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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-20

SOFISMAS 1988

88-03-19-ie-di> = diário de ideias - sábado, 23 de Novembro de 2002-scan

MAIS ALGUNS SOFISMAS SOBRE O PROGRESSO

[19-3-1988, publicado?]

 Temos que viver com o progresso que temos.
Com esta máxima, a Tecnocracia em geral e a Biocracia médica em particular, justificam o fatalismo daquilo a que chamam (linha única da) Evolução.
A tese é, no entanto, destruída face às linhas de Evolução dadas por outras civilizações, culturas, povos, filosofias, ao lado das quais o vómito judaico-cristão, greco-romano e científico-industrial é apenas um equívoco passageiro.
Porque teimam em nos tapar o sol com uma peneira?
Isso prova que aquilo que a Tecnocracia mais teme é a Cultura. E esta civilização nega o diálogo com outras civilizações inegavelmente superiores porque (mais) civilizadas.

 Temos que viver com os holocaustos que fabricamos.
À escola nacional, regional ou local, a Holocaustomania serve-se da Protecção Civil, da Caritas, da Cruz Vermelha e até dos Bombeiros para continuar habituando o cidadão à catástrofe. Para banalizar a catástrofe.
Experiências com terremotos e outras catástrofes simuladas colocam o cidadão na situação de cobaia em que o Tecnocracia tanto gosta de o meter.
Com o filme "A Teia" pretendeu-se um murro ainda mais violento no plexo solar.
Que se pretende uma "habituação" é inegável, como inegável é que essa habituação tem três vertentes:
1 - Atemorizar e ter mais dóceis nas mãos do Poder os cidadãos acoçados
2 - Prevendo-se uma catástrofe enorme, o cidadão já nem sente as da rotina
3 - Encenando teatros de protecção civil, a Tecnocracia mostra que afinal pensa em nós e é amiga do povo.
Temos que viver com as catástrofes que temos: lema do conformismo e da unideologia do pensamento único.

 Homem, cobaia da Medicina: manipula o teu próximo como a ti mesmo
Experimentando sempre novos medicamentos, a Medicina faz dos doentes as suas próprias cobaias.
Mas toda a terapêutica sintomática faz do doente uma cobaia.
E toda a tecnologia perigosa não fará do homem cobaia?

 Homem, Cobaia da Ciência - Manipula o teu próximo como a ti mesmo
Com este mandamento fundamental da Ecologia Humana, começam todos os evangelhos da Tecnocracia totalitária..
Com a manipulação tecnocrática e tecno-trónica do homem pelo homem, não só se eterniza a exploração do homem pelo homem (pelo capitalismo de Estado dito socialista) como se fecha o ciclo de uma sociedade (unidimensional) que, baseada na ciência, na técnica e no rigor matemático, terá necessariamente que ser, a curto prazo, uma sociedade fechada.
A política enquanto ciência de rigor deve levar à sociedade perfeita ideal que tem como imperativo irreversível a liquidação do livre arbítrio individual, a liquidação das pessoas e a sua substituição por números.
É inegável que uma sociedade cientificamente perfeita liquidará o factor humano que não é cientificamente perfeito.

 Doses mínimas admissíveis (que) autorizam a matar
Ao escândalo dos crimes que a indústria em geral e a química em particular vão produzindo, responde a indústria médica com o sofisma das doses mínimas admissíveis.
Quando já não é possível negar que a sociedade industrial mata, organizações internacionais (O.M.S., F.A.O., C.E.E., O.C.D.E., Conselho da Europa, etc ) publicam tabelas com as doses mínimas admissíveis e recomendadas para que a morte não seja fulminante e reveladora (causa e efeito muito próximos) mas lenta, adiada, difusa, para que os responsáveis pelo crime industrial não fiquem assim directamente na mira das vítimas.
Como referia por exemplo um especialista do Ambiente, Santos Mota, referindo-se à contaminação por marés negras,"o derrame instantâneo (...)impressiona muito mais fortemente a opinião pública, do que as consequências gravíssimas mas incontabilizáveis de um lento e discreto derrame 4 vezes maior, espaçado geográfica e temporalmente ao longo de cada ano de prevaricações."
***

PRIORIDADES 1983

priorid1>diario83>linhas>manifest>-7216 caracteres - já emendado de gralhas este texto, que só no final tem interesse para retrovisor - temas reconhecidos anos depois - publicados ac

domingo, 19 de Janeiro de 2003

PRIORIDADES ECOLÓGICAS PARA A DEMOCRACIA

[Este texto não será importante pelo que afirma -- uma série de evidências que, no entanto, ainda o não eram em 1982 -- mas pelo que posteriormente já foi reconhecido como princípio correcto e que nessa altura era ainda motivo de chacota, censura e proibição. O facto de ter sido publicado, não sei se em «A Capital», permite provar que, afinal, alguém tinha razão antes do tempo: nesse aspecto, as alíneas finais é que são particularmente significativas e comprovam que ser precursor não é fácil: parte desses pontos, hoje, já são defendidos por algumas correntes, outros ainda não, mas de qualquer maneira é com estes raros e frágeis documentos que eu posso provar que não fui, ao longo de 20 anos, um alienado, um mentecapto, um provocador, um fascista, propondo o que propus e proponho... É uma circunstância rara e feliz que esse texto tenha sido publicado: de contrário, não poderia provar que a reciclagem já é hoje uma coisa democrática e civilizada]

19/Março/1983 - Que os ecologistas devem «meter-se na política» não oferece dúvidas a ninguém.
Como fazê-lo e com que meios, é o que parece neste momento estar a discutir-se, a partir de alguns documentos propostos para debate, nomeadamente pela associação «Amigos da Terra».
1 - Entre os grandes parâmetros que condicionam desde logo esse tipo de arrancada, um parece prioritário: nem o governo se pode substituir aos movimentos alternativos de cidadãos, propondo-se demagogicamente programas radicais e utopistas que só aos grupos e comités de cidadãos compete reivindicar; nem os movimentos de base deverão querer ser eles a usurpar funções que competem única e exclusivamente ao poder.
Dar o seu a seu dono, assumir cada qual a função que lhe cabe, coloca-se à cabeça das grandes orientações que devem reger um debate deste tipo.
2 -- Limitarem-se os movimentos alternativos à sua função específica implica, desde logo, que eles se tenham definido a si mesmos e para si mesmos. Que tenha havido debate interno. Ora essa parece ser a grande lacuna dos ecologistas portugueses, que têm rejeitado sistematica e acintosamente qualquer trabalho de aprofundamento e reflexão, votando mesmo ao ódio e ao ostracismo quem tente pensar e fazer das ideias sobre ecologismo o seu trabalho quotidiano.
Convém que o debate não omita esta deliberada casmurrice de tantos contra alguns. Porque enquanto o ecologismo não se definir, não disser o que é, o que quer e para onde vai, não poderá também saber o que vai exigir do poder. Esta a lacuna e os documentos agora divulgados com propostas bem o provam.
3 - Uma lista incaracterística de pequenas ou insignificantes reivindicações misturadas com outras que são fundamentais, não nos levará de facto a nada. Urgente é uma hierarquia de prioridades que, no entender do realismo ecológico, devem ser tomadas em conta por qualquer governo, não por força da sua simpatia ou antipatia pelas teses ecologistas mas pura e simplesmente por imposição de princípios constitucionais.
Urgente é que essas propostas de práticas e tácticas assumam a forma polarizada de campanhas-chave sobre pontos que, desde já, conciliam vantagens imediatas para a maioria da população e minimizam desvantagens.
Quer isto dizer que se devem evitar campanhas radicalizantes que, ao promover situações impopulares, afastam ainda mais as populações da ecologia em vez de as aproximar.
4 - Incidem sobre legislação pelo menos 15 dos 32 pontos que a associação «Amigos da Terra» apresentou no documento distribuído para debate. Deverá ser, porém, o reformismo legislativo a preocupação predominante dos independentes?
Relativamente às leis que existem ou devem existir, urgente é que os cidadãos não dispersem esforços lutando pontualmente por esta ou aquela lei avulsa, ou mesmo por grandes leis-quadro.
O problema neste momento em Portugal nem sequer é já, em muitos casos, falta de lei. O problema é que, mesmo existindo leis, elas não se cumpram.
Pelo que a reivindicação forte dos ecologistas deverá ser: um Estado que faça cumprir as leis e uma Assembleia da República capaz de fazer cumprir as leis e uma Assembleia da República capaz de fazer as obviamente necessárias. Até porque muitas delas terão que ser obrigatoriamente elaboradas por pressão da CEE.
Por estas ou por outras razões, os ecologistas não podem pôr no legalismo a tónica da sua luta e das suas reivindicações. É a ordem de prioridades, também no campo legal, o que nos cumpre exigir e propor. De contrário, colabora-se na grande manobra de distracção que é, com a quantidade, sempre esmagar a qualidade. Afogando-nos em leis, é que muitos políticos nos têm intoxicado.
5 - Propor prioridades, no campo legislativo ou qualquer outro, implica uma estratégia muito clara por parte dos ecologistas, até agora afogados num mar de pequenas tácticas pontuais. Implica que se faça uma selecção muito rigorosa dos problemas, uma análise correcta da situação global e que se indiquem as linhas mestras das políticas a cumprir. Legislação avulsa mais do que abundante já existe numa série de áreas relacionadas com a qualidade de vida, sem que no entanto se pratique uma política minimamente coerente em cada uma delas. O problema é ainda que as leis não se cumprem, não há quem as mande executar e quem fiscalize.
6 -- Indicam-se exemplos de campanhas que não só podem reunir o máximo consenso das «forças democráticas» mas que podem também ser mais simpáticas à opinião pública:
a) Campanha para a construção de pequenas barragens, exigindo os ecologistas um serviço expressamente votado ao planeamento e execução de um sistema de pequenas barragens em lugares de urgência prioritária;
b) Campanha pelas 38 horas de trabalho semanais, simpática por um lado a quem trabalha e por outro capaz de ser aceite pelos que se preocupam com os problemas do desemprego;
c) Ligada com esta prioridade anuncia-se uma outra: autoorganizar os desempregados numa força social. Já foi sugerido num jornal português um «sindicato de desempregadops». A fórmula é para descobrir, o que interessa é pôr em prática o princípio; congratulemo-nos por já não ser heresia o que Ivan Illich profeticamente propôs em «Le Chômage créateur» e Michel Bosquet re-glosou no artigo de «Le Nouvel Observateur», «Quand les Chomeurs seront heureux».
d) Uma política de reciclagem coerente e sistemática é, no actual contexto de crise e desperdício, uma das que melhor podem obter o apoio das populações;
e) Uma escola de tecnologias e energias apropriadas é o que de momento se afigura como reivindicação-chave e primeira prioridade no campo de uma didáctica intensiva; a criação de unidades de produção artesanal a caminho da autarcia é de uma urgência dramática, mas a falta de preparação técnica dos que quiserem integrar essas unidades de autosuficiência pode comprometer a sua viabilidade e imagem, junto do público; não é difícil criar ciclos, cursos rápidos e práticos, ou mesmo escolas-piloto de autoorganização de grupos e de ofícios práticos artesanais;
f) Intimamente ligada a esta reivindicação, é a de parcelas de terreno cedidas pelo Estado a quem nelas quiser realizar experiências de agricultura biológica; não se obriga a ir para o campo quem «gosta» de viver no pesadelo da cidade; mas exige-se que o governo ajude os que, fartos da cidade, preferem ir para o campo ser produtivos e mais úteis ao País do que parasitas na cidade;
g) A reconversão dos padrões de consumo não é um objectivo tão utópico como alguns economistas têm dito. Bastava que os políticos dessem atenção aos vários organismos e associações de consumidores (nomeadamente no campo alimentar), incentivando-os em vez de os perseguir, para aí se alargar um sector de reconversão de consumos que esses movimentos têm, na resistência e quase na clandestinidade, feito progredir;
h) A ignorância dos políticos e governos em relação aos movimentos que têm por função criar a futura democracia ecológica é a mais deplorável das miopias e deve portanto constituir reivindicação prioritária que os governos deixem de ser, constitucionalmente, tão estúpidos.
***

ABJECÇÃO 1991

91-03-19-ie-et = ideia ecológica - 5 estrelas - perverso- invent- 4424 caracteres -  ficções-manifest - ecoinvestigação

19-3-1991

 SINDROMA DOS EFEITOS PERVERSOS
 MOVIMENTOS SOCIAIS FACE AOS APARELHOS

EX:O MOVIMENTO ECOREALISTA
 OS TRAVESTIS DO NOSSO TEMPO-E-MUNDO



«o que é não aparece e o que aparece não é»
«mas há sinceridade nisso?»



*
[variante da mesma lista-inventário:]

Até quando iremos ouvir os cancerólogos que curam com radioactividade o cancro que poderá eventualmente ter sido produzido por radioactividade?
Até quando irão receitar medicamentos para as alergias que, ne melhor das hipóteses, são resultado de medicamentos e vacinas?
Até quando irão preconizar bombas subterrâneas para «evitar» os sismos que as mesmas bombas subterrâneas, algures, produzem?
*
Um belicista que diz defender a paz
Um burocrata que discursa elogios à liberdade e à democracia
Um mentiroso profissional que advoga a liberdade de expressão do pensamento
Um violento que apela à concertação (negociação) pacífica das partes em litígio

Um especialista que preconiza rebentamentos subterrâneos que provocam sismos para os evitar
*
Os retrocessos do progresso
Os esperados inesperados
Os previsíveis imprevistos
Os pacíficos violentos
Os canibais abstémios
Os vegetarianos carnívoros
*
A duvidosa sinceridade dos que promovem dias mundiais(ou de como o sistema pretende aliviar a sua má-consciência)
-pelos deficientes
-pelos esfomeados
-pelos desempregados
-pela terceira idade
-pela juventude
-pela criança
-pela mulher
-perlo consumidor
-pelo peão
-pelo contribuinte
-pelo delinquente
-pela paz
-pela natureza
-pelo patromónio cultural
-pelo artesanao
-pelos direitos humanos

*


A lista continua:
Ele é o dia internacional da Criança
Ele é a condição feminina
Ele é o movimento do património
Ele é o movimento da alfabetização
Ele é o movimento sindical
Ele, é claro e como não podia deixer de ser, é o movimento ecológico
Ele é o movimento pacifista
Ele é o movimento dos pequenos e médios agricultores
Ele é o movimento dos reformados
Ele é o movimento municipalista e autonomista
*
Atenção aos moralistas das ecotácticas

-as tácticas de não violência num contexto violento servem a violência
-as tácticas pacifistas num contexto bélico servem os belicistas
-as tácticas proteccionistas num contexto de destruição servem os vândalos
-as tácticas de poupança num contexto de desperdício servem o desperdício
-as tácticas de fraternidade num contexto canibalesco servem os canibais

-as tácticas de moralização num contexto imoral (corrupto) servem a devassidão
[resumindo e concluindo: o sentido de uma táctica depende da estratégia em que estiver inserida]
***

ORTOMOLECULAR 1993

4545 CARACTERES - 2 PÁGINAS - NE-1> - FICHAS DO TERAPEUTA - DIAGNÓSTICO REFLEXO -«REFLEXOLOGIA»- 4493 caracteres ne-1>adn> - Fichas de Medicina Orto-Molecular

Notícias da Esperança - HLB:TESTE BIOLÓGICO DO SANGUE

[Em sublinhado, as palavras usadas também em Radiestesia]

Inventado pelo norte-americano Robert Bradford e frequentemente designado Teste Biológico do Sangue H-L.B., convém explicar que essas iniciais correspondem aos seus autores: H de Heitan, L de Lagard (discípulo francês de Bradford) e B de Bradford. Não sendo um teste médico mas biológico, ele consiste na análise de uma gota de sangue, ampliada ao microscópio e fotografada a cores, sendo possível então detectar ou decifrar, nessa imagem fotográfica, «as degenerescências que conduzem ao Cancro ou que acusam já Cancro declarado».
Assim o afirma o próprio Robert Bradford, que todos os dias utiliza o aparelho no hospital «American Biologics». É ainda Bradford que explica os fundamentos lógicos desta ténica: «O teste biológico H.L.B., se bem que antigo (foi descoberto por um médico americano), tornou-se vulgar na Europa, através do Dr. Heitan. Daí o nome do teste. HLB quer dizer Heitan, Lagard, o discípulo francês e Bradford, o cientista americano, que explicou as alterações sanguíneas.
O teste HLB - que não é um teste médico - permite, através do exame de uma gota de sangue, decifrar as degenerescências que conduzem ao cancro, assim como dos cancros declarados. O teste consiste em examinar as anomalias da estrutura sanguínea. O sangue é, com efeito, o líquido nutritivo, que permite ao organismo desempenhar as suas funções, como por exemplo a do transporte de oxigénio de um órgão ao outro e de alimentar cada célula do nosso organismo. O teste permitirá detectar as reacções anormais do oxigénio molecular e as oxidações celulares. Sabemos, desde Otto Warburg, prémio Nobel da medicina, que os venenos e toxinas do meio ambiente perturbam o processo biológico de oxi-redução. Sabemos também que, se por uma razão qualquer, um tecido é privado de oxigénio, as células capazes de se alimentar apenas pelas fermentações, subsistem sózinhas; desta maneira, opera-se uma selecção entre as células que podem sozinhas não só continuar a viver como a desenvolver-se mais activamente. Estas células que podem dispensar o oxigénio, substituindo-o por uma fermentação, são as células cancerosas.
As perturbações do processo de oxi-redução, provocam uma redução do exigénio no sangue, o que contribui para favorecer uma massa de toxinas e veneno que vão circular no sangue e provocar uma toxémia. A toxémia pode igualmente ser criada ou agravada por um organismo enfraquecido, que não consegue eliminar os dejectos que cria (metabolismo das nucleoproteínas, dos ácidos desoxiribonucleicos, das purinas orgânicas). Este estado irá criar um verdadeiro desequilíbrio da função enzimática. Certas enzimas e biocatalizadores são indispensáveis à vida orgânica e protegem-na contra os venenos e certas substâncias nocivas produzidas pelo corpo, tais como as peroxidases que são substâncias cancerígenas. A catalase é uma enzima que se encontra nas células dos glóbulos vermelhos, no fígado e noutras células do sangue. Vai justamente proteger as células contra os efeitos nocivos das peroxidases.
A glutação é uma outra enzima (uma tripeside) presente em toda a célula aeróbica viva. O seu potencial oxi-redutor confere-lhe um papel importante não somente na respiração celular mas também no crescimento da divisão celular. É um agente anti-canceroso.A falta de enzimas e de biocatalizadores, indispensáveis à função orgânica e como agentes de defesa contra o cancro, vai criar esse estado anormal, tanto nas células como no sangue.
O exame microscópico irá revelar uma estrutura anormal, que tem tendência a modificar-se e agravar-se com a doença. Nota-se uma alteração das finas fibras celulares, as massas circulatórias invadem e transformam a estrutura sanguínea, que deixa aparecer buracos e manchas, devidos às perdas intensas das células. O sangue transporta os dejectos das células mortas assim como glóbulos vermelhos do tumor que possa existir no organismo.
Os testes foram estudados durante mais de vinte anos, pelo Dr. Heitan e seguidos depois pelo seu discípulo o Dr. Lagard, um médico cancerologista francês. Finalmente, nos estados Unidos da América pela «Fundação Robert Bradford e Hospital Biológico Americano.»
Eles demonstraram, com uma segurança de 90%, uma detecção muito precisa da doença do cancro. Demonstraram também que quanto mais a doença se agrava mais a estrutura sanguínea se modifica.
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SISTEMA 1974

74-03-08-ie> = ideia ecológica - quinta-feira, 5 de Dezembro de 2002-scan

A GRANDE DIFERENÇA ENTRE CRÍTICA E CONTESTAÇÃO(*)

8/Março/1974 - Toda a crítica parcial ao Sistema é recuperável, exactamente porque parcial.
Quando lemos, por exemplo, que uma marca de colchão é "resistente à chama, não inflamável e auto-extinguível'', é a indústria de colchoaria que responde às criticas feitas sobre a inflamabilidade de muitas marcas de colchão; o sistema não só recupera as críticas a esse nível como delas se serve para slogans publicitários.
Foi patente no caso do talco Hexaclorofene; depois de 30 bebés mortos, todas as marcas se apressaram a fazer propaganda alegando a suprema virtude de não matarem.
Tenho debaixo do olho um inefável anúncio de desodorizante, que fala por si e cujo texto vale a pena reproduzir na íntegra, até para lembrar à posteridade o papel relevante que neste processo de "limpeza", de "lavagem", tiveram as agências publicitárias que imaginavam tais textos. Reclamando as inigualáveis virtudes desodorizantes da nova marca, é evidente como o anúncio utiliza (voltando-as do avesso) as críticas feitas a um produto que provocava doenças e até mortes.
Ralph Nader ajudou a promover um capitalismo (uma publicidade) "de qualidade". As suas críticas parciais a isso deveriam conduzir.

Mas eis o texto:
"A desodorização inofensiva. Finalmente:
Inofensiva porquê?
Porque, pela primeira vez, o odor corporal pode ser combatido sem perigo.
De facto, o desodorizante tem como base a vitamina E, que investigações recentes descobriram ter uma imediata e eficientíssima acção preventiva do odor corporal.
A vitamina E substitui, assim, no desodorizante --- os produtos químicos tóxicos, até aqui utilizados, com a significativa vantagem de não provocar qualquer desequilíbrio biológico, devido a reacções nocivas.
Desodorizante - a primeira desodorização inofensivamente eficiente".

Outro aspecto da recuperação é o vasto campo dos antipoluentes.
A propaganda de lugares paradisíacos, por exemplo, em contraste com os infernos urbanos. Claro que os infernos urbanos foram não só cuidadosamente fabricados como propositadamente continuam a "melhorar" para que as agências de viagens e de turismo tenham o negocio do "tubo de escape" garantido
Os elogios ao Sol, ao ar puro, à água limpa e potável (roubados dos melhores textos de luta ecológica ou de prática naturista) não faltam então, quer se trate de publicitar os bairros residenciais ao estilo europeu, quer se trate de anunciar o "seu lugar para férias", quer se trate de elogiar "a calma, a paz, o silêncio que Vossa Excelência gozará" neste cruzeiro pelo Mediterrâneo (poluído e moribundo).
Roubadas à melhor talassoterapia( e helioterapia), podemos ler palavras radiosas como assim:
"É o sol que o convida a um encontro com o prazer!"
As casas de produtos dietéticos que têm proliferado nos últimos anos são outro exemplo de recuperação. O biológico é hoje a arma que uma propaganda atira contra a propaganda contrária - a de adubos, ureia, fosfatos, nitratos, pesticidas, insecticidas, herbicidas e fungicidas.

ESCÂNDALOS DA INDÚSTRIA ALIMENTAR

Foram tantos e tão sonoros os escândalos da indústria alimentar e o seu trabalho de biocídio, a sua razia e a sua indiferença, que o próprio sistema gritou "escândalo'' quando viu aí um outro filão a explorar industrialmente: os produtos ditos biológicos, não quimificados, não sintéticos, etc. O Sistema, sem hesitar, recupera para vender mais e mais caro. Voilá.
O que já em 1960 Vance Packard contava no seu livro The Waste Makers é sempre de recordar nestas emergências. Saturado o mercado com produtos de determinada linha homicida, há que saturá-lo de novo alegando que se fornece desta vez produto não homicida nem biocida. O.k.. Soma e segue.
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(*) Este texto de Afonso Cautela, a que não retiro hoje uma vírgula, foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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NUCLEAR 1977

mep-1> os dossiês do silêncio – inédito, obviamente


ENQUANTO O M.E.P. REPOUSA EM PAZ...- CADA JUVENTUDE TERÁ O QUE MERECE (*)

20/3/1977 - Cómico não é que o governo socialista, eleito por maioria de cidadãos portugueses no livre uso do seu direito à Asneira, se prepare para plantar oito reactores até ao ano 2.000 num território onde nem um reactor cabe.

Cómico não é que decisões como essa estejam a ser tomadas sem consulta à população, quando a consulta já foi feita por várias vezes (eleições) e a população disse que queria este governo que nos vai meter oito centrais atómicas no buxo, este governo que admitiu e consentiu Sines, que ficou encantado com Alqueva, que estimula o eucaliptismo, que desenvolverá as indústrias venenosas e pesadas, que, enfim, rendido aos alemães ou aos americanos vendedores de centrais, não tem outra opção que não seja aceitar o que vier em troca.

Cómico não é que um governo eleito pelo povo, faça tudo o que entende dever fazer contra esse povo por força desse mesmo mandato que desse mesmo povo recebeu.

Cómico, bastante cómico ( e sintomático do nosso risonho futuro ) é que a C.A.L.C.A.N., Comissão de Apoio à Luta Anti-Nuclear, tivesse, desde que foi fundada, em 1 de Abril de 1977, observado o mais prudente e atómico silêncio radioactivo.

Cómico é que os partidos estejam todos de acordo em partilhar com as grandes potências atómicas o que resta deste território afonsino para as potências atómicas aqui virem dejectar tudo quanto não querem dejectar nos países delas: plutónio, mercúrio, sulfuretos, seja o que seja, porco, tóxico, venenoso ou radioactivo.

Cómico é que o Movimento Ecológico Português não tivesse conseguido levantar cabeça porque andava tudo muito ocupado com reivindicações urgentes e, afinal, defender o povo da hecatombe nuclear e do crime atómico era para eles - partidos, sindicatos, serviços, etc. - coisa de loucos. Coisa de fascistas, chegaram a dizer-me os revisionistas -estalinistas.

Cómico é que os cadernos "Ecologia e Sociedade" tivessem promovido uma reunião em Lisboa, entre os seus 75 assinantes, e tivessem comparecido umas quinze pessoas, das quais umas cinco tinham ido ali por engano e estavam constantemente a olhar para o relógio: era sábado e um fim de semana, além de sagrado, não se pode deitar fora.

Cómico é que 80 dos assinantes do jornal "Frente Ecológica", a quem foi enviado, após dois anos de confiança absoluta, o primeiro titulo de cobrança da assinatura, mais de quarenta (500) tivessem devolvido o recibo com que se procurava liquidar os 10 números já enviados e, portanto, já recebidos por esses mesmo que devolveram o recibo.

Cómico é que "Frente Ecológica", após campanha de fomento e difusão, após artes e artimanhas, após ter-se a gente esfarrapado todos, por aqui, em nome da Pátria e da luta ecológica pela sobrevivência do povo português, conte neste momento pouco mais de 250 assinantes.

Cómico é que, num país com 8 milhões (8 milhões de quê?), a defesa ecológica tenha 250 mânfios que levam a sério esta brincadeira de resistir à maciça destruição do que nos resta.

Cómico não é, pois, que o relatório italiano sobre a visita do Ministro Mário Soares, dê como aprovado o projecto da primeira central nuclear, quando, por aqui, do lado de dentro, se diz que o projecto ainda vai "subir" à Assembleia (diz-se) da República.

Cómico não é que se tenha deixado os Estados Unidos a mamar na chucha, a roer no osso, para irmos agora desembolsar os 33 milhões de contos ao reactor da República Federal da Alemanha, quando afinal havia outros que preferiam, mais democraticamente, a caminho do socialismo, que os desembolsássemos à URSS, ou, outros ainda, ao Canadá.

Cómico não é que o II Encontro Nacional de Política Energética, subsidiado pela Companhia Eléctrica concessionária das centrais, tenha sido preparado pluralisticamente para dar o amen às decisões de cúpula: se o II Encontro foi financiado pelo secretário de Estado da Energia e Minas, eng.. Rocha Cabral, chefe do Grupo do Plano Nuclear, (ainda recentemente um dos maiores cérebros da Ex-C.P.E.), e pela própria Ex-C.P.E., agora sob a capa de empresa única nacionalizada dita E.D.P., cómico não é que o II Encontro vá ao encontro dos que o propiciaram financiando.

Cómico não é, tão pouco, que técnicos da Junta de Energia Nuclear andem, em segredo, dizendo que sob todos os pontos de vista a central nuclear será, aqui, a maior catástrofe que pode desabar sobre o Povo Português, sem coragem de o vir dizer alto e por escrito ao País.
Cómico não é que falte coragem a esses técnicos, sob a ameaça de perder o emprego se falassem e dissessem o que sabem.

Cómico não é que o governo socialista se candidate a um belo suicídio, metendo-se numa aventura que lhe acarretará a maciça oposição do povo português, muito em especial o das zonas directamente afectadas pelas centrais. Tratando-se de oito centrais, será todo o povo português, potencialmente em protesto, incluindo os próprios mortos de todos os cemitérios de Portugal, que se levantarão dos túmulos para saudar Mário Soares e a sua política de cemitério.

Cómico não é que se esteja a preparar com esta brincadeira do reactor, a melhor cama para se instalar, sem cuidados, o respectivo vazio económico que uma tal política energética representa durante, pelo menos, 10 anos.

Cómico não é que se vá, com o nuclear, aprofundar a brecha cisionista dentro do Partido Socialista.

Cómico não é que um governo se ofereça, em holocausto, ao buraco sem fundo do Nuclear, sem que até agora, os que sabem disso e são seus conselheiros, tenham tido o cuidado de o avisar.

Cómico não é que os responsáveis deste Plano Megalómano de oito Façanhudos Reactores estejam a fazê-lo completamente às cegas prevendo largar os primeiros precisamente sobre a linha de fractura sísmica mais típica e conhecida do território português.

Cómico não é que esses responsáveis nem sequer tenham fingido que iam estudar a segurança.

Cómico é que se esteja, com isto, a dar o empurrão mais espectacular no Movimento Ecológico Português, adormecido desde que nasceu e embalado pelo desinteresse minoritário de um público que tem preferido, graças a Deus, outras alegrias, eleições e greves, de um público que maioritaiamente votou naquele governo que lhe dará oito (oito!) reactores nucleares de bandeja.

Cómico é que o portuguesinho tenha agora que pensar, queira ou não queira, e ainda que isso lhe azede a imperial, de pensar muito a sério no ninho de lacraus que meteu no peito e que está amamentando, e como irá desembaraçar-se dele.
Cómico é que talvez agora, três anos depois de tudo ter feito para liquidar um Movimento Ecológico Português, lhe fizesse muito jeito que houvesse um Movimento Ecológico Português, capaz de (uma vez mais!) decidir por ele.

Cómico é saber corno irá ser este choque perfeitamente bombástico entre a politica suicida de um governo decididamente auto-masoquista e o povinho, quando sentir que lhe estão apertando o gasganete aqueles que ele elegeu seus deuses.

Cómico é não que as gerações actualmente a manjar do banquete do erário público, a pôr e a dispor dos dinheiros, a administrar a crise económica e a decretar para os outros medidas de austeridade, estejam literalmente a comprometer a sobrevivência das gerações seguintes, que hoje estão nascendo.

Cómico não é que um velhadas como eu, de 44 anos, possa urrar de gozo por ver esmagada, sob oito centrais nucleares, a juventude de hoje, homens e pais de família amanhã.

Cómico é que a geração, amanhã literalmente esmagada sob o Nuclear, ou sob as mil manigâncias venenosas, tóxicas e radioactivas do "progresso industrial", não tenha hoje, nem pareça que vá ter, a mínima atitude, o mínimo gesto, a mínima revolta, o mínimo esforço.

Cómico é que o povo todo e, deste povo, a parte ou geração vítima desta bandalheira pró-nuclear, nem sequer chegue a 250 portugueses, tantos são os portugueses assinantes de "Frente Ecológica", angariados a ferros de 1975 até hoje Março de 1977.

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(*) Embora tivesse enviado este texto ao Rocha Barbosa, director do semanário «Gazeta do Sul», acho que nunca chegou a ser publicado e ainda bem. Acho também que não saiu no livro sobre o nuclear que publiquei
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