INTUIÇÕES AC 1970
cff-4-chave-carta - os silêncios - carta de ac a cf - preparando uma entrevista –chave ac para os anos 70
13/8/1997 - É de 28/5/1973 e deve ter saído em «Textos de Apoio»: «A Cada um o Seu Sarampo e a Vacina para Todos». Talvez não fosse má ideia saber se foi publicado ou se ficou inédito, um conjunto de 21 páginas A4 com aquele título. Cabia bem na série «As Minhas Polémicas sem Interlocutor», aquelas em que, mais ainda do que nas outras, falei pró boneco.
É do mesmo ano 1973 (arrasadoramente polémico), mês de Junho/11, «As Cobaias do Barreiro e a Agonia de um Método». Sob a forma de carta ao Prof. Delgado Domingos, levantava a questão que ainda hoje, 20 anos depois, é supertabu: a da Epidemiologia. E se não, tomem nota do que (não) foi feito desde então para relacionar doença e meio ambiente.
São de 12/9/1979, 5 páginas A4 em que resolvi meter-me (imagine-se!) com «O Diário». Saiu o artigo, acho eu, no semanário «Madeira Hoje» e/ou na colecção «100 Dias», edição AC, mas desconto aí uma das minhas incursões mais desnecessárias. Numa época, note-se, em que tinha a trabalhar em «O Diário», dois meus amigos: o Miguel Serrano e o Armando Pereira da Silva. Mas a resposta (aparentemente) foi o mais absoluto silêncio.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Armando_Pereira_da_Silva
Em 1973, teimei várias vezes em questionar a medicina. Exemplos disso:
- 5/Junho/1973 - Tristes Recordações de um Dia Mundial (5 pgs A4)
- 10/2/1973 - O Naturismo Precursor
Saíram ambos, acho eu, em colecção Mini-Ecologia nº 7, edição AC
É de Dezembro de 1973, um inédito de 31 pgs A4 (parcialmente publicado aqui e ali) sobre «desperdício energético» intrínseco à civilização industrial. Afinal, calma aí: não é esse texto o que deu depois o livro do mesmo título? Acho que sim. Ivan Illich e Michel Bosquet, mais uma vez, são figuras tutelares das minhas ideias (intuições) malucas.
Tenho de falar também de outro compacto de inéditos, «Prefácio ao Ser», escrito entre Março e Dezembro de 1960, sob a influência verdadeiramente corrosiva de «As Revelações da Morte» de Chestov, com prefácio de Jorge de Sena. Era um inédito que eu gostaria de ver um dia publicado, pois muito de mim se concentrou nesse compacto de 60 pgs A4, tão criticado na altura pelo crítico algarvio Gastão Cruz, a quem eu enviava os textos para serem julgados. E como ele censurava, meu Deus! a minha metafísica, o meu surrealismo, o meu pendor existencial e dramático, o meu lirismo, o meu negativismo/niilismo herdado de Nietzsche. Para ele, Gastão Cruz, hedonista integral, era proibido sofrer.
É de 1957, ano do jornal «57» de António Quadros, o texto (ainda inédito) de 16 pgs A4, «Discurso de um Crente na Acção Não Violenta e na Resistência Pacífica e Passiva», que faz crer em leituras intensivas de Lanza del Vasto e Gandhi. Não me lembro mas é muito possível que sim. É um dos inéditos que eu não me importo de ver publicados, provavelmente em livro na linha de uma leitura obsessiva que eu então fazia do ensaio de Henry Miller «Essai sur l'Obscène», ocorrente no livro da editora NRF, «Souvenirs, Souvenirs.» Acho que esse livro ainda anda (se não o vendi ou dei) na minha biblioteca. Concentrava tudo o que então pensava do mito da Liberdade, um dos mitos mais persistentes que me perseguiram e envenenaram até à descoberta do budismo tibetano. Mito, sim, a «liberdade», do qual só comecei a desconfiar quando «mergulhei» na disciplina iniciática do budismo tibetano.
É de 1962, um inédito/publicado de 13 pgs A4, «A Aventura Trágica», escrito sob a influência de Chestov mas, principalmente, de um anterior e obsessivo Antonin Artaud, «O Teatro e o seu Duplo» - onde chia a morte e as questões de quem andou, perambulou muito, do outro lado, através da loucura e dos alucinogénicos.
É de 1963 (sem mês referido) um respeitável inédito de 1963, com 77 páginas A4, cujo título «A Experiência Subterrânea» fala por si. Tresanda ao ensaio de Dostoievski que mais frenesim me deu, «A Voz Subterrânea». Guardo deste livro uma edição mais moderna, embora a primeira que li fosse admiravelmente naif e mal traduzida. São de 1963 mais 13 páginas A4 de inéditos s/ surrealismo. .
São de Abril de 1963, as 31 páginas A4 de inéditos sobre «Os equívocos do Equívoco Neo-realista», tema que já com «O Realejo do Neorealismo» (publicado em opúsculo) me dava voltas à cabeça.
É de 1963 (ano fatídico como todos os que têm o dígito 3!) um inédito de 11 páginas A4 devidamente dactilografado. «Acção e reacção Literária», escrito, ao que parece, sob a acção do livro «Humanismo e Terror», de M. Merleau Ponty, que ainda há pouco tempo ia no lote que vendi ao alfarrabista. Acho que já entrei a este respeito no domínio do autovandalismo, mas nada se compara à angústia de ver sempre as estantes cheias de lombadas a mais e paciência a menos para as ver.
À volta de Pasolini, de alguns ensaios mas principalmente de filmes, são inéditos, tipo diarístico, de 1968 (notas de leitura), à volta da violência e do crime político que não sei por que carga de água me violentavam então a mente. É também desse ano de 1968 o tema nº 1 da abjecção: «Vencidos e Vencedores», que devia dar lugar à retórica ladaínha «Os Vencedores», em estilo mais poético, mais bíblico e menos ensaístico. Moral da história: nunca me resignei a ser o vencido que sempre fui e a Inveja Social, mais tarde mais explícita, quando li a expressão num cronista político, já estava aí nessas páginas de diário de 1968. Estava então no auge da militância (dita) crítica, daí um inédito chamado «O Direito à Crítica não é um Privilégio adquirido por herança - Contributo à Revolução Permanente», título obviamente evocativo de um Trotsky que não li em directo mas por interpostos autores surrealistas.
É de 7/4/1971, publicado dois anos depois no «Diário do Alentejo» (16/1/1973) o «George Bataille : Descer aos Infernos sem escafandro», título suficientemente explícito para precisar de mais explicações.
Noto ainda, perdido, um original de publicados no «Diário do Sul», 23/10/1974, um escrito de 19/2/1973 sobre Pierre Fournier, de «La Gueule Ouverte». A colecção desta revista radicalista, que eu tinha assinado desde o número 1, foi vendida mais tarde à Biblioteca do INAMB (ainda lá estará?).
É de 1973 (Agosto/Setembro) o texto com maior número de intuições sobre Ecologia Humana por metro quadrado: saiu em livro, mas primeiro no semanário «Gazeta do Sul», de que era director o doutor Rocha Barbosa, médico, e meu interlocutor nesta polémica amigável sobre o sentido e limites da medicina moderna. Estava eu sob o efeito violento do livro de Ivan Illich «Limites para a Medicina», mas principalmente dos artigos que Michel Bosquet (André Gorz) escrevia sobre Illich no semanário «Le Nouvel Observateur».
O ano de 1973 é, de facto, decisivo para a minha descoberta da Ecologia Humana como a ciência mais tabu de todas as ciências. O Dr. Rocha Barbosa, entretanto, faleceu e eu fiquei sem um dos meus principais, embora intermitente, interlocutor em matéria na qual se acaba necessariamente autista. Era já a iatrogénese, a epidemiologia, o Biocídio, a Biocracia, o Etnocídio, os temas supertabu que me lançavam e aos meus textos no perpétuo silenciamento. Só tinha no horizonte para me referenciar, Ivan Illich e Michel Bosquet: sem eles nunca me teria atrevido a escrever uma linha contra a medicina moderna . São extensões desta polémica, textos publicados em colecções da «Frente Ecológica» e principalmente «Condições Ecológicas para uma Política de Saúde». Embora em 1973/74 já tivesse descoberto a Macrobiótica e lido Oshawa e Michio Kushi de fio a pavio, a influência do naturismo clássico, principalmente de José Castro e Colucci, era ainda muito forte e surge em alguns textos dessa data - 1973 - cujos originais ficam então guardados nesta caixa Inapa das «Intuições AC».
É desta caixa outro conjunto de textos (cópias) que foram, para mim, decisivos, embora aparentemente nada tendo a ver com Ecologia Humana. Cito, por exemplo, sob a influência de Samuel Beckett, um inédito de 33 pgs A4, «Exercício Dialéctico - Entre a política da metafísica e a metafísica da política», tresandando a heresia (antineorealista) dominante nessa minha época. Dialéctica, Metafísica e Samuel Beckett soavam a tripla heresia e nem os meus amigos neorealistas iriam perdoar, incluindo o Miguel Serrano (com quem convivia bastante nessa altura), incluindo o Serafim Ferreira.
***
INTUIÇÕES DOS ANOS DOURADOS (1973 E ANEXOS)
E ALGUNS AUTORES E LIVROS
QUE MAIS CONTRIBUIRAM PARA A ECOLOGIA HUMANA
E ALGUNS AUTORES E LIVROS
QUE MAIS CONTRIBUIRAM PARA A ECOLOGIA HUMANA
13/8/1997 - É de 28/5/1973 e deve ter saído em «Textos de Apoio»: «A Cada um o Seu Sarampo e a Vacina para Todos». Talvez não fosse má ideia saber se foi publicado ou se ficou inédito, um conjunto de 21 páginas A4 com aquele título. Cabia bem na série «As Minhas Polémicas sem Interlocutor», aquelas em que, mais ainda do que nas outras, falei pró boneco.
É do mesmo ano 1973 (arrasadoramente polémico), mês de Junho/11, «As Cobaias do Barreiro e a Agonia de um Método». Sob a forma de carta ao Prof. Delgado Domingos, levantava a questão que ainda hoje, 20 anos depois, é supertabu: a da Epidemiologia. E se não, tomem nota do que (não) foi feito desde então para relacionar doença e meio ambiente.
São de 12/9/1979, 5 páginas A4 em que resolvi meter-me (imagine-se!) com «O Diário». Saiu o artigo, acho eu, no semanário «Madeira Hoje» e/ou na colecção «100 Dias», edição AC, mas desconto aí uma das minhas incursões mais desnecessárias. Numa época, note-se, em que tinha a trabalhar em «O Diário», dois meus amigos: o Miguel Serrano e o Armando Pereira da Silva. Mas a resposta (aparentemente) foi o mais absoluto silêncio.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Armando_Pereira_da_Silva
Em 1973, teimei várias vezes em questionar a medicina. Exemplos disso:
- 5/Junho/1973 - Tristes Recordações de um Dia Mundial (5 pgs A4)
- 10/2/1973 - O Naturismo Precursor
Saíram ambos, acho eu, em colecção Mini-Ecologia nº 7, edição AC
É de Dezembro de 1973, um inédito de 31 pgs A4 (parcialmente publicado aqui e ali) sobre «desperdício energético» intrínseco à civilização industrial. Afinal, calma aí: não é esse texto o que deu depois o livro do mesmo título? Acho que sim. Ivan Illich e Michel Bosquet, mais uma vez, são figuras tutelares das minhas ideias (intuições) malucas.
Tenho de falar também de outro compacto de inéditos, «Prefácio ao Ser», escrito entre Março e Dezembro de 1960, sob a influência verdadeiramente corrosiva de «As Revelações da Morte» de Chestov, com prefácio de Jorge de Sena. Era um inédito que eu gostaria de ver um dia publicado, pois muito de mim se concentrou nesse compacto de 60 pgs A4, tão criticado na altura pelo crítico algarvio Gastão Cruz, a quem eu enviava os textos para serem julgados. E como ele censurava, meu Deus! a minha metafísica, o meu surrealismo, o meu pendor existencial e dramático, o meu lirismo, o meu negativismo/niilismo herdado de Nietzsche. Para ele, Gastão Cruz, hedonista integral, era proibido sofrer.
É de 1957, ano do jornal «57» de António Quadros, o texto (ainda inédito) de 16 pgs A4, «Discurso de um Crente na Acção Não Violenta e na Resistência Pacífica e Passiva», que faz crer em leituras intensivas de Lanza del Vasto e Gandhi. Não me lembro mas é muito possível que sim. É um dos inéditos que eu não me importo de ver publicados, provavelmente em livro na linha de uma leitura obsessiva que eu então fazia do ensaio de Henry Miller «Essai sur l'Obscène», ocorrente no livro da editora NRF, «Souvenirs, Souvenirs.» Acho que esse livro ainda anda (se não o vendi ou dei) na minha biblioteca. Concentrava tudo o que então pensava do mito da Liberdade, um dos mitos mais persistentes que me perseguiram e envenenaram até à descoberta do budismo tibetano. Mito, sim, a «liberdade», do qual só comecei a desconfiar quando «mergulhei» na disciplina iniciática do budismo tibetano.
É de 1962, um inédito/publicado de 13 pgs A4, «A Aventura Trágica», escrito sob a influência de Chestov mas, principalmente, de um anterior e obsessivo Antonin Artaud, «O Teatro e o seu Duplo» - onde chia a morte e as questões de quem andou, perambulou muito, do outro lado, através da loucura e dos alucinogénicos.
É de 1963 (sem mês referido) um respeitável inédito de 1963, com 77 páginas A4, cujo título «A Experiência Subterrânea» fala por si. Tresanda ao ensaio de Dostoievski que mais frenesim me deu, «A Voz Subterrânea». Guardo deste livro uma edição mais moderna, embora a primeira que li fosse admiravelmente naif e mal traduzida. São de 1963 mais 13 páginas A4 de inéditos s/ surrealismo. .
São de Abril de 1963, as 31 páginas A4 de inéditos sobre «Os equívocos do Equívoco Neo-realista», tema que já com «O Realejo do Neorealismo» (publicado em opúsculo) me dava voltas à cabeça.
É de 1963 (ano fatídico como todos os que têm o dígito 3!) um inédito de 11 páginas A4 devidamente dactilografado. «Acção e reacção Literária», escrito, ao que parece, sob a acção do livro «Humanismo e Terror», de M. Merleau Ponty, que ainda há pouco tempo ia no lote que vendi ao alfarrabista. Acho que já entrei a este respeito no domínio do autovandalismo, mas nada se compara à angústia de ver sempre as estantes cheias de lombadas a mais e paciência a menos para as ver.
À volta de Pasolini, de alguns ensaios mas principalmente de filmes, são inéditos, tipo diarístico, de 1968 (notas de leitura), à volta da violência e do crime político que não sei por que carga de água me violentavam então a mente. É também desse ano de 1968 o tema nº 1 da abjecção: «Vencidos e Vencedores», que devia dar lugar à retórica ladaínha «Os Vencedores», em estilo mais poético, mais bíblico e menos ensaístico. Moral da história: nunca me resignei a ser o vencido que sempre fui e a Inveja Social, mais tarde mais explícita, quando li a expressão num cronista político, já estava aí nessas páginas de diário de 1968. Estava então no auge da militância (dita) crítica, daí um inédito chamado «O Direito à Crítica não é um Privilégio adquirido por herança - Contributo à Revolução Permanente», título obviamente evocativo de um Trotsky que não li em directo mas por interpostos autores surrealistas.
É de 7/4/1971, publicado dois anos depois no «Diário do Alentejo» (16/1/1973) o «George Bataille : Descer aos Infernos sem escafandro», título suficientemente explícito para precisar de mais explicações.
Noto ainda, perdido, um original de publicados no «Diário do Sul», 23/10/1974, um escrito de 19/2/1973 sobre Pierre Fournier, de «La Gueule Ouverte». A colecção desta revista radicalista, que eu tinha assinado desde o número 1, foi vendida mais tarde à Biblioteca do INAMB (ainda lá estará?).
É de 1973 (Agosto/Setembro) o texto com maior número de intuições sobre Ecologia Humana por metro quadrado: saiu em livro, mas primeiro no semanário «Gazeta do Sul», de que era director o doutor Rocha Barbosa, médico, e meu interlocutor nesta polémica amigável sobre o sentido e limites da medicina moderna. Estava eu sob o efeito violento do livro de Ivan Illich «Limites para a Medicina», mas principalmente dos artigos que Michel Bosquet (André Gorz) escrevia sobre Illich no semanário «Le Nouvel Observateur».
O ano de 1973 é, de facto, decisivo para a minha descoberta da Ecologia Humana como a ciência mais tabu de todas as ciências. O Dr. Rocha Barbosa, entretanto, faleceu e eu fiquei sem um dos meus principais, embora intermitente, interlocutor em matéria na qual se acaba necessariamente autista. Era já a iatrogénese, a epidemiologia, o Biocídio, a Biocracia, o Etnocídio, os temas supertabu que me lançavam e aos meus textos no perpétuo silenciamento. Só tinha no horizonte para me referenciar, Ivan Illich e Michel Bosquet: sem eles nunca me teria atrevido a escrever uma linha contra a medicina moderna . São extensões desta polémica, textos publicados em colecções da «Frente Ecológica» e principalmente «Condições Ecológicas para uma Política de Saúde». Embora em 1973/74 já tivesse descoberto a Macrobiótica e lido Oshawa e Michio Kushi de fio a pavio, a influência do naturismo clássico, principalmente de José Castro e Colucci, era ainda muito forte e surge em alguns textos dessa data - 1973 - cujos originais ficam então guardados nesta caixa Inapa das «Intuições AC».
É desta caixa outro conjunto de textos (cópias) que foram, para mim, decisivos, embora aparentemente nada tendo a ver com Ecologia Humana. Cito, por exemplo, sob a influência de Samuel Beckett, um inédito de 33 pgs A4, «Exercício Dialéctico - Entre a política da metafísica e a metafísica da política», tresandando a heresia (antineorealista) dominante nessa minha época. Dialéctica, Metafísica e Samuel Beckett soavam a tripla heresia e nem os meus amigos neorealistas iriam perdoar, incluindo o Miguel Serrano (com quem convivia bastante nessa altura), incluindo o Serafim Ferreira.
***
Etiquetas: biblioteca para 2013, countdown 2012