ORDER BOOK

*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-27

«PROGRESSO» 1980

80-03-27-ie> =ideia ecológica - sexta-feira, 3 de Janeiro de 2003-scan

AS CARNIFICINAS DO PROGRESSO(*)

[27-3-1980]

Dia em que o progresso não faça mortos e feridos, não é dia. Com o caso da plataforma afundada, em 27 de Março de 1980, só porque ruiu um pilar, o progresso não se dá por vencido nem convencido.

Assim que haja mais uma carnificina do progresso, logo abundam artigos e notícias enfatizando a pobreza, a miséria, a doença e a fome dos (muito) subdesenvolvidos.

O progresso (ou desenvolvimento) parece em competição permanente com o subdesenvolvimento (fabricado, aliás, pelo desenvolvimento como gostava de repetir o famoso Josué de Castro, voz do Terceiro Mundo): e se o subdesenvolvimento mata, com as doenças da carência e da promiscuidade (as epidemias hídricas), o desenvolvimento não quer confessar que mata por cancro, cardiovasculares e as mais estranhas ou enigmáticas moléstias.
Para cada notícia de cancro nos super-desenvolvidos, é certo que temos de ler vinte notícias sobre a malária, a cólera, a anemia e outras endemias próprias da miséria.

"Moralmente", o desenvolvimento sente-se assim perfeitamente justificado para continuar matando e adoecendo.

Para continuar gritando "vivó progresso” a cada nova plataforma afundada.

----
(*) Este texto de Afonso Cautela, terá ficado inédito embora fosse enviado para o jornal «Barlavento», onde o autor colaborava nesse ano
***

CLIMA 1979

clima-2> - temas recorrentes – temas de fundo – dossiês do silêncio – antologia de publicados

A GUERRA CLIMÁTICA CONTRA A HUMANIDADE(*)

27/3/1979 - O acto de se ter realizado no Algarve (Aldeia das Açoteias), num dos futuros desertos portugueses, portanto, a conferência preparatória da ONU sobre desertificação, dá ensejo a que se fale de um assunto raramente ventilado na imprensa e, mesmo entre especialistas da eco-geografia, sistematicamente silenciado, distraído do nosso campo de preocupações.
O deserto é, de facto, um assunto incómodo, dado que se aproxima de nós a passos largos e nada o poderá deter, a não ser uma reviravolta total no nosso sistema de crescimento e desenvolvimento económico.
O deserto é obra e graça do crescimento exponencial ou logarítmico. Querer combatê-lo é um convite a que se desista desse modelo de crescimento e se adopte outro...menos desertógeno.
No entanto, o deserto é ainda, para muito boa gente, o Sara, não tendo nós, aqui na Europa, nada a ver com esse fenómeno dos países áridos, com camelos e tuaregues.
A desertificação - note-se - é por outro lado um eufemismo usado pela ONU, de modo a que se evite falar de uma coisa muito mais real e bombástica que é a efectiva "guerra climática" movida pelos imperialismos aos países do Terceiro Mundo. Mas lá iremos...
Tal como a palavra "poluição" serviu de biombo aos tecnocratas para ocultar o Biocídio, Terceiro Mundo fora, assim a “desertificação” serve, como termo neutro, para evitar que se fale de guerra climática em particular ou de guerra ecológica em geral.
É ainda a ONU que comanda a ideologia governante nestas andanças e conferências. Atribuindo à Natureza mais este malefício - o deserto - pretendem os organismos internacionais do Ambiente (FAO e OMM, além de outros), na sua clássica política do avestruz, isentar de culpas o modelo de crescimento que, de facto, fabrica o deserto, como fabrica todos os outros tipos de destruição, genocídio, etnocídio e homicídio, destruindo, à escala planetária, todos os recursos naturais vivos.

POLUIÇÃO,ÓPIO DA ECOLOGIA

Sirva, ao menos, a palavra desertificação para desbloquear aquele status tão querido aos políticos do Ambiente e que consiste em fazer da poluição – unicamente da poluição – protagonista de uma festa onde entram dezenas de comparsas.
De facto, a poluição foi apenas uma forma hábil que os tecnocratas do Ambiente inventaram para, primeiro, minimizar a extensão da calamidade ecológica e, depois, servir de base à maior indústria do imperialismo galopante, que seria (a ter vingado) a indústria do antipoluente.
A poluição, afinal, entra apenas como um factor, entre muitos outros, de um plano mais vasto, maquiavelicamente cumprido, para a destruição do globo e seus recursos, pelo que a Ecopolítica é mil vezes mais, hoje, do que a simples luta antipoluição. A Ecopolitica será, entre outras coisas, a revolução tricontinental do Terceiro Mundo contra a pilhagem imperialista que sobre ele investe e desaba.
A luta antipoluição, aliás, deixa de fora, não só a desertificação mas outros responsáveis pelas alterações drásticas do equilíbrio planetário e do ecossistema Terra.
Indústria turística e desurbanistica;
Concentracionários urbanos e industriais;
Proliferação cancerígena do Plástico como símbolo do bioindegradável;
Assoreamento;
Erosão;
Caça e Pesca;
Eutrofização e jacinto-de-água;
Incêndios florestais criminosos e deflorestação em geral;
Inundações e secas em alternância caótica;
Culturas agrícolas industriais como cártamo, girassol, tabaco, algodão, eucalipto, etc

Queremos com esta lista incompletíssima de factores desertógenos, alertar o leitor para uma visão global e macroscópica que os problemas do globo terrestre, como o deserto, impõem.
É o sistema tecnoindustrial e o modelo de crescimento paranóico que fabrica o deserto, embora se continuem a contar histórias da carochinha sobre os "malefícios da Natureza" para embalar as crianças que são hoje os adultos manipulados pela sociedade de consumo.

PORTUGAL NA CORRIDA PARA O DESERTO

Como se pode inferir na "Introdução Geográfico Sociológica à História de Portugal", de António Sérgio, já no tempo do Viriato a lusa Pátria tinha uma irresistível vocação para a aridez.
Neste momento, há três zonas mais particularmente carecas, onde o deserto já aparece a olho nu, sem máscaras nem eufemismos da ONU: Serra do Algarve, Bacia do Mondego e Nordeste transmontano são três zonas-desastre já reconhecidas pelos técnicos do Ambiente (até) como “as mais erosionadas do país”.
Á erosão junta-se, no caso do Mondego, o assoreamento. E a ambos junta-se a facúndia dos projectos hidroagrícolas que, com a colaboração de peritos alemães, "vão corrigir os erros e desmandos da Natureza" com desmandos ainda mais gritantes.
À erosão e ao assoreamento junta-se, no Rio Tejo, por exemplo, a recente praga do Jacinto-de-Água, como em outros rios e ribeiros (albufeiras ou lagos) se junta o flagelo da eutrofização.
Alterações no regime de chuvas (ora secas intermináveis, ora intermináveis invernos) é outro factor que se encadeia nestes já enunciados. A seca de 1976 (pespontada de bátegas de água destruidoras em pontos muito localizados), não foi uma partida da Natureza: somos nós que a temos ido fabricando, com persistência evangélica, com todos os erros ecológicos.
Como se não bastasse a colonização de eucaliptos nas serras do Alto Alentejo (um dos próximos desertos em marcha), como se não bastasse a cultura industrial do cártamo e do girassol no Baixo Alentejo, como se não bastasse a erosão (da indústria) turística do nosso litoral, como se não bastasse a razia de zonas verdes e terrenos agricultáveis pela concentração urbana e industrial, como se não bastasse a implantação de mastodontes megalómanos como Sines ou Barreiro, inaugurámos agora outra carreira para o deserto que se chama "cultura do tabaco". E já nos ameaçam com outra, o algodão.
O piolho-do-trigo que, em dois anos consecutivos, assolou as searas do Baixo Alentejo, é sintoma de que os desequilíbrios produzidos por monoculturas intensivas e extensivas conduzem à praga. E a praga é outro factor gerador de desertos. Ou aproveitador do deserto, como os gafanhotos do Norte de África.

DEPOIS DE LAMBER O SUL, O SARA SOBE PARA NORTE

A ecologia do Mediterrâneo é frágil. O desastre do Sahel, com centenas de milhares de mortos, prova de que o deserto avança milhares de quilómetros em pouco menos de uma década. Culturas monstruosas de amendoim e colza num solo também frágil como o africano, são, nessa zona ao Sul do Sara, directamente responsáveis pelo avanço do deserto para o Sul, pela maior catástrofe ecológica dos tempos modernos (o dilúvio é a única de que temos notícia, nos tempos antigos...).
A crise de Ambiente em que nos debatemos - crise que toma vários cambiantes conforme as conveniências do técnico - crise de energia, climática, de água, de recursos, de alimentos, de cereais, etc -é a crise do ecossistema Terra, incapaz de resistir por mais tempo à tecnodestruição.
Eles foram longe demais no uso e abuso de todos os factores desertógenos, que conduzem por um lado à pilhagem de recursos naturais e, por outro lado, a uma introdução de energia no ecossistema que o afoga por pletora e, por outro lado ainda, à destruição dos factores ecológicos (climáticos para começar) que permitem o nascimento, crescimento e desenvolvimento desses recursos.
A guerra ecológica trava-se, portanto, em duas frentes: a destruição de recursos por um lado; e a impossibilidade física de renovar esses recursos, por outro.
Duas frentes que convergem numa única: o deserto.
deserto que em breve serão países, continentes inteiros, se antes o dilúvio (a outra face dialéctica da seca) não nos engolfar a todos misericordiosamente, deixando apenas a salvo o cimo dos Himalaias, que repetirá o ciclo cósmico e perpetuará esta estranha espécie em vias de extinção.
- - - - -
(*) Publicado no semanário «Voz do Povo», 27/3/1979
***

PETRÓLEO 1980

1-4- 80-03-27-ie-em> =ideia ecológica = ecos do mundo - quinta-feira, 2 de Janeiro de 2003-scan

27/Março/1980:

MEMÓRIA DE UMA PLATAFORMA AFUNDADA(*)

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.

Depois das catástrofes, é vê-los acusarem-se mutuamente quanto à responsabilidade, à procura da "falha técnica" mas de preferência a "falha humana" que afinal explica tudo.

Desta zaragata entre regateiras, regra geral, não se apura grande coisa: mas a precisão, o rigor, a garantia de segurança que os técnicos responsáveis tinham prometido até à eternidade ficam, regra geral, bastante comprometidos.

Sobre a plataforma "Alexander Kielland", afundada no Mar do Norte, quinta feira, dia 27 de Março de 1980, às 17.30, não faltaram acusações.

A companhia operadora "Phillips Petroleum" nunca chegou a dizer ao certo quantos trabalhadores tinha ao seu serviço na plataforma-hotel, tendo indicado, por várias vezes, números diferentes.

O facto valeu-lhe numerosos críticos, tanto mais que há já dois meses havia um relatório da polícia precisamente no mesmo sentido, relatório do qual a companhia não fez caso.

Por seu turno, "The Observer'', de Londres, citando engenheiros encarregados do controle das plataformas petrolíferas, afirma que nenhum teste sério de resistência dos materiais utilizados para a fabricação dos pilares de suporte tinha sido efectuado.

Note-se que, logo a seguir à catástrofe, não faltaram afirmações quer dos construtores, quer dos técnicos em funções na plataforma, jurando a pés juntos de que o material fora garantido e de que estava previsto para ondas com mais de N metros de altura e ventos com mais de X de velocidade.

Vá lá saber qual das regateiras, afinal, fala verdade.

Mas dissonâncias destas verificam-se em todos os desastres e catástrofes.

Todos estamos lembrados de que foi assim em Seveso, com Three Mile Island, com o BC-10 no aeroporto de Chicago, etc, etc. Eles garantem sempre tudo, e o que é preciso é muita fé na técnica, na ciência, no progresso, nos senhores funcionários de toda esta bagunça.

Dentro de uma semana a plataforma - hotel iria ser substituída por uma nova. Dá que pensar, esta coincidência.

Em Novembro passado teria sido inspeccionada e foi tomada a decisão de a revesar por outra. É porque já não oferecia as necessárias garantias. No entanto, ninguém foi posto em segurança, antes de que se consumasse o desastre. Arriscou-se a deixar tudo na mesma, sem cautelas nem avisos, até ao fim. Até haver 123 mortos.

Isto faz pensar. Tanto mais que os jornais, quer londrinos quer noruegueses, se mostram muito artificialmente empenhados em provar que conhecem a causa: um falou em 40 botijas de gás que teriam explodido, outro, como o "Sunday Express", especula sobre um barco de transporte que teria sido atirado pelas vagas contra os cabos que amarram o pilar à própria estrutura, partindo-se e originando o desmoronamento.

Mas, entretanto, chovem as afirmações dos mais próximos responsáveis pela plataforma, repetindo que o acidente é "impossível", "imprevisível", inexplicável" e "misterioso”.

A plataforma «Alexander Kiellend» estava segura em 50 milhões de dólares (cerca de 2 milhões e 670 mil contos) no mercado norueguês de seguros, mas estava re-segura , em Londres, na Lloyds e em diversas companhias de seguros em dois terços desta soma, soube-se nos meios especializados.
Esta indemnização será paga , quaisquer que sejam as responsabilidades da catástrofe que só poderão ser estabelecidas após inquérito das autoridades norueguesas.

Pelo que assim, com esta notícia, talvez fique mais claro porque ruiu a plataforma e a quem interessava que ela ruísse.

A FÉ (NA TÉCNICA) É QUE NOS SALVA

Há precisamente um ano, em 28 de Março de 1980, era a mesmíssima conversa por causa de Three Mile Island. Ainda hoje não se explica esse acidente "inexplicável", "misterioso", "impossível'. Ainda hoje não se explica como surgiu a bolha de hidrogénio, e muito menos como é que a bolha, por um azar da sorte, em vez de explodir e ter provocado a mais linda catástrofe da história, decidiu descer e, na cama, fazer suspirar de alívio as três centenas de técnicos que entretanto foram de emergência transportados ao local do crime, boquiabertos sem perceber patavina do que se estava passando.

Temos ou não a futurologia científica que merecemos?

Temos ou não motivos para estar confiantes neste pessoal que nos governa e das nossas vidas ou mortes decide?

Temos ou não motivos diários suficientes para nos orgulharmos do progresso?

Mas atenção: a pior catástrofe em plataformas petrolíferas foi também um dos estribilhos mais repetidos pelos "mass media".

Conforme o ponto de vista. Em vidas humanas, talvez: mas em gravidade ecológica, nem pouco mais ou menos.

De três explosões em poços petrolíferos submarinos, que há meses continuam deitando para o mar toneladas de petróleo bruto, temos nós conhecimento.

A última a ser noticiada, curiosamente, foi a de um poço soviético, tendo a Tass escolhido precisamente o momento exacto para o fazer: quando todo o mundo andava cheio com a plataforma do Mar do Norte, a Tass mandou a notícia que naturalmente ficou soterrada (submersa) na montanha diluviana de telexs debitados a propósito do "Alexander Kielland". E depois digam-me que os rapazes não são previstos e não sabem as técnicas todas de "informar com toda a verdade a que temos direito."

A ÉPICA DO PROGRESSO PETROLÍFERO

Tal como em outros desastres de envergadura e à dimensão dos tempos brutalmente progressistas que atravessamos, os jornais não se cansaram de enfatizar: tratava-se da primeira catástrofe em hotéis e também, na Noruega, o desastre em prospecção petrolífera com mais mortos no balanço.
Aliás. Stes «recordes» são sempre anunciados, por toda a Imprensa, com um incontido júbilo. O seu negócio é números.

É a partir de "experiências" como esta, que a humanidade aprende e a tecnologia se aperfeiçoa. Agora, sim, e tal como em Three Mile Island, os técnicos vão poder estudar, in vitro, como as coisas se passam. Na impossibilidade de realizar catástrofes no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, com modelos simulados, só no grande "laboratório da vida", com muitas mortes no prato, a ciência e a tecnologia podem avançar.

Mais: desgraças como esta, onde «só» morreram 123 pessoas, vão encorajar os off-shore
e os in-shore que continuam, por esse mundo fora, a procurar petróleo cada vez mais nas profundas e em regiões do globo cada vez mais inóspitas. É, como diria Baptista, a gesta épica da humanidade na sua marcha para o infinito.

Daí que os jornais noruegueses, 48 horas depois da plataforma sossobrar, tenham começado no que logo se considerou a "polémica sobre a segurança em matéria de prospecções petrolíferas''

A polémica anima muito e se for pré-fabricada dá lucros a todas as partes em litígio.

Em Portugal debate-se " O Crime da Rua das Flores" enquanto as edições se vão esgotando. Na Noruega, a polémica sobre segurança vai fazer passar para segundo plano muitas outras questões. Quem sabe se a indústria nuclear não poderá mesmo ganhar novo alento, agora que ficou à vista como a petro-exploração afinal mata mais e melhor. Quem sabe se, no fundo do pilar e a cortá-lo com uma serra mecânica, não andou mãozinha de eco-terrorista a soldo das multinacionais nuclearistas.

Ouvindo os técnicos - que, sinceramente, não conseguem mesmo atinar na causa, - chegamos a pensar que só uma causa pode ter existido: um bando armado de piolhos verdes, serrando a coluna, e preparando-se para serrar as outras quatro. Mas, contra aquilo também que todos os técnicos tinham jurado, a plataforma que devia ter ficado perfeitamente equilibrada só em quatro pés, virou-se quando lhe faltou um. Vá lá a gente acreditar em pilares.

Claro que, entre as imaginosas causas ventiladas pela imprensa britânica e norueguesa, nem uma só vez passou pelas nórdicas cabecinhas a mais provável das improbabilidades: qualquer movimento da crosta onde assentam os pilares, qualquer dos milhares de abalos sísmicos que por todo o Mundo se verificam, especialmente quando há (como houve, confirmada em notícias) mais uma explosãozinha no atol da Muroroa, seguida ou não de maremoto.
Curioso é que a mais verosímil das hipóteses nunca tivesse sido levantada, nem antes nem depois do pilar partir, com todos a gritar que "o impossível acontecera".

OS MAUSOLÉUS DA CIVILIZAÇÃO

Os quatro cogumelos laranja emergindo à superfície da zona sinistrada, foi uma das imagens mais repetidas pelos repórteres que de helicóptero tiveram ocasião de sobrevoar os despojos da tragédia.

O progresso deixa sempre estes "restos", dificeis de remover.

O "Tollan" no Tejo, continua folhetim.

Folhetim continua esse "mausoleu" chamado central de Three Mile Island, que alguns espertos ainda consideram "recuperável", pronta a funcionar, em breve, outra vez.
Folhetim será ainda, por muito tempo, rebocar ou não rebocar esse monstruoso imóvel de três andares, "Alexander Kielland".

O "derrick" ameaça danificar, no percurso, a rede de «pipe-lines do Mar do Norte" "Rede" é a palavra. E enredados a palavra certa para os "apanhados" desta civilização de mentira, morte, tragédia.

Esta civilização caricata, quando nem sequer percebe ou domina os processos que engendra.
----
(*) Este texto de Afonso Cautela terá ficado inédito ou terá sido publicado em «Voz do Povo»
***