FRENTE 1995
95-9-24>retro-1>chave> - gulag 95- mein kampf
MEMÓRIAS DA «FRENTE ECOLÓGICA» - CARTAS SEM ENDEREÇO CERTO
Seja quem for que detenha seja que parcela for do Poder - esse bolo de merda infinito - é sempre responsável pelos crimes contra a Vida, a Natureza, o Ambiente e o Ser Humano, seja qual for o discurso ecologista, ambientalista, proteccionista, escutista, reservista, consumerista que debite e com que nos escarre a paciência.
24/9/1995 - Com estes files da série, quero ver se compilo «provas», com datas bem definidas, de que antes dos ecologistas e ambientalistas hoje na berra, já eu defendia e postulava teses que, se hoje estão na berra, nesses tempos eram pura e simplesmente perseguidas, aos gritos de «fascista» e «reaccionário».
Estão estes files muito ligados aos files - sapos vivos - onde tento, mais do que fazer retrospectiva, apresentar o testemunho do tempo que está correndo e dos sapos vivos que a canalha - Comunistas & cª - me continuam a fazer engolir: tudo sempre por causa da ecologia radical. Se até um programa da fascista SIC tem um programa «Portugal Radical», onde meterei eu, a não ser no cu, os radicalismos de que me fiz sempre arauto?
A propósito de radicalismos e de linguagem «desbragada», não oficial, não académica, não bem educada, malcriada portanto, linguagem que o meu amigo Carlos Filipe tanto me recrimina, a propósito, tenho de lembrar que acaba de sair uma diatribe do advogado e deputado Almeida Santos - «Vivos ou Dinossauros» - contra o que ele chama fundamentalistas da ecologia e que outros chamam, com maior snobismo, «deep ecology». Afinal, esta gente inteligentíssima farta-se de descobrir a pólvora: e como a ecologia, por natureza, só pode ser ecológica - ou seja, fundamentalista e «deep» - , o resto são reformismos ambientalistas, proteccionistas, escutistas e o caralho, ei-los a vociferar contra os cautelistas como eu que, desde pelo menos 1968, se têm exposto à voracidade dos ratazanas dos partidos, defendendo, à franco-atirador anarquista, apenas o que logica e ecologicamente deve ser defendido. Por quem não seja estruturalmente um cabrão. Do Poder.
Se pensam que vou esperar pela idade do Agostinho da Silva para me dizerem que eu tinha razão, estão enganados. Os fascismos da Democracia - que sempre foram denunciados nos meus textos - acompanham evidentemente o realismo ecologista que nesses mesmos textos, step by step, se formulou. Os deputados e advogados podem vir agora, com o ex-Veiga Simão à ilharga, dizer que defendem centrais nucleares com painéis solares no telhado. Podem vir todos, aos gritos de «agarra que é fascista», pois foi aos gritos de agarra que é fascista que os «ambientalistas» - presidencialistas e cunhalistas - perseguiam os cautelistas que defendiam o ambiente e se aliavam, por isso, à reacção, então representada pelo agora «compagnon de route» de Soares, o arquitecto paisagista Ribeiro Teles. O espectáculo presidencial de «meas culpas» só não é pornográfico porque a ecologia tudo transmuta e bismuta. Também lá anda na comitiva o Delgado Domingos, mas esse, verdade seja, foi sempre correcto comigo, sempre se dignou, do alto da sua cátedra termodinâmica, dar-me alguma atenção, embora, evidentemente, pelo meio fosse largando piadas contra o meu «folclorismo» porque, para ele, dinossauro delgado, nunca fui suficientemente «científico», ou seja, nunca engoli os sapos vivos fascistas da ciência, arquétipo fascista evidentemente, como estão lá os Nicolau Ceausescu (1918-1989) da Roménia (como se chamam eles?), que não me deixam mentir. Mas hoje o que o Delgado Domingos quer é mesmo ser deputado europeu, aquilo dá um balúrdio, e o José Mattoso - com dois tt, que evocam o pai, autor de uma «História» escolar por onde o fascismo lavou o cérebro da minha geração - , com as suas barbas místicas, escreveu evidentemente um artigo de grande fundo para a revista que ele - delgado - editou para oferecer ao presidente aberto, já não sei se em Braga se em Vila Nova de Mil Fontes, se em Freixo de Espada à Cintura, onde os problemas da poluição mais apertam e são terríveis, terríveis, terríveis, como eles agora dizem de pastelinho de bacalhau apertado entre o polegar e o dedo grande.
Se este file pega, vou ter aqui muito que despejar. E que retrospectivar. Não falta matéria, agora que todo o Mundo está a defender o Ambiente, não falta matéria para dizer que o ambiente é agora deles, tal como foi o fascismo nuclear, o fascismo das vacinas, o fascismo dos pesticidas, o fascismo neo-maltusiano (de que é herói o deputado advogado), o fascismo da violência médico-farmacêutico-cirúrgica, que nesses fascismos não tocam eles, os democratas da merda: a tortura deixou de ser nos gabinetes da PIDE e nos lavatórios tintos de sangue para se estender a todos os locais de assistência ao consumidor. É verdade, os fascistas do consumerismo, que já conseguiram dar a volta a uma das minhas únicas lutas interessantes: por causa do Beja Santos, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, deu-me um dia um prémio, que, por incapacitação temporária minha, foi recebido das mãos do Valente de Oliveira - esse jogador de palitos a feijões - pelo então director do meu jornal Mário Crespo. Vicissitudes do tempo que passa. Mas lá que o consumerismo, apesar do Beja Santos, deu com os burrinhos no fascismo mais descabelado, é verdade. Virtudes do artesanato, também esse uma espécie em vias de extinção.
Credo, artesanato, que fui eu dizer? Outro dos pontos melindrosos. Na revista «Vida Mundial», onde o Ruben (claro, de Carvalho) era meu director e chefe de redacção, perguntava-lhe eu a medo - a homens de esquerda e barba rija falei sempre a medo - se era lícito escrever uma notazinha de elogio aos processos artesanais e tradicionais de fabrico de pão. Ele ria-se e aquiescia. «Vá lá, homem, dá asas ao teu reaccionarismo saudosista, escreve sobre fabrico artesanal de pão.» O marxismo-leninismo do meu amigo Ruben de Carvalho e o seu benquisto amor ao progresso estalinista, não o impediam de admitir um elogio desse meu pequeno retrocesso saudosista. Mas, sempre que podia, as minhas teses sobre o tecnocrata faziam-no quase exasperar. Não sei se ele, hoje que está no poder da Lisboa 94, a produzir vendas em saldo de livros no mercado da ribeira, não sei se ele, Ruben de Carvalho, ainda se ri dos tecnocratas, e dos fascistas como eu que sempre odiaram, odeiam e odiarão o tecnocrata, quer se mova na chamada esquerda, na chamada direita, ou no chamado centro. Mas trazer a lume o princípio do tecnocrata é «fundamentalismo», claro, segundo o advogado e deputado aliado dos dinossauros.
Seja quem for que detenha seja que parcela for do Poder - esse bolo de merda infinito - é sempre responsável pelos crimes contra a Vida, a Natureza, o Ambiente e o Ser Humano, seja qual for o discurso ecologista, ambientalista, proteccionista, escutista, reservista, consumerista que debite e com que nos escarre a paciência.
***
MEMÓRIAS DA «FRENTE ECOLÓGICA» - CARTAS SEM ENDEREÇO CERTO
Seja quem for que detenha seja que parcela for do Poder - esse bolo de merda infinito - é sempre responsável pelos crimes contra a Vida, a Natureza, o Ambiente e o Ser Humano, seja qual for o discurso ecologista, ambientalista, proteccionista, escutista, reservista, consumerista que debite e com que nos escarre a paciência.
24/9/1995 - Com estes files da série
Estão estes files
A propósito de radicalismos e de linguagem «desbragada», não oficial, não académica, não bem educada, malcriada portanto, linguagem que o meu amigo Carlos Filipe tanto me recrimina, a propósito, tenho de lembrar que acaba de sair uma diatribe do advogado e deputado Almeida Santos - «Vivos ou Dinossauros» - contra o que ele chama fundamentalistas da ecologia e que outros chamam, com maior snobismo, «deep ecology». Afinal, esta gente inteligentíssima farta-se de descobrir a pólvora: e como a ecologia, por natureza, só pode ser ecológica - ou seja, fundamentalista e «deep» - , o resto são reformismos ambientalistas, proteccionistas, escutistas e o caralho, ei-los a vociferar contra os cautelistas como eu que, desde pelo menos 1968, se têm exposto à voracidade dos ratazanas dos partidos, defendendo, à franco-atirador anarquista, apenas o que logica e ecologicamente deve ser defendido. Por quem não seja estruturalmente um cabrão. Do Poder.
Se pensam que vou esperar pela idade do Agostinho da Silva para me dizerem que eu tinha razão, estão enganados. Os fascismos da Democracia - que sempre foram denunciados nos meus textos - acompanham evidentemente o realismo ecologista que nesses mesmos textos, step by step, se formulou. Os deputados e advogados podem vir agora, com o ex-Veiga Simão à ilharga, dizer que defendem centrais nucleares com painéis solares no telhado. Podem vir todos, aos gritos de «agarra que é fascista», pois foi aos gritos de agarra que é fascista que os «ambientalistas» - presidencialistas e cunhalistas - perseguiam os cautelistas que defendiam o ambiente e se aliavam, por isso, à reacção, então representada pelo agora «compagnon de route» de Soares, o arquitecto paisagista Ribeiro Teles. O espectáculo presidencial de «meas culpas» só não é pornográfico porque a ecologia tudo transmuta e bismuta. Também lá anda na comitiva o Delgado Domingos, mas esse, verdade seja, foi sempre correcto comigo, sempre se dignou, do alto da sua cátedra termodinâmica, dar-me alguma atenção, embora, evidentemente, pelo meio fosse largando piadas contra o meu «folclorismo» porque, para ele, dinossauro delgado, nunca fui suficientemente «científico», ou seja, nunca engoli os sapos vivos fascistas da ciência, arquétipo fascista evidentemente, como estão lá os Nicolau Ceausescu (1918-1989) da Roménia (como se chamam eles?), que não me deixam mentir. Mas hoje o que o Delgado Domingos quer é mesmo ser deputado europeu, aquilo dá um balúrdio, e o José Mattoso - com dois tt, que evocam o pai, autor de uma «História» escolar por onde o fascismo lavou o cérebro da minha geração - , com as suas barbas místicas, escreveu evidentemente um artigo de grande fundo para a revista que ele - delgado - editou para oferecer ao presidente aberto, já não sei se em Braga se em Vila Nova de Mil Fontes, se em Freixo de Espada à Cintura, onde os problemas da poluição mais apertam e são terríveis, terríveis, terríveis, como eles agora dizem de pastelinho de bacalhau apertado entre o polegar e o dedo grande.
Se este file
Credo, artesanato, que fui eu dizer? Outro dos pontos melindrosos. Na revista «Vida Mundial», onde o Ruben (claro, de Carvalho) era meu director e chefe de redacção, perguntava-lhe eu a medo - a homens de esquerda e barba rija falei sempre a medo - se era lícito escrever uma notazinha de elogio aos processos artesanais e tradicionais de fabrico de pão. Ele ria-se e aquiescia. «Vá lá, homem, dá asas ao teu reaccionarismo saudosista, escreve sobre fabrico artesanal de pão.» O marxismo-leninismo do meu amigo Ruben de Carvalho e o seu benquisto amor ao progresso estalinista, não o impediam de admitir um elogio desse meu pequeno retrocesso saudosista. Mas, sempre que podia, as minhas teses sobre o tecnocrata faziam-no quase exasperar. Não sei se ele, hoje que está no poder da Lisboa 94, a produzir vendas em saldo de livros no mercado da ribeira, não sei se ele, Ruben de Carvalho, ainda se ri dos tecnocratas, e dos fascistas como eu que sempre odiaram, odeiam e odiarão o tecnocrata, quer se mova na chamada esquerda, na chamada direita, ou no chamado centro. Mas trazer a lume o princípio do tecnocrata é «fundamentalismo», claro, segundo o advogado e deputado aliado dos dinossauros.
Seja quem for que detenha seja que parcela for do Poder - esse bolo de merda infinito - é sempre responsável pelos crimes contra a Vida, a Natureza, o Ambiente e o Ser Humano, seja qual for o discurso ecologista, ambientalista, proteccionista, escutista, reservista, consumerista que debite e com que nos escarre a paciência.
***
<< Home