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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2005-11-16

DOAÇÃO AC À ESCOLA 94

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[20-11-1994]

QUANDO HÁ DOIS ANOS

Quando há dois anos, o jornalista Afonso Cautela doou à Escola Secundária de Paço de Arcos a sua biblioteca de ecologia, organizada ao longo de 20 anos, nada quis dizer ao nosso jornal sobre a motivação desse gesto. «Esses 2.000 livros podem ser mais úteis à Comunidade se estiverem na Escola, do que aqui em casa» foi apenas o que na altura lhe ouvimos. Afinal, era apenas o fim de um ciclo e o princípio de outro. Deixara de acreditar na Natureza para ter mais certezas sobre o Espírito. Em conversa informal, hoje que a ecologia até já se vende nos detergentes e nos pesticidas, Afonso Cautela deixa-nos hoje algumas pistas sobre o que pensa do ecologismo como movimento social e da ecologia como matéria interdisciplinar que já é nas escolas. - In Jornal «Voz de Paço de Arcos»

- Acha que na base da ideia ecológica está um pressentimento de catástrofe?
- Sobre os tempos que estão a chegar (vulgo: Apocalipse), confesso que estou um bocado aflito. O mundo moderno assusta-me com a sua barbárie. A ciência e a tecnologia de ponta assustam-me: e o «crash» na bolsa de Nova Iorque pode acontecer de um segundo para o outro. Nesse momento, será a hecatombe em todo o mundo ocidental: e nenhum de nós está minimamente preparado para sobreviver em clima de terceiro mundo. Mas tenho muita fé em Deus e na Banca Internacional: espero bem que os grandes cérebros do capitalismo tenham preparado uma estratégia que, no minuto final, evite a derrocada. Acho mesmo que os grandes banqueiros sabem a data certa em que o «crash» vai acontecer: nós, sempre inocentes, é que não sabemos e vamos ser apanhados de surpresa com as calças na mão.

- Nesse caso, qual a saída?
- Se, com o Apocalipse à porta, já não vamos a tempo de salvar a pele, então o mais avisado (e pragmático) será mesmo tentar salvar a alma. Daí que tenho aderido de alma e coração à ideia religiosa fundamentalista: ou seja, à saída vertical do atoleiro. Na horizontal, já não vamos a tempo. Toda a política do ambiente e todos os grupos de defesa do ambiente, fazem-me pena: estão convencidos de que ainda vão a tempo de salvar alguma coisa. Mas já nada no Planeta Terra pode ser salvo: como há 20 anos, a destruição acelera cada vez mais e não há um único exemplo de que tenha travado ou abrandado a marcha para o abismo. As presidências abertas sobre Ambiente são mesmo patéticas: o Poder sabe perfeitamente o que fez e o que continua fazendo para nos afundar no Chafurdo. Depois de nos sugar até ao tutano. É de uma suprema hipocrisia ainda vir cantar hinos de louvor à Natureza. E aos animais coitadinhos, tão engraçadinhos.

- Mas como é que se salva a alma?
- Considero-me um empresário de ideias e o único investimento que me importa fazer nesse ramo - da alma - é naquilo que designo hoje por Nova Idade de Ouro ou projecto 3º Milénio: nunca, desde há 41 anos, as condições cósmicas foram tão favoráveis ao advento do Paraíso. Nunca estivemos tão perto de tocar a Luz: e, no entanto, nunca se perfilaram tantas bestas para nos abortar tamanha chance. Esta - a da ponte para o terceiro milénio - é a única grande guerra que (me) interessa travar. Encontrei um estupendo companheiro de jornada: Etienne Guillé, professor da Sorbonne, biologista molecular, investigador do Cancro, matemático, uma sumidade em termodinâmica. Entre outros livros verdadeiramente prodigiosos, publicou em Agosto último «L'Homme entre Ciel et Terre» que, além de ser o maior tratado de Ecologia Profunda jamais escrito, é também o mapa completo sobre o percurso labiríntico a percorrer rumo à tal démarche que lhe falei: a salvação da alma e já que a salvação da pele é cada vez mais problemática. Desta é que sou hoje militante: da caquinha ecologista e seus maus cheiros, estou um bocadinho farto. E continuo a acreditar no ser humano, como a morada mais preciosa onde deus pode habitar. Mas onde, neste momento, não habita.

- Se colectivamente se pode fazer pouco, há algum caminho (de salvação) individual?
- A partir do momento em que os «opinion makers» chamam saúde ao que é doença, progresso ao que é retrocesso, desenvolvimento ao que é pura e simplesmente destruição e terror, a lógica da perversidade está em marcha e não vai parar. Com a ajuda mediática, vai acelerar. Só irá parar quando estivermos todos no fundo. Incluindo o deputado Almeida Santos que escreveu um livro a defender os dinossauros e a vituperar os fundamentalistas da Ecologia como eu. Afinal a «deep ecology» - que foi sempre a minha, desde tenra idade - até é hoje uma corrente respeitável e possivelmente terá algum representante no Parlamento de algum país europeu. Aqui na terrinha dos navegadores é que continuam a insultar-se os fundamentalismos: acontece que sou fundamentalista/integrista e que preferia ter um primeiro-ministro da Jiad islâmica, por exemplo, do que aquele que tenho. Aliás, o mundo será muçulmano muito mais cedo do que se pensa e eu já estou a preparar-me, lendo todos os dias os contos da mil e uma noites. Que, ainda por cima, são afrodisíacos à brava. E lindos de morrer.
- Depois da sua doação de livros à escola, ficou livre do que chamou «lixo papelístico»?
- Tenho um pequeno problema de «know-how» a resolver: não sei o que hei-de fazer, a quem doar, as 20 caixas Inapa cheias de folhas A4 com o Banco de Ideias que fui acumulando desde 1969, ano em que publiquei o primeiro livro sobre ecologia aparecido em Portugal: «O Suicídio da Humanidade». Depois foi o Movimento Ecológico Português e foi a «Frente Ecológica»: com o 25 de Abril, as ideias foram-se desvalorizando na Bolsa de Valores e eu entrei em bancarrota: só produzia ideias que não davam dinheiro. Arruinei-me e acumulei uma dívida ao fisco que já não posso pagar, nem mesmo em prestações. Quem quererá hoje aceitar, ou comprar, esse património que, com o Apocalipse à porta, se arrisca de património histórico a ser património arqueológico?

- Ainda é contra o desperdício e ainda o preocupa a conservação, portanto, que é uma ideia essencialmente ecológica?
- Segundo me informaram na Sociedade Portuguesa de Autores, onde recorri para registar as ideias e projectos que me foram roubando ao longo dos anos, a lei não prevê qualquer medida de segurança e de salvaguarda ao copyright de «ideias». Na dita SPA - que construiu um arranha-céus em cima das ideias dos autores - nem sabiam mesmo o que era isso de «ideias»: ali só se protegem obras, ou autores com obra feita, e não autores (como eu) de projectos com ideias. Para a televisão, por exemplo, rejeitaram-me umas duas ou três ideias, que meses mais tarde apareciam realizadas por outros. Acho que isto é hoje corrente e a mim aconteceu-me por toda a parte - editores, rádios, jornais, televisão - a quem propuz guiões com ideias. Ofereço-os agora a quem der mais.
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AC BY HIMSELF 96

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O MONITOR PARA A ÁREA DE RADIESTESIA PRÁTICA

20-11-1996

Jornalista na pré-reforma, A.C., mais conhecido por James OK, decidiu, aos 65 anos de idade, consagrar-se inteiramente ao trabalho com o pêndulo de radiestesia. Os vários caminhos que percorreu, sempre como autodidacta, se nunca o levaram a uma formação académica relevante e lucrativa, conduziram-no, no entanto, ao mesmo ponto: o estudo das energias, nas suas diversas formas e manifestações.
O interesse pelo estudo das energias e das bionergias, levou James a contactar algumas disciplinas teóricas e práticas - ecologia humana, termodinâmica, acupunctura, macrobiótica, yoga tibetano, (---) sem se ter fixado, como especialista, em nenhuma delas: em princípio, ele entendia e entende que as energias são um mundo demasiado vasto e hierarquizado para poder constituir matéria de especializações. E ainda hoje encara, com justificada desconfiança, os «especialistas» em ciências sagradas, que se encontram no mercado profissional: astrólogos, acupunctores, cartomantes, curandeiros, magnetizadores, massagistas, ecologistas,
Fazer profissão das energias e, portanto, do sagrado, constitui para ele uma contradição ainda não resolvida. Entende, no entanto, que todos devemos ser professores de nós próprios, primeiro, e depois todos devemos transmitir aos outros o pouco ou muito que (já) sabemos.
Ao descobrir o Pêndulo e o método de Radiestesia que ele intitulou de «método da mão esquerda», James compreendeu que as Energias não permitem especializações e que, conforme os egípcios da época de ouro as compendiaram, as 12 ciências sagradas, a começar na Alquimia, deverão ser praticadas em simultâneo, por cada pessoa, dentro de um projecto global de desenvolvimento do ser humano, mediador entre céu e terra.
É disso que se trata - desenvolver as potencialidades escondidas de cada um - quando se pega no pêndulo e se inicia o trabalho de radiestesia segundo o método da mão esquerda.
Este método foi para James o ponto de convergência de todos os caminhos que até então o tinham preocupado: ecologia humana, análise energética, termodinâmica, física quântica, holística, acupunctura, medicina psico-somática, (---)
Com o método da mão esquerda, era possível ter acesso rápido e não manipulatório às démarches e disciplinas que habitualmente hoje ocupam o mercado das energias, nomeadamente as artes ditas adivinhatórias: a interpretação do Tarô e do I Ching, por exemplo, torna-se rotina para o método da mão esquerda. Todas as artes de profecia e previsão se potencializam.
Na palavra «teledetecção» está, para James, contido tudo o que o pêndulo de radiestesia pode realizar no campo da intercomunicação e da interinformação, desde a diagnóstico médico até à previsão de acontecimentos (premonição) ou à comunicação da informação à distância (telepatia).
Segundo James, o 6º sentido da radiestesia permite o acesso gradual e por etapas aos outros 6 sentidos que, segundo a sabedoria egípcia, o ser humano pode desenvolver nesta incarnação. É aquilo que a chamada parapsicologia inclui nos «dons naturais» e nas «capacidades de prodígio».
Defendendo um estilo de trabalho imparcial, sem beatismo de ordem religiosa ou filosófica, James aponta também para essa disciplina-chave que é a Numerologia ou Aritmosofia, bem como para a Ciência dos Símbolos, duas outras ciências sagradas.
Democratizar ou não democratizar o ensino da Radiestesia Holística é ainda hoje a sua grande perplexidade: de facto, por algum motivo as ciências sagradas se chamaram de ciências «ocultas» e «esotéricas». Por algum motivo se teve de ocultar a sabedoria do sagrado. Os 41 mil anos de queda da humanidade explicam, provavelmente, que a maioria ainda hoje procure orientar-se no sentido materialista, ainda que em nome do espírito e dos caminhos do espírito.
Sempre desconfiado das técnicas manipulatórias da Bionergia, com intervenção directa do manipulador sobre o paciente ou «manipulado», sempre distanciado dos processos que implicam o que ele chama a «promiscuidade energética», James sentiu-se compensado da sua busca e confirmado na sua desconfiança, quando descobriu que a mais poderosa técnica energética - a Teleradiestesia - opera à distância e quanto mais à distância melhor opera.
Estava, finalmente, erradicado do trabalho energético todo o lastro de promiscuidade, vampirismo e parasitagem. Quando James encontrou o pêndulo de radiestesia holística, foi obrigado a fazer um balanço de todos os anos perdidos na busca de um método que, de facto, nada excluindo da ordem do universo, funcionasse entre o infinitamente grande e o infinitamente pequeno, tal como sempre quiseram os alquimistas e outras correntes da grande tradição.
No percurso curricular de James, assinala-se, nos anos 70, uma activa participação no movimento ecológico, tendo chegado a ser um dos fundadores, em Fevereiro 1975, da associação «Movimento Ecológico Português», mais tarde «Amigos da Terra».
Em (---), nas eleições autárquicas, participou nas listas de independentes apresentadas pelo PPM, tendo sido eleito para a Assembleia Municipal de Lisboa, lugar que viria a ser desempenhado por Henrique Barrilaro Ruas.
Entre 1974 e 1980, publicou, inteiramente à sua custa, o jornal «Frente Ecológica» (15 números), tendo animado em Paço de Arcos um grupo com o mesmo nome, que editou dezenas de opúsculos com ideias mais ou menos polémicas sobre ecologia humana e bionergia.
Entre 19--- e 19---, frequentou cursos de acupuntura, tendo sido aluno de Araújo Ferreira, Reinaldo Baptista, Comandante Araújo de Brito e Vítor Cunha, no Instituto Médico-Naturista.
Entre 19 e 19---, chefiou a redacção da revista «Saúde Actual», da empresa Natiris, tendo colaborado com Maria Lucinda Tavares da Silva, Serge Jurasunas e Carlos Carvalho.
Entre 19--- e 19---, participou, como presidente, na direcção da Sociedade Portuguesa de Naturologia, onde actualmente dirige o Gabinete de Orientação Alimentar.
Desde 1993, durante 12 anos, manteve uma crónica de temas ecológicos num diário da tarde, onde, quase sempre em discordância com as tendências dominantes, defendeu os princípios polémicos de uma ecologia humana radical.
Durante cinco anos, coordenou, no mesmo jornal, uma secção semanal intitulada «Guia do Consumidor». E entrevistou dezenas de personalidades ligadas ao meio naturopático português.
Em 1994, deixou-se convencer novamente para coordenar o «Guia do Consumidor» na revista consumista de grande expansão «Teleculinária», onde teve que suportar, ainda que à distância, o mau hálito de um tal Mário Frota, subitamente herói da defesa do consumidor em Portugal.
Mas o que verdadeiramente o polarizou, entre Março de 1992 e os dias de hoje, foi o «método da mão esquerda», uma radiestesia como fio de acesso à eternidade e ao infinito.
As dezenas de páginas que escreveu sobre o referido método não lhe conferem, evidentemente, nenhuma «formação académica» especial, mas atestam de que ele fala do que sabe e sabe do que fala.
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