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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-10-05

CRISE 1990

1-2 - 90-10-13-ie=ideia ecológica - 706 caracteres -inveja-ecos-inéditos ac 1990

REFLEXÕES SOBRE A CRISE - INVEJA SOCIAL E CONSUMOS

13/Outubro/1990 - Hipótese impensável (incrível ou inacreditável) e que só pode, portanto, ser matéria de ficção, é a que agora me ocorre, depois de ver, numa revista francesa de grande luxo - a «Marie Claire» - uma secção dedicada à «defesa do consumidor» intitulada «escroqueries».
Sim senhor: o sistema admite enfatizar a pequena escroquerie, como forma de disfarçar as grandes. Mais: mostrando que o mundo dos médios e baixos consumos é reles, ordinário, vulgar, de baixa qualidade, este tipo de defesa do consumidor exalta automaticamente o «alto consumo», as coisas que são de qualidade porque são (+)caras.
Mas a essas só uma minoria tem acesso. É necessário. entretanto, que a maioria fique cheia de inveja dessa minoria, que tem acesso às coisas de qualidade. Todas estas revistas - «Marie Claire», «Elle», etc - são máquinas feitas para accionar o grande motor do consumo e da sociedade de consumo: a Inveja.
Tratando-se de publicidade, atenção às subtilezas. Se nas citadas revistas do «consumismo» se pode encontrar referências às algas como produto de beleza, à talassoterapia, aos banhos de mar, à Natureza e ao biológico, é apenas porque os grandes laboratórios dos produtos (ainda) químicos já estão investindo também nos produtos «biológicos».
Não se confunde este tipo de solicitude pelo «natural» com uma visão ecológica da vida, com o amor à vida e à Natureza. Significa apenas que as sete irmãs já estão com um pé no (negócio) futuro, apostando no que hão-de ser os usos e costumes depois de a química ser destronada.

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

13/Outubro/1990 - Verificada a toxicodependência em que a Humanidade se encontra das sete irmãs do petróleo - como se estivesse por elas condenado à morte, a tendência é para desistir e desmoralizar.
Para nos [balouçarmos] lançarmos nos «prazeres» que o sistema apesar de tudo ainda proporciona, embora num clima mal disfarçado de «fim de festa».
«Pessimismo», nesse contexto, é recusar gozar os últimos cartuchos da vida, pois novas crises e novas inflações virão necessariamente aí, e optimismo é a atitude de cedência a esse clima emocional de apocalipse.
Nem pessimismo, nem optimismo - mas realismo - parece-me ser a única atitude justa e não afrontosa para todos os pobres e esfomeados da Terra. Realismo será então não ignorar a toxicodependência em que estamos do sistema de monodependência - e a forma como nos estrangula - mas dispensá-lo dentro do possível. É a heresia máxima e daí que as TA's (tecnologias apropriadas) e quem as defende tenham constituído a heresia máxima.
Plantar as questões de saúde, por exemplo, não em termos de consumir mais (algumas) coisas, ou coisas diferentes , mas de nos «apropriarmos» de tecnologias de autosuficiência, essa é que é a heresia máxima - e o que o sistema acima de tudo odeia porque teme.
Mas não há motivo para pessimismo absoluto. Ainda podemos, os da resistência, encontrar aliados com algum poder, para nos barricarmos e defendermos. A nossa função é, evidentemente, jogar à defesa.
É por isso que, a esta luz, as «alianças estratégicas» são defensáveis. E há por aí movimentos, personalidades, ideias, com as quais podemos preferencialmente aliar-nos, embora, à primeira vista, esses aliados estejam também rendidos ao sistema dos 7 pilares da Abjecção.
Dou exemplos:
Testemunhas de Jeová
Destiladores de óleos essenciais
Agrobio
[ver listagem do «Dicionário da esperança»]

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Ecos s/ data - 1975 +-

PSICOPATOLOGIA PORTUGUESA – O OBJECTIVO DA PUBLICIDADE É TORNAR-NOS INFELIZES

Segundo li, há em Portugal um milhar e tal de publicitários.
Melhor do que ninguém esses portugueses podem testemunhar sobre o papel redentor que a publicidade teve e tem, neste País, na redução de cada um à sua insignificância e na criação de uma maior e mais esclarecida consciência de classe.
De facto, se o estatuto de «gente» só é conferido a quem tiver dentes brancos, hálito puro, moradia na praia, alcatifas Cuf-têxtil, margarina vaqueiro que torna tudo mais apetitoso, (+---), se a gigantesca lavagem ao cérebro operada pelos geniais Portela Filho deste País nos convenceu de há muito da nossa incurável mediocridade, da nossa insanável modéstia, da alvar insignificância dos nossos gestos e comportamentos, então o caminho da felicidade e da qualidade de vida, hoje, só pode ser o que o «marketing» e os poderosos líderes da opinião nos apontam: mais pasta colgate, mais alcatifas Cuf-têxtil, mais desodorizante, (+----).
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