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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-31

ECO-DIAGNÓSTICO 1976

5295 caracteres - 3 páginas - dfa-0 = significa despistagem de factores ambientais -1759 caracteres - dfa-1- chave

1-4-1998

Diagnóstico ecológico - Uma ideia de 1976 ainda viva em 1995
Despistagem dos factores ambientais na génese da doença

A despistagem dos factores ambientais na génese da doença, apesar de evidente, nunca é levada em consideração, mesmo em diagnósticos realizados por médicos e medicinas naturais.
A causa ecológica de certas patologias (a que os textos da medicina corrente já chamam «doenças da civilização») raramente ou nunca é considerada.
Considerando esta omissão nos meios médicos e naturoterapêuticos, tentou-se, em Setembro de 1976, uma primeira abordagem do problema, realizando um inquérito que tinha como objectivo servir apenas de ponto de partida a melhores e futuras realizações do mesmo género. Uma primeira grelha de ecodiagnóstico, que a todo o momento poderia ser remodelada, aumentada ou rectificada.
Apesar de incompleto e não exaustivo, teve uma certa difusão e utilidade entre doentes dos quais se procurava indagar a «história clínica».
Tempos depois, tive a satisfação de ouvir mestre Michio Kushi falar, em um dos seus seminários em Lisboa, em diagnóstico ecológico ou de ambiente .
Concluí que afinal a minha ideia não era assim tão estúpida nem tão gratuita.
Editado na altura em papel cor-de-rosa, dezenas de exemplares ainda circularam e testemunham o «copyright» de uma ideia que, embora ainda tabu, já é um pouco menos hostilizada do que em 1976.
Trata-se, talvez, de retomar a ideia, já que mais ninguém lhe pegou aqui em Portugal, ampliar o número de perguntas e difundi-lo entre os que praticam medicina causal para que este primeiro esboço ou contributo a um diagnóstico ecológico desempenhe o melhor possível a função a que se destina: tratar primeiro o terreno orgânico e com isso ajudar a combater os sintomas.
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3409 caracteres -dfa-1> palestra>perfil holístico> atelier de pesquisa e diagnóstico> Diagnóstico ecológico -> Perfil Holístico

A DEMOCRATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO: UM CONTRIBUTO AO AUTO-CONHECIMENTO

Entre os trabalhos de investigação a realizar no âmbito do projecto «3º Milénio» (Atelier yin-yang, como em tempos foi baptizado), inclui-se o apuramento das técnicas de diagnóstico natural e despistagem de factores ambientais.
O esforço de auto-cura tem uma componente importante na definição que cada um pode e deve fazer do seu próprio perfil psicosomático (perfil holístico).
Além da fisiognomia oriental, também o contributo do Astrodiagnóstico e da Iridologia Holística tem, nos últimos tempos, aperfeiçoado as técnicas de análise caracterial e tipológica.
A este aperfeiçoamento não é alheia a vaga do bio-ritmo que, entre o divertido e o sério, trouxe mais uma componente ao perfil total do consulente.
Ainda pouco divulgado mas já desenvolvido por autores modernos como Michio Kushi, é o ecodiagnóstico ou despistagem de factores ambientais, através de um questionário proposto ao consulente, composto por itens ou factores ambientais.
O teste por inquérito tornou-se uma das secções mais populares em alguns órgãos de imprensa. As «astrólogas» parecem estar a ser substituídas, a pouco e pouco, por técnicas mais científicas e, ao mesmo tempo, mais acessíveis a toda a gente. A democratização dos processos de diagnóstico é, com certeza, um sinal positivo. Assenta, pelo menos, em um princípio correcto - o auto-conhecimento e o auto-controle de cada um por si próprio.

A GRELHA DE BASE

É possível apurar, com aturada experiência, uma grelha de base sobre a qual o diagnóstico se poderá fazer com uma exactidão perto dos 100% e praticamente sem margem de subjectividade ou erro humano.
O calcanhar de Aquiles de todas as terapêuticas, incluindo as naturais ou alternativas, é sem dúvida o diagnóstico. Pode considerar-se que estamos ainda na forma artesanal do processo mais importante de toda a estratégia curativa. Enquanto as terapêuticas naturais se aperfeiçoam e refinam a eficácia, o diagnóstico marca passo.
Para lá do mais, sem prévia despistagem dos factores ambientais que condicionam o doente, nenhuma terapêutica poderá render em 100% da sua capacidade.
Entre os factores ambientais, os medicamentos (e a poluição química em geral) desempenham um papel importantíssimo nessa despistagem e que está totalmente omisso dos diagnósticos hoje praticados por Naturoterapeutas. Por mais maravilhas que as terapêuticas energéticas hoje façam, os resultados retornam sempre ao ponto zero, se houver, por exemplo, algum medicamento, antigo ou recente, com sequelas de sedimentação: caso dos corticosteroides, anti-histamínicos, antibióticos e outros fármacos violentos .
Um diagnóstico ou perfil holístico para uma terapêutica energética e do terreno, terá de fundamentar-se em uma informação exaustiva dos efeitos fisiológicos provocados por tóxicos e poluições que, no ambiente e na alimentação, acabam por ser ingeridas pelo consumidor.
Um centro de diagnóstico sem uma documentação completa sobre iatrogénese - doenças provocadas por medicamentos - não pode levar nunca ao diagnóstico pleno que, por sua vez, potencialize ao máximo a terapêutica, qualquer que ela seja, energética ou metabólica.
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NIGREDO 1993

10975 caracteres daa-3- Diário de um Aprendiz


1/Abril/1993


PIÈGES E TENTAÇÕES DE MAGA

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E aí começou a grande prova. Primeiro, deixei-me embalar pelas sereias das boas intenções: «Se sair o prémio , o que a gente vai poder fazer de bem, aos outros ... e a nós, os sonhos que vamos poder realizar, enfim, que brutal mudança vai haver nas nossas vidas»
Ora era esta brutal mudança que, no dia seguinte, quarta-feira, já começava em mim a constituir matéria de reflexão obsessiva: tem alguém o direito de deixar que alguém ou alguma coisa altere de forma brutal o seu destino ou o destino seja de quem for? O que se pode esconder atrás disto? Que forças estão a propor-me esta prova, prova que pode ser uma cilada?
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A Patricia estava exactamente falando, nas cassetes que eu estava ouvindo, nas «pièges» de uma muito grande subtileza. Esta, para já, podia ser uma «piège» de grande subtileza.
E depois, quem sabe? Não seria uma cilada para me meter a alma no inferno? Não seria uma nova versão da história do Fausto que vendeu a alma ao Diabo? Mas também não era certo que, caso ganhássemos esse dinheiro, eu podia dedicar-me em full time à Radiestesia, que é o meu sonho?  E que eu próprio me podia libertar do campo de concentração de Cabo Ruivo onde estou aprisionado?
Mas novas questões se começaram a pôr: e se em vez de «forças do Bem» - para que eu pusesse o dinheiro a render ao serviço do Bem... - fossem apenas forças «negras» para me cortar, definitiva e irremediavelmente, o acesso ao Espírito? A verdade é que eu estava trabalhando as letras e as letras derivam directamente do ADN vibratório, e o que eu tinha feito, a princípio como um jogo, acabaria por ser uma infiltração muito subtil no ADN e portanto no meu trabalho com as letras.
Enfim, perguntava-me eu já no terceio dia de aflição: onde é que eu estou metido? Como é que eu vou impedir este processo de se consumar? Felizmente, a filha  ainda não tinha entregado o Totoloto, pois o prazo é até sexta-feira e ela gosta de guardar tudo para a última hora. Desta vez, foi benéfico...esse seu hábito.
E tratava-se agora de, sem a magoar, a desconvencer de levar o processo por diante. É que, inclusive, eu já a avisara de que ela teria de guardar segredo de todo o processo e, caso ganhasse, que nunca viria a revelar o processo como tinha conseguido os números.
Outro pensamento meteórico me assustou: e se ela vai a caminho de meter o Totoloto e lhe acontece qualquer acidente? Aqui surgiu-me mesmo pânico. Porque não é preciso estudarmos Radiestesia para sabermos, de intuição, que tudo se paga. E quer sejam as forças do Bem, quer sejam as forças do Mal, se recebemos muito é óbvio que temos também que dar muito. Lei de Causa-Efeito que a lei de ressonância vibratória não anula. E como a vida não é só matéria, quem sabe se, como o Diabo fez a Fausto, em troca de muito dinheiro não se lhe pede alma, vida, saúde ou qualquer coisa de igualmente tão precioso mesmo para uma pessoa materialmente ambiciosa e que só pensa em interesses materiais?
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Nesta altura já estava consciente de que uma simples brincadeira se estava a transmutar, podia transmutar-se num dos maiores problemas de consciência da minha vida: fosse a mudança para o Bem, fosse a mudança para o Mal, ou fosse a mudança para as duas coisas, eu sentir-me-ia eternamente responsável de ter alterado uma série de destinos. E não precisava de ter lido nos livros de Radiestesia que ninguém pode nem deve interferir no destino de cada um, para perceber de que eu não posso nem devo interferir no destino de ninguém. ATÉ NO MEU PRÓPRIO.
Claro que, no meio destas aflições, tive de apelar para o meu guia e pedir-lhe ajuda, conselho, discernimento. Não o consegui encontrar durante sexta feira, mas como iria ao consultório dele, essa tarde, acompanhar uma pessoa de família, só nessa altura eu poderia pedir-lhe conselho.  Porque - supondo que saía premiado - é evidente que o processo se tornaria irreversível. Ninguém, no mundo, teria coragem moral de rejeitar 380 mil contos... E essa é de facto a prova das provas contidas nesta história divertida, que começa numa brincadeira inocente e quase se abeira da tragédia.
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Neste momento, o prémio ainda não saiu (só será anunciado amanhã, sábado) mas continuo a recear que eu próprio me deixe tentar pelo mistério e pela atracção do desconhecido: quando esse desconhecido ameaça com um ganho de 380 mil contos...
Uma vez passada esta prova, veremos então: se o número for aquele, é de tal modo preciosa a lição que valeu a pena perder os 380 mil contos; se não sair, também não será isso que diminuirá a verdade da Radiestesia: antes pelo contrário, só prova de que, se a fonte da acção é MAGA, o resultado só pode ser MAGA. Creio poder perceber, por parte do Cosmos, uma certa neutralidade em relação ao livre arbítrio das pessoas.
Porque o principal protagonista desta história continua a ser o que se guarda, o que se oculta atrás de um acontecimento: e porque é que a vida - especialmente a vida do Espírito - é um mistério. O mistério, neste caso concreto, consistiria em nunca ninguém saber, caso o Número saísse premiado, o que é que vinha atrás disso e que série de acontecimentos - ao nível MAGA - se sucederiam. Seria abrir a Caixa de Pandora.
Lembro aqui uma queixa muito comum em pessoas totalmente dominadas por MAGA: «Não tenho tido sorte nenhuma». Pois é: mas o «ter sorte» pode ser não ter sorte e o ter sorte pode ser o não ter sorte...
Nesse dia, depois de o meu guia, entre fortes risadas, me dizer: «Olha do que tu te livraste», logo a seguir me diz que eu poderia ir trabalhar com ele para o seu consultório novo. Acontece que este seria um dos meus mais gratos sonhos... Posso agora ler a história ao contrário e deduzir que foi tudo uma cilada, foi tudo uma armadilha, foi tudo uma prova de exame. E que durante três dias julguei passar o limiar da loucura. Ele contou-me que lhe sucedera uma idêntica e que teve de resolver tudo sózinho. Eu afinal encontrara uma ajuda e aí sim, devo pensar com gratidão nas forças do Bem que me ajudaram a discernir as tentações do MAL e do MAGA. As ciladas. As provações.
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Difícil de dizer e difícil de aceitar é o problema da gratidão cósmica. Por mais que nos sintamos «infelizes» e «pobres», temos de compreender aquilo que, apesar de tudo, somos «protegidos» dos deuses e que devemos estar gratos. É natural que ela queira ajudar a tirar a mãe de um emprego onde a vê sofrer. Mas é necessário que ela veja, por exemplo, que toda a gente que trabalhe, afinal, sofre de uma maneira ou de outra, e que veja também como a Radiestesia a tem ajudado, as tem ajudado, no aspecto de saúde. A posição correcta, face ao Cosmos, não é pedir sempre mais do que já estamos recebendo, queixando-nos de ter tão pouco, mas reconhecermos que podíamos ter ainda menos. Ou seja: é bom não fazermos nada, no Trabalho com o Pêndulo, que não venha retirar-nos a protecção que ele nos dá. Protecção que raramente reconhecemos, por ser tão subtil e profunda, mas em relação à qual é nossa obrigação moral estarmos gratos. Por pior que seja o nosso destino, é o nosso e não devemos querer modificá-lo sem pedir nada em troca. Em vez de nos carpirmos pelos cantos, dizendo «não tenho sorte nenhuma», «que infeliz que eu sou», é melhor que digamos, agradecidos: «Saiu-me a grande taluda quando encontrei a Radiestesia». Porque, tarde ou cedo, iremos ver que ela foi a grande taluda e a maior riqueza que nos poderia ter acontecido. Que nos poderá ajudar a ter êxito material na vida mas que não podemos trocar, num pacto com o Diabo, por qualquer riqueza material.
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À filha , que começou este jogo, tenho de explicar que o poder do pêndulo deverá ser posto ao serviço dos seres humanos e nunca ao serviço do egoísmo particular de uma só pessoa, por mais legítimas que aparentemente sejam as suas aspirações e ambições. Terei de explicar que o mundo das compensações materiais só faz sentido se, ao mesmo tempo, não perdermos o Espírito e não metermos a Alma no Inferno. A ordem deverá ser outra: fazer com que a nossa vida na terra melhore materialmente, é justo, é lícito, mas essa melhoria não deverá jamais desligar-se da «vida eterna». Não posso, com a vida que levo neste mundo, atrasar a minha, a nossa evolução no outro. A isso chamaria «pecado mortal». É justo, com o método do Pêndulo, ajudar ao nosso aperfeiçoamento interior e dos outros. Se com isso ganharmos dinheiro, então sim: mas nunca o inverso, deixarmo-nos aprisionar espiritualmente por uma quantidade de dinheiro que vá alterar brutalmente o nosso destino e, portanto, a nossa evolução na outra vida. Muito dinheiro aprisiona, pouquíssiomo dinheiro aprisiona também. Talvez os que estejam no meio termo, nem muito-muito nem muito pouco, devam congratular-se com isso.
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ECO-TECNOLOGIAS 1997

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AS TECNOLOGIAS ECOLÓGICAS E A SOCIEDADE DO PLENO EMPREGO

Lisboa, 1/4/1997 - Uma sociedade alternativa de tecnologias leves foi a proposta dos ecologistas dos anos 70 que, passados 20 anos, parece ter ficado completamente esquecida.
Não era utopia, a «sociedade paralela» dos ecologistas mais pacifistas. Era realizável, gradualmente, sem revoluções nem convulsões e tornar-se-ia viável à medida que fosse sendo feita.
«Implantada», para usar um termo caro aos tecnocratas.
Mas não vemos sinais muito evidentes de que essa sociedade do «small is beautiful» tenha conseguido vingar, com excepção de alguns aproveitamentos que, para fins eleitoralistas, algumas autarquias têm feito, quer da reciclagem de materiais, quer do artesanato em feiras e mercados.
Resta muito pouco de um programa que apontava não só para a defesa do ambiente e da vida, mas para a salvaguarda de um futuro sustentável do Planeta Terra.
«Pensar localmente, agir globalmente», lema dos ecologistas mais realistas, continua a ser necessário e urgente, quando catástrofes irreversíveis como a de Chernobyl e do Buraco de Ozono parecem cortar qualquer hipótese e esperança de se sair vivo deste atoleiro da Terra.
As tecnologias brandas são uma proposta para reformar a sociedade, a vida, o modelo de desenvolvimento e o paradigma que nos (des)orienta.
Se queremos sobreviver mais alguns decénios, temos de pensar nelas (nas TA's) alguns minutos.
Tentemos.
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NIILISMO 1971

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NEM TUDO É NIILISMO (PARA UM MANIFESTO DA CONTRA-CULTURA)

1-4-1971 - Niilistas somos nós todos, ou ainda menos, e o termo niilismo ajuda pouco a esclarecer.
No fundo, e apesar de toda a (nossa) revolta radical, continuamos nisto e a verdade é que, quem distingue, sabe muito bem distinguir a Abjecção do que não é: apesar da hipertrofia monstruosa da Porcaria, muita coisa bela se lhe opõe.
Para já, todas as culturas que estão fora da órbita europeia, dos aztecas aos egípcios, dos chineses aos indianos, dos persas aos índios, da Índia à Ásia.
Depois, os profetas de algumas religiões, de Buda a Lao Tse.
Depois, os que, embora dentro do Sistema, fizeram tudo para o dinamitar: mestre Eckardt, Sade, Genet, Guénon, Henry Miller, Chestov, Daumal, Baudelaire, Rimbaud, Breton, Freud, etc.
Depois, as seitas iniciáticas que, em nome da religião, foram mergulhadas na sombra e chamadas então "ocultistas" pelos espertalhões que as ocultaram.
Depois, as próprias ciências para-científicas: parapsicologia, física atómica, psicanálise, etc., que meteram a bomba-relógio no sistema e marcaram a hora do apocalipse e esperaram.
Depois, as próprias ciências humanas que, avançando no terreno maldito que são as outras culturas além da ocidental, se viram enredadas numa contradição que ainda estão a deglutir e continuarão, sob o nome de estruturalismo ou arredores.
Depois, os visionários William Blake (dito também místico, para suscitar rancores dos ateus), Bosch, Malangatana, Charles Fort, Jorge Luís Borges, Teilhard de Chardin.
Depois, os profetistas (Nostradamus, Bandarra).
Depois, as minorias activistas: a criança, o louco, o homossexual, o doente, o criminoso, o ladrão, minorias rácicas, minorias sexuais, minorias psico-patológicas, todo o lumpen que exerce resistência passiva contra as estruturas que o vomitam.
Depois, as novas civilizações que se anunciam - extintas(?) há séculos ou em outras Galáxias.
Depois, os funcionários que, apesar do Sistema e ao serviço dele, o criticam: Edgar Morin, Garaudy, Sartre, Aldous Huxley, Henri Lefèbvre, Georges Gurvitch, António José Saraiva.
Quer dizer: não parece pouco o que ainda vale a pena amar-se e para contrariar a onda de Porcaria que avança sobre nós.
O sistema passará, todos os profetas falaram de Apocalipse, ele está a dar-se, e depois será a entrada na Era do Aquário em que o Universo - e não esta coelheira mal cheirosa chamada Europa, chamada civilização - será a nossa verdadeira Pátria.
O desgosto, o niilismo, é apenas o do "contemporâneo do futuro" e a sua impaciência. São as dores de um parto cósmico. São os sintomas de uma transição.
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SOFÍSTICA 1976

76-04-01-ie> terça-feira, 19 de Novembro de 2002 – scan

PARTIDOS E PILRITEIROS (*)

1-4-1976 - Vergonhosa se pode considerar a posição dos partidos, ora burgueses, ora de esquerda dita revolucionária, quanto ao terror tecnoburocrático, quanto ao crime tecnofas-cista, quanto ao discurso tecno-sofístico.
Igualmente vergonhosa é a estratégia dos partidos quanto às lutas e reivindica-ções populares na frente ecológica. Quando não as abafam, desviam-nas e, quando não a-s desviam nem abafam, instrumentalizam-nas para serviço partidário próprio.
Se se trata de um movimento popular espontâneo – resposta a uma agressão - e se não podem suprimi-lo à nascença, a táctica consiste então, e depois, em anexar como iniciativa de partido aquilo que é de iniciativa popular contra o tecnofascismo.
Enquanto os partidos não apresentarem, no seu miserável programa, uma alínea onde se defina a linha estratégica para uma luta ecológica consequente, não têm moral nem direito de anexar as conquistas e lutas populares nesse campo, quando elas surgem nesse campo.
E surgem, apesar de todos os partidos terem decretado, a priori, que a "ecologia é reaccionária" ou que "não há problemas ecológicos em Portugal" ou, ainda, de que a "questão ecológica não é de forma alguma (sic) prioritária", etc., etc.
Enquanto os partidos políticos se mantiverem na fase de proclamarem estas e outras "leis" por eles inventadas, escusam de se fazer ao piso quando são exacta-mente problemas ecológicos a conclamar as reclamações populares e a mobilizar a sua unidade revolucionária.
Vergonhosa tem sido - e como tal a denunciamos - a actuação dos partidos nestas matérias, pela ignorância, pela demagogia, pelo oportunismo e pela vileza.
Pilriteiro que dá pilritos, porém, a mais será obrigado?...

ELES COMEÇAM A SENSIBILIZAR-SE POR VIA DA CLOROFILA...

Para os partidos e sua "moral" tão fortemente utilitária, tão americanamente pragmática, quando a luta (ecológica) de classes visa a qualidade de vida, a conquista de um espaço habitável, a saúde, a segurança, o silêncio, a paisagem e a tranquilidade, o recreio e o divertimento, tudo isso é "platónico", "estético", "gratuito", não imediatamente útil e, portanto, nada disso é prioritário lá na (terminologia) deles.
Quando são surpreendidos, porém, pelas factos, e quando sucede que as popula-ções também se mostram sensíveis à sensibilidade, à beleza, ao silêncio, ao gratuito, ao poético, ao afectivo, à vida e à qualidade, eis que os partidos, à pressa, muito à pressa tentam enquadrar as comissões de moradores na sua acção revolucionária por um ambiente ou habitat globalmente habitável,
Lixo (recolha, selecção, reciclagem) parece sempre e por exemplo, para o tal pragmatismo partidário, um luxo.
Tanto mais que eles - partidos - , quer pelo mau hálito que exalam, quer pelos cartazes diarreicamente produzidos e colados, quer pelas folhas volantes que deitam à calçada e as enxurradas piedosamente levam - são hoje um dos principais fabricantes - desse mesmo lixo.
Convém, portanto, desviar as massas trabalhadoras deste supérfluo.
No entanto, já é mais fácil ao partido dar amen à comissão de moradores que luta por espaços verdes, demagogia clorofilica que ainda é das poucas a suscita-r a ampla compreensão dos partidos "revolucionários", até porque é com espaços veres e outros sofismas congéneres que se vai adiando a revolução urbana , a descentralização que ela implica e todo o plano autogestionário que dela advém.

BOJARDA À PORTUGUESA - TEMOS OU NÃO TEMOS PROBLEMAS DE AMBIENTE?

Para amortecer a consciência ecológica da classe explorada, enquanto detonador da consciência de classe - a burguesia serve-se constantemente dos seus mitos e mitólogos, mas principalmente serve-se do Ambiente, dos ideólogos oficiais do Ambiente, dos políticos profissionais do Ambiente, dos organismos internacionais do Ambiente para anestesiar, com informação corrompida, viciada, intoxicada, o desabrochar revolucionário da consciência ecológica...
Data de 1970 a Conferência Europeia para a Conservação da Natureza, realizada para reforçar uma opinião muito corrente entre os ambientologistas afectos ao sistema, opinião mais ou menos expressa nestes termos:

" Portugal, dados o baixo índice de industrialização e o atraso na agricultura (menos pesticidas e adubos) tem dos índices de poluição mais baixos da Europa e a existência entre nós de uma Secretaria de Estado do Am-biente prova que o Governo reconhece a importância do problema: muito depende agora da atitude individual.
" Se todos colaborarem, integrando-se em comissões de moradores, autarquias e grupos sócio-culturais, e empenhando-se na tarefa de sobrevivên-cia que é a conservação dos recursos naturais, estamos na situação invejável de poder evitar erros cometidos por países mais desenvolvidos, e assim cons-truir um Portugal mais saudável." (In jornal " A Nossa Terra", 15/Maio/1975)

Serve este tipo de discurso para dar uma no cravo e trinta na ferradura. É o que se chama um chorrilho de sofismas, de mentiras, de falsos dilemas.
Serve este tipo de discurso para nos convencer de que o caminho é seguir os mais avançados, os que têm maiores índices de poluição, embora corrigindo (sic) alguns excessos.
Nada disto, porém, tem nada a ver com o problema ecológico português e é bom que
se diga isso de uma vez para sempre.
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(*) Este texto de Afonso Cautela deverá ter sido publicado, talvez na data indicada, no jornal «Frente Ecológica» (Paço de Arcos). Ou num dos opúsculos edição da «Frente Ecológica»
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MEDICINA 1968

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MARRAR CONTRA A PAREDE OU A TEIMOSIA DO REFORMISMO

1/Abril/1968 - Andam à procura do vírus. E continuam a marrar contra a parede, contra o absurdo. De nada serve a verificação, já tantas vezes feita de que o cancro, como tantas outras doenças da civilização, precisa de ser enfrentado (estudado) com novos métodos de pesquisa, diagnóstico e terapia.
O pior da estupidez que grassa entre os inteligentes é a sua cegueira das causas, das verdadeiras causas. E marra-se contra a parede, à procura de um hipotético vírus que não existe nem existirá.
A cirurgia vem depois, quando a doença não estacionou, para dar o golpe de misericórdia e adiar a morte por alguns dias.
Bem entendido que a vida é sempre a morte adiada de alguns dias mas o que revolta, neste caso, não é verificar que se adia de alguns meses uma vida que ainda poderia durar anos.
O que revolta é sabermos a atitude que preside, nos círculos entendidos, a este e outros problemas.
O erro é de base e de método.
Não pode avançar-se com um método errado. E no entanto continua-se à procura do vírus, que é o reformismo da medicina, assim como a caridade é o reformismo da política.
A medicina, como todas as artes, ou conduz à política, ao urbanismo, à educação, à higiene, à planificação ou, em vez de avançar, recua. Se a maior parte das doenças crónicas e degenerativas se provou serem doenças da civilização, como querem atacá-las sem atacar a verdadeira origem: a civilização? Fóra disto, só se fazem remendos desesperados. A procura do vírus é o maior desses remendos.
Verdadeiramente científica e portanto revolucionária é a atitude prospectiva em todos os campos e no da medicina também. Ou vemos as coisas a longo prazo e preparamos as condições, omitimos as causas, planificamos com antecedência, ou não pensemos em curar, atenuar, melhorar, progredir seja o que for.
Anestesiar a dor e encobrir o mal por algumas horas, talvez. Mas mais nada.
Procurar o vírus que origina o cancro é o símbolo de um método de investigação totalmente do avesso. É o símbolo do fracasso da propedêutica médica corrente.
Atitude científica, experimental, realista e revolucionária, só a prospectiva que, em vez dos remendos no presente, para solucionar problemas que a própria aceleração histórica agrava aceleradamente, vai tentar lutar contra as causas e abrengendo a totalidade do real.
Para curar as doenças de que a humanidade sofre, é necessário, indispensáve, ir ao fundo da questão e, para isso, é preciso ir à totalidade: porque é toda estrutura do real a alterar, a modificar, a revolucionar.
A revolução ou será total ou não será.
Nenhuma noção, depois da de prospectiva, é tão necessária à revolução como a de totalidade. A medicina conduz à higiene, a higiene conduz à educação, a educação conduz à política e a política conduz à planificação prospectiva de todos os sectores, sua interpenetração e recíproca causalidade, ou organização.(*)
O resto é supérfluo, o resto são eventos e dados soltos, elementos para armazenagem, erudição, enciclopédias, inflação informativa, estratos mortos, arqueologia, ciência académica, morta, fossilizada, cultura reaccionária.
Só o conhecimento para a acção é revolucionário.
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(*) Os conceitos de organização e de investimento seriam dois outros conceitos de importância básica na prospectiva, não falando já da ideia de que dormimos, por atrofia das faculdades críticas e por falta de perspectiva: quer dizer, marramos contra a parede
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SISTEMA 1991

5 estrelas - 1-2 - 91-04-01-ie> media-4> 4121 caracteres - pervers> diario> diario91> # manifesto da unideologia # manifesto multi-media # lógica da perversão #

O SISTEMA QUE VIVE DE IR MATANDO OS ECOSSISTEMAS

Lisboa, 1-4-1991

O sistema existe para gerir o desperdício, pois dele vive. Mas há, durante o ano, um Dia Mundial da Poupança, em que o sistema manda os jornalistas escrever comoventes elogios da poupança.
O sistema vive de gerir a Doença, porque a doença dá inenarráveis lucros às multinacionais de Farmácia, porque reproduz em cadeia mil outras indústrias, mas, uma vez no ano, festeja, com estrondo, o Dia Mundial da Saúde.
O sistema vive de gerir a Pobreza e a Miséria, mas não há nenhum político, em campanha eleitoral, que não prometa ir combater a Pobreza e a Miséria: se de facto acabassem com elas, o que é que iriam prometer nas próximas eleições?
O sistema vive de gerir o Desemprego, porque se recusa a diminuir horas de trabalho, porque se recusa a dar mais férias e reformas mais cedo, porque se recusa a humanizar o trabalho. Mas, uma vez no ano, assinala o Dia Mundial do Trabalho.
O sistema vive de desperdiçar, mas defende todos os crimes e alienações e opressões em nome da «batalha da produção».
O sistema vive de gerir o Ódio, como se pode ver por todo o romanesco das séries televisivas ou de 99,9% da produção cinematográfica norte-americana, mas de repente é capaz de criar, uma vez no ano, o Dia Mundial do Amor, conforme aos melhores preceitos do Evangelho.
O sistema vive de incentivar o Bairro da Lata, as periferias, os excluídos do Banquete, mas, todos os anos, celebra o Dia Mundial dos Direitos do Homem.
O sistema vive de explorar a Mulher, mas assinala o Dia Mundial da Mulher, tanto como o da Terceira Idade ou o da Criança.
O sistema vive da destruição do Mar, atirando ao Oceano tudo o que é produto químico e radioactivo, cargueiros são afundados propositadamente com cargas tóxicas e perigosas, mas, uma vez no ano, ele canta o Dia Mundial do Mar, e possivelmente entoa um requiem às valentes Baleias e aos inteligentes Golfinhos.
[O movimento Green Peace, sempre activo a dizer que defende os oceanos e as baleias, é financiado pelas multinacionais da Farmácia, como a Hoffman La Roche, responsáveis por alguns dos desastres químicos mais catastróficos como foi o de Seveso.]
O sistema vive de gerir a mais implacável mania da Competição e da Inveja social (em que assenta a luta e a dialéctica de classes), mas depois é capaz de vir um Manuel Sérgio, encomendado pelo sistema, a proclamar que a Solidariedade é uma coisa nova e porreiríssima e que faz um bem enorme à Constipação.
O sistema vive de gerir a Desconfiança, com filmes e serviços de espionagem espalhados por todos os serviços, mas depois é capaz de mandar o escriba de serviço tecer loas heróicas à Confiança, às virtudes da sinceridade, da honestidade, da verticalidade, da inteireza de carácter.
O sistema vive de gerir a Opressão, mas depois invoca a Liberdade de Expressão de Pensamento e, mais uma vez, é capaz de invocar a Carta Universal dos Direitos do Homem.
O sistema vive de incentivar a Caça a todas as espécies animais, nomeadamente as que dão lucros internacionais, como o Elefante ou a Baleia, mas vai com certeza patrocinar, com o mecenato das companhias de Celulose, um Dia de Amor aos Animais, que os jornais, sempre atentos, veneradores e obrigados, ilustram a cores.
O sistema vive de ir matando os ecossistemas, mas todos os servidores impenitentes do sistema, jornalistas e arredores, dão a vida pela Vida, pela Natureza e pelo Ambiente, no Dia Mundial do Ambiente, em favor dos animais, das plantas e dos rios.
O sistema vive de ir pilhando, destruindo e poluindo o Planeta Terra, a que já nem falta a Antárctida, um dos últimos redutos, mas de repente vira defensor da Terra, do Planeta, dos Recursos Naturais.
O sistema vive de incentivar o Cancro -- todo o ambiente hoje é cancerígeno, com os índices crescentes de poluição química e radioactiva -- mas depois diz que está investigando uma nova vacina...contra o Cancro.
O sistema vive de incentivar a Imunodeficiência (e a imunodepressão, ou imunosupressão) mas depois inventa a sida, causada por um vírus que vem da África e dos Macacos Verdes...
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DOCUMENTO FE 1983

documento-2- os dossiês do silêncio

1-4-1983

400 MEDIDAS PARA 100 ANOS(*)- PRIORIDADES EXIGIDAS PELO GRUPO "FRENTE ECOLÓGICA" AO GOVERNO QUE VIER

Sem pretender ter a representação dos ecologistas portugueses, o grupo "Frente Ecológica" lembra algumas prioridades que, no campo do Ambiente e da Qualidade de Vida, deverão ser levadas em conta por um governo que se reclame do socialismo democrático e da social-democracia.
No entender da "Frente Ecológica", um governo socialista deverá:
- Desenvolver as premissas ecológicas contidas no próprio projecto socialista
- Apoiar, incentivar e fomentar a autonomia dos movimentos independentes de cidadãos que vitalizam o tecido da comunidade, garantem a oxigenação da vida nacional e constituem válvulas de segurança da democracia pluralista
- Completar e fazer cumprir a legislação do Ambiente que a própria entrada na CEE implica
- Estar atento aos apelos dos ecologistas europeus representados no movimento Eco-Ropa, no sentido de alterar o artigo 2 do Tratado de Roma, que respeita ao conceito de expansão contínua da economia, hoje posto totalmente em causa pela realidade física e histórica
- Rever, à luz da Ecologia, do impacto ambiental e dos custos sociais e humanos que provocam, os megaplanos alegadamente propostos para desenvolvimento português quando por toda a Europa esse modelo de desenvolvimento, implicado por tais projectos, entrou clara e expressamente em falência
- Entre os planos megalómanos, que ultrapassam as nossas forças e violentam a própria independência nacional, um governo socialista e democrático deverá rever totalmente: Plano Nuclear, Plano de Alqueva, Plano Petroquímico, Plano Siderúrgico, Plano das Pirites, Plano de Agro-culturas esgotantes como o Tabaco, o Cártamo o Girassol, o Eucalipto, etc., Plano Rodoviário de Auto-Estradas e vias Rápidas, Plano de Navegabilidade do Douro, Plano do Sal-Cloro de Estarreja, Plano Celulósico, Plano de Prospecções Petrolíferas, Plano do Gasoduto soviético e do Oleoduto da NATO, etc.
- Pôr em prática o slogan muito divulgado "libertação da sociedade civil"
- Pôr em prática uma efectiva descentralização cultural e informativa, fase preparatória de uma regionalização autêntica e não demagógica
- Dar à Economia de Reciclagem e Reaproveitamento de Recursos e Desperdícios o lugar prioritário que a legislação comunitária já dá e que em países mergulhados numa crise profunda como Portugal se torna condição sine qua non
- Agir para que a falada «modernização da agricultura» inclua um sector-piloto de agricultura biológica, auge e ponto avançado de vanguarda nas mais modernas políticas agrícolas
- Tomar medidas efectivas para atenuar a macrocefalia que asfixia o pais real das regiões
- Pôr imediatamente em prática a redução do horário de trabalho e da idade da reforma, adoptando estas duas campanhas dos ecologistas como slogan libertador específico do socialismo democrático
Os ecologistas exigem ainda de um governo socialista:
- Que se estruturem e disciplinem os serviços oficiais do Ambiente, pondo fim à escandalosa anarquia e à inoperância verificada durante o governo AD, envolvido em chicanas internas, quando não meramente conjugais
- Que a lei Quadro do Ambiente seja discutida e aprovada de uma vez por todas
- Que se ataque de vez o problema ecológico das chamadas arborizações e se diga ao país, com números, quanto vai custar , em alterações climáticas, seca, sede e deserto, a eucaliptação monstruosa deste país
- Que se prossiga e se incrementem experiências-piloto de ordenamento biofísico do território já realizadas
- Que a lei contra o ruído se cumpra integral e imediatamente, sem mais desculpas de mau pagador, que a Lei do Aproveitamento de Desperdícios seja implementada como lei fundamental do País, que os planos de ordenamento dos parques naturais saiam da sornice em que têm estado, enfim, que se saneie a corrupção que também neste campo impera com elevadíssimos custos sociais para a população portuguesa, cuja vida quotidiana atingiu o mais abominável grau de degradação jamais verificado
- Que se complete o inventário de recursos pesqueiros efectuado pelo I.N.I.P. e que se estenda a política de inventário de recursos a todos os domínios da realidade biofísica portuguesa
- Que se adopte uma política corajosa de prevenção contra o Biocídio perpetrado com uma crueldade única no mundo em rios, lagos, serras, e outros ecossistemas portugueses
- Que se incentive a criação de gabinetes de planeamento urbanístico e rural, integrando "técnicos alternativos" com uma visão menos fossilizada da evolução histórica e com o mínimo de sensibilidade ecológica
- Que a diversidade das regiões e a voz das populações entre como artigo fundamental da Constituição Portuguesa
- Que economistas e políticos com funções de mando e responsabilidade na administração pública se abram às novas correntes da análise económica e energética, quer dizer, que se desfossilizem também
- Que esses economistas não continuem , comodamente, a aproveitar-se da desinformação, da incultura e da alienação intoxicante em que, por via dos mass media totalitários, vive mergulhado o povo português, para continuar impondo mitos que já faliram nos países da Europa onde queremos entrar
- Que se ponha em prática já, no caso pontual do previsto plano electro-nuclear, uma moratória e se prepare sem discriminação um referendo sobre o assunto
- Que os serviços responsáveis pela segurança nuclear descubram a cara e digam claramente o que farão, ao menos enquanto defesa civil, em caso de acidente num reactor espanhol de fronteira como o de Almaraz
- Que o governo diga claramente o que decidiu, e em nome de quem, com que legitimidade democrática, sobre as centrais de Valdecaballeros e Sayago
- Que se apontem de imediato as agulhas para que, a médio e longo prazo, a Economia passe a estar ao serviço do homem e deixe de ser progressivamente o homem que está ao serviço da Economia
- Que a vida quotidiana - até segundo os índices proclamados pela OCDE - seja vector fundamental nos planos do governo e que deixe de estar, como tem estado, omissa das preocupações dos políticos
- Que o caminho para superar as brutais contradições da engrenagem industriocrática seja, não o da escalada hipertecnocrática da Asneira mas o das alternativas radicais reformistas abertas como unidades-piloto na violência, na megalomania e na brutalidade do chamado crescimento exponencial ou logarítmico
- Que as experiências de convivialidade, comunidade e autarcia rural sejam efectivamente apoiadas, e criadas escolas de tecnologias leves e artesanais para preparar os que queiram sair do cancro e pesadelo da cidade para se organizar em experiências de renascimento rural
- Que entre imediatamente em prática, nas autarquias, um sistema para selecção dos três tipos de lixos e se ponha em prática imediatamente o seu posterior reaproveitamento
- Que se proceda à liquidação imediata daquilo que, em matéria de Ambiente e Segurança do Cidadão, é deliberada e expressamente criminoso propósito de continuar intoxicando, adoecendo, destruindo, alienando
- Que se acabem as desculpas até agora apresentadas por governos desgovernados, quando se trata de tomar medidas efectivas no mero controle da poluição, na indemnização das vítimas, na segurança dos cidadãos, na qualidade alimentar, na garantia dos consumos, etc.
- Que se acabe com os alibis clássicos - não há leis, não há dinheiro, não há tecnologia, não há a quadros quando pura e simplesmente o que não tem havido é vergonha na cara
- Que se ponha cobro à demagogia retórica de responsáveis que continuam impunemente a afirmar que a qualidade de vida só se conquista quando todo o país for empestado de indústrias pesadas, hiperpoluentes, venenosas, tóxicas e perigosas
- Que se acabe de vez com a peste do ruído, cancro da vida quotidiana, com a porcaria acumulada por desmazelo e desleixo, que se acabe com as escandaleiras mais evidentes, as eucaliptações, os arboricídios de espécies seculares, o desvio de cereais indispensáveis à alimentação humana para engorda de porcos e outras porcarias, etc
- Que as doenças da civilização, assim classificadas pelos médicos da O.M.S. , sejam objecto da política profiláctica lógica e adequada, e que se deixe consequentemente de marrar no absurdo de combater pelo sintoma o que, do outro lado, se está a instigar pela multiplicação das causas
- Que no campo da política alimentar se tomem medidas prioritárias relativamente ao escândalo criminoso dos refinados (sal, cereais, óleos), não só como rombos que são na economia alimentar dos portugueses mas como principais responsáveis pelas doenças degenerativas epidémicas
- Que os responsáveis respondam, que os serviços atendam o telefone, que os departamentos não fechem a porta na cara dos cidadãos que pagam e repagam para os sustentar
- Que se ponha cobro drástico ao desprezo dos técnicos pela população que lhes paga os ordenados e as ajudas de custo
- Que ao conceito de crime contra o património cultural já introduzido, por iniciativa do CDS, na legislação portuguesa, o governo socialista não se deixe ficar atrás introduzindo, com tão bons legistas que tem, o conceito de crime contra o Ambiente, a Natureza e o Homem, sempre que a segurança, integridade e identidade do cidadão está ameaçada - tudo isto aliás de acordo com o artigo 112 da actual Constituição Portuguesa
- Que se dê fim imediato ao escândalo dos fumos negros dos escapes automóveis, deixando Portugal de ter esse brilhante recorde, bem como ao crime público do chumbo na gasolina em percentagens que conseguem rebentar todas as escalas europeias de normas
- Que se acabe com a política de obstrução ao incremento das energias renováveis, limpas e gratuitas - nacionais -, obstrução que tem sido praticada pelos organismos oficialmente encarregados de as incentivar
- Que se substitua de imediato a ridícula e grotesca campanha de conservação de energia, substituindo-a por uma política de conservação e poupança e austeridade a sério, quer dizer, que não esteja a gozar como esta está, com o pagode
- Que se intensifiquem experiências com gás metano nas zonas mais carecidas , na certeza de que é possível cobrir com essa fonte energética 8% das necessidades em combustível da agricultura portuguesa
- Que se estimulem os jovens para as carreiras profissionais mais ligadas à defesa dos recursos naturais, até porque são as mais criadoras de empregos
- Que se crie, em profissões alheias à Natureza, uma espécie de dupla actividade optativa, podendo vir a definir-se uma categoria profissional de ambientalista prático dos recursos e ambiente
- Que se dê prioridade absoluta à política geral de recursos e ambiente, criando um departamento (ministério, secretaria, direcção geral, instituto) encarregado de estimular e fomentar a participação popular em iniciativas para a defesa da sua própria vida e qualidade de vida
- Que no âmbito de uma política nacional do Meio Ambiente se declarem áreas prioritárias de intervenção, salvaguarda e defesa: rios, ribeiras e ribeiros afluentes, factor que normalmente afecta mais directamente a população residente; plantação indiscriminada de eucaliptos e desertificação acelerada que provocam; erosionamento verificado em áreas como o Nordeste Transmontano, o Baixo Mondego, a Serra Nordeste do Algarve; recursos de água potável face à concentração já instalada de indústrias hidróvoras e das que se preparam para entrar em laboração
- Que se promovam inquéritos nas áreas até agora tabu para os partidos políticos, tais como: internamentos psiquiátricos, prisionais, asilares, de ensino, etc; crimes contra a saúde pública praticados por indústrias nacionais ou multinacionais; inaproveitamento de recursos humanos; abusos de autoridade praticados em locais de trabalho; os cidadãos sem estatuto, velhos sem reforma, crianças sem pais, doentes sem cama, idosos sem casa, etc.; doenças ditas do trabalho, stress, etc.; em que medida os espaços congestionados produzem manifestações patológicas como suicídio, homicídio, alcoolismo, toxicomania, neurose, esquizofrenia, etc;
- Que se reformule a chamada política de saúde e que mais não tem sido que política de doença
- Que seja posta em prática uma política de agricultura biológica, introduzindo gradualmente projectos-piloto viáveis, campos exeprimentais, zonas de produção alternativa, para que experimentalmente se verifiquem os princípios e métodos defendidos pelos ecologistas, na certeza de que maior produtividade só será conseguida, a médio e longo prazo, pela defesa biológica dos solos, obviando à sistemática esterilização provocada pela hecatombe química
- Que uma política do quotidiano leve em consideração o combate decidido contra a lista negra do chamado "fascismo quotidiano": publicidade explícita e oculta; multas que são verdadeiros roubos(assaltos) legais praticados por empresas públicas de serviços públicos, aquilo a que já se chama a "ladrocracia"; bichas a que se obriga o cidadão para pagar o que o obrigam a pagar; o ruído como principal destruidor das defesas nervosas; o fisco e sua actualização electrónica - Número do Contribuinte - que além de ilegal e inconstitucional nem sequer já governos fascistas se atrevem a manter; a chicana partidária que completamente paralisa a produção do país e narcotiza a consciência do povo; medicamentos e seus efeitos comprovadamente cancerígenos; pesticidas e sua escalada de morte, fome, miséria, tudo isto em nome da fartura e da produtividade
- Que um instituto de apoio aos movimentos autogestionários de cidadãos facilite a visita destes a centros europeus de práticas alternativas
- Que o mesmo instituto permita a profissionalização de ecologistas de forma a que possam dedicar-se em tempo inteiro à difusão e articulação de grupos e actividades de carácter convivial e alternativo
- Que o instituto dê andamento e força a campanhas como:
- Construção de pequenas barragens, exigindo os ecologistas um serviço expressamente votado ao planeamento e execução dessas pequenas barragens
- Campanha pela redução do horário de trabalho; etc.

Os ecologistas voltam a lembrar a importância de uma política de saúde como vector fundamental de uma ética política e de um Estado de Direito.
É urgente pois:
- Que as instituições de saúde respondam claramente ao desafio posto pelas chamadas "doenças da civilização", ao respectivo diagnóstico ecológico e às respectivas terapêuticas naturais/causais adequadas
- Que as elites governantes, especialmente no campo médico, desfossilizem as suas posições, abdiquem do seu trogloditismo nato e vejam que é vanguarda europeia dar atenção aos métodos ecológicos de conservar a saúde, muito mais económicos para o orçamento geral do Estado do que o famigerado combate à doença
- Que se ponha cobro ao escândalo do pão-borracha, à sua inferior qualidade, aos vários produtos químicos que, ilegal ou legalmente, se adicionam no seu fabrico

- Que se tomem a sério medidas, até agora poucas e tímidas, para a diversificação de horários em Lisboa e localidades onde o congestionamento é um factor patológico determinante
- Que se ponham imediatamente a funcionar as 'Comissões de gesto do Ar" criadas por decreto-lei 255/80, de 30 de Julho, e cujo adiamento é mais um sinal do comprovado desprezo pela saúde pública e sintoma da comprovada sornice e corrupção nacional
- Que se tome , sem hesitar, partido pela saúde pública, quando o dilema for entre saúde e interesses corporativos de uma determinada indústria
- Que os esquemas de previdência cubram imediatamente os tratamentos e terapêuticas na turais/causais, como acupunctura, homeopatia, etc.
- Que se dê apoio a cooperativas de medicina tradicional chinesa

Face ao estado de catástrofe provocado pela seca, os ecologistas impõem como prioridade número 1 a um governo que governe:
- Que o problema da seca seja imediatamente atacado nas suas dimensões ecológicas e que se ponha fim às medidas silvo-pastoris, ridículas e grotescas de carácter meramente administrativo e pontual com que se tem pretendido defrontar o que é já declaradamente (embora ainda não declarada por covardia de quem governa) catástrofe nacional
- Que se mobilize e prepare o país para minimizar os custos do que é efectivamente uma catástrofe mas que ainda não deixou de ser encarado como um acidente meteorológico passageiro por governos cuja menoridade política, moral e mental têm nesse diagnóstico e nessa terapêutica o teste decisivo
- Que se promova imediatamente um inquérito oficial aos arboricídios que subrepticiamente têm vindo a multiplicar-se pelos municípios de todo o país
- Que se dê resposta clara sobre o destino do Projecto delta que previa reciclar todos os despojos portugueses de origem animal para farinha de rações
- Que se acabe com o cínico discurso que promete auxílios aos bombeiros mas que nunca são praticados por escuras e inconfessáveis razões
- Que seja criado o Banco Cooperativo Central
- Que se mande imprimir em milhares de exemplares um Manual Prático de Auto-Emancipação e Auto-Organização dos grupos e cidadãos e de incentivo à independência local


Voltando às prioridades energéticas, relembra-se a urgência de pôr em acção uma medida já anunciada:
- Que se implemente o sistema de diagnóstico energético das empresas, para combater gastos supérfluos e desperdícios desnecessários
- Que se faça aprovar na Assembleia da República o empréstimo de mais de quarenta mil contos facultado pelo Banco Mundial e que contempla, além daquele projecto, mais uma dezena de outros de racionalização energética

Entre outras prioridades, exigimos ainda:
- Que se acelerem e ponham à prova os esquemas de defesa civil criados por lei
- Que se divulgue o serviço de apoio ao jovem agricultor igualmente criado por lei mas obstruído por falta de vontade política
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(*) Este documento foi entregue, pelo representante do jornal «Frente Ecológica», a Mário Soares, durante um almoço com os ecologistas por ele promovido num restaurante do Bairro Alto, em Lisboa, no dia 1 de Abril de 1983
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