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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-01-17

SOLAR 1983

92-01-17>1985 caracteres-solar>manifest>publicado ac em 1983?

17-1-1992

MANIFESTO DOS PROJECTOS DAS TA'S - PARA UMA ARQUITECTURA CLIMÁTICA - O SOL NA RATOEIRA

«O pior inimigo do Sol poderão ser os próprios solaristas» -- disse o Prof. Oliveira Fernandes, da Universidade do Porto, referindo-se aos que «negoceiam» em colectores solares sem o mínimo de conhecimentos e de escrúpulos, descurando a qualidade dos materiais e a confecção dos aparelhos. Para testar a qualidade técnica dos colectores solares existem, neste momento, em Portugal dois laboratórios: o Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (LNETI), em Lisboa, e o Laboratório do Departamento de Engenharia Mecânica, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEUP), onde trabalha a equipa orientada por Oliveira Fernandes.
«Não havendo disciplina -- sublinha este -- qualquer fabricante pode aparecer no mercado, onde não existem critérios de verificação».

COLECTORES SOLARES A AR PARA SECAGEM
Com um subsídio da Junta Nacional de Investigação Científica, aquele departamento da FEUP investiga um projecto de colectores solares a ar para secagem, aplicável nomeadamente no domínio agrícola. Este colector tem para Portugal a vantagem de utilizar materiais nacionais, como por exemplo aglomerados de cortiça e madeira.
Não obstante a constante aplicação da ciência à realidade portuguesa, esta equipa de investigadores partiu da experiência acumulada em centros de prestígio internacional como o Scientific Lab, de Los Alamos, onde trabalha Douglas Belcomb, ou por personalidades como os arquitectos Félix Trombe e Jacques Michel em França. Na Suíça, o Laboratório de Energia Solar (LESO) tem investigado a casa solar. Trata-se, na «casa construída com o clima», de inverter a tendência actualmente em vigor: os edifícios ainda são encarados mais como perdedores do que como «ganhadores» de energia. E é disto que se trata com a arquitectura climática: fazer que as casas sejam verdadeiras «ratoeiras do sol», como diz Oliveira Fernandes.
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HOLÍSTICA 1991

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17-1-1991

ÁREA UNIFICADA-HOLÍSTICA

Correntes heterodoxas da alopatia
Contributo às ecoterapêuticas
Bioclimatologia
Bioestatística
Biologia médica
Biopolítica
Defesa civil
Educação Física
Educadores de saúde
Epidemiologia
Ergonomia
Ergoterapia
Fisiologia ecológica
Fisioterapia
Foniatria
Genética médica
Gerontologia
Geriatria
Higiene social
Logopedia
Medicina comunitária
Medicina legal
Medicina nutricional
Medicina preventiva
Medicina psicosomática
Medicina social
Médicos de família
Medicina do trabalho
Optometrista
Nutricionistas
Ortopedia
Patologia do trabalho
Parto psicoprofiláctico
Protecção civil
Prótese ortopédica
Recuperação de atleta
Saneamento básico
Saúde pública
Sociologia da medicina
Socorrismo
Terapêutica da fala
Terapia comportamental
Terapia ocupacional
Toxicologia

Ecologia Humana - Ciências, matérias e técnicas subsidiárias

Biogeografia
Bioquímica
Epidemiologia
Ergoterapia
Etnopsiquiatria
Fisiologia ecológica
Farmacopeia
Geocancerologia
Higiene alimentar
Higiene pública
Medicina da aviação
Medicina astronáutica
Medicina agrícola
Medicina do mergulho
Medicina preventiva
Medicina do trabalho
Metereopatologia
Microbiologia
Nutrologia
Parasitologia
Patologia climática
Psicoembriologia
Radiestesia
Sociologia da fome
Terapêutica ocupacional
Toxicologia

Saúde Pública - Interface da Ecologia Humana

Promoção da saúde
Higiene individual
Prevenção da doença
Medicina do trabalho
Saúde ocupacional
Doenças profissionais
Higiene pública
Saneamento básico
Epidemiologia
Microbiologia sanitária
Educação alimentar
Ensino da saúde pública
Higiene alimentar e nutrição
Professores de saúde
Prevenção da saúde mental
Custos com a doença
Economia da saúde
Internamento hospitalar
Profissionais de saúde
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CPT 1979

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PETRÓLEO:A MORTE EM SEGURANÇA(*)


[17-1-1979] - «Portugal descobrirá petróleo nas suas (largas) costas» - aí está uma previsão dos astrólogos para 1979. Nem tudo é austeridade e o esforço de off-shore e on-shore, desenvolvido por várias empresas nas nossas barbas continentais, será finalmente recompensado.
Extrair petróleo das profundezas é mexer nas camadas telúricas que mantêm a frágil crosta terrestre em equilíbrio. É um dos motivos (não o único, mas importante) que determina a crescente actividade sísmica da algumas zonas do globo mais sensíveis. As regiões limítrofes do golfo Pérsico, em especial o martiriado Irão, são um explícito exemplo dessa relação entre exploração petrolífera e desequilíbrios geoterrestres. Extrair petróleo das profundezas é ainda correr riscos de explosão e derrame incalculáveis. E imprevisíveis.
Mas não é disto que se trata hoje.
A hora é de júbilo e exaltação patriótica: o petróleo está na iminência de nos aparecer pelas costas, e quando o petróleo jorra, tudo esquece. Iremos ser uma ilha rodeada de petróleo a ocidente e radioactividade a oriente (Espanha disso se está encarregando) mas não é tudo: com as refinarias de Sines e Leixões, mas também a de Cabo Ruivo, que não desiste, o movimento de petroleiros gigantes, e não só, irá animar muito o nosso desanimado litoral.
O pouco peixe que há, mais lépido se irá daqui, pelo que já visiono a pescada a 800$00 o quilo. E nem só. Mas para quem vai gozar as riquezas do petróleo, que raio de diferença faz a pescada? E nem só: tem direito ao cheiro do dito, como já acontece com os derrames ocasionais e furtivos dos últimos dias.
O fim do ano da 1978 ficou assinalado por diversos cargueiros em aflição: o Andros Patria veio derramar nafta até o Conselho de Ministros dizer basta, e num porto da Dinamarca por um tris que não foram os depósitos todos ao ar com a explosão do francês «Betel-Gense», da Total Oil Group.
Foram devorados pelos tubarões 31 marinheiros do naufrágio do liberiano «Master Michell», no mar das Caraíbas (6 de Janeiro de 1979).
Há menos de um ano, com o «Amoco Cadiz», da Shell, na costa da Bretanha, foi o maior derrame em toneladas de nafta entre os 190 derrames por acidente verificados, em dez anos, desde o «Torrey Canion».
Em poucos dias, ficou demonstrada a tese de tantos economistas: a indústria petrolífera é quase tão segura como a nuclear, o que não evita, evidentemente, um desastre de vez em quando, devido ao mau tempo ou a qualquer outra malvadez da malvada Natureza.
Sobre o que vai ser a rede de oleodutos rabiando por todo o cemitério português a partir do terminal oceânico de Sines - terminal que o Atlântico nunca mais deixa terminar...- ainda não há notícias claras mas é evidente que será outro progresso enorme da nossa pátria, até agora tão desprovida de oleodutos. Não me admira que também nisso a gente venha a bater recordes: Alqueva já é-foi-será o maior lago artificial da Europa, Sines a maior refinaria.
Todos quantos comandam o nosso crescimento acelerado velam porque não nos deixemos ficar na cauda. Muito na cauda cansa. Passemos à vanguarda. Ainda havemos de ter muitos «Andros Paula» nossos, coxeando e a deitar petróleo, mas nossos.
A bola de fogo de Los Alfaques -500 mortos irreconhecíveis - foi um azar do propileno que aqueceu demais. Quem podia imaginar uma dessas, em pleno Agosto tórrido da Costa Brava? Foi um azar. Um acidente. Um incidente. Um (im)previsto. Pode suceder mas não significa que suceda. Viu-se.
Petroleiros também não ardem todos os dias nem é isso que iria empanar a alegria de termos petróleo no Algarve e na Figueira. Perdíamos turistas mas ganhávamos ramas. Bastou um mar tempestuoso para provocar em duas semanas um rol de acidentes. Mas nem todos os dias há mar tempestuoso e por cada cargueiro acidentado, o armador deve receber uma bem reconfortante soma do seguro. Se lhe tomam o gosto, de acidentas acidentais passamos a ter acidentes fabricados para melhor glória e fortuna dos armadoras sem pátria dos petroleiros. O Diabo tece-as. E Deus, pelos vistos, dorme.
Garantido nos tem sido, pelos engenheiros da EDP e nem só, que a indústria nuclear consegue ser a mais segura de todas.
Uma novidade aparece já em 1979: pela primeira vez na história do nuclear, é transportado, em cargueiro, combustível irradiado do Japão para a central de La Hague, ao norte de França.
«Pacific Fisher» é o seu lindo nome e Cherbourg o porto onde aliviou tão preciosa carga. O «Pacific Fisher» atravessou meio mundo e veio descarregar na Europa as 60 toneladas de urânio irradiado. Tudo na maior segurança e tudo para maior glória de Deus. O governo francês já mandou abrir uma estrada de ferro de Cherbourg a La Hague onde as stockagens de combustível irradiado são um super-problema de segurança. Toneladas de material irradiado ali serão armazenadas, concentradas. Com calma, porque não há-de ser nada e ainda agora a festa começou.
Agoireiros são os ecologistas que estão sempre a prever o pior. Os técnicos de segurança asseguram que um acidente é um acidente e, portanto, contingente, ocasional, acaso, azar. Contratos fabulosos dão ao Governo francês fabulosos lucros. Que importa a segurança, quando há lucros?
La Hague é o Vietnam dos anos 80: que importa, se é negócio?
Todos somos La Hague. A nossa pobre sorte joga-se aí e nem só. Tudo é seguro, mas não está fora do cálculo das probabilidades que o cargueiro com combustível irradiado se possa partir. Tal como se têm partido.
Em terra, oleodutos, camiões-cisternas, containers, armazéns de stocks». No mar, petroleiros o cargueiros.
Falta só que o petróleo passa a ser fretado nos supersónicos Concorde e Tupolev. Mas do ar aos trambolhões a última novidade em segurança absoluta (já noticiada largamente em .A Capital», 5 Janeiro 1979) é a que nos irá vindo dos 5000 satélites em desórbita, 20 dos quais são reactores nucleares (graças s Deus) e um dos quais (graças a Marx) já caiu no Canadá.
Tudo na maior segurança - garantem os técnicos do crescimento infinito rumo às galáxias...: eles dominam e controlam o processo até onde, evidentemente, deixam de o controlar.
Nos casos apontados, foi isso. Perderam o controlo. Nessa altura falam de azar, acidente, aqui d'el-rei, tantos mortos a feridos, é o preço a pagar pelo progresso. OK, etc. Indemnizações às vítimas já é numa oitava abaixo, e mal se ouve.
Petróleo em liberdade, a morte em segurança...
Ga-ran-ti-do.

- - -
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com este título, no jornal «A Capital», 17-1-1979
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HOLÍSTICA 1991

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LIÇÕES DE ECOLOGIA HUMANA [VER DIRECTÓRIO , FILE «TABUS»]

No cerne da ecologia humana estão temas, problemas e matérias que podem ser enunciadas assim:
- cidades sem respirar - a doença da cidade - macrocefalia - gigantismo-congestionamento -o mundo concentracionário das cinturas industriais
- desastres industriais - laboratórios de eh-investigação epidemiológica - homem cobaia do homem - geografia da doença
- sofismas e mitos do discurso oficial sobre doença - manipulação psíquica -ideológica - informação - intoxicação - contestação
- doença - situação em portugal
- longevidade - revisão ecológica da ciência geriátrica - alopatia: correntes heterodoxas-
- profilaxia natural das doenças - imunidade natural e vacinas - fundamentos e definição de eh face à desumanidade das ciências humanas
- poluição eléctrica e maschiterapia
- doenças do trabalho
- números de eh
- animais domésticos-factor de ambiente
- saúde pública-escândalos em Portugal
- televisão contra as crianças
- etnias e etnomedicinas
- crianças com doenças de adultos e velhos
- ritmos, ciclos e ondas
- corpo não dorme
- novos hábitos alimentares
- radiações
- homem-cobaia-do-homem

TEMAS POLÉMICOS DE NUTRIÇÃO A DESENVOLVER:
- emagrecer sem riscos - a polémica dos métodos contra a obesidade
- germinar grãos de cereais - vitaminas sempre em casa
- como vai a campanha oficial de educação alimentar
- aproveitar ao máximo a dádiva dos legumes
- aprenda a comer pão - mais qualidade e menos quantidade
- análise energética mostra que fome mundial é provocada
- alimentos-rei por descobrir - alho, castanha, cogumelo, fava, soja
- os reis da alimentação
- a penicilina mais segura está nas algas

- HÁBITOS ALIMENTARES DESEDUCAM NOVAS GERAÇÕES:
aditivos químicos e conservantes
a confusão dos gelados
margarinas não são vegetais
hamburgers sem confiança
concentrados de tomate
comida de aviário
comer em pé
pronto-a-comer
devemos confiar na Coca-Cola?
atenção, sal - malefícios e benefícios de um alimento básico
inspecção económica e questões de higiene
alimentos em polémica - será o leite um mito?
vitaminas naturais não criam problemas
indústrias alimentares produzem novas doenças
alimentos provocantes: álcool, café, açúcar
métodos de conservação - há bons e menos bons
o segredo das enzimas na conservação da sua forma
prós e contras das vitaminas sintéticas
lactofermentados podem corrigir erros alimentares
que peso tem o cloro na água de consumo público?
fome é um problema de recursos energéticos
fibras alimentares protegem de muitas doenças
há frutas e frutas - importante é saber comê-las
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temas1-listas>-1500 caracteres

LIÇÕES DE ECOLOGIA HUMANA

No cerne da ecologia humana estão temas, problemas e matérias que podem ser enunciadas assim:
- cidades sem respirar - a doença da cidade-macrocefalia-gigantismo-congestionamento-o mundo concentracionário das cinturas industriais
- desastres industriais-laboratórios de eh-investigação epidemiológica - homem cobaia do homem-geografia da doença
- sofismas e mitos do discurso oficial sobre doença-manipulação psíquica-ideológica-informação-intoxicação-contestação
- doença-situação em portugal
- longevidade-revisão ecológica da ciência geriátrica-alopatia:correntes heterodoxas-
- profilaxia natural das doenças-imunidade natural e vacinas-fundamentos e definição de eh face à desumanidade das ciências humanas
- poluição eléctrica e maschiterapia
- doenças do trabalho
- números de eh
- animais domésticos-factor de ambiente
- saúde pública-escândalos em Portugal
- televisão contra as crianças
- etnias e etnomedicinas
- crianças com doenças de adultos e velhos
- ritmos, ciclos e ondas
- corpo não dorme
- novos hábitos alimentares
- radiações
- homem-cobaia-do-homem
*
- Guerra química e bactereológica no Vietname
- Catedral de Colónia e Museu do Prado - vítimas da poluição
- Cote d'azur muda de cor
- Kawasaki, a maior concentração industrial do planeta
- De novo a peste medieval
- Destruição imperialista da Amazónia
- A falha de Santo André, a falha de Lisboa e a guerra de nervos
- Rebocar icebergues: projecto russo-americano
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«GUIA DO CONSUMIDOR» - Uma experiência de 1985

Secções a retomar na primeira oportunidade:
-O Dia-a-dia de quem compra
-Instituto de Qualidade alimentar aconselha
-Livros à mão
-Grupos em movimento
-Desabafe Connosco - perguntas a quem possa responder
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O DIA-A-DIA DE QUEM COMPRA

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor tem hoje a sua primeira intervenção directa neste «Guia do Consumidor» com uma rubrica que intitulámos «o dia-a-dia de quem compra»»
Nesta coluna se reproduzem situações-tipo que servirão de modelo a quantos têm de utilizar quotidianamente o mercado dos produtos correntes. Há «tácticas» que o consumidor desconhece mas que, para a sua defesa, deve adoptar como escudo invisível.
O Instituto Nacional de defesa do Consumidor diz-lhe como terá de proceder para não cair nas armadilhas constantes que os consumos lhes (nos)pregam . Desabafe connosco. Sempre que o cidadão se sente lesado nos seus direitos, deve protestar. É necessário que as entidades e autoridades se habituem a considerar esse protesto não só um direito mas até mesmo um dever. Consumidor que cala, não pode exigir que o ouçam. Nesta página de «A Capital» abrimos a oportunidade de as vozes sem voz se fazerem ouvir. Questões, dúvidas, perguntas, protestos, continuamos à espera.
Entretanto, vamos dando forma a situações e problemas que «andam no ar». Podem servir de estímulo à participação dos leitores e à solicitude dos serviços responsáveis.
Aguardemos com esperança, que não fique tudo no tinteiro: as perguntas sem resposta e as respostas sem perguntas...
*
Continuamos a aguardar, em duas linhas: numa, recebemos as questões e reclamações dos que se sentem lesados nas várias situações de higiene, segurança e qualidade da vida quotidiana; na outra, esperamos que não tardam as respostas dos serviços competentes a quem essas questões e perguntas são naturalmente dirigidas. Que os leitores interpelem os serviços e que os serviços interpelados respondam.
Para haver, claro, correspondência. Nem que seja para demonstrar que o cidadão está errado nas suas dúvidas ou queixas, há sempre oportunidade de dar uma resposta, uma explicação. E é bonito. É «democrático», como diria o Camilo de Oliveira. É tempo, aliás, de os responsáveis, se compenetrarem da obrigação social e cívica que lhes incumbe por inerência de cargo e designação. Respondendo, têm agora uma boa oportunidade de provar publicamente que existem e que são, como lhes compete, responsáveis. Desabafe connosco, mande-nos perguntas. Estamos certos de que a resposta «de quem de direito» há-de chegar.
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Desabafe connosco, mande-nos perguntas. Estamos certos de que e resposta «de quem de direito» há-de chegar. É um teste à paciência dos leitores à capacidade «auditiva» das entidades competentes, ditas também responsáveis. Vindos de algures, transcrevemos mais alguns desabafos dos muitos que «andam no ar» e que podem ser comuns a muitos cidadãos e consumidores.
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Na fase de recolher perguntas postas pelo cidadão que espera resposta dos serviços competentes, pedimos que o leitor se interrogue também, escreva a sua reclamação, apresente o seu protesto, enfim, desabafe connosco, fazendo alguma coisa para defender os seus direitos.
Para não perder a embalagem e procurando não arrefecer o impulso inicial, publicamos mais algumas questões possíveis que o consumidor poderá formular e endereçar a quem saiba ou possa responder.
Escreva-nos e desabafe connosco.
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Das muitas perguntas que «andam no ar», feitas pelo consumidor lesado nos seus direitos de cidadão, escolhemos mais algumas. Mas já ia sendo tempo de as entidades até agora visadas irem respondendo às questões aqui postas desde o dia 15 de Março, uma vez cada semana.
Aguardemos com calma. Enquanto formulamos mais algumas questões de interesse público que gostaríamos de ver atendidas. Enquanto o tão falado «telefone do consumidor» não começa a funcionar...
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GRUPOS EM MOVIMENTO

O espaço «Grupos em Movimento» que «A Capital» passa a publicar regularmente, é preenchido com o noticiário de acontecimentos e actividades que os grupos existentes em todo o País desenvolvem em áreas relacionadas com defesa do consumidor, qualidade de vida, protecção da natureza, ambiente, recursos naturais, etc. Informações destinadas a esta secção noticiosa podem ser enviadas a «A Capital» - Grupos em Movimento - Travessa do Poço da Cidade, 26 - 1200 Lisboa
(In «A Capital», 14/Março/1985)
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[NOMENCLATURA QUE SE DEVE CULTIVAR NO CONTEXTO DA REVISTA)

Higiene alimentar em vez de «vegetarianismo» ou «alimentação racional»
Terapêutica em vez de medicina
Terapeutas em vez de «médicos naturistas»
Direito à saúde em vez de «acto médico»
Auto-cura em vez de «casos clínicos»
Alternativas de vida em vez de «casos clínicos»
Profilaxia natural em vez de curar doenças
Orientação alimentar em vez de «consulta médica» e «consultório»
Professor de saúde em vez de «pessoal paramédico»
Consultor de saúde em vez de «pessoal paramédico»
Métodos de naturopatia em vez de «medicinas paralelas ou alternativas»
Prático de saúde em vez de «médicos naturopatas»
Consumidores e produtores de saúde em vez de «paramédicos»
Educação pública em vez de «saúde pública»
Profilaxia e prevenção em vez de «tratamento»
etc.
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Outra nomenclatura:
Educação de saúde
Qualidade de vida
Agentes de saúde
Prevenção natural da saúde
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DEEP ECOLOGY 1992

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17/1/1992

J.C.M.: Foi uma grande alegria e uma grande ajuda a tua carta de 11/1/1992, com tantos pontos interessantes e motivadores para «voltar à vida». Haver um horizonte em relação ao qual possa caminhar, é para mim particularmente terapêutico. E eu peço desculpa de todo este egoísmo, -- de toda esta conversa em «eu» -- como se estivesse a convalescer de uma mimada criancice. Esse horizonte poderá ser a «convergência ambientalista», de que tu serás o centro e o garante.
Valerá a pena ainda batalhar por mais alguma coisa? Não vou responder, taco a taco, às questões por ti levantadas, mas tentar seguir o esquema que espontaneamente se me impôs: dar às minhas respostas o ar de um diário que vai acontecendo, conforme os assuntos que me ocorrem, com seu quê também de memórias mais antigas sobre o que pensámos em comum ou deixámos, por força das circunstâncias, cair no vazio e no esquecimento.
Como o computador permite estas manobras de inserção (a que o Fernando Pessoa chamaria «intersecção»), vou chamar para aqui alguns textos que, já depois da minha última carta, fui teclando.
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9/1/1992

BIOTIPOLOGIA: PEDRA ANGULAR DA ECOLOGIA HUMANA

J.C.M., Encontrar alguém com quem dialogar, nesta fase de convalescença, em que tento sair do buraco sem fundo da melancolia, é já meia terapia. Dou-te notícia de alguns projectos pessoais de trabalho -- a que pomposamente chamo de investigação, de eco-investigação -- que gostaria de fazer convergentes da «plataforma ambientalista eleitoral», embora me pareça que a «ecologia humana» continua arredada da política ambiental e por mais que os marxistas agora façam acto de contrição -- «mea culpa, mea grande culpa» -- dizendo que um dos erros do sistema foi ter menosprezado a «psicologia».
Face aos imperativos de uma concepção tecnocrática da economia e da ecologia, penso que a «ecologia humana», pedra angular das ciências humanas, continua omissa, proibida, tabu e sem inserção numa estratégia ecológica global.
Pedra angular da Ecologia Humana é uma outra matéria, também omissa de programas e currículos, aquilo a que alguns manuais modernos chamaram «psicologia diferencial» e a que outros, antigos, a meu ver mais correctamente, chamaram «biotipologia».
Não vejo educação ou medicina -- só para dar dois exemplos -- sem apoio em uma Biotipologia esclarecida. Pedra angular da Biotipologia, é a Endocrinologia: e se me tenho enfronhado a ler livros sobre hormonas e glândulas endócrinas!
Mas o obstáculo metodológico, é o mesmo que encontrei em outras áreas: a ciência analítica leva a análise até ao infinito, nunca revertendo para uma aplicação global e prática (terapêutica) dessa análise; os movimentos, como a Fraternidade Rosa Cruz, facção Max Heindel, ramo brasileiro, que se interessam mais globalmente pelos sete «chakras» que são os centros endócrinos, só dizem asneiras, sob o ponto de vista do discurso. Correntes como a Naturoterapia e a Macrobiótica, ignoram completamente a importância do eixo endócrino no equilíbrio do universo humano. E mais uma vez vejo-me nesta encruzilhada de coisa nenhuma, agarrado com unhas e dentes a uma ideia em que ninguém acredita; desta vez, nem do Estrangeiro me vem ajuda. Regra geral, 15 ou 20 anos depois, acabava por encontrar, vinda dos centros cultos internacionais, companhia para as minhas ideias, embora levasse décadas a fazer, sozinho, a travessia do deserto.
Sei que está aí -- na Biotipologia, ou Perfil Holístico como prefiro chamar-lhe -- um ponto de «viragem» para uma mentalidade diferente e mais humana das coisas humanas; mas encontro apenas cientifismo arrogante e sofístico de um lado, do outro a charlatanaria e o discurso tolinho e esparvoeirado dos pseudo-místicos de pseudo-iniciações.
Quem quer investigar comigo uma linha prática de Biotipologia, que -- valendo-se do muito já investigado pela ciência profana -- leve a uma síntese desde já possível e a uma visão integrada (holística) desta pobre humanidade feita em pedaços? Se eu assentar num esquema básico de 7 «biotipos», toda a terapêutica -- em sentido lato -- passa a ser a terapêutica de cada um desses 7 tipos, nem mais nem menos.
Entre o diagnóstico impessoal e desumano da medicina moderna -- que se preocupa mais com o órgão e a doença do que com a pessoa que tem diante -- e a preconizada «individualização» que pulveriza até ao infinito o número de casos que comparecem diante do terapeuta, a Biotipologia representa uma revolução ... ecológica no campo da terapia. Quem me ajuda a escrever o livro que tenho em projecto, de homenagem aos meus 58 anos e a toda a gente que fizer mais do que 49 anos, 7 X 7 ? ...
«As Nossas Sete Idades e a alimentação yin-yang», eis o nome que gostaria de dar a esta tentativa de fazer a súmula útil de tudo o que, de útil à humanidade sofredora, a ecologia alimentar -- ciência aliada à Sabedoria -- pode dar. Macrobiótica é o horrível nome que resolveram dar a uma linha de ecologia alimentar que data de alguns milhares de anos como linha enviada dos deuses para sabedoria dos humanos. No envelope azul, vinha também esse tesouro de sabedoria chamado Acupunctura, que igualmente transformámos -- à excepção de alguns centros iniciáticos -- em pechisbeque de agulhas.

LINHAS DE ORIENTAÇÃO PARA UMA POLÍTICA ECOLÓGICA EM CABO VERDE -- «A RIQUEZA DE SER POBRE»

Projecto no qual espero possas vir a colaborar com os preciosos dados informativos que possuis, é o de um relatório-projecto para Cabo Verde que estou elaborando, com vista a sublinhar algumas tecnologias apropriadas que teriam ali, naquele arquipélago «maldito», a sua terra de eleição. Projecto-piloto, como vês, embora não goste muito da expressão. Quando me vi empurrado de todos os lados, ouvindo, no meu autismo esquizofrénico, atrás de mim gritos roucos «sai daqui, sai daqui», «nada tens a fazer aqui», «rua, rua», «destruam-no, destruam-no», resolvi muito simploriamente fazer a vontade a toda esta gente e fui inscrever-me como cooperante para Cabo Verde, embora sabendo das poucas probabilidades que me restam disso: eles querem é médicos (dos bons, dos autênticos, dos que receitam medicamentos em barda) e professores do secundário, também dos bons: não estão muito necessitados de professores do ensino primário, que é o título que tenho, nem de jornalistas falhados. Mas não desisto, até ver, de continuar juntando informação eco-alternativa, que possa dar umas luzes de verdade aos novos políticos de Cabo Verde, já suficientemente hipnotizados, como é óbvio, pela Unideologia do chamado «desenvolvimento». Já reparaste, José Carlos, que a Unideologia chega sempre primeiro do que as «tecnologias apropriadas»?

PEQUENOS TRUQUES DA HIPNOSE MEDIÁTICA [ + ESPANTOS + TABUS – 7/1/1992]

Sempre que há temporal nos Açores, a RTP -- a trabalhar em estreita concordância com o Mota Amaral da Opus Dei -- tem ordens automáticas de exagerar, para que se tenha, no Continente, a consciência pânica da situação, dos prejuízos. No fim de apresentar imagens vulgaríssimas do temporal que «assolou os Açores», o locutor nunca se esquece de perguntar: e quem irá pagar os prejuízos? Moral da história: sempre que há notícias na RTP de «catástrofes naturais», é de perguntar se a realidade corresponde à dimensão que dela dá a reportagem. Quando a notícia, a pretexto de neutral, manipula a 100%, há que perguntar em que mundo de fantasmas -- dado pelo mundo mediático -- habitamos. E o que pode fazer a consciência ecológica -- ou apenas uma sergiana consciência crítica -- como antídoto contra este SAMA ( Sindroma da Automanipulação Adquirida).

ERRATA - Leitura desatenta de jornais, levou-me, na minha última carta para ti, a uma afirmação que (por enquanto!...) não é correcta: onde se lia «não há dinheiro para apoiar cidadãos em situação de risco -- evitando suicídios -- mas enterram-se 30 milhões para alojar funcionários da CEE que agora já ditam leis aqui mandando que o Centro Cultural de Belém não abra ao público», deve ler-se apenas: «não há dinheiro para apoiar cidadãos em situação de risco -- evitando suicídios -- mas enterram-se 30 milhões para alojar funcionários da CEE.» Quanto à demagogia da afirmação, tu próprio farás os descontos: acho que os ingénuos ecologistas também têm o direito de ser de vez em quando demagogos, se a causa é boa, justa...
*
11/1/1992

BOA IDEIA! - NOTÍCIAS PARA UMA ANTOLOGIA

Dando volta ao que resta dos arquivos de recortes da «Frente Ecológica», encontro uma notícia sobre o «Oekobank» (10/5/1989), iniciativa dos então «verdes» da então RFA, que me lembro ter sido também por ti referenciada em carta que me escreveste. Vem a propósito, caso a gente possa vir a retomar as «boas ideias», saber em que ponto se encontra a situação desse tal «Oekobank». Nem digo que terá desaparecido na voragem, para que -- neste momento de «Viragem» -- a minha filha Ana Cristina, mais uma vez, não me censure por eu pensar sempre o pior e só ter ideias negras. Não gosto desta má fama de ter só más ideias. Por isso fui à procura de uma pequena recolha das boas, tipo antologia, que nem seria «má ideia» recriar, em tempo -- diz-se -- de vazio ideológico. E eu que me gabava de um único ofício, de um único artesanato: produzir ideias ao ritmo normal de quem respira.
*
9/1/1992
Disseram-me que havia em Paris, ligado ao softaware, um grupo, ou centro de investigação, herdeiro do trabalho literário do escritor Georges Perec, de que há dois livros publicados em português, na Presença, que, sob certos aspectos, me impressionaram. Ainda estou a tentar digerir esta aventura da linguagem , este jogo com o idioma que é o romance «A Vida Modo de Usar». Se existe esse centro ou grupo herdeiro do trabalho de Georges Perec, já falecido, ele deverá ser importante para quem goste de fazer «jogos com o idioma» e tenha verificado que o processador de texto é um convite a esses jogos que o Fernando Pessoa, mas principalmente Almada Negreiros -- esses interseccionistas -- faziam sem sonhar ainda com computadores. É um dos meus projectos pessoais de actividade, se algum dia ainda conseguir ter de novo projectos, se algum dia conseguir sair deste buraco negro, deste cerrado nevoeiro em que a Andropausa (que tem as costas largas) e este País (com as costas ainda mais largas) me jogaram, não sei se irreversivelmente e não sei se porque karmicamente o mereço.
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16/1/1992
Tentei aliciar um editor meu amigo -- o Mário Moura, da Pergaminho -- para uma «Geografia Sagrada de Portugal», itinerários a percorrer com reportagens aos sítios. Entusiasmou-se, mas depois queria que eu realizasse o projecto sentado à secretária, sem reportagem «in loco». Fiquei triste e à espera, ou que alguém faça o projecto; ou que um editor me mande percorrer Portugal à procura dos fios do «sagrado» que ainda haja nesta geografia.
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16/1/1992
Se há lobbies para tudo, tenho-me feito a pergunta porque raio os ecologistas não se organizam também em «lobby»? Será tão ingénua e irrealista a pergunta? Porque não um «lobby» da qualidade, um lobby «industrial» ecoalternativo?
Outro projecto que me tem, por vezes, parecido necessário, mas talvez inviável, é o de uma «Revista Holística de Saúde» ou «Revista de Medicina Holística». Tal como na década de 70 foi urgente e necessário batalhar pela palavra Ecologia -- completamente em vão, restando hoje todos os equívocos e aproveitamentos oportunistas e partidários da palavra --, porque não fazer da década de 90 a década da palavra «Holística», tentando afastar equívocos e oportunismos? Ou já não vale a pena lutar por esclarecer nada, porque o tempo é de total balbúrdia e confusão?
AC
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De acordo com as notícias, indicações, desafios que receber de ti nas tuas cartas, irei teclando e/ ou imprimindo aqueles textos que eventualmente possam ter mais interesse para aproveitar na «convergência»: de um modo geral, trata-se de exumar coisas quase arqueológicas e que, para o bem a para o mal, ainda se conservam intactas como foram escritas «in illo tempore»... Prometo vir a mandar-te textos em que a impressora se digne colocar o «til», o que é apenas uma questão de rapidez de expediente: como sabes a impressão sem til é muito mais rápida e eu, neste momento, tenho os momentos da minha baixa todos contados, para não os perder com o menos importante...