YIN-YANG 1979
1-2 - yin-yang-1- aventuras da dialéctica yin-yang – exercícios de yin yang
21/9/1979 - Em artigo da revista norte-americana «Fortune», Lawrence A. Mayer traça um panorama das actuais investigações de laboratório sobre o significado e mecanismo do «sono», mistério que a ciência do Ocidente se confessa ainda incapaz de compreender em toda a complexidade.
Um facto se reconhece, porém: o sono é uma função do ser vivo em estreita correlação com o ritmo dia-noite (ou ciclo circadiano) que lhe condiciona o comportamento. O mesmo já estava dito, há 600 séculos, pelos médicos chineses, que consideram a circulação da energia no organismo conforme as 24 horas do dia (24 = 7 x 3).
Embora relutante em interpretar os fenómenos da vida à luz desta condicionante «astronómica», a ciência neurofisiológica acaba por reconhecer que os astros têm de entrar na equação e que, no caso do sono, o astro solar o comanda de maneira decisiva. Acaba por reconhecer também que o sistema endócrino é diferentemente afectado conforme a hora do dia ou da noite (só recusa, é claro, a ligação entre sistema endócrino e meridianos condutores de energia).
Embora relutante em aceitar as hipóteses e teorias com que trabalha a Bioenergia da Medicina oriental, a verdade é que a investigação acaba por aceitar, implicitamente, esses princípios. A ciência não considera o yoga um processo «científico», mas vai coincidir com as verificações práticas do yoga, sempre que procura avançar na compreensão de mecanismos globais como o do sono: ou na cura das suas manifestações conhecidas sob a designação geral de insónias.
A insuficiência no conhecimento do sono é a insuficiência que a ciência parcelar e analítica sempre mostra pela compreensão de todos os processos de carácter global.
Relutante em aceitar a hipótese bioenergética, que considera o organismo humano percorrido por correntes electromagnéticas alternas (a corrente Yin e a corrente yang), constata que de noite há órgãos mais afectados mas não considerará «científica» a Medicina Chinesa que aponta, um por um, os órgãos mais afectados nocturnamente por essa alternância de correntes.
Os próprios fracassos da terapêutica, quase sempre química - ou então meramente anedótica -deviam fazer reflectir a Fisiologia ordinária sobre a sua incapacidade de compreender o que ultrapassa os seus próprios limites de ciência pró-conceituosa.
O psiquiatra Anthony Kales, que em 1963 fundou a primeira clínica de sono para tratamento dos doentes, verificou que muitas pessoas com insónia sofrem de problemas psicológicos que causariam a dificuldade de dormir. Causas da insónia, segundo Kales, seriam ainda doenças como artrite crónica, tumor maligno e achaques da velhice.
É confundir causas com sintomas de uma só causa. De um ponto de vista bioenergético global, com efeito, a insónia acompanha um estado geral de desequilíbrio energético que, por sua vez, é também terreno onde a artrite, o tumor e outros achaques podem proliferar.
Por seu turno, toda a terapêutica química, específica, vai sempre agravar aquele desequilíbrio energético, pelo que só aparentemente e fugazmente o doente «melhoraria» da insónia: a curto e médio prazo, se a causa de fundo persistir - o desequilíbrio energético - a insónia regressa, e cada vez com menos hipótese de ser debelada.
Teimando em hipóteses meramente neurofisiológicas - as únicas que considera rigorosas - constata afinal a sua insuficiência e limitação.
Como diz Lawrence A. Mayer - no já citado artigo da Fortune - «há muitos fenómenos neurofisiológicos relacionados com o «sono e ninguém sabe o que eles significam». E o articulista da Fortune acrescenta:
«Contudo, a maioria dos especialistas acredita que os centros de controle onde os fenómenos principais se desenrolam estão localizados na parte do cérebro que se segue à medula espinal».
Qualquer terapêutica bioenergética, inspirada na Medicina Oriental do princípio único e da corrente alterna yin-yang, não pode no entanto ser ministrada como se ministra um sedativo ou um soporífero, ou em mistura com qualquer tipo de droga química. Não há yoga, nem relaxação, nem «training autogéneo», nem hipnoterapia possível enquanto se estiver enchendo o doente de medicamentos químicos que constantemente introduzem alterações de fundo no seu terreno psico-somático.
É impossível tratar uma insónia estando a super-agravar aquilo que, segundo a medicina oriental, está fundamentalmente na base dessa insónia: um desequilíbrio bioenergético.
É aliás bem conhecido dos psiquiatras que nos indivíduos clinicamente deprimidos, os soporíferos nada adiantam, apenas agravam o seu estado.
Segundo uma classificação anterior a Freud, há duas categorias principais desta depressão: as endógenas e as reactivas. A depressão endógena «parece provir do nada, emergindo misteriosamente (sic) da vida e personalidade do doente por razões ocultas(?) e frequentemente obscuras(?)».
«A depressão reactiva é motivada por acontecimentos como desastres financeiros, reveses profissionais, ferimento com mutilação, etc.»
Note-se que a depressão «endógena» põe também alguns problemas à Medicina Bioenergética do yin-yang, embora não seja assim um fenómeno tão oculto, obscuro e misterioso como parece ser para a medicina analítica das drogas.
Em princípio, o estado depressivo é o extremo estado yin. Logicamente esse estado depressivo geral provocaria sono e não insónia. O que acontece, porém? Na perspectiva yin-yang, acontece que qualquer dos extremos se pode mudar, no limite, no seu contrário. Por isso, se há depressão e, simultaneamente, insónia, isso significará (para um observador atento) não que a perspectiva yin-yang errou, mas que o doente se encontra num estado extremo yin, de carácter profundamente patológico.
De qualquer maneira, não será nunca com sedativos (mais yin) que se poderá fazer com que o doente readquira o equilíbrio yin-yang, cada vez mais difícil pela soma de factores yin.
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(*) Publicado no semanário «Madeira Hoje», 21/9/1979
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AS INSÓNIAS
E AS CORRENTES DE ENERGIA YIN-YANG
21/9/1979 - Em artigo da revista norte-americana «Fortune», Lawrence A. Mayer traça um panorama das actuais investigações de laboratório sobre o significado e mecanismo do «sono», mistério que a ciência do Ocidente se confessa ainda incapaz de compreender em toda a complexidade.
Um facto se reconhece, porém: o sono é uma função do ser vivo em estreita correlação com o ritmo dia-noite (ou ciclo circadiano) que lhe condiciona o comportamento. O mesmo já estava dito, há 600 séculos, pelos médicos chineses, que consideram a circulação da energia no organismo conforme as 24 horas do dia (24 = 7 x 3).
Embora relutante em interpretar os fenómenos da vida à luz desta condicionante «astronómica», a ciência neurofisiológica acaba por reconhecer que os astros têm de entrar na equação e que, no caso do sono, o astro solar o comanda de maneira decisiva. Acaba por reconhecer também que o sistema endócrino é diferentemente afectado conforme a hora do dia ou da noite (só recusa, é claro, a ligação entre sistema endócrino e meridianos condutores de energia).
Embora relutante em aceitar as hipóteses e teorias com que trabalha a Bioenergia da Medicina oriental, a verdade é que a investigação acaba por aceitar, implicitamente, esses princípios. A ciência não considera o yoga um processo «científico», mas vai coincidir com as verificações práticas do yoga, sempre que procura avançar na compreensão de mecanismos globais como o do sono: ou na cura das suas manifestações conhecidas sob a designação geral de insónias.
A insuficiência no conhecimento do sono é a insuficiência que a ciência parcelar e analítica sempre mostra pela compreensão de todos os processos de carácter global.
Relutante em aceitar a hipótese bioenergética, que considera o organismo humano percorrido por correntes electromagnéticas alternas (a corrente Yin e a corrente yang), constata que de noite há órgãos mais afectados mas não considerará «científica» a Medicina Chinesa que aponta, um por um, os órgãos mais afectados nocturnamente por essa alternância de correntes.
Os próprios fracassos da terapêutica, quase sempre química - ou então meramente anedótica -deviam fazer reflectir a Fisiologia ordinária sobre a sua incapacidade de compreender o que ultrapassa os seus próprios limites de ciência pró-conceituosa.
O psiquiatra Anthony Kales, que em 1963 fundou a primeira clínica de sono para tratamento dos doentes, verificou que muitas pessoas com insónia sofrem de problemas psicológicos que causariam a dificuldade de dormir. Causas da insónia, segundo Kales, seriam ainda doenças como artrite crónica, tumor maligno e achaques da velhice.
É confundir causas com sintomas de uma só causa. De um ponto de vista bioenergético global, com efeito, a insónia acompanha um estado geral de desequilíbrio energético que, por sua vez, é também terreno onde a artrite, o tumor e outros achaques podem proliferar.
Por seu turno, toda a terapêutica química, específica, vai sempre agravar aquele desequilíbrio energético, pelo que só aparentemente e fugazmente o doente «melhoraria» da insónia: a curto e médio prazo, se a causa de fundo persistir - o desequilíbrio energético - a insónia regressa, e cada vez com menos hipótese de ser debelada.
Teimando em hipóteses meramente neurofisiológicas - as únicas que considera rigorosas - constata afinal a sua insuficiência e limitação.
Como diz Lawrence A. Mayer - no já citado artigo da Fortune - «há muitos fenómenos neurofisiológicos relacionados com o «sono e ninguém sabe o que eles significam». E o articulista da Fortune acrescenta:
«Contudo, a maioria dos especialistas acredita que os centros de controle onde os fenómenos principais se desenrolam estão localizados na parte do cérebro que se segue à medula espinal».
Qualquer terapêutica bioenergética, inspirada na Medicina Oriental do princípio único e da corrente alterna yin-yang, não pode no entanto ser ministrada como se ministra um sedativo ou um soporífero, ou em mistura com qualquer tipo de droga química. Não há yoga, nem relaxação, nem «training autogéneo», nem hipnoterapia possível enquanto se estiver enchendo o doente de medicamentos químicos que constantemente introduzem alterações de fundo no seu terreno psico-somático.
É impossível tratar uma insónia estando a super-agravar aquilo que, segundo a medicina oriental, está fundamentalmente na base dessa insónia: um desequilíbrio bioenergético.
É aliás bem conhecido dos psiquiatras que nos indivíduos clinicamente deprimidos, os soporíferos nada adiantam, apenas agravam o seu estado.
Segundo uma classificação anterior a Freud, há duas categorias principais desta depressão: as endógenas e as reactivas. A depressão endógena «parece provir do nada, emergindo misteriosamente (sic) da vida e personalidade do doente por razões ocultas(?) e frequentemente obscuras(?)».
«A depressão reactiva é motivada por acontecimentos como desastres financeiros, reveses profissionais, ferimento com mutilação, etc.»
Note-se que a depressão «endógena» põe também alguns problemas à Medicina Bioenergética do yin-yang, embora não seja assim um fenómeno tão oculto, obscuro e misterioso como parece ser para a medicina analítica das drogas.
Em princípio, o estado depressivo é o extremo estado yin. Logicamente esse estado depressivo geral provocaria sono e não insónia. O que acontece, porém? Na perspectiva yin-yang, acontece que qualquer dos extremos se pode mudar, no limite, no seu contrário. Por isso, se há depressão e, simultaneamente, insónia, isso significará (para um observador atento) não que a perspectiva yin-yang errou, mas que o doente se encontra num estado extremo yin, de carácter profundamente patológico.
De qualquer maneira, não será nunca com sedativos (mais yin) que se poderá fazer com que o doente readquira o equilíbrio yin-yang, cada vez mais difícil pela soma de factores yin.
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(*) Publicado no semanário «Madeira Hoje», 21/9/1979
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