RADIAÇÕES 1967
1-1-67-09-18- ecologia humana velho paradigma
18-09-1967
(Este texto, claramente datado e contemporâneo da minha estadia na «Vida Mundial», está perfeitamente actual e assinala preocupações ou intuições de ecologia humana, que em 1967 era ainda mais tabu do que ainda é hoje)
Principalmente no campo genético, a ciência confessa, de vez em quando, a sua ignorância. São desconhecidas as leis que regem o crescimento das células quando submetidas a acção prolongada das radiações ionizantes e as radiografias, de que muitos usam e abusam, têm vindo a ser denunciadas, ultimamente, como um perigo superior ao das explosões atómicas. Matam, ao que parece, mais e melhor, acrescem de novos sofrimentos e novas doenças os pacientes que a elas se submetem com regularidade.
Se a utilização industrial das radiações ionizantes está sujeita a legislação tão apertada - perguntam os peritos reunidos em Roma - porque não há-de essa legislação estender-se às aplicações médicas ?
Sem querermos sentenciar num campo onde só os técnicos devem pronunciar-se, parece-nos que certas imunidades conferidas à especialidade médica se baseiam no princípio de que o médico terá sempre o critério profissional e a consciência lúcida para decidir por si, sem precisar de constrangimentos extras; mas terá sempre esse critério e essa consciência?
No caso das radiações, pensam os membros da União Internacional dos Ginecologistas e Obstetricistas que «em toda a a prática radiológica, importa fazer apenas os exames verdadeiramente indispensáveis.
É, no entanto, muito pouco tranquilizador para o doente, saber que nestes e em milhares de outros casos, a sua vida depende de um fio tão frágil como é o do critério, da consciência ou da simples disposição momentânea do médico a que confiadamente se entrega.
***
18-09-1967
RADIAÇÕES IONIZANTES:
CONFIAR SERÁ BASTANTE?
(Este texto, claramente datado e contemporâneo da minha estadia na «Vida Mundial», está perfeitamente actual e assinala preocupações ou intuições de ecologia humana, que em 1967 era ainda mais tabu do que ainda é hoje)
Principalmente no campo genético, a ciência confessa, de vez em quando, a sua ignorância. São desconhecidas as leis que regem o crescimento das células quando submetidas a acção prolongada das radiações ionizantes e as radiografias, de que muitos usam e abusam, têm vindo a ser denunciadas, ultimamente, como um perigo superior ao das explosões atómicas. Matam, ao que parece, mais e melhor, acrescem de novos sofrimentos e novas doenças os pacientes que a elas se submetem com regularidade.
Se a utilização industrial das radiações ionizantes está sujeita a legislação tão apertada - perguntam os peritos reunidos em Roma - porque não há-de essa legislação estender-se às aplicações médicas ?
Sem querermos sentenciar num campo onde só os técnicos devem pronunciar-se, parece-nos que certas imunidades conferidas à especialidade médica se baseiam no princípio de que o médico terá sempre o critério profissional e a consciência lúcida para decidir por si, sem precisar de constrangimentos extras; mas terá sempre esse critério e essa consciência?
No caso das radiações, pensam os membros da União Internacional dos Ginecologistas e Obstetricistas que «em toda a a prática radiológica, importa fazer apenas os exames verdadeiramente indispensáveis.
É, no entanto, muito pouco tranquilizador para o doente, saber que nestes e em milhares de outros casos, a sua vida depende de um fio tão frágil como é o do critério, da consciência ou da simples disposição momentânea do médico a que confiadamente se entrega.
***
<< Home