADA

Pela literatura (fotonovela, presse du coeur, policial, espionagem, bandas desenhadas)
Pela radio (rádio-novela, policiais, espionagem, etc.
Pelo cinema (cine-novela, policiais, espionagem)
Pela televisão (telenovela, policiais, espionagem)
Os seriais no equilíbrio emocional dos indivíduos alienados pelo trabalho pela exploração económica, pela instabilidade social, pela doença e pelos traumatismos físicos ou psíquicos
Os mitos da violência intercalados nos temas sentimentais que servem de isca à finalidade última dos empresários

19 - AS TÉCNICAS DE AVILTAMENTO INDIRECTO OU DE LAVAGEM DIRECTA DO CÉREBRO

A propaganda e publicidade como técnicas perfeitas de aviltamento
Os meios de informação que deveriam ser de educação de massas ao serviço da intoxicação mental pela publicidade-propaganda
A crítica como técnica de higiene ou prevenção da saúde e ataque à doença

20- AS MANOBRAS DISTRACTIVAS CONTRA A SAÚDE MENTAL

As indústrias distractivas ao serviço delas mesmas
Estádios
Olimpíadas
Taças
Campeonatos
Rallis
Lotarias
Concursos
Totobolas como mecanismos simultaneamente de distracção, aviltamento e compensação para as frustrações do homem alienado - Os desportos de luxo (inverno, náuticos)
O conceito de alienação fundado nas condições de atrofia exercidas sobre os homens pela insanidade ou insalubridade do habitat: habitação, clima urbanismo, tráfego, poluição , política, economia desníveis sociais, insegurança profissional, psicose do consumo, etc
O crime não como vício ou pecado mas como doença de uma sociedade doente onde campeia o crime legalizado (a guerra), a injustiça social, a opressão económica, a discriminação racial
O pesadelo climatizado (Henry Miller)
Recurso à droga , se a fuga é impossível - sentir demais é também uma doença

21 - OS SERVIÇOS OFICIAIS DE HIGIENE

Defesa anti-sezonática
Higiene do trabalho e das indústrias
Lixos e sua remoção
Profilaxia das doenças infecciosas
Radio-rastreio
Salubridade das águas
Serviço antitracomatoso
Serviço anti-tuberculoso
Serviço anti-venéreo
Serviço de desinfecção e desinfestação
Vacinação

22 - OS SERVIÇOS PÚBLICOS E FALTA DE RESPEITO PELA VIDA HUMANA

Acidentes de trabalho
As barras dos nossos rios-perigo constante
Helicópteros na costa, para quando?
Insegurança no trabalho
Passagens de nível sem guarda

23 - A EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM

Rendas de casa, ordenados de fome, alimentação pobre em quantidade
Desemprego, insegurança no trabalho, defesas nervosas diminuídas, doença
Impostos
Crescimento em flecha dos lucros bancários e das empresas. Seu reverso no esgotamento ou «surménage» do trabalhador
Falta de saúde individual em razão directa da abundância ou saúde capitalista
Acidentes e atrasos nas linhas suburbanas, acréscimo de surménage
Aumento de tarifas, subida de preços, cortes nos géneros de 1º necessidade: pão, leite, arroz, batata, massas
Locais de trabalho sem ventilação ou aquecimento, instalações sanitárias deficientes
A saúde em risco diário
Passagens de nível sem guardas e acidentes
Os lixos da cidade contra o transeunte
Helicópteros na costa para quando?
As barras dos nossos rios, perigo constante
Insegurança no trabalho, acidentes no trabalho
Espionagem e devassa da vida ou integridade íntima : escuta dos telefones, violação de correspondência, denúncia e arresto sem causa formada
As corridas de automóveis, os touros, a caça, o tiro aos pombos ou o elogio do crime organizado
Hipocrisia da civilização cristã que apanigua todos os crimes contra a vida

24 - QUE PODE A PSICOTERAPIA?

Psicanálise
Narcoanálise
Hipnoterapia
Cura pelo sono

25 - ALGUNS ARGUMENTOS MAIS USADOS CONTRA OS MÉTODOS NATUROTERAEUTICOS

Pouco práticos e muito morosos
Mais caros
Desnutrição e carências
Nada podem contra as doenças agudas
Combater as causas pela desintoxicação é mais demorado, difícil e complicado do que abafar sintomas com medicamentos
O doente fica entregue a si próprio

Destes argumentos conclui-se que:
Os métodos naturopáticos exigem assistência médica ou paramédica mais persistente e implicam, para seu completo êxito, tratamento em clínica .
De onde se conclui que a naturopatia implica , necessita e fomenta desde já a verdadeira medicina do futuro, não preocupada com o tempo que o doente faz perder ao médico mas preocupada efectivamente em curar, a verdadeira socialização da medicina.
A naturopatia exige desde já que a terapêutica não seja caseira e pessoal mas organizada, socializada, planificada.

26 - NEM PANACEIAS NEM ESPECÍFICOS

O novo médico, entre os erros da medicação específica e os erros da panaceia ou remédio universal, irá escolher: argila, água do mar, sol, magnetismo, massagem, etc.
A verdade está no conhecimento da multiplicidade de recursos a que cada cas , cada doente deverá recorrer.
O novo médico será o que conhece todos os métodos , por todos se interessa e de todos exclui a parte que a experiência comprovar ser erro e aproveita a parte que a experiência aconselha porque confirma.

27 - A IMPORTÂNCIA DECISIVA DO CRITÉRIO NATURISTA NA ETIOLOGIA DE DOENÇAS DE NUTRIÇÃO E DEGENARATIVA : CANCRO, TUBERCULOSE, ARTERIOESCLEROSE, DIABETES, ETC

28 - OS MÉTODOS NATURAIS DE DIAGNÓSTICO
Pela íris
Pela temperatura interna
Pelo rosto (fisiognomia)
Pelas linhas da mão

29 - NATURISMO E PROSPECTIVA

O naturismo preconiza a prospectiva nas disciplinas médicas, assim como outros movimentos de vanguarda a preconizam
na pintura (dadaísmo, futurismo, surrealismo, pop art, etc.)
na filosofia (positivismo lógico, estruturalismo)
na poesia (surrealismo)
no romance (école du regard)
na política (materialismo dialéctico)
na lógica (dialéctica, lógica matemática, lógica do contraditório)
na economia (cooperativismo )
na biologia

30 - ERRO E VERDADE EM ALGUMAS TEORIAS TERAPÊUTICAS

A teoria sintomática
A teoria microbiana
A teoria dos humores ou da desintoxicação
A teoria do jejum e a teoria da superalimentação
A teoria da unidade de todas as doenças
A teoria térmica (Lazaeta Acharán)
A teoria das proteínas e sua nocividade (José Castro)
A teoria das crises curativas
A teoria da «natura vix medicatrix» ou de que a natureza (o organismo) tem em si o poder de se curar
A teoria da força ou magnetismo vital
A teoria do magnetismo animal (Mesmer)
A teoria psicanalítica (Freud)
A teoria dos biótipos (José Castro)
A teoria dos complexos (Jung)

Todas as teorias são limitadas e corrigidas pelo princípio de que «não há doenças, há doentes» e cada doente é um caso ao qual as teorias têm de ser ajustadas, adaptadas.

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(1)13/Agosto/1999 - Neste longo texto de 15/Fevereiro/1968, encontra-se praticamente toda a nomenclatura (muitas das palavras-chave) que iria enquadrar as futuras noções de Ecologia Humana, tal como eu me esforcei por definir.
Escrito quando me encontrava na direcção da Sociedade Portuguesa de Naturologia, ele constitui o que podia ser a base de um manifesto para a nova naturologia.
31 anos depois, nada tenho a retirar deste texto, que voltaria a subscrever apenas com alguns acrescentes que a experiência de três décadas aconselharia.
Deve ter sido escrito para publicar no boletim da SPN, ou nas três páginas que a SPN tinha na revista «Natura». Obviamente longo demais, ficaria e há-de continuar inédito provavelmente por mais 30 anos.

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