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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-05-06

OGM 2001

petróleo-7>

6/5/2001 - J.C.: Envio-te um file que acabo de digitalizar.
Estas banalidades de 1974/75, que agora me lembrei de digitalizar, deixam-me um bocado apreensivo: além de banalidades (o óbvio do óbvio) também são hoje (incluindo a FAO e os luminares da FAO) temas completamente omissos no panorama mediático.
Ou estarei a ver mal?
Ou não me debruço, como em 1974, sobre os dossiês da fome, da FAO, do senhor Borlaug e outras coisas que, na altura, (me parece) constituíam temas centrais do ecologismo militante?
A questão da soja voltou, de facto, por causa dos transgénicos. Mas por causa também dos (países) ricos se sentirem incomodados com a história.
Mas os geneticamente modificados datam daquela data, para não dizer que datam dos anos 30, em que até Salazar acreditou no milho híbrido, mandando edificar 2 estações de «melhoramento» de plantas, uma em Oeiras e outra em Elvas.
Fico sem saber, afinal, se sou eu que ando nas nuvens e com a miopia agravada, se o ecologismo hoje é outra coisa.
É verdade que hoje dou o máximo ênfase à conservação dos animais e plantas. Serei mais conservacionista do que era naquele tempo de «humanismo» exacerbado.
Mas será que a fome deixou de ser problema para os ecologistas?
Onde está Josué de Castro? Onde estão os que punham a tónica nos recursos, nas tecnologias leves , como provam números da tua revista «Viver é Preciso» que ainda por aqui conservo?
Valerá a pena exumar estas antiguidades? Será que está tudo ultrapassado? Será que está tudo resolvido?
Será? Será?
De todos os enigmas, o que me arregala mais é não saber onde para a FAO. Mesmo o Banco Mundial, que regularmente nos informava do número de esfomeados, onde está o Banco Mundial que nunca mais ouvi falar dele?
Ou será minha a surdez?
Gostava de saber se isto é para ti uma questão relevante e se tens opinião formada sobre estes e dezenas de outros silêncios de que estou agora a fazer uma retrospectiva, graças à ajuda do scanner.
Teu amigo Afonso
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POLUIÇÃO 1980

1-2 - 80-05-06-ie> = ideia ecológica - quinta-feira, 2 de Janeiro de 2003-scan

6/Maio/1980: A EXPERIÊNCIA LONDRINA DO IMPERIAL COLLEGE CONTRA A POLUIÇÃO(*)

[(*) Este texto de Afonso Cautela deverá ter ficado inédito]

[6-5-1980]

Para ministrar um curso de cinco dias no departamento de ciências do Ambiente da Universidade Nova de Lisboa, esteve em Portugal o Dr. Roger Perry, autoridade na luta contra a Poluição do Ar e da Água.

É "reader" no Imperial College of Science and Technology, de Londres, a instituição que marcha na vanguarda das tecnologias de ponta, ao lado do célebre M.I.T., de Massachusetts e do "Zurique Polithecnique".

Fomos ao Instituto Britânico ouvi-lo a ver dezenas de "slides" por ele projectados sobre "Qualidade do Ar e da Água".

Não há dúvida que a tecnologia pode tudo, desde que o dinheiro à disposição seja infinito. Tal como informou o Dr. Roger, no seu Imperial College despendem-se verbas astronómicas na investigação dos aparelhos de medida que permitem controlar os níveis de poluição. Basta que o Parlamento elabore, em cada caso, legislação adequada.
Trabalhando com as indústrias, são estas as primeiras interessadas em inventar e fabricar mecanismos "despoluentes" que depois possam exportar para países que, embora já fartamente poluídos como o nosso, virão a estar ainda muito mais quando a Europa chegar.
Basta-nos legislação e dinheiro para podermos depois importar todos esses mecanismos de controle da poluição que este professor da prestigiosa instituição universitária nos aconselha desde já a comprar.

A cidade de Londres, com seus problemas de poluição e micro-clima., tem sido para o Imperial College um verdadeiro "laboratório de experiências" e os londrinos cobaias.

Em Dezembro de 19?? , a célebre epidemia de gripe que matou, em cinco dias, mais de 4 mil londrinos, levou a medidas drásticas e a outras, como o "Clean Air Act", legalistas ou reformistas.

Mas o "smog" fotoquímico foi apenas atenuada e não eliminado. Houve menos mortos do aparelho respiratório e é a isso que Roger Perry chama "controle da situação": evitar atingir pontos de ruptura, epidemia e escândalo. Desde que os mortos sejam mais espaçados...

A poluição deve manter-se numa espécie de "ralanti" que permita, inclusive, aos pulmões e órgãos vitais do citadino "adaptar-se", conforme o carácter laboratorial da experiência aconselha. Perante a poluição, mandam as autoridades que sejamos todos cobaias.

O "smog" difere com os poluentes que entram no "cocktail" fotoquímico: em Los Angeles, por exemplo, irrita os olhos mas em Londres ataca principalmente os brônquios. O Imperial College tem aparelhos para medir e discriminar, um por um, os ingredientes que entram nesta "salada" e que são em número praticamente infinito.

Mas o conferente insistiu em alguns mais mortíferos: monóxido de carbono, bióxido de carbono, óxidos de nitrogénio, chumbo, partículas residuais da combustão do carvão, petróleo e fuel.
O público deverá tomar particularmente nota dos “carcinogénicos”, como os aromáticos polinucleares”, já internacionalmente reconhecidos como produtores de cancro:
fluoretano, pirano, benzopirano, benzofluoretano, benzeperileno, etc (Borneff and Kunte, 1965) .

Passando para a água, o orador forneceu importantes dados sobre a poluição orgânica, detendo-se nas espumas dos detergentes não degradáveis, que vão matando cursos de água por esse mundo fora, sem possibilidade de reentrarem no ciclo orgânico.

Da diferença abissal entre os poluentes degradáveis (ou recicláveis) e os outros - os autênticos e terríveis poluentes, afinal - não falou o iminente cientista, como se as poluições não tivessem também a sua hierarquia. Preferiu enfatizar os perigos do combustível "carvão", o que abre campo sempre útil à electricidade e, portanto, à que as centrais nucleares produzem.

A poluição mata.
Mas o discurso anti-poluição, ópio do povo, adormece.
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(*)Este texto de Afonso Cautela deverá ter ficado inédito
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ADOECER 1961

61-05-06-sa> = selecção autobiográfica - chave ac para 1961 - o livro do desassossego em reedição

SER DOENTE

Tavira, 6 de Maio de 1961

Não vejo necessidade de «joeirar os grãos surrealistas» que possa ter. Não sei, aliás, o que seja surrealismo e apenas dou por conhecidos e amigos alguns poetas de quem a propaganda literária ou o jornalismo irresponsável disse serem surrealistas.
Se Lautréamont, se Rimbaud, se Jarry, se Sade (digo Sade, não digo Sartre), se Artaud, se Bousquet, se Michaux, se Prévert, se Raul de Carvalho, se O’Neill e Cesariny são, porventura, surrealistas ou surrealizantes, acontece que estão neles alguns dos meus companheiros inseparáveis; e nesse caso posso, com eles, ser surrealista.
Também George Bataille e Blanchot, ao que parece, manifestam afinidades surrealistas e acontece que são meus ensaístas de cabeceira. Joeirar-me disso, curar-me deles? Eis uma petição de princípio, porque intoxicado de uma literatura literata estava eu e foram precisos muitos anos perdidos para me encontrar nestes raros companheiros em que me encontrei.
A doença ou saúde de cada um, bem assim a normalidade ou anormalidade, depende muito do ponto de vista, e ainda há-de vir o primeiro génio capaz de resolver satisfatoriamente o problema. Louco, doente, anormal, desviado, out-sider, knok-out - eis tudo conceitos relativos, termos de posição em relação a outra posição fixa e convencionalizada.
Atitude objectiva, positiva e científica parece-me ser a que atende à relatividade sejamos todos Einstein!) sem se deixar influir pela convencionalidade dos conceitos e hábitos mentais.
Relativamente a um livro ou a um corpo (e um livro não será um corpo, um corpo que pode adoecer?...), importa pouco sabê-lo são ou doente. Importa pouco, se com isso queremos arrumar o assunto e desde que se queira, ao classificá-lo de doente, impor um juízo definitivo e condenatório, pejorativo e dogmático.
Ser doente é uma forma de ser. Mais importante, pelo menos, que todas as formas de parecer que o nosso quotidiano comporta: as adopções ideológicas, políticas, profissionais, partidárias, rotineiras, que não passam da epiderme e que afinal nos alimentam como se da nossa mais profunda e verdadeira substância se tratasse.
Ser doente, unifica, clarifica, polariza as energias físicas e anímicas, em vez de as dispersar e degradar.
Ser doente, define uma condição de estruturas, afecta o ser vivo na sua totalidade, na sua origem, no seu núcleo e na sua escatologia.
Ser doente modifica a óptica epistemológica da vítima, o seu aparelho de ver , perceber e pensar o mundo, bem assim mecanismo de acção e ataque sobre o mesmo mundo.
Ser doente, significa sofrer uma experiência irredutível e necessária, significa saber o peso ou gravidade do necessário e por isso aquilatar do valor e gravidade do livre (necessidade e liberdade determinam-se).
Ser doente, implica una das formas de intromissão do relativo no absoluto, do natural no sobrenatural, do físico no psíquico e reciprocamente.
Eis porque considero os meus livros censuráveis na medida em que não são tão doentes como deveriam ser e que neles transpira muito ainda de uma pretensa atmosfera optimista, humanista ou saudável que me é profundamente desgostante.
Agradeço-lhe a sugestão que me deu para reflectir sobre estas coisas e a paciência que teve agora em lê-las. Aceite as saudações gratas e a camaradagem ao dispor do
Afonso Cautela
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MEGAVITAMINA C 1971

1-3 - natural-1-os dossiês do silêncio – 5 estrelas em 1971

A DEFESA DO CONSUMIDOR EM 1971 
E DE COMO A MEGAVITAMINA C 
DE LINUS CARL PAULING 
É UM BOM PRETEXTO (*)

[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário « Notícias da Amadora», 15/Maio/1971 ]

[«Notícias da Amadora», 6/5/1971 ] - Diariamente, a grande Imprensa, sempre na vanguarda do progresso, se faz eco de opiniões mais ou menos desfavoráveis, proferidas pela  Ciência a respeito daquilo que a  ciência designa por alimentação natural, vegetarianismo, dieta racional, etc., etc.
Ao serviço dos grandes "trusts" - quer os da indústria químico-farmacêutica, quer os dos óleos e petróleos e gasóleos que poluem a biosfera, quer os dos motores automóveis que empestam as cidades, quer os das indústrias em geral que deterioram o meio ambiente, quer os das indústrias alimentares em particular que vêm coroar a acção desenvolvida por todas as outras - porque não há-de a grande imprensa criticar tudo quanto represente, neste nosso tempo e mundo, uma resistência objectiva e frontal à vaga  desencadeada pela grande indústria contra o homem?
A situação é tão clarinha, que se não fosse também a lavagem ao cérebro diariamente perpetrada por outra grande indústria - a publicidade - através de outras grandes indústrias - os mass media, em geral e a TV em particular -, sobre o inocente consumidor, nem precisaria de mais explicações.
A coisa é tal, que temos que demonstrar, com algum jeito, que A é A e B é B, em matéria alimentar e reciprocamente. Porque na revolução alimentar - sabem alguns, desde que os hippies praticam a Macrobiótíca Zen - reside o núcleo da revolução existencial, logo humana e cultural.
Contra isto, estão atentos e nem podiam deixar de estar, os monopólios. Contra isto, há sempre meia dúzia de cientistas que, com a sua "autoridade na matéria", são convidados a pronunciar-se (por quem?) contra os novos hábitos alimentares, em expansão cada vez mais acelerada e "ameaçadora" e "perigosa" pelo mundo, à medida que aumenta a  vaga das indústrias em geral e das alimentares em particular e das químicas muitíssimo em particular, indústrias que, evidentemente, só querem a felicidade, o bem estar, a liberdade e a saúde dos cidadãos.
Não valia a pena gastar tinta, se o caso, desta feita, não desse o flanco da maneira airosa como dá. Em exclusivo de The Los Angeles Times - jornal que, segundo as más línguas, poderia muito bem ter apoiado a candidatura Goldwater - publica um vespertino lisboeta (3 de Maio de 1971) um suculento artigo chamado "A Alimentação"natural" pode criar uma geração de deficientes mentais.»
E pode, caramba! Eu mesmo que o diga. Se não fosse agora o dr. Paul D. Saltman vir em auxílio da minha pobre e debilitada memória, cá por mim ainda não tinha percebido - debilitado mental que sou e estou - porque de há uns meses para cá se me acentuavam, assustadoramente, os sintomas de atraso e debilidade mental. Veio o dr. Saltman e pronto, tudo explicado.
Bons tempos esses em que, à base de libriuns e de alimentação forraginosa, da boa, da carnívora, da omnívora, da normal e sadia (não natural nem naturista, portanto) guiado eu por especialistas eminentes,  tentava eu pôr ordem num desequilibrado sistema nervoso, a que um mundo apaziguador, uma cidade paradisíaca, um país e um tempo de florescente fomento humanista, tinham destrambelhado um tanto.
Bons tempos esses em que, com os pés para a cova, a única saída proposta pelos  especialistas era o suicídio.
Bons tempos esses, vai para três aninhos, em que não conhecia as tentações, os erros, os vícios, os crimes, as taras, as carências da alimentação "natural" entre aspas.
Agora compreendo tudo: o Dr. Saltman - citado pela jornalista do “ The Los Angeles Times “- não deixa lugar a dúvidas. Os fanáticos do "regresso à natureza", no campo alimentar, são muito capazes de estar a contribuir para se criar uma futura geração de “deficientes mentais".

No fundo, até não interessa muito responsabilizar ninguém em particular pelas afirmações atribuídas ao dr. Saltman. O que importa é saber que a notícia se aproveita para puxar uma brasa mais à sardinha que convém, qual é a de fazer vigorar, entre os leitores, a ideia de que todos os regimes que não vão abastecer-se ao super-mercado são daninhos.
Verdadeiramente bom e certo é mergulhar o consumidor no celofane dos super-mercados, na marca registada, na caixinha vaporosa e multicor, na lata e na conserva, no refinado e no rotulado, no refrigerado e no congelado, no quimificado, o bom, o óptimo é descansar nossos cuidados e sintomas na grande e anónima autoridade da anónima indústria de irresponsabilidade ilimitada.
Onde o dr. Saltman (que é uma "autoridade no metabolismo do ferro e nas substâncias que prejudicam a sua utilização pelo corpo humano" entre aspas) quer chegar, a jornalista Jeanne Voltz e “The Los Angeles Tímes”, talvez a gente saiba: talvez à subtil insinuação de que na química está a grande salvação e na super-poluição do meio - a que os do regresso à natureza são os primeiros a opor resistência: - o paraíso reencontrado. Quantos mais fumos, escapes, óleos, resíduos, lixo, lixo e lixo nos deitarem por cima (quanto mais embalagens perdidas os nossos caixotes do lixo comportarem diariamente) mais satisfeito e aos pulos deve andar o dr. Saltman e a Jeanne jornalista.
Quanto mais carne  e peixe congelado, margarina e corantes, pesticidas e sacarinas, ciclamatos e conservantes se consumirem, quanto mais químicos cancerígenos as indústrias utilizarem ou lançarem para a atmosfera, mais o Dr. goza e a Jeanne com ele.

A determinada altura da sua oração, o Dr. Saltman - segundo a jornalista sua porta-voz - vira-se contra Linus Pauling, a pretexto da teoria deste sobre a megavitamina. Belo pretexto, a megavitamina. Aqui é que a gente começa a perceber o que dói ao Dr. Saltman, professor de Biologia na secção de San Diego, na Universidade da Califórnia.
Para melhor esclarecimento dos interessados, relembra-se a biografia de Linus Carl Pauling: aos 70 anos de idade, Pauling é duas vezes prémio Nobel (da Química em 1954 e da Paz em 1962) e prémio Lenine da Paz em 1970, além de ter escrito uma obra chamada "Acabem com as Guerras".

Digam-me lá agora, fanáticos ou não do regresso à Natureza , se as vitaminas e proteínas não são um belíssimo pretexto de caça às bruxas e se não haverá motivos bem fortes para o Dr. Saltman, a jornalista e o “The Los Angeles Times” andarem tão chatiados com a mega-vitamina do nosso querido Linus Carl Pauling, que é tão conhecido em simpósios internacionais pelo seu desassombro como pela sua famosíssima boina basca. E principalmente pelas suas suspeitíssimas simpatias não só pela mega-vitamina C, como pela paz.
Pois, pois: quem ainda souber raciocinar, faz o favor de perceber o que dói ao Dr. Saltman e de que os fanáticos do “regresso à Natureza” entre aspas até são um belo pretexto para denunciar ao FBI personalidades tão incómodas e perigosas como Linus Carl Pauling .
Pena é que, quando se dá a ler notícia assim ao leitor, este não tenha logo à mão os dados essenciais do problema, porque então a notícia não surtiria 90% dos efeitos que pretende: condicionar ainda mais a condicionada mente do consumidor, para que até à morte e à consumição dos séculos, ele mais não faça do que consumir. E consumir.
Quando, também na Califórnia (lá onde o Dr. Saltman é autoridade em metabolismo do ferro entre aspas e professor de Biologia) nós sabemos, como Edgar Morim nos contou, que as comunas "hippies" não só praticam a agricultura biológica (crime dos crimes para a indústria dos pesticidas) como, em matéria de política, são adeptos da Macrobiótica Zen, compreendemos muito melhor ainda as fúrias do Dr. Saltman, da jornalista que lhe pesca o discurso e da Imprensa que os reaproveita. Ou não compreendemos?
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário «Notícias da Amadora», 15/Maio/1971
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