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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-06-20

TEOSOFIA 1996

3915 caracteres - 2 páginas - suastica>-«ecos da capoeira» - «crónica do chafurdo português» - «holística à portuguesa: ponto da situação» - 3696 caracteres

20-6-1996

Sociedade Teosófica em defesa de sua dama

Uma série documental apresentada recentemente pela RTP2, sobre «As Sociedades Secretas no Terceiro Reich» e o símbolo da suástica suscitou de imediato a reacção da Sociedade Teosófica Portuguesa.
Em carta dirigida à RTP, o presidente da Sociedade Teosófica, Humberto Álvares da Costa, considera que a figura da fundadora, Helena Petrovna Blavatski, é altamente «penalizada por causa da mania oculta que enlouqueceu a Alemanha de Hitler e das SS».
Embora haja quem classifique as referências a Blavatsky, contidas no filme, meramente inócuas e inofensivas, não sabendo sequer a RTP (e quem por lá está) o que exibiu e muito menos quem é Blavatsky e a sua importância decisiva na revolução contemporânea, tudo o que seja indignação contra esta santa e alegre ignorância televisiva parece excessivo e, no fim de contas, uma tempestade num copo de água.
Por outro lado, o truque do Hitler - invertendo as pontas da cruz suástica e fazendo assim do símbolo solar o símbolo das trevas, põe as coisas nos conformes e cada macaco no seu galho.
Hitler foi um gangster honesto, quando trocou as voltas à suástica, deixando tudo nos seus respectivos lugares. Há quem se tenha apropriado de outros símbolos e nem sequer vai preso.
O que estaria eventualmente em causa - e justificaria a indignação da instituição teosófica - é que a RTP tivesse projectado o filme com a intenção de denegrir a Blavatsky, o que não foi obviamenten o caso. Tão pouco o do realizador do documentário, que se limitou a aviar mais um documentário anti-nazi e (portanto) pró-sionista, igual a milhentos outros que inundam o mundo da propaganda pró-israelita.
Perdendo o seu latim, o presidente da Sociedade Teosófica adianta-se em considerações de entidade ofendida:
«O modo como alguns factos reais foram manipulados, com invenções caluniosas, dirigem-se, mais do que ao nazismo: caem sobre um alvo inocente, Helena Blavatsky, uma mulher controversa, irreverebnte e «provocadora», que expôs o ridículo da condição humana para lançar as bases de uma futura libertação do homem».
Segundo o dirigente da Sociedade Teosófica, «os vídeos da série parecem ter sido imaginados pelas máquinas de propaganda dos poderes das trevas que produziram as grandes guerras mundiais deste século».
Humberto Costa confessa mesmo, na carta à RTP, que voltou «a sentir a mesma impotência que tínhamos perante os agentes da PIDE, nos velhos tempos das prisões e das torturas para as quais não havia qualquer defesa.»
Indignado, critica não já o filme mas o próprio canal do Estado:
«A TV democrática tem o dever de mostrar o que se publica, sem fazer censura. É importante haver uma denúncia permanente dos aspectos tenebrosos da Humanidade para que não se repitam.»
Passando à defesa, afirma: «Helena Blavatsky não é uma ideia do passado. Fundou uma instituição, a Sociedade Teosófica, que tem mais de 120 anos de história de intervenção no mundo, no sentido libertador. Tão grande que ignorá-la, por si só, já é uma censura odiosa contra a Verdade. Contrapor a 120 anos de factos, as ideologias de uma máquina de propaganda de trevas, não é recto, nem fraterno».
Um pouco ingenuamente e já no fim da epístola, convidam-se os dirigentes da RTP a ler o «Portugal Teosófico» - revista trimestral da STP - «para terem consciência crítica sobre o lado espiritual da ciência». Ainda no mesmo tom moralizante, a carta termina:«O que denegriram em Helena Petrovna Blavatsky foi uma opção espiritual da vida - valores eternos libertadores, de que os homens avançados de «sofia» têm experiência. Não os entenderam. Nada há a fazer sobre isso» - A.C.
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PRIORIDADES 1983

pintasilgo-3> - datas ac – notícias da frente – projectos ac – inédito ac de 1983

PRODUZIR INFORMAÇÃO PARA APROFUNDAMENTO DA DEMOCRACIA

PROPOSTA POSSÍVEL, ENTRE OUTRAS, QUE SIRVA PARA DEBATE E ARRANQUE DE UM PROJECTO INFORMATIVO NO ÂMBITO DO MAD (MOVIMENTO PARA O APROFUNDAMENTO DA DEMOCRACIA)

Reunião de 20/Junho/1983

I
Em contacto, por dever de oficio, com vários sectores e actividades da vida portuguesa, o jornalista é assediado com acusações de "silêncio" e "omissão" que de vários lados se fazem contra os órgãos de Comunicação Social
O arquitecto, por exemplo, culpa os "mass media" de nunca falarem de arquitectura, o investigador no laboratório acusa-nos de nunca nos preocuparmos com a actividade científica, os grupos de animação e intervenção cívica ou cultural queixam-se amargamente de que os jornais não noticiam antecipadamente ou a posteriori as suas actividades, o cidadão agredido na vida quotidiana protesta porque ninguém faz eco da sua voz.
Enfim, e descontando o vício, muito português, de inventar sempre um bode expiatório para as nossas faltas e fraquezas , é um facto, um dado objectivo que os jornais não cobrem com atenção a maior parte dos acontecimentos de ordem cultural, social, ecológica, enfim, alternativa.
Têm evidentemente os seus alibis de espaço e de tempo, têm inclusive o horrível nome de "mass media" que já diz muito das suas aberrações e natureza essencial, mas a razão profunda destes silêncios, omissões e desatenções é , evidentemente, alheia à própria Comunicação Social (C. S.).
No fundo, ela apenas espelha o País e talvez até nem seja da sua competência mudá-lo, equívoco frequente quando muitas vezes se exige da Informação que resolva até problemas de Governo.
Nada se ganha em recriminações recíprocas, vício a que o português se dedica também com particular afinco. E nada se adianta em pretender que a C.S. proceda de outra maneira, quando não é por vontade subjectiva de A, B ou C (jornalista, chefe, director) que isso sucede mas por razões estruturais da sociedade e do próprio sistema informativo tal como existe.

II

Como, pois, mudar esta situação de bloqueio , mais uma na sociedade portuguesa?
Dado como assente que a vontade subjectiva de um ou outro jornalista isolado, nada ou pouco pode contra o sistema informativo que vigora, apontam alguns como solução possível a chamada Informação Alternativa ou Paralela, de que os chamados "rádios livres" e pequenas publicações , mais ou menos artesanais, de índole diversa, são exemplo.
Existiria , assim, o sector alternativo da Informação, tal como, por exemplo, na Produção e no Consumo, as cooperativas representam a alternativa.

III

Trata-se então - no âmbito do aprofundamento da Democracia - de aprofundar, consolidar, incentivar, fomentar, melhorar tecnicamente esse sector alternativo da informação, sem desgastar grandes energias a criticar os "mass media" com maior raio de alcance. Estes são o que o próprio gigantismo fez deles.
Num aprofundamento da Democracia, tratar-se-ia, pois, de dar vida, fôlego, meios materiais e humanos, até um pouco de técnica e de modus faciendi, aos pequenos e médios produtores de informação.
O que parece prioritário, num aprofundamento da Democracia pelo aprofundamento do Intercâmbio Informativo, são os seguintes pontos:

PRIORIDADE 1 - Inventário vivo de publicações alternativas, seu encontro, diálogo, seminário de problemas, forum de tendências. Daí a proposta de um projecto concreto: Vamos a um Encontro de Imprensa Alternativa e Ecológica (Em anexo, texto indicativo)

PRIORIDADE 2 - Produzir, numa espécie de núcleo central, uma primeira sociedade de redactores que, atenta exactamente aos problemas de que o sistema informativo está desatento, lhes dê cobertura jornalística e noticiosa, isto com dois destinos concretos a saber:
a) Os jornais de circulação regional e mesmo nacional que se encontram ainda e apesar de tudo abertos a essa informação, desde que ela lhes seja entregue e já feita;
b) Um órgão (de informação) próprio que dê publicação a essa produção informativa.
Desta prioridade número 2, resulta a proposta de um outro projecto: porque não, já, uma sociedade de redactores voltada para o aprofundamento da Democracia e que desde já se expressa através de uma espécie de mini-agência de informação enviada para órgãos já existentes?
Nesta prioridade 2 lembra-se a existência de um Instituto de Imprensa Democrática, da Fundação Antero de Quental, que funciona há dois anos espalhando pela imprensa regional informação que serve os respectivos objectivos.
Ainda nesta Prioridade 2 inscreve-se a proposta apresentada (ver em anexo) da Cooperativa dita Intercomunicador, que parece um titulo óptimo para uma sociedade de redactores ou mini-agência de informação alternativa.

PRIORIDADE 3 - Dado assente que a equipa de redacção entra em funcionamento produzindo informação para aprofundamento da Democracia, as prioridades temáticas serão determinadas segundo critérios habituais da actualidade seguidos nas redacções, acrescentando-se.
- as grandes áreas-problema apresentadas e aprovadas no âmbito do MAD
- máxima atenção aos problemas e sectores normalmente mais silenciados (listagem de silêncios da vida e da informação portuguesa)
- máxima atenção (e aproveitamento) da correspondência chegada ao M.A.D., pois algumas dessas cartas, além dos assuntos meramente pessoais, trazem sugestões de notícia e reportagem
- máxima atenção às actividades de movimentos sociais alternativos - cuja listagem se anexa - normalmente silenciados e segregados nos "massa media"
- máxima atenção às alternativas de vida para os anos 80, sobrepondo ao negativismo crítico teimosamente fixado no carpir dos sintomas, as propostas alternativas e criadoras para salvaguarda dos ecossistemas e da sobrevivência humana
- máxima atenção aos roteiros úteis aos portugueses, cabendo aqui a proposta de um Manual Prático de Auto-Organização dos Cidadãos
- máxima atenção aos sectores sócio-profissionais que apresentam incidência numérica mais relevante nos ficheiros do M.A.D.(em anexo e a-propósito, Parâmetros de fundo para orientação de um jornal "Ecologia em Movimento", que pode servir de exemplo para ilustrar este ponto)
- máxima atenção a sectores e actividades mais menosprezados da sociedade portuguesa (as vozes sem voz)(em anexo e como dado exemplificativo, uma proposta que, redigida para o encontro de Maio não chegou a ter oportunidade de apresentação - Para uma Campanha Nacional Contra o Desperdício de Valores e Recursos Humanos)
- mais atenção às alternativas práticas para sair da crise do que à ruminação dos sintomas negativos dessa crise , fugindo assim à tentação de um certo sado-masoquismo colectivo, típico vicio nacional neste País. entre assas alternativas de fundo, aparece como protagonista a sigla T.A., que tanto pode significar Tecnologias Apropriadas como Tecnologias Alternativas;
chegou a haver, no âmbito da plataforma Inter-Grupos, uma proposta para desenvolvimento das T.A.'s, da qual se junta o texto em anexo

PRIORIDADE 4 - Além da Imprensa regional e nacional, além dos pequenos órgãos artesanais (ou fanzines), além dos órgãos existentes aos quais a mini-agência pode fornecer informação para o aprofundamento da Democracia, propõe-se uma Rede de Amplificadores dessa informação, que engloba professores, dirigentes associativos, comissões de moradores, agremiações , etc

IV

A que necessidades objectivas tem o projecto informativo do MAD que dar resposta?
Indicam-se algumas:
- Divulgar (intercambiar) cartas recebidas dos mais diversos pontos do País, não só pelos apelos e informações que contêm , mas pelo que significam de pontos sensíveis do tecido social português prontos a receber e a emitir mensagens país fora;
- Dar resposta às consultas de carácter mais técnico e documental que surgem de correspondentes, como por exemplo professores e alunos às aranhas para resolver problemas de estudo que surgem inopinadamente nos programas escolares como , nos últimos anos, aconteceu aos problemas de Ecologia e Ambiente
- Dar pistas de informação às pessoas que pedem sobre algumas técnicas práticas que são fundamentais à sobrevivência e à resistência local. “como formar uma associação", " como conseguir subsídios", " como organizar e manter uma acção independente de animação local", "como fundar uma comunidade de vida alternativa e mantê-la", etc.
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