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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2005-11-15

ANTOLOGIA AC-1998

psi-1-7=merge corajoso de 7 files–força,afonso,vais ganhar o céu

DA PSICOLOGIA À NATUROLOGIA
CADEIRA DE PSICOLOGIA NA ESCNH
DOCENTE:PROFESSORA JUDITE CORTE REAL
Diário de bordo do aluno nº 170, do 1º Ano

19/11/1998
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3 NOTÍCIAS DO MARAVILHOSO
A PRECE FAZ CRESCER AS PLANTAS ?

O diário londrino People relatou uma série de experiências americanas acerca do crescimento de plantas através da prece e dedicou ao assunto grande parte da primeira página e duas páginas também na sua edição dominical.
O articulista classificou as experiências de notabilíssimas, só igualadas pelo último satélite russo.
Len Coulter apontou o caso de feijões que foram semeados em duas panelas. Sobre os feijões de uma fizeram-se preces e as plantas cresceram 25 centímetros, ao passo que as outras não chegaram a germinar. E não tem dúvida de classificar este acontecimento como a experiência mais científica do século vinte.
Depois de alguns anos de rigorosa experiência laboratorial, um grupo norte-americano afirma que as preces produzem efeito, visto que as provas estabelecem a existência de uma força supranormal exercida pela mente ou alma.
«Esta força invisível - acrescenta - não é simples teoria do reino do espírito, mas um facto rigoroso no mundo material que nos cerca.
Como Franklin Loher e os seus companheiros de Los Angeles têm provado, trabalha-se para acelerar o crescimento das plantas, de forma verdadeiramente assustadora.
Loher é um padre-cientista formado em Química e as suas experiências de prece realizou-as na Fundação de Investigações Religiosas, destinada ao estudo científico das crenças religiosas. Loher foi incitado pelo célebre Dr. J.B. Rhine, que fez aceitar a telepatia como facto científico em muitas universidades do mundo.
A notícia refere-se a três espécies de sementes, entre elas feijões e ervilhas, sobre as quais, no início das experiências, incidiram preces «ad petendam pluviam» (a pedir chuva). As sementes impressionadas ultrapassaram em muito as outras.
Com a ervilhas, porém, houve resultado inverso.
As experiências repetiram-se muitas vezes. Coulter diz que se provou que as plantas poderão ser atrofiadas com preces deliberadas.
Todas as descobertas humanas têm medalha e reverso. Ao lado do bem está o mal. E o mais interessante é que isto surgeem primeiro lugar, como temos dito. A destruição de qualquer coisa sobreleva a construção.
(In revista «Estudos Psíquicos», Fevereiro 1959)
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CACTOS SALVAM EPILÉPTICO NO DESERTO

Um epiléptico de 65 anos conseguiu sobreviver durante três dias ao calor intenso do deserto do Arizona, mantendo-se hidratado graças ao líquido contido nos cactos.
Manuel Canto, de Wittmnn (no Arizona), andava a fazer tiro ao alvo, quando a sua viatura começou a entrerrar-se na areia, sob uma temperatura superior a 40 graus centígrados.
Para além de se ter alimentado do suco dos cactos, abrigou-se do sol debaixo de pequenos arbustos que crescem nesta zona, situada a noroeste de Phoenix, o que lhe permitiu sobreviver.
Graças ao rádio CB instalado na sua viatura, Manuel Canto conseguiu finalmente emitir os seus pedidos de socorro, recebidos por um rádio amador da região que alertou as autoridades.
Quando a ajuda chegou, Manuel Canto estava tão desesperado que tinha atirado, em vão, vários tiros no reservatório da sua viatura para que ela explodisse e assim pudesse ser localizado.
(In «A Capital», 7/Agosto/1990)
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LUA CHEIA ESTIMULA ACTIVIDADE DAS PLANTAS

Os cientistas soviéticos Igor Zelepukhine e Iuri Korneev, do Centro de Investigação de Cultras Frutícolas e Vitícolas do Casaquistão, descobriram que a estimulação de crescimento das plantas produz mais efeitos quando efectuado tendo em consideração a posição da lua.
Até há algum tempo pensava-se que só o Sol exercia um efeito determinante sobre a vida na Terra. A actividade biológica dos animais e das plantas obedece ao ciclo de 24 horas da rotação da Terra à volta do seu eixo. E ao longo do ano, também os ciclos sazonais são função do movimento da Terra em relação ao sol.
São partículas elementares que nos são enviadas pelo Sol que exercem uma influência considerável nos processos biológicos. Alexandre Tchijevsky que, nos anos vinte, formulou as primeiras ideias a este respeito, provou, por exemplo, que os «picos» das curvas da mortalidade ao longo dos séculos coincidiam com os pontos culminantes da actividade solar o espectro invisível, observados todos os 11/12 anos. O mesmo período caracteriza também a proliferação de certos insectos.
Mas a lua também exerce os seus efeitos sobre a terra. Ela provoca mudanças importantes nos campos de gravidade que explicam as marés; os ciclos lunares estão também ligados a mudanças de tensão atmosférica, às precipitações e às variações do campo magnético. Mas também sobre os seres vivos essa influência se faz sentir.
O Centro Federal Suíço de Investigações sobre a Quimização da Agricultura, que elaborou um programa de estudos para dez anos sobre as plantas, concluiu que os metabolismos vegetais estavam em consonância com o período de rotação à volta da terra. o máximo da sua intensidade corresponde à lua cheia. Também o cientista americano Panzer descobriu que durante a lua cheia as plantas absorvem mais água. Daí que no Canadá a madeira seja cortada na lua nova, que é quando se encontra mais seca.
Esta experiência foi referida e confirmada pelos dois cientistas soviéticos que sabendo ser a quantidade de água nas plantas um índice de actividade celular e do conjunto dos processos biológicos propuseram-se transferir a questão para o plano prático.

ESTIMULADORES BIOLÓGICOS

Actualmente, afirma Zelepukhine, a intensificação da produção agrícola passa pela utilização de estimuladores biológicos, com recurso a componentes químicos e a tratamentos físicos e fisiológicos das sementes. É o que acontece com o trigo tratado com «laser» pelo grupo Biofizika do Professor Victor Inuchine, que já semeou centenas de milhares de hectares, obtendo melhores colheitas.
A ideia dos dois cientistas soviéticos foi aproveitar a intensificação da actividade biológica provocada pela lua na aplicação das acções de estimulação fisiológica. Para verificar se isso era possível resolveram utilizar um pomar de macieiras.
Certas variedades desta planta crescem lentamente e frutificam bastante tarde. Utilizaram com estimuladores água desgaseificada ou magnetizada. Seis experiências, correspondentes a diferentes posições da lua, foram repetidas oito vezes, durante três anos. Constatou-se um crescimento mais rápido das macieiras estimuladas durante as fases da lua cheia.
O crescimento médio de todos os ramos de uma planta estimulada durante três anos foi de 66, 1 metros, enquanto as plantas não estimuladas atingiram 48, 3 metros. A diferença não é menor no número de ramos frutíferos: 202 contra 121.
Além do mais as plantas estimuladas apresentavam um sumo celular mais concentrado e um metabolismo gasoso mais intenso.
As experiências de Zelepukhine e Korneev sugerem uma conclusão de ordem geral: quando se procede a uma experiência biológica há que ter em conta a posição da lua.
(In «A Capital», 27/Agosto/1984 )
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«A VIDA SECRETA DAS PLANTAS»: O LIVRO DE TOMPKINS POSTO À PROVA

30/12/1974 - Dois cientistas da Universidade de Munique iniciaram , com grande cepticismo, uma série de experiências destinadas a comprovar - de forma mensurável - se as plantas estão em condições de se alegrar ou assustar em presença de pessoas de contacto. As reacções das plantas foram captadas através de um electroencefalograma, destinado, em geral, à medição da corrente cerebral. O iniciador da experiência foi o terceiro programa da cadeia de televisão da Baviera, através da redacção da série «A Autenticidade do Livro».
O físico Hans Piper, sua esposa e o dr. Josep Schonberger, biologista e psicólogo, dedicaram-se à observação cuidadosa da vida interior de cinco filodendros, seleccionados especialmente para o efeito. Durante toda a semana a srª Piper cuidou das plantas com um carinho muito especial. Chegou então a altura de iniciar as observações no electroencefalograma. E, por incrível que pareça, os dados registados demonstraram que as plantas dormiam durante a noite, se excitavam na presença de muita gente, «palpitando» ainda mais quando a srª Piper se aproximava delas.
O electroencefalograma registou, porém, as curvas de maior excitação nos momentos em que se fazia a ameaça de cortar uma folha. os cientistas começaram a ficar desconfiados com a capacidade telepática das plantas e repetiram, por isso, a experiência, alterando as condições exteriores. No final, porém, viram-se obrigados a reconhecer a autenticidade das observações e das medições recolhidas.
O livro cuja autenticidade se pretendeu confirmar é o original americano «A Vida Secreta das Plantas»; os autores, Peter Tompkins e Christopher, referem experiências semelhantes na sua obra. Neste sector, situado à margem da investigação moderna, inserem-se as experiências de cientistas indianos que pretendem comprovar que a música influencia favoravelmente o crescimento das plantas. Todos estes fenómenos pertencem ainda ao domínio dos mistérios da criação ainda por esclarecer.
Josef Schonberger e Hans Piper não aceitam todas as teorias do livro americano. A referência à vida interior ou a emoções experimentadas pelos filodendros são totalmente de excluir, em sua opinião, dada a falta de um sistema nervoso nas plantas. Não obstante, o tom final do parecer dos cientistas foi conciliador, com recurso a uma citação de Santo Agostinho: «O milagre não é contrário à natureza, mas sim apenas àquilo que dela conhecemos...»
Josef Gruber
30/Dezembro/1974
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AS ÁRVORES COMUNICAM ENTRE SI

7/6/1983 - Investigadores americanos descobriram indícios que levam a pensar que as árvores falam, ou mais exactamente, comunicam entre si, revelou a Fundação Nacional de Ciências (National Science Foundation, NSF).
A NSF indica que, segundo os professores Gordon Orians e David Rhoades, ambos da Universidade do Estado de Washington, as árvores atacadas por insectos enviam «mensagens» de alarme àquelas que ainda não foram atingidas para as prevenir.
Estas «mensagens» , nota a NSF, consistem em emissões de feromonas, substâncias emitidas pelos animais em geral e que agem nos indivíduos da mesma espécie.
Os professores Orians e Rhoades fizeram incidir as suas pesquisas em certas espécies de salgueiros e verificaram que árvores atacadas por lagartas ou vermes «alertam» aquelas que as rodeiam emitindo feromonas. Após a recepção destas mensagens , as árvores intactas modificam a composição química das suas folhas de maneira a torná-las menos comestíveis.
(Dos jornais,7/Junho/1983)
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CARLOS DE INGLATERRA FALA COM AS PLANTAS

26/9/1986 - O príncipe Carlos de Inglaterra mostrou-se indiferente às críticas que lhe foram feitas depois de ter dito que conversava com as suas plantas e repetiu a afirmação .
Carlos foi interpelado por um vendedor de legumes ao chegar a um local de Londres onde tinha um compromisso. O homem tentou vender-lhe alguns legumes. «E os meus - garantiu - são bastante maiores, porque lhes dou instruções para o serem.»
Ao admitir que falava às suas plantas, num documentário televisivo transmitido domingo, o herdeiro do trono britânico levantou celeuma na imprensa.
Muitos jornais apressaram-se a recordar aos leitores que um antepassado de Carlos, Jorge III, era conhecido por falar frequentemente às árvores e morreu louco em 1820.
Outros recordaram que o interesse de Carlos por agricultura orgânica e pela dieta vegetariana é antigo.
Especialistas em horticultura, duvidando embora que as plantas respondam à voz humana, aceitam geralmente que falar com elas é sinal de amor e interesse.
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LIÇÃO DE 27/11/1998
MACRONEUROSES DE FUNDO E PROFILAXIA BIOENERGÉTICA

Paço de Arcos, 28/Novembro/1998 - Será mística uma concepção da psicologia que se baseie numa física e numa fisiologia das energias?
Aceitando o desafio da minha professora Judite Corte Real, vou tentar enunciar alguns itens que possam argumentar a favor da tese que defendo e que defendi no texto sobre a morte que elaborei como trabalho de casa.
Se mística é uma concepção de psicologia que postula um continuum energético entre céu e terra e que, portanto, ultrapassa natural e dialecticamente a célebre antinomia entre vida psíquica e vida somática, nesse caso talvez a visão noológica (bioenergética) que defendo, seja mística.
Sem me ofender nada a palavra mística, gostaria, por amor ao rigor, de propor a palavra mais adequada e justa , na perspectiva naturológica, e que é a palavra Noologia ou ciência do espírito. Ou Bioenergética.

POSTULADO INDISCUTÍVEL

Além do postulado já enunciado - o continuum energético - um outro, decorrente desse, se impõe para fundamentar (alicerçar) a psicologia em base física e não metafísica.
A esse outro postulado se deverá chamar a «composição trinitária do ser humano»: corpo, alma e espírito.
O facto de a psicologia experimental ter exilado a palavra «alma» e a palavra «espírito» dessa trilogia, deixando apenas a palavra «corpo» e metendo-se nele como num gueto, o facto de a ordem estabelecida ter expulsado alma e espírito das nobres universidades onde se ensina a nobre ciência materialista às novas gerações - para que prossigam a espiral de autodestruição das anteriores - , o facto de a lavagem ao cérebro continuar a ser a especialidade das especialidades científicas em vigor na sacrossanta instituição universitária, diz mais das limitações e automutilações da psicologia clássica do que da legitimidade ou ilegitimidade dessas palavras - corpo e espírito - e do que elas fìsicamente significam.

VER O INVISÍVEL

Tal como dizia o nosso professor de Epistemologia , Dr. José Alves Antunes de Sousa, «se alguma coisa deve animar o desígnio desta escola é despertar as pessoas para níveis invisíveis da realidade.»
Pelos vistos e dado que a psicologia trata exactamente desses «níveis invisíveis da realidade», estaria reservado, nesta Escola , um papel muito especial à Psicologia .
A valência que se lhe atribui, no entanto, em termos de carga horária, comparativamente às cadeiras que abordam o somático, ou seja, o visível (e o visível, hoje, vai até à neurose do microscópio electrónico, prevendo-se para breve um novo microscópio mais electrónico e potente), mostra apenas que o visível ainda vai ser a prioridade, nesta e em todas as escolas, durante muito tempo.
Para desgosto do nosso professor de Epistemologia e para meu desgosto também, ainda vamos gramar muitos anos com tudo do avesso: ou seja, o visível determinando o invisível, o que é pura e simplesmente uma aberração física e cosmobiológica, já que toda a gente devia saber que é o invisível que rege o visível e o contém, e não o contrário.
Se baseássemos o nosso psicodiagnóstico nesta realidade física inelutável, nesta ordem cósmica e universal - é o invisível que comanda o visível, ponto final, parágrafo - , certamente que a ciência psíquica e psiquiátrica não estaria tão cheia de iniquidades como está. Não estaria a precisar de hospitalização urgente como está.

O MODELO MICROSCÓPICO

Embora o professor José Alves tenha valorizado a valência invisível, a verdade é que todo o peso institucional, hic et nunca, vai para o visível e nomeadamente para o modelo microscópico, que se provou ser o mais rentável e lucrativo para o sistema que industrializou a doença.
Em termos muito simples, essa perversão da ordem natural e cósmica das coisas, significa apenas isto: o materialismo extreme e extremo a que chegou o ensino, a que chegou a sociedade, a que chegou a chamada «civilização» ocidental (que é a mais pura das barbáries), a que chegou a vida que nos é imposta como um fardo e não como uma libertação.

A REVOLUÇÃO TRANQUILA (JOSEPH LÉVY)

É talvez prematuro esperar que esta escola de Naturologia faça a revolução holística já. Mas as cadeiras de Psicologia, de Epistemologia, de História da Saúde e talvez de Botânica, têm, neste momento, a tremenda responsabilidade de preparar essa revolução holística no mais curto prazo de tempo. Se queremos ir ainda a tempo de ocupar o lugar a que temos direito, enquanto naturólogos, como «contemporâneos do futuro».
A tudo isto talvez se chame «mística». Mas nesse caso, o futuro será místico, a sociedade será mística, a física das energias será mística, a bioenergética será mística, a acupunctura (noologia yin-yang) será mística.
Tal como disse o escritor, filósofo e ministro da cultura André Malraux (por sinal marxista, por sinal materialista dialéctico) , o século XXI será religioso ou não será.

A NEUROSE DO RÓTULO

Por causa do «místico» e de outros rótulos interessantes, entramos, sem querer, num tópico muito interessante, abordado nesta aula e que foi particular e severamente assinalado pelo colega Hernâni Oliveira: o vício dos rótulos em psiquiatria. Vício a que eu, coerentemente, chamo «neurose do rótulo».
Todos estão de acordo em criticar esse vício, inclusive a nossa professora também o criticou. Todos pressentem e compreendem que a neurose do rótulo conduz em directo à segregação «racista» em sentido lato e que, por exemplo, o rótulo de sida, hoje em dia aplicado a torto e a direito, criou um novo gueto numa sociedade onde os guetos proliferam.
Isto para não falar desse outro rótulo ainda mais anedótico que é o de «pedófilo».
Não adianta vir a medicina e a psiquiatria com paninhos quentes e autodesculpas: medicina em geral e psiquiatria em particular são directamente culpadas desses guetos e de todas as segregações e perseguições que ocasionam.

EVITANDO A IDEOLOGIA

Evitando cair no registo moralista e, principalmente , no registo ideológico, a que o tema da rotulação se presta, podíamos acrescentar que a física das energias ( ou noologia) procura exactamente ultrapassar esses impasses da ciência médica em geral e da ciência psiquiátrica em particular:
o impasse moralista (dividir o mundo entre doentes e saudáveis, normais e anormais, bons e maus)
o impasse ideológico ( os rótulos conduzem a todos os racismos , segregações perseguições)
o impasse místico
o impasse psicologístico.
Tudo isto com um objectivo muito preciso: chegar à terapia naturológica eficaz, seja qual for o rótulo, seja qual for o sintoma, seja qual for a doença, seja qual for a neurose, seja qual for a psicose catalogada pelas ciências arregimentadas ao poder universitário, ele próprio um poder neurótico
O salto, em Naturologia, é urgente, perante as epidémicas neuroses de âmbito planetário.
O senso comum, muitas vezes, costuma desabafar: «Isto é um mundo de loucos». Verdade seja que o senso comum - palavra também exilada como a palavra alma - muitas vezes acerta. E desta vez acerta na muge.
A ciência noológica e a terapia naturológica apenas têm que fundamentar experimentalmente esse senso comum, o que alguns estão fazendo, em regime de outsiders...

AS MACRONEUROSES

Tentemos enunciar as grandes neuroses contemporâneas que compõem, aliás, o quadro de fundo ou ambiente exógeno que condiciona a chamada saúde mental ou desenvolvimento mental do indivíduo:
- Psicomanipulação mediática (neurose mediática)
- O papel das baixas frequências vibratórias na chamada «doença mental» (neurose do virtual ou neurose do Nintendo)
- O stress imposto por um «struggle for life» em escalada consumista permanente (neurose da ganância e da acumulação)
- A arrogância como estrutura básica da personalidade, conforme foi diagnosticado pelo grande pioneiro da gnose yin-yang Jorge Oshawa (neurose do ego & dos apegos)
- A alimentação como factor determinante do comportamento (Jean Marie Bourre, Michio Kushi, etc.) - neurose consumista do fast food, mais conhecida por neurose do Hamburger
- A relação entre o apego materialista do ego e a pulsão da célula cancerosa para a imortalidade material (neurose estrutural básica)

A estes macrofactores do macroambiente deverão juntar-se todos os que - a nível microambiental (exógeno e endógeno) - foram enunciados nesta aula, aproveitando para os indicar por ordem de importância, ou seja, dos que interferem mais drasticamente na prégravidez da mãe, na formação do feto e no período pós-natal.

- Radiações ionizantes no meio ambiente
Alimentação biologicamente pobre ou degenerada, energeticamente desequilibrada, carente em termos de quantidade (fome expressa) ou de qualidade (fome oculta ou fome na abundância)

- Adrenalina do stress materno que passa para o feto
- Hábitos alcoólicos dos pais
- Hábitos toxicodependentes dos pais
- Antecedentes patológicos dos pais

NEUROSE DA TALIDOMIDA

Aí está uma lista que provavelmente nunca ficará completa. Falta juntar aquela que talvez devesse figurar à cabeça de todas as causas patológicas, embora seja a mais escamoteada: - Medicamentos ingeridos pela mãe, antes, durante e depois da gravidez .
A Talidomida, tranquilizante dos anos 50, foi o único falado na aula, porque chegou a extremos de deformação inocultáveis. Muito mais perigosos para a futura saúde física e mental das futuras gerações, são os medicamentos que têm efeitos deformantes menos visíveis no corpo físico.
Neste campo e como se calcula, a hipocrisia médica é total: a maior parte das patologias causadas por radiações ionizantes e medicamentos químicos, entram no bode expiatório das doenças genéticas, hereditárias ou congénitas.
Estamos perante outra neurose da ciência médica - (a neurose de Pilatos) que arranjou um série de bodes expiatórios para ocultar os crimes da Iatrogénese médica.

PROFILAXIA DAS NEUROSES

Se, como foi frisado na aula, os níveis de desenvolvimento mental dependem do sistema nervoso, temos então que a profilaxia naturológica prioritária é o alimento - preventivo - da célula nervosa.
Se quiséssemos dar um exemplo muito simplório, poderíamos citar as contracções do parto (os homens, se quiserem ter um arremedo disso, podem observar as contracções a que a evacuação fecal os obriga...).
Os aportes de magnésio e potássio serão decisivos nesse momento das contracções. Mas logo que se fala de magnésio, a tendência da naturologia positivista (que também a há e bastante lampeira a fazer asneiras) é para aconselhar magnésio em frascos, potássio em frascos.
Erro crassíssimo.
É na alimentação, no seu contexto natural, que devem ser procurados esses dois minerais importantíssimos para a célula nervosa, para o tecido muscular e fibroso, para o parto e para as contracções do parto.
Simploriamente, o magnésio das tâmaras ou o potássio das bananas.
Por exemplo.
Mas a profilaxia natural da célula nervosa não é só para este caso concreto: deveria ser generalizada a todos os casos inventariados pela psiquiatria como:
doença mental
doença nervosa
doença psicosomática

Compulsando os muitos livros que fui comprar para a disciplina de Psicologia , é um quadro perfeitamente aterrador o das doenças mentais, em relação às quais a medicina alopática (a dos químicos) e a medicina naturopática (dos suplementos específicos) parecem continuar totalmente impotentes.
É tempo de fazer a «revolução tranquila» , em que fala Joseph Lévy , um dos modernos luminares da medicina ortomolecular.
No mínimo, há que tentar, neste curso, não perder o comboio das novas medicinas, já que as existentes têm provado que não funcionam. Que, de todo, não funcionam.
A esperança dos espiritualistas e místicos, hoje, é de que a abordagem se faça:
- pela lógica ortomolecular (o que é um pouco diferente da corrente médica norte-americana rotulada de medicina ortomolecular )
- pela lógica da imunização natural e do reforço dessa imunização
- pela lógica da profilaxia natural
- pela lógica do continuum energético ou física das energias
- pela lógica da gnose vibratória
- pela lógica das terapias alquímicas modernas ( macrobiótica, oligoterapia, medicina antroposófica, florais de Bach, cura iniciática).
Sem se preocuparem muito que os rotulem de místicos, os raros espiritualistas que ainda sobrevivem (e onde, com muita honra, me incluo) pretendem apenas que a famosa «vida psíquica», fenómeno caracterizadamente holístico e global, seja estudada exactamente com os instrumentos mais adequados à sua natureza:
- Abordagem global dos sistemas ( Louis Von Bertalanffy)
- Radiestesia holística (Gnose Vibratória)
- Kaballah moderna

Sabendo que o rótulo de místico se inclui na neurose moderna dos rótulos, um naturólogo deve manter-se sereno e continuar a cumprir estritamente a sua obrigação: observar as neuroses e os neuróticos à sua volta, responder se lhe pedem socorro, receitar se lhe pedem conselho e libertar definitivamente o ser humano das milenares escravidões, entre as quais a escravidão do rótulo (instrumento privilegiado de tortura da ciência ordinária) não é com certeza das menos tirânicas.

GNOSE YIN-YANG: IMUNE A RÓTULOS E NEUROSES

Ainda a propósito de rótulos, recomenda-se vivamente que seja elaborado um glossário - Da Psicologia à Noologia - onde as palavras surjam classificadas pelo seu índice noológico, que é também o seu índice de Neguentropia, ou seja, as que têm mais ou menos relevância para uma concepção naturológica, global, holística e profiláctica da saúde energética.
Porque é desta saúde energética que se fala sempre que se fala de «doença mental» e «doença psíquica» - esses, sim, rótulos místicos, obsoletos e completamente ultrapassados.
Ainda a propósito de rótulos, valia a pena indagar se a Noologia yin-yang estudada nesta escola - acupunctura, alimentação macrobiótica, reflexologia e diagnóstico visual - cai no mesmo vício e erro.
Talvez se concluísse que , à luz do yin yang, o binómio saúde/doença mental se relaciona directa e estreitamente com o padrão civilizacional a que orgulhosamente pertencemos.
Mas - agora me lembro - para os cientistas muito positivistas e senhores do seu (deles) nariz,) o yin-yang é... mais uma mística.
Para tranquilidade deles e nossa, é preciso dizer, sem nervosismos, que o sistema yin-yang não é mística nem metafísica, nem papa crinancinhas ao pequeno almoço, é apenas um dos sistemas energéticos (noológicos) mais antigos, perfeitos e poderosos da Terra.
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psi-7-da psicologia à naturologia conselho roteiro

SAÚDE MENTAL: AJUSTAMENTO OU DESAJUSTAMENTO?
CALOR MATERNO AFINAL É NECESSÁRIO AO FILHO!

18/12/1998 - A ciência em geral e a ciência psicológica em particular, leva algum tempo e oferece uma grande resistência a conhecer e reconhecer o óbvio.
Foi necessário que se cometessem barbaridades, foi necessário que a história da doença mental fosse uma sucessão de horrores, para que, por exemplo, após vários testes e experiências no terreno com gorilas e chimpanzés, a ciência psicológica começasse a «desconfiar» de que o calor do regaço materno é um alimento tão necessário à saúde física e mental da criança como o leite que a amamenta.
E que havia uma diferença abissal entre o leite transmitido de mãe para filho e os leites comerciais que a providencial indústria farmacêutica de leites condensados se tem encarregado de colocar no mercado dos consumos.
À mistura com uns boiões de comida sintética que, dado o seu alto teor em cloreto de sódio ( o tal sabor que leva a criança a papar!), torna os bebés uma pilha de nervos, com uma implosão yang nos seus débeis corpinhos.
Isto para não falar dos brometos dados à parturiente em maternidades e clínicas, e que se destina a secar o leite da mãe.
Esta alteração nos hábitos ancestrais de alimentação infantil poderá ser, obviamente, responsável por algumas das perturbações mais graves do desenvolvimento, por alterações profundas no comportamento e por algumas das mais graves doenças que hoje proliferam com carácter endémico/epidémico.
Mas a ciência que, regra geral, não compreende o que toda a gente vê e já compreendeu, precisa ainda de muitos testes, de muitas provas estatísticas, de muitos estudos epidemiológicos, de muitas investigações no terreno, para aceitar que haja uma relação directa entre ambiente (neste caso o amor materno) e o comportamento (neste caso a criança na idade de colo).
Ou entre os novos alimentos embalados e o «mau feitio» de que as novas gerações dão actualmente mostra...
A sociedade de consumo vem agravar estes qui pro quos ambientalistas, mas a verdade é que se trata de vícios estruturais de um sistema cultural de características acentuadamente esquizofrénicas, ou seja, ausente do real, ou seja, alienado.
Sistema cultural de que a «doenças mentais» são, obviamente, o puro e simples reflexo directo.
É afinal a mais linear das relações entre causa e efeito.

A LAPIDAR DEFINIÇÃO DE DENNIS STOTT

A melhor definição que me foi dado ouvir, até hoje, de «doença mental» vem de Dennis Stott, citado pela nossa professora Judite Corte Real, na aula de 18 de Dezembro de 1998.
Lapidar, Dennis Stott diz: «Mentalmente doente (ou desajustado?) é o indivíduo que age contra os seus próprios interesses.»
Eu permitir-me-ia apenas 2 observações a esta definição lapidar de Denis Stott que parece estar muito próxima do alvo:
a) Ao falar de ajustamento e desajustamento, deveremos entrar numa pormenorização mais subtil do problema, já que o ajustamento se entende, também e principalmente, em relação com o ambiente cultural e, portanto, em sintonia com todas as neuroses e psicoses desse ambiente cultural
b) A fronteira entre o que é e o que não é o interesse próprio de um indivíduo é muito ténue e, a maior parte das vezes, confundem-se.
O que se verifica hoje em dia, no campo dos novos hábitos (des)alimentares do jovem, é que o jovem está perfeitamente ajustado a esses novos hábitos alimentares - de que o hamburger é o símbolo supremo! - e goza, portanto, de perfeita saúde mental, na medida em que se envenena fisicamente.
A cena pode repetir-se com a Coca-Cola, outro símbolo da sociedade de consumo e com todos os restantes símbolos do «fast food» e etc.
À luz da definição de Stott, isto não é ir contra o interesse próprio. Antes pelo contrário: quando come hamburgers (carne picada com alguns ratos e ratazanas à mistura) ele está, evidentemente ajustadíssimo e portanto mentalmente sadio.
O mesmo se diga em relação à Coca-Cola que, conforme a publicidade televisiva não se cansa de repetir, dá mais vida, mais saúde, mais alegria e mais felicidade.

A LAVAGEM AOS CÉREBROS

E é aqui que reside a questão, se fizermos entrar no processo de autoapreço do indivíduo por si próprio aquilo que a sociedade de consumo - com todas as suas artimanhas de psicomanipulação, de envenenamento mediático, monolítico e sistemático dos espíritos, de corrupção dos caracteres, das personalidades e dos temperamentos - lhe indica como bom.
A situação mais perigosa, na perspectiva da saúde mental, não é a de desajustamento - a qual permitirá, no mínimo, uma atenção ao problema e a consciência de que há um problema - mas precisamente a de ajustamento total e completo ao sistema, às modas, truques e lavagens ao cérebro do sistema.
A situação gravíssima, à luz da ética, é quando, por influência do meio consumista, passa a haver um total ajustamento entre o comportamento individual e o meio.
O fenómeno da moda, nas idades jovens, citado pela nossa professora, é o factor «educativo» mais decisivo, muito superior ao que o jovem recebe dos pais ou dos professores.
Com a moda , o consumismo toma conta das consciências juvenis, diria mesmo que as «compra».
E tudo se passa no melhor dos mundos, desde que o jovem adopte os tiques, os cortes de cabelo, os brinquinhos na orelha, os sapatorros inacreditavelmente desconfortáveis, quiçá as tatuagens ( carimbo irreversível, onde pode estar uma das causas da célebre sida!), as noitadas na Avenida 24 de Julho e etc., englobando neste etc as drogas (mais) pesadas.
Há indústrias e industriais especializados nestas técnicas de ajustamento do jovem à sociedade que lhe é proposta. Até os meter nas discotecas, onde, então, em ambiente mais fechado, se passa à segunda fase da psicomanipulação, através do bombardeamento vibratório chamado «música» e que é apenas o ruído suficientemente ensurdecedor que afecta o labirinto, as meninges, os neurónios, o sistema endócrino e nervoso, enfim todo o sistema celular e molecular dos indivíduos. Todo o seu sentido de orientação. Ou seja, a consciência de si próprio e do que seriam os seus próprios interesses.
Isto é a alienação, a corrupção em massa da saúde mental do jovem, a que se acrescenta o trabalho suplementar das televisões, dos jogos nintendos (epileptogénicos), dos filmes sistematicamente manipulatórios e corruptores, etc.
E nem é preciso chegar ao requinte das «imagens subliminais» como o «Brave New World», do Aldous Huxley, já previa e que, actualmente, ninguém sabe se é ou não sitematicamente usado pelos meios de transmissão de imagem electrónica.
Naturalmente já passámos e ultrapassámos a sofisticação imaginada por Aldous Huxley e George Orwell - mas como estamos todos admiravelmente ajustados e, portanto, somos todos mentalmente saudáveis, já ninguém dá por isso.
Sobre esta situação de total e absoluta perfeição de total ajustamento, filosofou o norte-americano Herbert Marcuse, no seu livro «O Homem Unidimensional».
Recomendável para entender onde começa e acaba o ajustamento ou desajustamento na chamada saúde mental.

O CONTRIBUTO DE ROBERT S. MENDELSOHN

Sobre as barbaridades cometidas no dia a dia com as crianças, ou seja, as barbaridades domésticas, terá que se referir sempre, obrigatoriamente, o texto de Robert S. Mendelsohn, professor na Escola Médica Abrahm Lincoln (Illinois) e presidente do Medical Licensure Committee (Illinois).
Numa crítica radical e frontal à moderna ciência médica, Mendelsohn atribui o nascimento da Pediatria a todas as malfeitorias e conivências do establishment. É um texto modelar, ao qual podemos ter acesso em língua portuguesa, já que figura como prefácio do livro de Michio Kushi, «Cura Natural pela Macrobiótica», editado por Jacinto Rosa Vieira, em 1978.
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PSI-8

TEMAS PARA O PONTO DE PSICOLOGIA

- O naturólogo na clínica e na comunidade
- Comunicação com o utente
1. Características da relação terapêutica de ajuda
2. Comportamentos apropriados versus inapropriados
3. Implementação de estratégias de mudança
4. Interacção Naturólogo-Utente em situação de:
a) Stress, ansiedade e medo: stress no paciente e o técnico de saúde, redução da ansiedade e medo
b) Dor - Controlo da dor

Tipos de paciente:
- adaptação e mudança no ciclo da vida (aspectos específicos da relação técnico de saúde com a criança muito jovem até à adolescência
- o adulto (pacientes hostis, ansiosos, deprimidos, hipocondríacos)

Prevenção e educação para a saúde :
- aprendizagem e motivação
- mudança e influência pessoal
- personalidade
- patologia
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NOTÍCIAS DA FRENTE - 1982

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ECOLOGIA:RELIGIÃO DO SÉCULO XXI (*)

(*) Este artigo de Clara Pinto Correia foi publicado no semanário «O Jornal» (Lisboa),19-11-1982

«Pára, Terra, que eu me quero apear!» - gritam, escrevem, entre a denúncia e a súplica: um alerta nas paredes ou um protesto nas manifestações. São os mentores da alternativa, os que professam já hoje, e com carácter de urgência, o que os perscrutadores do futuro consideram que será a grande e verdadeira religião do próximo século: quando for maior a esperança de vida média individual mas cada vez mais iminente a explosão das disputas catastróficas que em minutos deixarão o planeta deserto e árido para sempre, quando as brechas já hoje tão visíveis nos processos mentais, sociais e políticos, que ainda nos regem tiverem crescido de forma a desmoronar todo o edifício e do desencanto generalizado que já se faz sentir tiver nascido uma nova militância - então terá soado a hora da Ecologia antes de todos os outros valores.
«Cremos continuar vivos!» - e o brado mobiliza a Europa, depois os States de Reagan. Em Stuttgard nascem «Die Gruenen», primeira onda da «maré verde» que desagua em breve, por todos os países vizinhos em crise de crescimento e de confiança, em tempo de busca de alternativas.
Há já muitos anos que René Dumont criara escola ao levantar pela primeira vez o véu do vandalismo bárbaro por trás da exportação descoordenada e egoísta de tecnologia despropositada para os países subdesenvolvidos, a abastança dos EUA a obrigar à pilhagem da América Latina. Os Verdes dirão logo de início: «os nossos esforços de paz são também para o Terceiro Mundo.
O poder político não sabe que fazer com eles. Os conservadores chamam-lhes idiotas ao serviço de Moscovo. A resposta é firme - se não nos levarem a sério tornaremos este país ingovernável.. A luta contra a construção de uma nova pista no enorme aeroporto de Frankfurt, facilitando sobretudo as operações militares e destruindo o último reduto de floresta que tornava ainda minimamente humana a vida entre pólos industriais maciços, com as suas cabanas levantadas entre as árvores para sediar os defensores da mata, a longa resistência que fundiu tendências e escalões etários, foi uma batalha perdida mas também o firmar de uma implantação impossível de ignorar: um saldo, em fins de 1982, de seis parlamentos regionais na RFA com representantes ecologistas (rotativamente substituídos para que nenhum tome o gosto pelo poder), a situação de terceira força política. Schmidt corrigiu sensivelmente o seu discurso em relação àqueles que começara por atacar frontalmente. Willy Brandt namorou-os, num tipo de jogada que se tornou cortante.
A eles se juntam religiosos e juventudes dos partidos tradicionais para desfilar nas ruas de capital em capital, atacando cimeiras dos grandes ou encontros da NATO.
«É necessário dar à vida o que se gasta com a morte»: de Nova Iorque com Jill Claibourg a Estocolmo com Liv Ullman, em Paris para condenar a política dos EUA, da URSS, da França, da China e da Grã-Bretanha, como em Varsóvia para apoiar um «Solidariedade» nascente. Quando os norte-americanos, bombardeados sistematicamente com a publicidade à ideia de que uma guerra nuclear é perfeitamente limitável e humanamente viável, lembram que está já armazenado no mundo inteiro um poder explosivo um milhão de vezes superior ao da bomba de Hiroshima, e formam o seu primeiro movimento antinuclear, contam logo à partida com vinte milhões de aderentes.
E quando o movimento Green Peace, sediado no Reino Unido para rapidamente se ramificar, abre as grandes campanhas em defesa das baleias, e lança o seu navio «Sirius» em cruzada contra os cargueiros vindos de cinturas industriais cinzentas despejar no Atlântico o lixo radioactivo das centrais do mundo desenvolvido, a imprensa internacional de grande tiragem dá-lhe já as suas primeiras páginas.

MOVIMENTAÇÕES PORTUGUESAS

Em Portugal foram acordando os primeiros alarmes. Festivais ecológicos nas Caldas da Rainha ou no Parque Eduardo VII para sacudir o torpor e remover aos poucos a surpresa. Os primeiros sóis vermelhos a rir nas lapelas em fundo amarelo.
A aparência das pretensões do PPM, que tentou para a direita um espaço noutros países, sateliza situado à esquerda, não resistiu às provas.
Em Ferrel projectou-se a instalação de uma central nuclear: Fausto gravou «Rosalina, se tu fores à praia», carregaram-se as mochilas de Ervidel a A-dos-Cunhados, o acampamento foi a nossa primeira e ainda incipiente aprendizagem (olhos redondos de espanto ou brilhantes de troça para os espanhóis que armaram as bancas mal chegaram, os alemães que cortaram a instalação sonora para não ouvirem música do imperialismo) da condução destas novas lutas.
Foi há muito, muito tempo, quando despertávamos para estes caminhos. A central não se fez em Ferrel. Hoje é em Sayago que se concentra a energia dos grupos ecológicos do Norte, enquanto os espanhóis se juntam repetidamente em Cáceres para protestar contra a reabertura de Almaraz, também à beira do Tejo, já por duas vezes encerrada por motivos de segurança.
Em Viana do Castelo, a oposição foi firme: não haverá central térmica. Em Coruche e Salvaterra são as Câmaras que fazem soar o alarme e impedem a implantação do maior complexo de produção de pasta de papel do País, em concelhos que sofrem já a conquista crescente do eucalipto.
Em Sines, o mar banha agora as obras de um complexo ambiciosa acompanhado desde a nascença pelos laivos incómodos do projecto malogrado, que ninguém ainda explicou com clareza a que é que se destina exactamente. O peixe sabe a petróleo. Numa greve que tem a adesão de 90 por cento dos interessados, os pescadores bloqueiam o porto industrial durante catorze horas: conseguem da Petroquímica e do gabinete da Área de Sines um acordo escrito com vista a minimizar os efeitos da poluição nas águas. Nos liceus, este é o novo móbil dos movimentos associativos. Organiza-se o dia do Tejo.
Em Dezembro, são 1500 a integrar a Marcha da Juventude pela Paz: «AEIOU, metam as bombas no cu.»
Muito lentamente, vai-se tornando colectiva esta nova consciência. Então, no fim do Verão, a notícia chega - inesperada: Portugal tem agora um Partido Verde. Movimento Ecológico Português, em ante-título.

A MENTIRA DO LINCE E O MISTÉRIO DOS «VERDES»

O tema do «Partido Melancia», verde por fora, vermelho por dentro, foi já largamente glosado. Para as verdadeiras intenções deste grupo de desconhecidos nos meios ligados a estas áreas, de contacto difícil e declarações escassas, que «O Jornal» tentou sem êxito entrevistar, foram já adiantadas hipóteses de ordem diversa.
Rui Nunes Castelhano, um dos porta-vezes do PV, disse já em entrevista que «é falso que sejamos da APU». Mas os grupos ecologistas insistem no seu ataque. Acusam um programa ambíguo e muitas vezes pouco compreensível, expresso numa terminologia estranhamente híbrida - e, antes de mais nada, criticam a frouxidão do ataque ao nuclear. Estão contra o Partido «Os Verdes» como estiveram contra a «Marcha da Paz» de Janeiro, contra a falta de clareza destes propósitos como contra a subtil mas significativa alteração que os manifestantes de Janeiro introduziram no dístico do sol risonho, de «energia nuclear, não obrigado» para «armas nucleares, não obrigado».
O Grupo Ecológico de Lagos considerou-o «uma aberração», já que «a humanização do nosso planeta não passa pela formação de partidos». O Grupo Ecológico de Portimão juntou-se à condenação, considerando que «nisto da Ecologia é como em relação a tudo o resto: há quem cá de alma e coração para servir a causa da conservação e protecção da Natureza, mas também começa a haver quem cá ande por questões de oportunidade, para se servir dessa mesma causa».
O protesto, pelo menos a desconfiança, varreu o país de Sul a Norte.
Muitos dos que já há anos militam nesta área são unânimes a considerar que chegou o momento de finalmente se criar um verdadeiro Partido Ecológico.
«Andamos há anos a discutir se devemos formar um partido ou não, e acabávamos sempre a achar que não era o caminho certo. Mas agora, para desmascarar este, para que ninguém se deixe iludir e possa ter alternativas, talvez seja a única solução. Porque não há qualquer dúvida: aquele PV é uma mentira!»
Outros hesitam em empregar um termo tão frontal, mas revelam, pelo menos, a existência de mentiras parcelares. A direcção da Liga para a Protecção da Natureza, por exemplo, ainda não se recompôs do espanto de ver aparecer, na lista dos apoiantes do Partido Verde, a «Campanha Salvemos o Lince e a Serra da Malcata»...
«Lançámos a campanha em 1979, e tivemos depois o apoio do Serviço Nacional de Parques Reservas e Património Paisagístico, dos então Serviços Florestais, e, mais tarde, do Núcleo de Estudos e Protecção da Vida Selvagem, no Porto. Mesmo que alguém de alguns destes organismos tivesse, a título particular, apoiado o Partido Verde, era absolutamente abusivo usar o nome da campanha. E é, além disso, absolutamente ridículo, porque a campanha foi oficialmente encerrada há já mais de um ano, quando se entregaram as assinaturas na Presidência da República!»

ECOLOGIA E ECOLOGISMO

A Liga para a Protecção da Natureza tem várias décadas de antiguidade. Fundaram-na os nomes conceituados das Ciências Naturais, para espaço de informação e discussão. Continuaram-na contingentes sucessivos de estudantes e investigadores, até ao grande «boom» de expansão nas escolas nos últimos anos. A educação é, de resto, neste momento, uma das actividades primordiais da LPN, que edita textos, promove programas de esclarecimento sobre os problemas relacionados com a Conservação da Natureza, organiza visitas, passeios e conferências. Entretanto, edita a revista Bios, para os sócios, e o Boletim, que só publica trabalhos originais; representa em Portugal a União Internacional da Conservação da Natureza, do Conselho da Europa; e deverá passar a representar também o World Wildlife Fund - o panda dentro do círculo de fundo verde em emblema da organização sediada na Suíça e largamente implantada pelo mundo para estudar, proteger e sensibilizar a opinião pública para o problema das espécies ameaçadas de extinção.
Uma actividade estritamente dentro do âmbito do rigor científico: «é preciso deixar
bem clara a distinção entre a ecologia, de que nos ocupamos, e o ecologismo.»
Para a ecologia, desde a antiga definição de «estudo das interacções entre os organismos vivos e o seu meio, há o estatuto estabelecido de disciplina científica, leccionável nas escolas sob várias subdivisões específicas, objecto de teses de licenciatura ou doutoramento, computadorizável, traduzível em gráficos e modelos matemáticos. Do ecologismo serão então os tantos e tantos pequenos grupos em efervescência pelo país: do caloroso, do emocional, do intrinsecamente ligado à aspiração de um modelo novo de vida.

VIDAS EFÉMERAS

Um levantamento recente da Comissão Nacional do Ambiente indicava a existência de cerca de 75 destes grupos, do comité de luta contra a poluição de uma ribeira local aos redactores de um jornal regional todo feito sob a perspectiva ecológica.
Os nomes recentemente alinhados em duas longas listas pela revista Naturalia, da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, apontavam para números muito semelhantes: excluindo os organismos estatais que têm a seu cargo questões dentro desta área, dos Serviços de Caça ao Centro de Estudos de Migrações e Protecção de Aves, são cada vez mais numerosas as organizações que particularmente se tentam delinear em prol do sol que ri.
No entanto, a maioria destes grupos tem uma vida efémera: muitos não dispõem de qualquer estrutura organizativa, numerosos são os que se fragmentam cedo e entram em subdivisões até à exaustão.
E são um largo mundo em que muitas correntes cabem. Os radicais praticarão alimentação macrobiótica, recusarão a medicina tradicional, investirão na agricultura biológica. Lêem os livros que detalhadamente explicam as vantagens do semicúpio, as técnicas da acupunctura, os segredos da divisão do corpo em meridianos. Sabem massajar o dedo grande do pé para curar dores no pâncreas, experimentaram os benefícios da argila, assumem sem pestanejar que muito contribuem para o equilíbrio do corpo as caminhadas sem roupa sobre a relva aos primeiros alvores da manhã depois das chuvas.
Os místicos entroncarão na ecologia primordialmente pelas sinuosas vias do interior, a meditação sob filosofias diversas. Outros virão reivindicar-lhe o macio prazer do `haxe' antes de mais nada. Ao som de Milton Nascimento, por exemplo.
Depois, as ligações são rápidas. O restaurante macrobiótico da Unimave servirá de sede durante todo o processo de arranque à Associação Livre dos Objectores e Objectoras de Consciência. O Comité Antinuclear de Lisboa, depois os Amigos da Terra, funcionarão inicialmente nas instalações do restaurante macrobiótico Espiral. Os dois primeiros números da revista «O Ecologista», com colaboradores diversos, iniciativa do CAL e da Sociedade Portuguesa de Naturologia, dedicar-se-ão ao alerta contra as centrais nucleares e o desaparecimento das baleias, ao mesmo tempo que, entre uma citação de Fernando Pessoa («pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares. Parecem ter medo da polícia») e o «Gemido da árvore», de Gomes Leal, referem a criação da ALOOC, focam o esperanto em artigo de uma página e noticiam o início de um curso rápido, e anunciam a morte do italiano Lanza del Vasto, criador da Ordem da Arca para uma tentativa comunitária de vida na não-violência.


DEPOIS DE THREE MILE ISLAND

João conhece de cor esta história imbrincada, que percorreu durante anos. E diz, antes de mais nada:
«O movimento ecológico é espontâneo. Nasce apenas da necessidade que as pessoas têm de procurar um ambiente mais aceitável para viverem, e não pode ser organizado, de forma nenhuma.»
«De um modo geral, todos os grupos se formaram em torno de questões concretas» - depois do acidente de Three Mile Island, a partir de uma reunião organizada em Junho de 81 no Centro Nacional de Cultura por Afonso Cautela, o eterno paladino da causa, Fernando Pessoa, antigo director do Serviço Nacional de Parques e Reservas, e Delgado Domingos, professor do Instituto Superior Técnico, nasce o Comité Antinuclear de Lisboa.
«Eles tinham, sobretudo muita informação sobre a questão nuclear, acumulada pelo seu tipo de actividade, sobretudo o Afonso Cautela, que podia guardar os telexes que lhe chegavam das agências e não eram publicados. A primeira ideia era até constituir-se um Centro de Informação Alternativa, mas isso depois deu muitas voltas...» .
Os assistentes sentiram, sobretudo, a necessidade de acções imediatas.
«Naquela altura, o acidente nuclear era novo. Era a primeira vez que se ouvia falar nisso, se bem que, a seguir, os técnicos americanos tenham noticiado uma série de acidentes anteriores a Three Mile Island. Sentimos necessidade de criar um grupo que alertasse a opinião pública, que organizasse manifestações em 3 de Junho, o Dia Antinuclear, por exemplo.»
Seguiram-se as reuniões, «e começaram a aparecer pessoas para trabalhar connosco, sobretudo miúdos, cheios de entusiasmo.» Foram com máscaras de oxigénio para a porta do cinema que estreava «O Síndroma da China» distribuir panfletos. Organizaram o Festival da Primavera no Parque Eduardo VII para 4 mil pessoas, aonde os UHF actuaram pela primeira vez ao ar livre».
Inicialmente, sob o tecto do «Espiral», mais tarde numa sala das instalações da Base-FUT, apostada desde o início em abrir o seu espaço a grupos e projectos desabrigados, por onde passam de «turistas de esquerda» de pé mais que descalço a apoiantes holandesas do Sindicato do Serviço Doméstico - e onde os Amigos da Terra permanecem activos..
«Na altura, éramos cerca de vinte. Ligámo-nos ao `Green Peace', até vieram cá uns gajos, porque também pegámos na questão das baleias. Queríamos fazer uma manifestação com uma baleia gigantesca, mas não tínhamos sítio onde houvesse espaço para a montar...»
No intervalo das aulas ou no sábado à tarde, «íamos para lá fazer cartazes e discutir coisas»: o CAL «não era um grupo na verdadeira acepção da palavra, fazíamos questão em não ter organização, só tínhamos actividades coordenadas quando apareciam questões pontuais».
Porque «um gajo dizer o que é que devemos fazer é muito contrário aos nossos ideais».
Dos que procuravam uma actividade mais organizada, travando conhecimento ao longo dos complicados processos de reuniões e policopiadores para constituição dos centros de documentação («são uma espécie de segredo de Estado dos grupos - cada um procura ter o seu mais completo, com coisas mais raras»), acabariam por nascer os Amigos da Terra, uma organização legalizada, com estatutos aprovados e actividade editorial com a regularidade possível. João também os integrou. «Tirando mesmo ao princípio, não houve rivalidade. O CAL ainda funcionou com material deles. Nem sequer tínhamos dinheiro para nos legalizarmos...»

O ÚLTIMO TERRENO VAGO

A ecologia, dizem os seus militantes, «é o último terreno vago». Na ressaca das grandes euforias multipartidárias do pós 25 de Abril, quando marxistas leninistas e revisionistas, maoistas e esquerdas socialistas, acordaram com o desencanto a fazer pesar mais o cansaço - aqui estava a nova alternativa, ainda toda por explorar.
«Eu, por exemplo, estava na FEC(m-l) e já me interessava pelo problema da extinção das espécies. Era como se levasse uma verdadeira vida dupla!»
O Movimento Ecológico Português, de Afonso Cautela («ele sempre defendeu isso de os ecologistas formarem um partido») podia então ter sido o grande canalizador de energias órfãs, «mas ele extinguiu-o muito cedo, porque ninguém pagava as quotas».
Pedro fez o mesmo percurso que João: já na UJCR, depois da UDP, escrevia sobre energias alternativas. «A primeira vez que vi escrito numa parede `nem comunismo nem capitalismo', fiquei muito espantado. Demorei tempo a perceber que o ecologismo contraria tanto um sistema como outro. Tudo o que seja limitar zonas para desenvolvimento industrial e zonas para reservas naturais é ridículo. Não é isso que nós queremos. Queremos um equilíbrio global, uma nova forma de vida. Durante muito tempo, pensei que, de qualquer forma, era preciso resolver primeiro os problemas materiais do povo. Depois achei que também não era a UJCR que os ia resolver... »
A última referência de Pedro, João, e os outros que os ouviam, vai inevitavelmente para o Partido Verde: lembram que o ecologismo é o espírito crítico, a espontaneidade e a alegria - e onde estão eles nestes ambíguos desconhecidos? Rejeitam-nos como, em tempos, rejeitaram o «namoro» que lhes fez o PPM. E continuam a escrever na contracapa dos seus boletins policopiados - «Vem, vamos embora, que esperar não é saber...»
***

INÉDITOS AC - 1983

paz-1-os dossiês do silêncio–movimentos sociais e máquinas partidárias–inédito ac de 1983–ligar ao caderno «o lobo vestido de avózinha»

OS ADEPTOS DAS BOAS CAUSAS

19/11/1983 -

«Esta divisão do Mundo em Bons e Maus, parece-me demasiado simples e simplória para ser verdade»

Ora pró ora anti, ora a favor ora contra, não faltam beneméritas cruzadas na sociedade industrial onde exactamente os direitos mais elementares do Homem e da Natureza são constantemente violentados.
Ninguém de bom coração - que afinal somos todos, no remanso doméstico, no calorzinho do nosso borralho íntimo - contestará a licitude e a legitimidade indiscutíveis de coisas tão belas, tão boas, tão justas como defender a paz e atacar a guerra, proteger a Natureza e abominar a Poluição.
Não faltam as chamadas causas nobres, logo puxadas a si pelas máquinas partidárias, sempre prontas a tirar delas dividendos: a Paz e a Natureza são hoje das mais propaladas, mas não menos dignas de amores e favores são, outrossim, a Criança, a Juventude, a Música, o Património Cultural, as Energias solares, o Artesanato, etc
Exércitos de salvação, por seu turno, extremamente bem intencionados, andam por este tempo e mundo de lança na mão, investindo contra os maus da Fita: a Fome, a Poluição, o Tabagismo, a Droga, a Prostituição, o Cancro, a Infidelidade Conjugal, os Lixos nauseabundos, etc .
Esta divisão do Mundo em Bons e Maus, parece-me demasiado simples e simplória para ser verdade.
Como demasiado simplório me parece que uma causa, só porque é justa, possa discricionariamente e demagogicamente ser instrumentalizada por qualquer, sem mãos nem moral para pegar nela.
Confundir-se a legitimidade de uma causa - em favor da Paz ou da Natureza - com aqueles interesses que, sendo exactamente os seus opostos, completamente a instrumentalizam e prostituem, esta e que é a questão,
Do maniqueísmo deles, blocos que dividiram o Mundo em Bons e Maus, não nos façam a nós, simples cidadãos, cúmplices. Assiste-nos um dos direitos fundamentais do Homem: o Não Alinhamento a nenhuma das superpotências nucleares.


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NOTÍCIAS DA FRENTE- 3

18-11-1990-mep-ensaios-11376 caracteres

HISTÓRIA AC DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ECOALTERNATIVOS

CONTRIBUTO LATERAL [LITERAL] A UM MOVIMENTO ECOALTERNATIVO

ECO-PERESTROIKA

18/11/1990 - É agora claro, às 10.30 do dia 18 de Novembro de 1990, uma magnífica primavera de S. Martinho, de que os textos sobre recursos, mesmo longos, inéditos ou já publicados, constituem todo o «background» em que poderei trabalhar o grande livro de fundo sobre a aventura de ideias que foi o ecorealismo e o movimento ecologista em Portugal.
O mais que eu posso fazer é apresentar o «meu contributo à definição ideológico dos movimentos sociais ecoalternativos», com os quais, desde já se diga, nada têm a ver os «Verdes» que depois iriam aparecer como sucursais estratégicas de partidos pré-existentes.
Os principais ensaios [de grande porte e número de páginas] (que também por essa razão terão ficado inéditos ou praticamente inéditos em pequenas tiragens multicopiadas) ficam a partir de hoje arrumados cronologicamente, entre 1970 e 1990.
São vinte anos que eu nem dei que fossem tantos.
Afinal, é uma monomania minha demasiado velha e devo livrar-me dela, quanto antes. É uma boa desculpa para tentar publicar o livro. Vinte anos é uma boa idade para pôr esse espólio de letras e papel a mexer, a voar.
Esta arrumação dos ensaios sobre «recursos vivos e naturais» ajuda também a demarcar a outra grande área unificada que é a Ecologia Humana e que apesar de tudo me interessa pessoalmente muito mais: mas essa - pergunto - deverá ser matéria de outro ou do mesmo livro?

1973: UM CONCENTRADO DE INTUIÇÕES DECISIVAS

Com os textos - inéditos e publicados - ordenados agora [a partir de 18/11/1990] por ordem cronológica, posso fazer constatações extremamente interessantes: em 1973, por exemplo, já se encontram, numa espécie de concentrado ou compacto, todas as teses que viriam a ser explicitadas no grupo coordenador e na «Frente Ecológica», teses que procuravam definir um «enquadramento ideológico e político para a ecologia».
Trata-se, no meu livro, não tanto de fazer a história do movimento ecológico em Portugal, história demasiado folclórica para o meu gosto para me tentar, mas de apresentar, através de documentos , inéditos e publicados, o que foi a tentativa, a experiência e se quiserem a aventura de encontrar uma definição ideológica para o espaço ecologista.

SECA E FOME

Nesse conjunto de «ensaios longos» e/ou «grandes inéditos» - rótulos sob os quais durante muito tempo os arrumei - avultam os temas da fome e daquilo a que chamei «guerra climática», temas de fundo para qualquer ecologismo de recursos. Essa é, aliás, uma das pedras de toque para avaliar que pífaro nos cantam os alegados ecologistas: é que não há estratégia, filosofia, política ou ideologia com o prefixo«eco» que possa existir sem partir desta realidade crua e brutal: é dos recursos alimentares, passando pelos recursos climáticos e seu bombardeamento pelos blocos imperialistas - que obviamente manipulam os climas -, que se terá de partir para compreender alguma coisa da política internacional na perspectiva ecológica.
Dos muitos textos que escrevi sobre os sofismas da fome e os recursos alimentares do Planeta, destacam-se alguns temas dominantes que me obceca(va)m:
-Fome pré-fabricada e pré-planeada pelas multinacionais do agrobusiness
-Ciência diz amen e pouco mais faz
-Cientistas promovem a fome dizendo que a combatem(o célebre episódio do prémio nobel da leguminosa seca)
-Os insaciáveis cientistas ao serviço da sofística multinacional
Um dos interfaces curiosos para este tema - que numerei como tema nº 1 - , é as ligações do problema alimentar mundial com as teses da ecologia alimentar, perfeitamente coincidentes:num e noutro caso, é de bionergia que se trata e de poupar bionergia. Sempre o tema recorrente da energia está no centro da questão ecológica: quem (não) quer ver?

TEMAS SAZONAIS RECORRENTES E DIAS MUNDIAIS

Lancei neste dossiê para a história dos movimentos ecoalternativos o subdossier que organizara com textos à volta dos dias mundiais e outros temas sazonais. Vim depois a saber como os professores gostam de ter à mão material didáctico em função desses dias mundiais, que lhes dão bom pretexto de passar mais uma aula... Menos expressivos, para este efeito escolar, são, obviamente, os anos internacionais.
Exemplo de alguns dias mundiais sobre os quais mandei vir:
24/Janeiro - Dia Mundial da Lepra
15/Março - Dia Mundial do Consumidor
7/Abril - Dia Mundial da Saúde
5/Junho - Dia Mundial do Ambiente
4/Julho - Dia Mundial do Salvamento
16/Outubro - Dia Mundial da Alimentação
10/Dezembro - Dia Mundial dos Direitos Humanos
Dia Mundial da Floresta

Interditos e autocensurados

É provável que um provável livro sobra a «história de (algumas) ideias para o movimento ecologista» venha a ganhar com ensaios que ficaram inéditos, não só por serem longos, mas principalmente porque seriam impublicáveis e automaticamente autocensurados no clima totalitário que se viveu durante década e meia após o 25 de Abril de 1974.
Um ensaio intitulado «As cedências da Esquerda democrática à Esquerda totalitária», com a data de 2/10/1982, é bem o exemplo disso, tendo permanecido no congelador com os rótulos de «autocensurado», «não publicável» e «confidencial». Acho que poderá dar um pouco de sal e pimenta ao livro onde for incluído. Mas outros ensaios estiveram de quarentena, com o rótulo de «inéditos interditos» e «só publicáveis em livro (diário) ou mesmo só em romance de «politic fiction».
Desses «inéditos AC interditos à publicação», destaco o que se intitula «A Máquina Totalitária» e que se subordina ao seguinte sumário:
-O cancro totalitário
-O antisoarismo primário
-A capitulação da esquerda democrática
Na folha de frontespício desse pequeno dossier, escrevi:
«Só há uma maneira de vi a publicar estes textos completamente interditos e autocensurados: transformando-os em ficção científica em que as entidades reais tomem nomes de personagens fictícias.
«Poderei também transformar estas memórias em «contos do Avôzinho» à lareira para os queridos netos da geração do Apocalipse.
«Tudo menos publicar, como fez o Vergílio Ferreira no diário «Conta-Corrente».»

DATAS DE UMA ESCALADA

A propósito de escalada totalitária, anotei algumas datas particularmente significativas dessa escalada, como por exemplo:
1976
1/4/1976 - 13/5/1976 - Acordo americano-soviético s/ testes nucleares
1981
20/2/1981 - Movimento Não às Armas Nucleares - 1º Encontro exploratório
12/3/1981 - MNAN - Plenário
27/4/1981 - Seminário Setúbal - «Ecologia e Ambiente»
11/5/1981 - Colóquio no Barreiro, escola secundária Alfredo da Silva - «Tecnologia e Qualidade de Vida»
--/8/1981 - Revista «Poder Local» -s/ tema «Ecologia»
--/9/1981 - II Quinzena da Cultura e Paz (CPPC)
28/11/1981 - Marcha da Paz
12/12/1981 - Europa sem mísseis dos Urais ao Atlântico
28/12/1981 - Associação Portugal-URSS apoia Marcha da Paz 1982
1982
8/1/1982 - Copenhague - Conselho Mundial da Paz - 120 delegados
14/1/1982- «Amigos da terra» processam «Movimento Não às Armas Nucleares» por causa do emblema do «solar não obrigado»
16/1/1982 - Marcha da Paz
8/10/1982 - Grupo de intervenção ecológica de Lagos contra «Os Verdes»
1982 - Colóquio Faculdade de Ciências - «Biologia e Poluição» - Carlos Almaça, Fernando Catarino, António Manuel Baptista

TEMA SAZONAL DOS INCÊNDIOS

Tema sazonal mais autocensurado é, com certeza, o dos incêndios.
Há um dossier relativamente vasto, que intitulei «Com a Mão na Biomassa», abrangendo todo o «imbróglio celulósico-florestal», neologismo que evita ter que lhe chamar um nome mais forte.
Seria esse texto o meu contributo a um manifesto da biomassa, mas não estou a ver em Portugal nenhum grupo, partido, movimento, para arrostar a temática «celulósico-florestal» em jeito de manifesto. «Novela de ficção e vai com sorte...».
Durante anos esse dossiê foi «arquivado» com o rótulo de «impublicável», anotando-se que tinha «referências a acontecimentos mas desdatados.E acrescentava a nota escrita à mão no frontespício: « Suficientemente «sereno», porém, para dar um bom contributo ao «Livro Branco da Candidatura ecologista». Em verdade, trata-se de um texto indispensável para conseguir «ler os incêndios de Verão à verdadeira luz em que devem ser lidos»

DESABAFOS SOLTOS

De vez em quando surgem folhas com «desabafos soltos», escritos à guisa de reflexão final ou inicial, de síntese, mas que traduzem melhor do que os textos longos o estado de espírio e o clima que um escriba de temas ecologistas radicais tinha de arrostar. Exemplos de frases soltas: «Terá o povo português a esquerda que merece?
*
«Quando alguém sente que está a ser «utilizado» pelos outros, sente a maior das humilhações que um homem, um ser humano pode sentir. Sente-se instrumentalizado, sente que perde, de repente, a sua natural «dignidade de pessoa», e mesmo de animal, sendo reduzido a objecto.
É como se sente neste momento o movimento ecologista independente quando surge no mercado o partido «Os Verdes», criação de um partido pré-existente e pré-estabelecido e que, por sinal, incarna tudo quanto há de mais frontalmente contrário ao que o movimento ecologista universal preconiza e defende.

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Na URSS como nos países capitalistas, continua ou não por resolver o problema dos resíduos de plutónio das centrais nucleares?
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Porque não dedicar o livro «Eco-Perestroika» a Rudolf Bahro, símbolo da resistência ecologista a todos os totalitarismos de esquerda e, necessariamente, de direita?
Rudolf Bharo, nove anos nas masmorras hitlerianas e outros tantos nas da República Democrática Alemã, escreve um livro particularmente contraditório e contundente, que me foi particularmente recomendado por Ivan Illich, quando o entrevistei em Lisboa: «Por um Comunismo Democrático, A Alternativa; Contributo à Crítica do Socialismo realmente existente.»

DOCUMENTOS FE - 1983

documentos FE–1-3 páginas

O Poder à Pessoa Humana,A Pessoa Humana ao Poder

Reflexões não alinhadas para um realismo ecológico

18/11/1983

Quando o imperialismo cultural é cada vez mais veículo do imperialismo ideológico e este a ponta de lança do imperialismo económico,
Quando, sob a capa do internacionalismo tecnológico, o que se pretende é apagar dos povos a sua consciência de independência nacional,
Quando a tecnologia e a ciência, em vez da universalidade e do humanismo, o que impõe aos povos é um modelo standart de consumo pelo consumo, de desperdício pelo desperdício, de lixo pelo lixo,
Quando a sociedade unidimensional e burocrática é o modelo que se pretende impor para substituir a personalidade de cada povo e a rica morfologia sócio-geográfica das culturas originais e tradicionais,
Quando todo um aparelho repressivo de tirania e dominação cultural é comandado internamente por obedientes sucursais, por grupos elitistas, por minorias supostamente representativas da literatura, da arte, da ciência ou da "intelligentzia" em geral,
Quando a tecnologia artesanal se apresenta, regra geral, como lição ecológica a integrar num modelo de sabedoria económica de reaproveitamento e reciclagem,
Quando as novas tecnologias leves preconizadas pelos movimentos de emancipação ecológica têm tudo a aprender com as artes e técnicas populares, durante séculos aperfeiçoadas a afeiçoadas à dimensão humana,
Quando às energias hiperpoluentes, às tecnologias pesadas, à industrialização maciça, acelerada e concentracionária se procura responder com alternativas energéticas, tecnológicas e industriais que sirvam a dimensão social do trabalhador em vez de o alienar e colonizar ainda mais

O ecologista proclama a sua absoluta solidariedade com o criador da cultura - o povo;
reafirma que não há revolução cultural sem uma reaprendizagem das raízes e fontes originais da língua, da indústria, das tecnologias, das artes, das lendas, o das ciências populares;
sublinha não só a urgente necessidade de conhecer e reconhecer essa realidade imensa que nos precede e antecedo, não só a urgente necessidade de recolher o que resta da tradição popular mas a luta contra todas as formas de recuperação que a ordem tecnofascista faz e pretende continuar a fazer do património popular tradicional;
denuncia o comércio que tem sido feito, em mercados ditos do povo, com o trabalho dos artistas populares, que só são chamados a colaborar quando o turista, conspícuo e cúpido, espreita a peça artesanal com os seus dólares e a leva, por bom preço, para renegociar no seu país.
Perante a invasão do plástico, do produto "standart" e o objecto esteriotipado, perante a manufactura industrial, a uniformização e a despersonalização do trabalho, o Ecologista rejeita as acusações de reaccionário, retrógrado, saudosista ou passadista com que se pretende demover uma acção prospectiva desenvolvida a favor do passado vivo, da tradição viva, da cultura viva original que é fundamento, alento, reconforto e garante da própria revolução cultural e da própria independência nacional,

Lembra-se,a propósito, de que maneira a história e a tradição do Vietname contribui na resistência contra o imperialismo sangrento, para manter viva a coesão popular, a consciência nacional, a chama, a luta, a fé na vitória e na independência
Ao mesmo tempo que rejeita a acusação de reaccionário, retrógrado, retorno às cavernas e à Idade Média, o Ecologista denuncia a barbárie tecnocrática, o regresso efectivamente acelerado à mais sombria nova Idade Média, a violência e a crueldade da sociedade unidimensional do industrialismo e do superdesenvolvimento, ideologia com a qual se pretende arrancar as raízes profundas da realidade e da resistência popular a todos os imperialismos que disputam a hegemonia sobre os povos;

O Ecologista reafirma a possibilidade - através de uma brecha aberta na sociedade unidimensional, através da sociedade paralela e das alternativas ecológicas - de uma dialéctica entre cultura popular e cultura erudita;
O Ecologista reafirma a possibilidade de aplicar utensílios, técnicas, artes, objectos e fainas de criação popular em termos de emancipação económica do trabalhador, contestando o fatalismo que pretende identificar técnicas artesanais de trabalho com trabalho penoso e com exploração económica do trabalhador,
Nem sempre e nem só - reafirma o Ecologista - o trabalho penoso é o trabalho artesanal.
Aliciado com outras facilidades, com vida mais civilizada, com emprego mais certo, com conforto e consumos mais modernos, o trabalhador rural é aliciado para centros industriais, onde acaba por ser usado em trabalho igualmente penoso, com a agravante de ser um trabalho automatizado, despersonalizado, solitário, alienante, desenraizado de um contexto ou habitat social compensatório e até mais salubre.
Quanto aos "postos de trabalho" criados pela indústria - reafirma o Ecologista - "postos de trabalho" que a desordem capitalista nunca garantiu e jamais garantirá, a condição sine qua non do pleno emprego não é a industrialização mas uma planificação socio-eco1ógica da economia, que não se limite a multiplicar indústrias e a encaixar nelas a mão de obra que vai tirar à agricultura, mas a praticar uma estratégia de qualidade de vida, na manutenção e cuidado da qual se criam efectivamente novos e múltiplos empregos.
Atendendo à crise do capitalismo industrial, à recessão, ao desemprego e à inflação, não é o reforço de uma sociedade industrial em crise que irá garantir empregos e ocupar gente mas uma sociedade paralela que crie e multiplique novas necessidades na qualidade de vida e na luta contra a mecanização
A sociedade paralela proposta pelo ecologista é hoje a forma mais garantida de ocupar gente e multiplicar empregos Trata-se de repovoar o campo e tornar menos penoso o trabalho rural, em vez de continuar insistindo no afluxo aos centros industriais onde o desemprego cresce e o trabalho, afinal, nunca deixou de ser penoso e alienante,
Acima de tudo, o Ecologista desafia os técnicos da administração e da Economia, a aplicar o engenho técnico na descoberta de soluções para a síntese entre sabedoria ou cultura popular e as aquisições, porventura de alguma utilidade, trazidas pela tecnologia moderna.
Mas essa dialéctica pressupõe. que se destrua o poder tecnocrático, que é a ditadura monopolista da técnica moderna sobre todas as alternativas passadas, presentes e futuras que a esse monopólio se abrem
Não é uma sociedade ideal, asseptizada feliz, estável a sem contradições o que o Ecologista preconiza, ao preconizar uma sociedade paralela ;mas que nenhuma política (económica, agrícola, escolar, de saúde, energética, alimentar, de consumos,, etc, ) se pratique sem atender às necessidades ecológicas de base, aos princípios ecológicos que tudo condicionam
Não esquecer as últimas e decisivas forças das quais depende a sobrevivência humana - as forças e leis da Natureza - e não menosprezar uma sabedoria que ao longo dos séculos mais vivo contacto manteve com essas forças e leis - a cultura original dos povos - é o que o Ecologista preconiza quando empreende a defesa da cultura popular , aquela realidade que mais perto se encontra das raízes, das fontes e da força dessas forças.
***

CHAVE AC - 1

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CHAVE PARA PUBLICADOS NOS ANOS 60 E 70
MISCELÂNEA DE TEMAS E DATAS (SEM DATAS)

[18-11-2002]

QUADRO GERAL DE ARRUMAÇÕES

Sob a rubrica CPT ou sob outros cabeçalhos mais efémeros, os artigos de preocupações ecológicas publicados, encontram-se agora, desde Julho de 1993, arrumados em grandes áreas, que indico aqui para efeitos de eventual consulta:

- ALTERNATIVA HOLÍSTICA (AH)
- AUTO-ANTOLOGIA (AA)
- CASOS DE ECOLOGIA HUMANA EM PORTUGAL
- DISCURSOS
- ECOLOGIA ALIMENTAR (EA)
- ECOLOGIA HUMANA (EH) - DOENÇAS DO CONSUMO
- EM VIAS DE EXTINÇÃO (EVE) - OCEANOS, MARES, CIDADES, ALDEIAS, ETC
- ENTREVISTADOS
- INTUIÇÕES AC DE EH
- A POLÍTICA EM 3 ACTOS
- REGRESSOS
- TERROR QUOTIDIANO (TQ) - CIDADE E ARREDORES -
- TER RAZÃO ANTES DO TEMPO (TRAT)
+
DE 1975, TRANSCREVO DE UMA CARTA SOBRE O COLÓQUIO DE COIMBRA S/ ALCOOLISMO:

«È que nunca me podia sentir abalizado para falar de alcoolismo que não fosse deste lado da margem, muito da margem esquerda do sistema. Não consigo ver no alcoolismo mais do que um dos muitos sintomas de uma sociedade, de uma cultura doente. O alcoolismo, no meu ver de marginal, é ele próprio um efeito, uma sintonia: e confesso não conseguir vê-lo como causa de efeitos. Não é o alcoolismo que é doença - no meu ver - mas a sociedade doente é que produz alcoólicos como produz electrodomésticos e muitas outras maleitas. Só me restava, pois, assumir o papel de «advogado de defesa» do alcoólico contra o padrão cultural contra a sociedade que o produz. »

CHAVE PARA OS ANOS 60

Sobre o artigo «Subliteratura Crítica e Pedagogia», in «Diário Ilustrado» (suplemento literário):
- Uma antologia do lugar-comum?
- Um livro visto como subproduto de uma vida humana e não como «obra de arte» individualizada?
- Um lobby literário na capital a que chamei «trust» de influência?
- Encarar a literatura «falhada» com todo o respeito pelo caso humano do autor?
+
3421 caracteres-chave-1-chave

1989: INÉDITOS EM DIÁRIO AC

Títulos de arrumação de folhas de capa atiradas ao lixo:

- Temas tabu para o meu folhetim de antecipação - Ver diário
10/10/1989- 13/1/1989, sexta-feira - Diário Íntimo - Elúltimo /ou Aníbal Último
- 20/1/1989 - Diário de um esquizofrénico - Elúltimo/ ou O Animal
Último
- 27/3/1989 - Diário c/ Endereço - A C.F.M. da L. - Planos
- 27/10/1989 - Diário a transliterar - Vozes - Fala da Lontra no Paul
de Arzila -
- __/10/1989 - Diário a transliterar - Em Estado Novo -
- __/10/1989 - Diário a transliterar - Saudades dos Selenitas
- 1989 - Queimar tempo: a função política dos telemitos


TÍTULOS DESIGNATIVOS DE ARRUMAÇÃO AVULSOS A A Z:
Antecipações
Auto-antologia
Balanços da (m/) Vida
Cadernos de um investigador
Cartas sem verso
Cartas ao Alter-Ego
Cartas a transliterar
Chave
Diário c/ Endereços
Diário da Peste
Diário a transliterar
Discursos
Discurso de um Colonizado pela Medicina
Discurso de um Letrado que tirou a instrução primária
Discurso do Niilista
Discurso do Peão
Espólio «FE»
Efabulações
Fábulas & Ficções
Intuições AC
Mistérios do Quotidiano
Narrativa Ficcionada
Pistas para uma narrativa utópica e anacrónica ( 1984)
Refugo
Romance AC em «obra aberta»
Suposições
Vozes

TÍTULOS PARA LIVROS DE FICÇÃO:
- Histórias Breves
- Contos de Encantar
- Tudo está Escrito - Romance de cordel para ser lido antes de 1990
- O Alentejo já está habituado - Discurso sobre os primores da paz (civilização) branca
- Os Demónios de Deus
- Dossier Cão - Apelos sem resposta de um cidadão agredido pelo ruído
- O Meu Aquário (Bestiário)
- Um Escorpião no Meu Bolso
- Para um Retrato do Franco-Atirador
- Notícias do Insólito Quotidiano
- A Mania de Ouvir Vozes
- Mais Vaselina no Supositório Nuclear
- Migalhas do Eurobanquete
- O Meu Aquário (Bestiário)
- Um Escorpião no Meu Bolso [ 1990? ]

OUTROS TÍTULOS:
- Colecção «Cadernos de Rua»
- A experiência literária

Temas para um romance de antecipação científica:
- Os gangsters do Plutónio: bombas, rebentamentos subterrâneos, sismos
- Os retrocessos do progresso: desastres e catástrofes resultantes do imperialismo industrial
- A subtileza das nomenclaturas : entre os engenheiros do Ambiente e Fascistas do Ambiente que distância vai? Ou são uma e a mesma coisa?

2 TEMAS PARA FICÇÕES:
1 - [Março/1990] –
As pessoas estão mortas, embora aparentemente vivas. Há velhos mais jovens do que muitos jovens. E as pessoas com ar feliz são as que transportam um fardo mais pesado. [A visão inversa das coisas ou o efeito de espelho]

2-O mito místico do Mediterrâneo - afluentes para este rio - Andrologia, andropausa, androsolidão e mito fálico (H.D. Lawrence) - Transgressão - Palma de Maiorca - Raimundo Lull - Ponta da meada do mito místico do Mediterrâneo (MMM) - Mística medieval(MM) – Amor cortez - Celtas e provençais - Denis de Rougemont - Barroco, místico, elegíaco - Poética do saudosismo português - A vis portuguesa – O génio português (Pascoaes) - A via lírica nada tem a ver com a pesada herança judaico-cristã e muito menos com o helenismo pederasta - Apelo de Barcelona e Catalunha - Revistas «gay» em proliferação - Pedro Almodóvar - Fernando Pessoa rosacruciano - A mística essénica pré-cristã - O mito androgino - Contraditório Yin-Yang em Camões lírico - Ênfase de Agostinho da Silva no canto VII de «Os Lusíadas»
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