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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-08-12

ECO-REALISMO 1992

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REALISMO ECOLOGISTA - PROPOSTAS DE FUNDO

12/8/1992 - São de fundo porque condicionam toda uma estratégia política desde a raiz:
-Descentralizar produção energética e diversificar fontes
-Reciclar resíduos e aproveitar desperdícios
-Reduzir horário de trabalho = Reduzir desemprego
-Pequenas barragens já e arborização já contra o deserto do eucalipto
-Autogestão, auto-organização dos cidadãos, autodefesa e autocontrole
-Política do quotidiano e valorização da pessoa humana
-Alerta à década da catástrofe
-Alerta às doenças da «civilização» industrial como indicadores sintomáticos da crise ou doença que mina a engrenagem industrial

ALERTA ÀS CAUSAS SÓCIO-AMBIENTAIS DA DOENÇA:
água de beber
alimentos refinados ou carenciados
ambiente químico (poluições)
conflitos emocionais
estilo de vida
factores étnicos
hábitos alimentares
medicamentos e aditivos químicos na alimentação
ruído e vibrações
stress urbano

RENASCIMENTO RURAL
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VEGETARIANOS 1993

1-1-eaa-2> autoterapia alimentar acetatos - editorial metabolic medecine»: fiel da balança na polémica entre carnívoros e vegetarianos

ECOMEDICINA

12/Agosto/1993 - Recusam-se muitos médicos a aceitar a tese de «fanáticos vegetarianos» que atribuem todas as doenças e até todos os males do mundo à alimentação carnívora. Os vegetarianos de certa data, com efeito, levaram até ao fanatismo a concepção alimentar da doença.
Uma atenta observação talvez reduza ao tamanho mais justo esta discrepância entre duas posições extremas, uma que atribui tudo ao que comemos e outra que pretende explicar as doenças, ao fim e ao cabo, por causas teológicas como vírus, bactérias e outros seres fantasmáticos, que sempre existiram e sempre hão-de coexistir connosco...
Metabolismo é o conceito que pode introduzir clareza nesta polémica, afirmando-se então, sem lugar a dúvidas ou a fanatismos: tudo o que altere negativamente o metabolismo é factor de doença. Ora, no mundo industrial de hoje, recheado de químicas, os factores que alteram o metabolismo são não só alimentares mas de ordem ambiental a mais diversa, especialmente se considerarmos a química que vai nos medicamentos, que está no ar, nos solos e na água, que carrega os alimentos, que se insinua até em cosméticos e produtos de ménage, na intimidade mais secreta das pessoas.
«Diz-me, pois, que ambiente respiras e dir-te-ei que doenças tens.»
Esta máxima corrige, ao mesmo tempo que amplia, a noção estrita de alimento como factor condicionante do metabolismo.» A «medicina metabólica», como hoje se designa, tem assim a ver com o alimento no sentido lato - tudo o que se respira, recebe do ar e da terra, tudo o que se toca ou manipula, etc.
Mas também é verdade que medicina metabólica se torna sinónimo de ecomedicinas, ou seja, aquela que diagnostica os efeitos (sintomas) através de todas as causas ambientais e endógenas que os provocam.
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CIVILIZAÇÃO 1972

1-2 - 72-08-12-ie> quarta-feira, 20 de Novembro de 2002- scan

UMA CIVILIZAÇÃO MORTAL

12-8-1972 - Se todas as civilizações são mortais, não há razão para que esta - tecnoburocrática - escape à regra e fique cá para tia.
E assim é que se lhe prevê um lindo funeral, um relativamente curto período para dar as últimas. O comandante Yves Cousteau - autor de filmes "fantásticos" sobre a fauna e flora submarinas - um dos homens que cometeram o hediondo crime de amar a Natureza, não lhe dá mais do que 50 anos. E bastante atribulados. Calcula-se o que será o estrebuchar de um animal tão corpulento...
Também os funcionários do sistema,- até há pouco todos clorofila, todos sorrisos, todos optimismo, toda a vida inspirados no tio Pangloss, embebidos nos seus mitozinhos caseiros, também esses e até esses, que classificam de histéricos os "defensores da Natureza", começam a reconhecer que, pelo lindo andar da carruagem, já pouco tempo fica para eles beberem os seus uísques nos seus simpósios internacionais.
Mesmo com o risco de perder o emprego, os Sicco Mansholt cá do sítio têm andado eufóricos a descobrir a pólvora e a dizer o que os poetas e profetas de todos os tempos já tinham dito e redito.
Temos assim esta civilização do lixo (e do luxo), esta civilização do desperdício, esta opulenta e orgulhosa civilização que andou séculos a dominar a natureza e a combater (ora era um bacilo, ora era um vírus), a caçá-la (ora eram lebres, ora eram elefantes), a destruí-la (ora eram sardinhas, ora eram golfinhos) perto de dar a alma ao criador, diagnosticado o cancro pelos melhores merceeiros e clínicos da especialidade, que lhe prognosticam assim repouso e caldinhos (de galinha).
Poluída até ao pescoço, falta agora que a poluição suba até às orelhas, ouvidos, olhos e boca. Se lhe tapam a boca é o fim, numa civilização que viveu toda a vida de meter à boca e encher o bandulho. Depois, as formigas que cá ficarem, lhe farão o funeral.
Até há pouco tempo era clássico na ficção científica o apocalipse termo-nuclear e alguns narradores empenhavam-se a imaginar lindas cidades arrasadas por úteis bombardeamentos atómicos. A ficção científica foi ultrapassada por aquilo que, há dez anos, ninguém previa (ninguém dos espertos cientistas). Nesse lapso de tempo, o ar tornou-se irrespirável, a água, imbebível, as terras e os alimentos contaminados por toda a casta de organoclorados recomendados pela F.A.O., de modo aos famintos morrerem mais devagar e aumentarem, em paz, a fertilidade de novos famintos.
De absurdo em absurdo, de crime em crime, de vício em vício, esta civilização que transplanta fígados, corações, rins e (ameaça) cérebros, não terá Barnard nenhum que lhe enxerte víscera vital nenhuma. Há-de morrer às próprias mãos e com todos os santos sacramentos.
A nós, "histéricos defensores da Natureza", que nos resta?
Rir da anedota, preparar os crepes para o funeral, inventar alternativas de sobrevivência fora do pântano e meter o cadáver no fosso mais fundo, de onde o seu fedor não venha empestar o ar, nem aborrecer mais ninguém.
De facto, esta civilização cheira mal. Em todos os tempos o disseram profetas, poetas, artistas, músicos, homens que pelo radar da sensibilidade e da imaginação logo viram tratar-se de uma estrutural vigarice e compreenderam os mitos, erros, crimes, vícios do Raciocínio arvorado em dono e senhor, omnipotente, omnipresente e omnisciente ditador.
A nós, que apenas vemos confirmada a profecia, a nós, "histéricos defensores da Natureza", que resta?
Acreditar talvez na última safa: persistirá o "homem eterno" para lá de mais este acidente chamado civilização? Mesmo que só fique sobre o globo uma formiga, há quem acredite na cultura mais antiga da terra - a chinesa -, há quem acredite nos golfinhos, há quem acredite em todos os índios ainda não exterminados, há quem acredite nas tribos australianas ainda não contaminadas pelos melbúrnicos, há quem acredite nos indígenas do Amazonas antes que a Transamazónia acabe de os exterminar, há quem acredite nos "hippies" e no seu neo-tribalismo, há quem acredite em Lanza del Vasto e em Danilo Dolci, há quem acredite - até - no socialismo libertário, nos falanstérios fourieristas, há quem acredite nos extra-terrestres que continuam a vigiar o nosso sono e a ser matéria dos nossos sonhos.
Tudo Utopia: - dirão os porcos do costume, dirá qualquer funcionário da querida civilização, já com a máscara anti-fumos aperrada ao focinho.
Pois é, sempre foi e há-de ser Utopia, enquanto houver porcos desejando reduzir a existência, o mundo e o Cosmos à sua Porcaria. Utopia foi sempre toda e qualquer tentativa, toda e qualquer alternativa para sair sobrevivente desta civilização que se caracteriza pelo totalitarismo totalitário. Daqui ninguém sai e quem tentou sair (os Artaud, os D. H. Lawrence, os Guénon, os Henry Miller) por sua conta e risco, levou para tabaco.
Enfim, há quem acredite na aproximação e diálogo de civilizações exógenas, sempre tão vilipendiadas, sempre tão acusadas de fome, de pobreza, de inactividade, de pauperismo, de doenças: De doenças, céus! Esta civilização de Morte tem o arrojo e descaramento de criticar a Miséria em outros continentes, e a Doença como se não fosse ela um pântano de Morte, de Doença!
Além de que para as outras civilizações, quem exportou para lá a pobreza, a fome, a miséria e as doenças? Quem?
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ECO-RESISTÊNCIA 1987

ecopolítica-2> entre partidos

QUEM QUER ASSUMIR E SER VOZ,ATÉ 1991, DA VOZ DOS CIDADÃOS?

“FRENTE ECOLÓGICA” DESAFIA O PPM A MUDAR PARA CONTINUAR (*)

12/8/1987 - Perante a conjuntura política nascida das eleições de 19 de Julho de 1987 e a clarificação permitida pela radicalização dos resultados da votação, é o momento também para que a Oposição, a Resistência e mesmo a Clandestinidade repensem a sua estratégia e a reorganização do seu espaço.
Para os que politicamente se colocaram sempre, antes e depois do 25 de Abril, no campo da pedagogia cívica e política, já que não lhes era dado ou não queriam imiscuir-se nas lutas do poder e pelo poder, esta clarificação vem permitir talvez que se dê ouvidos, finalmente, a quantos até agora, abafados pelo alarido das dissidências entre partidos, não tinham conseguido fazer ouvir as suas teses, em favor das seguintes prioridades:
- Defender os direitos individuais do cidadão
- Reforçar a informação e educação do cidadão no sentido da sua auto-defesa contra os despotismos do poder
- Reorganizar a estratégia (de acção) ecologista, enquadrando-a na vaga de fundo dos direitos humanos
- Reorganizar, na sequência disto, a acção ecologista independente como Oposição Radical-Reformista, Resistência ao Biocídio e, se necessário, Clandestinidade na luta pela sobrevivência contra os cavaleiros da Catástrofe
- Dar prioridade, entre os direitos humanos fundamentais, aos direitos de saúde, vida e segurança como áreas "especializadas" dos movimentos ecologistas e eco-alternativos (e de vida alternativa) convergentes.
Tudo isto, enquanto os partidos lutam pelo poder, chupam o poder, abusam do poder.
A estabilidade governativa finalmente conseguida em Portugal pelo resultado eleitoral de 16 de Julho de 1987, ao mesmo tempo que remete para a sua natural insignificância partidos que há muito perderam a sintonia das necessidades reais e fundamentais do cidadão, provoca a natural e normal convergência de partidos e individualidades que até agora mantiveram sempre, através de todas as dificuldades e contratempos, o límpido sentido da verdadeira e importante prioridade: os direitos fundamentais do indivíduo, nas suas diferentes variáveis ou componentes:
Consumidor
Criança
Eleitor
Jovem
Morador
Munícipe
Peão
Terceira Idade
Trabalhador
O risco de despotismos vários e vários abusos do poder sobre toda esta tipologia de cidadãos que o governo de uma esmagadora maioria faz prever, conduz à mesma necessidade: organizar a resistência dos cidadãos aos despotismos do poder, que eventualmente irão pôr em cheque os direitos humanos.
Admitir ou não admitir, fomentar ou não fomentar, encorajar ou desencorajar iniciativas, acções, associações, movimentos, organizações, projectos e até partidos que tenham os direitos humanos e sua defesa na primeira linha das suas prioridades, vai passar a ser a pedra de toque para ajuizar sobre o governo de um partido que se diz social-democrata.
Ele será tanto mais social-democrata quanto mais iniciativas apoiar ou não hostilizar em defesa dos direitos do cidadão .
Ele será tanto menos social-democrata quanto mais iniciativas desapoiar ou hostilizar.
Não é esta, aliás, a menor virtude da actual situação.
Dia a dia, hora a hora, este governo será julgado pelo cidadão eleitor em função do que fizer contra ou do que fizer pró os direitos fundamentais elementares do cidadão.
Na "Frente Ecológica", não só se preconizou sempre esta doutrina que agora se torna imperativa, como se previu que a actuação partidária da chamada Esquerda, obsessivamente preocupada com os lutas de poder e pelo poder, iria inevitavelmente conduzir à actual situação.
Os factos autorizam assim a "Frente Ecológica", no seu gueto de fala-só, a que a surdez mental dominante neste país a remeteu, a propor uma convergência cívica que se poderá concretizar ou não num partido.
É de notar, aliás, como na conjuntura pré-eleitoral vários partidos tatearam, à última hora, uma doutrina similar, onde os movimentos cívicos e sociais, de ideias e culturais, as alternativas de vida e as propostas de tecnologias ecológicas apareciam caricaturadas, no discurso desses partidos e com meros objectivos eleitoralistas.
Mas foi o próprio ar de improviso, claramente detectado pelos eleitores, que condenou à partida esses partidos como pretensos porta-vozes da mensagem alternativa e eco-alternativa.Não por ser alternativa ou ecologista, mas por ser postiça, falsa e claramente oportunista.
A haver algum partido que possa, neste momento, em 3 de Agosto de 1987, reorganizar-se de forma a liderar o grande movimento dos direitos e eco-direitos humanos, a "Frente Ecológica" tem motivos para acreditar que o Partido Popular Monárquico será essa oportunidade, se (condição sine qua non) perder as veleidades de conquista do poder da forma , directa e igual aos outros partidos, como até agora o fez.
Se o PPM quiser hibernar - o tempo tacticamente necessário - como veículo da mensagem monárquica ( para vencimento da qual ainda muita coisa "verde" terá que amadurecer), poderá renascer como veículo de uma mensagem agora mais do que nunca pronta a entrar como dinâmica da opinião pública.
A "Frente Ecológica" espera que o PPM encontre forças e bom senso para renascer em breve como Partido Popular dos Cidadãos, que há muito falta neste País como terceiro Partido além dos dois grandes da alternância.
"Frente Ecológica" espera, sinceramente espera, que finalmente haja uma formação partidária capaz de ouvir as sugestões que durante 15 anos andámos a pregar.
Somos dos poucos que não tivemos de ir ao Anahory, em véspera de eleições, mudar de toucado e guarda-roupa, para ficarmos a par dos tempos e em cima dos acontecimentos.
Por isso somos dos poucos com algum direito e moral para exigir que nos ouçam, quantos se arrogam o direito de dizer que lutam pelos direitos ecológicos do homem e da Natureza.
12 de Agosto de 1987
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(*) Com o título “Projecto Ecologista” – Ser voz dos cidadãos, e sem referências concretas ao PPM e outras, este texto foi publicado no jornal «A Capital» (Crónica do Planeta Terra), 13/2/1988
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