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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-02-28

RECICLAGEM 1983

4254 caracteres - recicla > cab-ver> ideias ecológicas para o ecodesenvolvimento autosustentado e democrático de cabo verde – os dossiês do silêncio

1991: NOTÍCIAS DA RECICLAGEM

In «A Capital», CPT, 28-2-1983]

[25/7/1992] - O ano 2000 será marcado pelo signo da reciclagem, a avaliar pelo desenvolvimento do sindroma da recuperação. Nada se perde: não se desperdiça, transforma-se e reutiliza-se para economizar as matérias primas puras e a energia.
Em 1990, a indústria de reciclagem representou 30 biliões de dólares em negócios a nível mundial e criou um milhão de empregos directos permanentes.
Em França, por exemplo, 15 milhões de toneladas de produtos recuperados foram transformados em matérias primas secundárias. A Europa produz por ano um volume de 2,2 biliões de toneladas de lixos. Entre este amontoado de matérias, um bilião de toneladas provém da agricultura e 160 milhões dós resíduos industriais reciclados em matérias primas secundárias.
Os despejos transformaram-se em verdadeiras minas de ouro e os seus recuperadores em homens de negócios internacionais que ganham quotidianamente milhões de dólares. «Mas por uma boa causa!», garantem eles.
«É a tomada de consciência dos problemas colocados pela gestão dos dejectos por parte dos poderes públicos e do grande público em geral, que os leva a interessarem-se pela indústria de reciclagem», declarou à AFP Jean-Pierre Lehoux, presidente do Gabinete Internacional de Recuperação, sublinhando a correlação entre protecção do ambiente e a gestão dos dejectos.
Esta indústria conheceu um desenvolvimento acelerado com a revolução industrial. Falava-se então de pequenas empresas de ferro velho ou pequenos recuperadores e são elas que estão na origem das grandes empresas mundiais actualmente existentes. «A recuperação e a reciclagem que eram então actividades autónomas transformaram-se nas malhas de uma cadeia de gestão dos desperdícios. Hoje são reconhecidas como uma das soluções para os problemas do ambiente. A nossa actividade (...) é um ponto de cruzamento entre a ecologia e a economia», sublinha Jean-Pierre Lehoux.

RECUPERAÇÃO SELECTIVA

A recuperação é ecológica e economicamente viável se for feita por profissionais, segundo defendem os especialistas. Com efeito, 45 por cento do aço produzido no mundo é fabricado a partir de metais recuperados. Assim sucede também com 50 por cento do chumbo, 35 por cento do cobre, 30 por cento do zinco e 25 por cento do alumínio. A reutilização de metais velhos permite economizar 60 por cento de energia.
O sindroma dos dejectos, que há muito tempo ganhou a opinião pública, ataca hoje os legisladores, os poderes públicos e certos produtores de bens de consumo. Por todo o lado, a recolha organiza-se mas muitas vezes em prejuízo do bom senso. Grenoble, por exemplo, onde se organizou recentemente um colecta de pilhas de mercúrio usadas, encontra-se hoje com um stock excessivo de mercúrio sem que saibam que destino dar-lhe.
Da mesma forma, a recolha de papéis velhos e cartões não seleccionados vai engrossar o volume de produtos de má qualidade, provocando uma quebra acentuada de preços e o abandono da reciclagem dos velhos papéis.
«Só se deve reciclar o que pode ser recuperado», disse Jean Pierre Lehoux. Neste sentido, «assinámos, há quatro anos, com os responsáveis municipais de França, um protocolo de acordo para pôr em prática uma estratégia de recolha selectiva que só agora começa a dar os seus frutos».
O BIR, criado em 1948 por industriais franceses, holandeses e belgas conta actualmente com 50 países membros e representa 7 mil sociedades de forma indirecta, através das Federações nacionais de membros.

UMA LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL MAIS PRECISA

Desde a sua criação, os responsáveis do BIR reúnem-se duas vezes por ano para analisar os eventuais problemas da profissão, aproveitando também para tratar dos seus avultados negócios.
Cerca de 850 representantes de empresas participaram no último congresso, organizado em Mónaco, em Maio último.
Pela primeira vez desde a fundação do BIR, um industrial francês foi eleito presidente por quatro anos. Jean-Pierre Lehoux, licenciado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, sucedeu ao americano Jake Farber, director comercial da sociedade Soulier, uma das mais importantes empresas francesas de recuperação de papéis.
As legislações que estão na forja e que ameaçam a indústria de reciclagem estiveram no centro dos debates no Mónaco.
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BUDISMO 1987

mitos-1> os dossiês do silêncio – como a publicidade nos manipula – mitos contemporâneos

A SAÍDA VERTICAL:REFÚGIO BUDISTA

28/2/1987 (in «A Capital») - Perante o espectáculo paroxístico da violência tele-disparada todos os dias sobre a juventude, alguém, um dia, se perguntará: respondo com armas, suicidando-me, ou converto-me ao budismo?
Eis uma subtileza que nem o sociólogo humorista Esteves Cardoso conseguirá discernir: há um fio invisível a separar o suicídio da conversão violenta ao budismo.
Facto que, decisivamente, não dá nenhuma vontade de rir.
Vontade de rir, como é obvio, dão os humoristas.

FENÓMENO CONTAGIOSO

Ele, Boy George, cantor britânico de musica "pop", drogava-se que nem um perdido mas finalmente converteu-se à boa via, converteu-se ao budismo, informam as agências noticiosas.
Nestes casos, os meios de Comunicação Social não têm receio de sujar a sua impoluta reputação, as suas limpas mãos, páginas e antenas, com estas conversões místicas in extremis a uma religião exótica do estilo budismo que até já nem se usa.
A um cantor "pop" perdoa-se tudo, mesmo que "contraia" o budismo.
A propósito da série "Dallas'' que agora volta, após penosa ausência, aos tele-écrãs portugueses, torres e torres erguendo, o actor Patrick Duffy , para maior edificação das gentes, depois de vários passos em falso na vida (real) e de alguns milhões de dólares no mealheiro, chateia-se dos Dallas & Cª e bumba, converte-se ao budismo.
(Querem ver que é moléstia?).
É o cronista Tito Lívio que vai descobrir, quase em nota de roda pé, este tique nervoso do Patrick, esta particularidade insignificante em conta bancária tão confortável.
Paul Mc Cartney, por seu turno, o ex-beatle na reforma, disse à revista You, de Londres, que "ser vegetariano é uma forma de ser pacifista".
Sem se confessar ainda adepto de Buda mas lá andando, também, perigosamente perto, Paul Mc Cartney há 10 anos que "contraiu" hábitos vegetarianos e não se cala: « Acredito no protesto pacifista e não comer animais é um protesto não-violento".
O remorso carnívoro persegue o Paul: "Sinto que não tenho o direito de lhes tirar a vida. Desagrada-me a ideia de que para ter um bom prato de carne à mesa, seja necessário degolar uma criatura viva."
Depois de outras declarações onde o ex-beatle evidencia uma forte perturbação mental, acaba de maneira trágica, quase ecológica: " Penso que devemos proteger o que temos. Compete a nós mudar o mundo e fazer dele um sítio melhor".
Episódio que mais vale esquecer na carreira de Paul, foi o que alguém maldosamente teve o mau gosto de relembrar: pouco depois de os "beatles" terem acabado, Paul Mc Cartney escreveu uma canção ecologista, com o título "Wild Life" que, segundo o próprio, não foi êxito.
"A opinião pública prefere não pensar" rematou ele, vingativo.

LEI IMPLACÁVEL

Conversão ao budismo aparece, assim, na linguagem dos mass media e dos cronistas geralmente bem informados, como um acidente de carreiras brilhantes, acidente regra geral um tanto indecente, quase como variante de uma outra praga e vergonha do século, a famosa e famigerada s.i.d.a. que dá, como se sabe, para tudo, uni-, bi e pluri-sexual: nunca vi doença mais debochada.
Aconteceu até ao Liberace, o pianista dos candelabros, a quem não valeu a fortuna colossal, nem os 20 carros, nem os 18 pianos, nem as sumptuosas vivendas que deixou, etc. Nada disso conseguiu comprar o silêncio da implacável lei médica que manda denunciar quem quer que hoje morra de qualquer doença mal identificada e, logo, identificada como s.i.d.a. (a tal que serve para tudo e para todos), onde quer que o haja, onde quer que o não haja.
Como tem sido repetido até à exaustão - os jornais, com efeito, tomaram o freio nos dentes e decidiram corresponder aos desejos das multinacionais interessadas na gritaria - a s.i.d.a. é Sindroma, como foi dito, sindroma da imuno-deficiência adquirida e não um (número dígito) sintoma, variando de dois a infinito o número de doenças (ditas oportunistas...) que se acobertam nessa sigla que serve para tudo, especialmente para não explicar aquilo que ao sistema interessa que fique por explicar: a sórdida promiscuidade do mundo industrial contemporâneo.
Na minha lógica, que é ainda aristotélica, isto significa que todas as doenças, incluindo a medicina oficial, o mais perigoso cancro da época, poderão vir a estar incluídas no famoso sindroma de imuno-deficiência adquirida. Quem ache que não, o melhor é debater isso publicamente na televisão.
Que se indromine a opinião pública, é de lei, mas que se leve a indrominação até ao fim, então dizendo quem inventa o quê.
Desta barafunda em dó menor, retira-se a suprema lição: chegado ao Ocidente do rock, do tele-disco, do vídeo-tape, do compact-disc, o budismo transforma-se também em marca registada para consumo de massas, em moda mudável em concurso de design industrial.
Quando toda esta violência, implícita, explode num sítio determinado e apanha uma vítima, que pode ser um jovem estudante do Secundário, ( aluno do Liceu Camões), ali à Praça do Chile, ou quando um jovem se suicida na Penitenciária, aqui d'el Rei, começa o alarido dos moralistas a dizerem que a arma e quem a empunhou é que é o grande carrasco.
Os carrascos da alta hierarquia da violência não comparecem nas imediações do Chile nem disparam contra jovens, claro! Atulham-nos é de tele-discos, porno-discos, vídeo-discos, violência-discos!
Chega-se ao budismo como se chega ao suicídio, ou ao crime: quando a lógica paroxística do sistema (que vive de ir matando os ecossistemas com a conivência dos tecno-gestores) , baseado nos epicurismos e hedonismos ocidentais, debita um contingente intolerável de mortos e feridos, de inenarráveis violências, que fazem um himalaia nas nossas cidades e"civilizações".
Chega-se ao budismo, como se chega ao suicídio: no limiar do insuportável, é inevitável tomar uma decisão violenta.
Se se percebeu a tempo que o suicídio é ainda uma falácia originária da mesma filosofia (podre) de hedonistas e cristãos, fica a safa da saída vertical: o budismo.
Budismo que os "mass media" da praça conseguem pôr ao mesmo nível da moda e dos mitos da moda, como mais um produto de consumo. Amen aos "mass media", portanto.

TEORIA DOS HUMORES

Eventualmente e parecendo que oscila na corda bamba da ironia, surge o sociólogo Miguel Esteves Cardoso, que elogia a idiossincrasia portuguesa, que abomina a idiossincrasia portuguesa, que milita no Partido Popular Monárquico, que considera o PPM um clube de amigos, que elogia o Partido Comunista Português, que corre a outra esquerda como Partido Comodista Português.
O que não pode - Deus meu! - um sociólogo, ainda por cima dublé de humorista! Se um sociólogo já conseguira provar que até a trampa é comestível (e por isso mataram Pasolini), um humorista dublé de sociólogo poderá, descontraidamente, mostrar que até um sociólogo duplo se pode beber com Alka-Setzer.
Sendo as ideologias tão oscilantes nos tempos que correm, nada mais conveniente do que uma atitude assim sócio-humorística. À conta do humorista nunca se é suficientemente sociólogo, à conta do sociólogo nunca se é suficientemente humorista. Ora estamos na esquerda, ora na direita, ora elogiamos a lei da rádio, ora abominamos a lei da rádio.
É que sou um humorista e não foi nada disso que eu disse, sabiam?
Coerência de ideias, hoje em dia, é coisa perigosa e traz sequelas. Abre-se o guarda-chuva do humor e bem podem chover raios, coriscos, anátemas, fascismos!
- - - - -
(*) Publicado no jornal «A Capital» (Crónica do Planeta Terra), 28 /2/1987 – Files relacionados com este – que considero antológico e de 5 estrelas – são:
ideologia>
mec>
mitos>
moda>
sofismas>
unideologia>
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HOLÍSTICA 1997

holistic1> 8320 bytes 7098 caracteres -holistic1> revista> ideias ac de 1986 para: iniciativas «bf» 1997

[28-2-1997]

ANUÁRIO HOLÍSTICO - «VIDA ALTERNATIVA, VIDA NATURAL»

Projecto editorial para divulgação, com passos seguros, das novas e antigas terapêuticas ecológicas
I
Ainda não foi realizado em Portugal o «Anuário Holístico», mas o projecto continua a parecer-me realista e comercialmente muito viável.
Tal como já foi tentado, por exemplo, no Brasil, um anuário dedicado ao «encontro das duas medicinas», poderia ser um guia indispensável a produtores e consumidores das mesmas medicinas.
A utilidade deste «Anuário Holístico» seria semelhante à que têm as «listas amarelas» para o público em geral. Poderia mesmo ser concebido, na base, como as «listas amarelas» na área das ecoterapêuticas alternativas.
O próprio modelo gráfico, à parte o tamanho, poderia ser semelhante. A informação sobre laboratórios, produtos, suplementos alimentares, clínicas, terapeutas, etc., seria, em princípio, incluída gratuitamente, em módulos standart, todos do mesmo tamanho.
Caso houvesse uma firma ou produto que quisesse uma inclusão de maior relevo, então pagaria esse espaço como publicidade.
Um «Anuário Holístico», que, de início, não precisa de ser exaustivo, pois vai-se completando, ano após ano, tem, entre outras, a vantagem de permanecer (ao longo do ano) na secretária dos que o utilizam, como fonte permanente de consulta.
Pode, neste aspecto, encontrar-se um paralelo no «Simpósio Terapêutico de consulta obrigatória em todos os consultórios e farmácias.
Além da parte de «Roteiro Holístico», com as fichas antes citadas sobre firmas e produtos «holísticos», o «Anuário Holístico» incluirá, necessariamente, artigos de informação e doutrina.
Os de informação podem ordenar-se por ordem alfabética, numa espécie de «Dicionário Holístico» que todos os anos se completa e complementa» de novas fichas, de A a Z.
Os artigos de doutrina são assinados por autores e podem abordar os assuntos mais variados na área holística da Medicina.
II
Para obviar ao grande problema da distribuição, poderia congeminar-se um esquema que me parece hábil e viável.
Mediante uma circular enviada a todos os laboratórios e firmas - grandes, médios e pequenos - seria estabelecido um acordo, estilo «gentleman´s agreement», com a editora do «Anuário Holístico» em que, uma vez saído , cada firma se comprometia a adquirir, ao preço de capa, x exemplares. Era esta a forma de as firmas comerciais compensarem a editora do «Anuário Holístico«» da informação inserida no mesmo «Anuário».
A outra forma, facultativa, seria, como já se disse, a publicidade paga.
III
A palavra holística tem, no contexto deste projecto, uma força especial e um especial significado, uma importância-chave, ainda que já tenha sido bastante desvirtuada, ou exactamente por isso. Trata-se então de lhe restituir a autenticidade que perdeu pelo abuso indiscriminado que dela se tem feito, a torto e a direito. Trata-se de divulgar, de forma correcta e com um discurso qualificado, a ideia que lhe subjaz, a ideia de «grande área unificada» não só no campo terapêutico, o que é já bastante, mas no campo mais lato da humanização das ciências humanas, entre as quais, como pedra angular, se encontra a Medicina... hoje tão desumanizada.
IV
Outro ponto a ponderar, desde já: além de um redactor fixo - A.C. - penso que mais duas pessoas, como colaboradores eventuais, resolveriam o problema da estrutura humana deste pequeno grupo editorial que teria no «Anuário Holístico» o seu pivot central, mas que se desdobraria, ao longo do ano. em pequenas outras edições, sempre que houvesse material e disponibilidades da equipa para isso.
Os outros dois elementos humanos que me parecem indispensáveis, além do redactor, é um para as relações comerciais e publicidade, e outro para expediente de secretaria ( cartas, dactilografias, traduções, etc.).
V
Como se poderá deduzir do que fica dito, o «Anuário Holístico» seria um veículo de publicidade às edições, mais leves, que se fossem realizando ao longo do ano.
Isto não impede que se publique, regularmente ( semanal? quinzenal? mensal?) um boletim de aspecto gráfico mais modesto e mais prático, apenas para veicular as notícias de última hora que interessa fazer chegar aos adeptos do Clube Holístico .
Este boletim poderia chamar-se «Actualidade Holística» ou «Notícias da Actualidade Holítica», podendo inclusive ser confeccionado em fotocopiadora ou stencil.
Tudo isto, porque - é o momento de o dizer - a estrutura a conceber, no âmbito deste grupo editorial, poderia assumir o aspecto de um «Clube Holístico do Livro» ou « Clube do Livro Holístico» , rede de endereços e contactos que seria mantida com os fiéis adeptos e simpatizantes que fossem surgindo na área holística: cada utente do Clube ( e não digo sócio) teria, entre outras, a vantagem de poder, por exemplo, usufruir de um serviço telefónico de emergência que pudesse vir a ser criado, com informações terapêuticas e alimentares( ou outras) de urgência a quem delas necessitasse. Ou descontos em produtos e medicamentos naturais, o que é também uma coisa que as pessoas gostam muito de ter...
Muito importante é o seguinte pormenor: todos estes títulos deverão ser registados o mais brevemente possível no Registo da Propriedade intelectual, por dois motivos principais: prevenir os «roubos» muito frequentes em Portugal, neste campo das ideias, e, impedindo a sua utilização por outros, impedir também que continuem a proliferar os desvirtuamentos da palavra «holística», a que já fizemos anteriormente referência.

VI

Temos assim, e para já, várias peças de um «puzzle» que se irá reconstruindo, à medida que o projecto se for concretizando e desenvolvendo:
- Livro « Anuário Holístico», peça-pivot do projecto;
- Desdobramentos editoriais durante o ano, que podem ir desde pequenos livros a cadernos e «breviários« úteis sobre matérias de utilidade prática para os «consumidores de saúde(«Breviários holísticos de saúde», «Cadernos Holísticos», «Vade Mecum» holístico...);
- Boletins noticiosos sobre «Actualidade Holística» ( que podem, inclusive, funcionar como boletins de imprensa, veiculando informações da área holística para que sejam divulgadas em órgãos de Comunicação Social e agências noticiosas;
- Serviço Holístico de Apoio ( pelo telefone, com informações alimentares e outras, úteis aos adeptos do Clube);
É claro que um projecto desta natureza ganha os contornos de um verdadeiro «movimento holístico», movimento que nunca teve entre nós a expressão organizativa correspondente à simpatia que granjeou junto da opinião pública: existe virtualmente uma massa de pessoas interessadas a quem nunca foi dada a correspondente expressão em termos de comunicação social.
A este respeito, poderá ser lido um projecto pormenorizado que em tempos elaborei e que se destinava a definir as bases indispensáveis a um projecto de expansão informativa na «área holística», nome este que será também de registar, dado que serve idealmente para designar genericamente todo este conjunto de iniciativas e actividades que venho enunciando.
***

PETRÓLEO 1981

energia-2> os dossiês do silêncio

ONDE ESTÁ A CRISE?(*)

28/2/1981 - À medida que o preço do petróleo mergulha o mundo industrial na mais longa e sombria crise da sua curta e sombria história, o tema dos desperdícios entra na moda. Não hesitamos em classificar aqui de histórico este acontecimento, esta súbita atenção ao aproveitamento dos desperdícios. Com efeito, no aproveitamento integral do que se deita fora, numa sociedade que já foi chamada sociedade do lixo, está ou pode vir a estar a outra face da tão falada crise da energia e do ambiente.
Na estratégia sistemática de reciclagem e reaproveitamento está, de facto, o ponto de viragem da actual estrutura económica e social e até do actual sistema ideológico que desgoverna o mundo e ameaça destruir o planeta Terra.
A energia gasta sob a forma de poluição, lixo, desperdício, restos, é superior à energia útil consumida no mundo industrial. E a degradação do ambiente não tem outra causa senão esse mesmo desperdício. Quer dizer: nem a poluição é um mal, visto que é uma fonte de energia; nem a protecção do ambiente custa tão cara como dizem, porque basta, reciclando, não o estragar; nem a crise de energia é crise, pois só no que se deita fora chegava para alimentar duas humanidades iguais a esta. Quanto mais às fontes infinitas que esperam aproveitamento.
Como se vê, se crise existe, é só de má vontade em utilizar, aproveitar, explorar ou reciclar toda essa energia disponível.
Crise, se existe, é só de Inteligência e cabeça dos que se puseram em responsáveis pelo destino dos povos.
Não há falta de energia. Nem a poluição é um mal, antes pelo contrário, é outra fonte de energia; nem a protecção do ambiente custa milhões, como vieram dizer-nos, como se falassem a cafres, os consultores da C. E. E. no colóquio da F. I. L. 80.
Crise, se existe, é só a que se mantém e fabrica artificialmente para manter dominados, explorados e alienados os homens e cidadãos deste planeta.
A palavra de guerra, portanto, não é crise mas reciclagem, toda uma estratégia global de convívio entre o homem e os ecossistemas.
Reciclagem é o conceito mágico que transforma a penúria em abundância, a crise em paraíso perpétuo.
A tão falada crise, afinal, não passa de boato. A demonstrá-lo, alguns exemplos, apenas, aos quais o leitor poderá acrescentar outros do seu conhecimento quotidiano. Se já tinha desconfiado que a tal crise energética é puro «bluff», acertou.

LEI PROÍBE GÁS METANO

Com o biogás ou gás metano, obtido através de excrementos - o chamado ouro castanho -, havia até agora uma única experiência em Portugal, em Vila Nova da Cerveira. Bem mantida em segredo, que é para evitar o contágio.
Pergunta o cidadão português farto de propaganda mentirosa: quem se preocupou em multiplicar por mil ou 10 mil essa experiência de eficácia suficientemente demonstrada?
A exploração do biogás é barata, realizável já, não põe problemas tecnológicos, é o melhor e mais barato combustível para os meios rurais. E ainda por cima, além de gás para todos os usos domésticos, fornece um fertilizante de alta qualidade para a agricultura. No fundo, talvez seja esta razão suprema pela qual o biogás é mantido no mais feroz segredo. Poderá, inclusive, aplicar-se ao automóvel. E daí que o segredo seja ainda mais apertado para que ninguém saiba.
A Universidade de Évora estuda o caso. E não sabemos muito bem o que é que há para estudar. O que há é a fazer, depressa e muito. No campo da realização, a maior firma portuguesa de indústria suína vai instalar duas centrais de biogás, no Montijo e em Leiria, facto revolucionário de que a imprensa deu as vinte linhas do habitual. Como se sabe, há sempre assuntos mais prioritários neste País, para ocupar tempo e espaço dos «mass media». Ah, se o leitor soubesse... Como nota grotesca do que não sabe e os responsáveis se esforçam em lhe esconder, aqui lhe contamos esta anedota: há uma lei proibindo que se fabrique gás metano a partir de petróleo. Resta saber se a lei também vai proibir que se fabrique gás metano a partir dos porcos, vacas e até das pessoas que abundantemente produzem também a respectiva matéria-prima...
Há várias formas, inclusive desportivas, de distrair as massas dos seus problemas.
Enquanto se distrai a gente com uma enorme central solar que os alemães vão montar no Alentejo, sabe-se lá quando, omite-se a possibilidade de, mediante um sistema de crédito bonificado, facilitar às pessoas, na sua generalidade, a possibilidade de investirem em pequenos equipamentos de captação solar para fins de aquecimento doméstico e climatização das habitações, no caso de nova construção.
Esta possibilidade multiplicaria até ao infinito a poupança de energia eléctrica da rede e poderá contribuir para aliviar os encargos que essa rede diz ter. Resta saber se estes grandes sistemas - para lá de lavarem o cérebro à gente com alarmes apocalípticos sobre o preço e a nossa dependência do petróleo, para lá de nos gritarem crise de meia em meia hora, - estão dispostos a deixar que se faça a disseminação de pequenas unidades geradoras. Até agora e pelo comportamento de uma sociedade que se diz de energia solar, tudo indica que também por aí o povo português vai ser endrominado e bem, dando-lhe mais uma campanha de mentira e falsidades a troco de uma central solar no Alentejo. E pronto, com isso se nos quer calar a boca.

A ANEDOTA DO PETRÓLEO

O mesmo tipo de situação se vive para os moinhos aeromotrizes. O que impede a sua proliferação? Em vez de fazer a apologia do crime nuclear, porque não dizem estes engenheiros, para o cidadão saber, toda a verdade sobre a montagem de aerogeradores? Depois, eles falam de crise e que vamos ficar estrangulados quando o estreito de Ormuz estreitar de vez e não deitar mais pinga de petróleo.
Vivemos não há dúvida um tempo de chantagem moral. De crise de consciência e mentalidade. Essa, sim, é que está em crise e profunda.
Moem-nos a paciência com as explorações «on-shore» e «off-shore» à procura de petróleo nas entranhas da plataforma continental portuguesa.
Estão os portugueses a pagar milhões por essas explorações, quando há muito se provou já que não existe petróleo que valha a pena nas nossas costas. A grotesca anedota é tudo o que tem jorrado do solo português.
Com esses milhões gastos em perfurações que já previamente se sabem inúteis, quantos aerogeradores, quantos fornos solares, quantas cubas de biogás podiam ser instaladas?
Decididamente, a crise energética é um conto de fadas. É artificialmente fabricada, empolada e mantida. Que mais não seja, para justificar a inflação e outras coisas que sob a desculpa da inflação nos vão tiranizando o nosso dia-a-dia de cidadãos indefesos, mas principalmente de cidadãos ignorantes da pura e simples verdade dos factos.

JOGADA DE ANTECIPAÇÃO

Vivemos, não há dúvida, um tempo e mundo de chantagem moral. Não há crise nenhuma de energia. Interessa sim, a algumas forças, aproveitar os justíssimos aumentos do petróleo por parte dos árabes para convencer o povo português de que existe efectivamente uma crise. Porque só com crise é que eles ganham...
O actual plano de electrificação rural da EDP é uma jogada de antecipação. Antes que se pudesse traçar um plano energético nacional à luz das novas realidades económicas e das novas energias, entretanto fugidas ao regime de censura e segredo que as ocultava do público, a EDP cozinha um programa totalmente apoiado na electricidade de origem térmica, sabendo, melhor do que ninguém, como essa electricidade que queima fuel, levará cabelo, pele e osso ao consumidor português, à medida que o fuel aumentar de preço com os aumentos do petróleo importado.
Com um programa de electrificação rural, transportando a corrente a enormes distâncias, não só se reforça o sistema centralizador e concentracionário de fornecimento energético, não só se onera com o transporte a longas distâncias o preço da energia no consumidor, já onerado pelos aumentos do petróleo e consequente inflação, como se impede, com um mecanismo tampão, de que entretanto seja concretizado um verdadeiro Plano Energético Nacional, descentralizado, diversificado, à base de pequenas unidades geradoras locais, conforme os dados mais recentes, mais modernos e mais progressistas da política energética hoje adoptada naqueles países que se pretende imitar.
São apenas alguns exemplos da escuridão em que se mergulha o cidadão português, quando se lhe fala de electricidade.
Como se pode verificar, o problema não é de crise energética. É de mentira sobre disponibilidades, recursos, fontes de energia que estão perfeitamente à disposição dos portugueses, embora não sejam do agrado e do interesse dos estrangeiros que nos (des)conhecem, mas que mandam sucessivas cortinas de fumo, propaganda e intoxicação maciça para nos impedir do ver claro. De fazer verdadeira luz neste problema da energia.
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(*) Publicado no jornal «A Capital» (Crónica do Planeta Terra), 28/2/1981