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2006-11-02

MACROBIÓTICA 1996

cya-1- erros- ecologia alimentar

CILADAS YANG NAS REFEIÇÕES

Lisboa, 2/11/1996 - Falando em molhos e nos hábitos de alguns restaurantes ditos macrobióticos , desejosos de atrair clientela , é bom recordar certas pequenas ciladas que, a troco  de atrair clientela com base no paladar viciado desta, nos podem criar problemas de funcionamento intestinal, sem que saibamos a causa. Como é suposto a macrobiótica ser uma alimentação natural e, portanto, boa à partida, dificilmente se relacionará um aperto dos intestinos (endurecimento de fezes, por exemplo) com um molho onde disfarçadamente o cozinheiro incluiu uma boa dose de chamado Kuzu. Para «espessar» o molho dirá ele.
Ao que sabemos, o Kuzu é um produto extremamente yang e, portanto, pode ter, em intestinos sensíveis, e em vesículas sensíveis, resultados contractivos pouco agradáveis. Mas o uso do tal kuzu (palavra japonesa que diz farinha de araruta) estende-se à medicação macrobiótica , sendo o chá de kuzu altamente aconselhado , nos livros, para afecções de garganta , com expectoração. O resultado,  especialmente em crianças, é mau : um processo de expulsão e limpeza como é o da expectoração, é fechado abruptamente , de onde resulta que não só não beneficia o utente como ainda lhe pode deixar sequelas de acumulações catarrais. Porque - não o esqueçamos - a expectoração provocada por um resfriado benigno é a oportunidade sazonal que a natureza dá ao organismo de se limpar das acumulações catarrais produzidas durante os meses  quentes.

Cereais yang, cuidado - Falando de ciladas yang na alimentação, muito frequentes desde os primórdios da macrobiótica em Portugal, já lá vão (quase) 30 anos, recorde-se, por exemplo, o «trigo sarraceno» , que chegou a ser recomendado, como aplicação externa, sob a forma de emplastro, para contrariar extremos yin.
Ora há quem coma trigo sarraceno como base de cereal numa refeição - o que é francamente desequilibrado.
Não sei se o trigo rijo que se compra, em spagueti, nos supermercados , terá alguma coisa a ver com o trigo sarraceno. Mas, a julgar pelo nome comercial que lhe puseram - rijo -, é muito possível. Rijo era nome que se poderia dar , energeticamente falando, ao trigo sarraceno, que os povos da grandes altitudes (Estrela, Himalaias, Gerês) poderão, tal como o centeio, ter como defesa contra o extremo yin da temperatura.
E aqui temos um problema metafísico da mais alta importância : a ambiguidade do calor e do frio face à hierarquia do yin yang. Se eu aqueço (cozo ou meto no forno) um alimento, o calor yanguiza-me o alimento. Mas, um extremo frio, como logo se percebe, também é ianguizador do nosso organismo. Se o frio congela a água, é evidente que o frio também é fortemente yang.
Um pouco diferente será, por exemplo, o calor húmido, junta-se o expansivo do calor ao expansivo da água. Enquanto o frio húmido será menos yang do que o frio seco.
Enfim, não é tão seguro e claro que se coma mais yang quando está frio e mais yin quando está calor.
Em vez de nos regularmos pelos esquemas do livro, o melhor é mesmo deixar falar o nosso feeling e a própria experiência.
Se a prática macrobiótica não melhorar o nosso feeling, de pouco nos estará a servir a prática macrobiótica.
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