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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-06-25

AUTOTERAPIA 1986

atelier-2> = atelier yin yang – diário de um consumidor de medicinas – o ac dos projectos – chave ac – inédito ac de 1986 – mein kampf – texto 5 estrelas – balanços pessoais – confissões tardias

AJUDA HOLISTICA E TERAPÊUTICA - CONSELHOS DE SAÚDE

25 de Maio de 1986 – O serviço de ajuda holística, iniciativa pessoal e particular, arranca sem um tostão mas com muita esperança.
Através de telefone ou por escrito, é nosso objectivo dar todas as informações necessárias a quem precise de se orientar no caminho do tratamento e da cura por meios naturais.
Não se trata, pois, de um negócio, mas de uma efectiva ajuda, desinteresseira e não lucrativa, que queremos prestar a quantos necessitam e enquanto me deixarem.
Sei muito bem, por experiência própria, ao longo de quinze anos de campanha pela ecologia e saúde, que as iniciativas de índole não lucrativa, nos tempos que correm, são alvo de hostilidade mas principalmente da troça pública.
Expus-me quinze anos a essa hostilidade e a essa troça, pensando algumas vazas arrepiar caminho.
Hoje, dia 25 de Maio de 1986, Dia da Mãe , dois dias depois em que acabo de perder a minha, tomei a decisão mais inabalável da minha vida: não só vou enfrentar a hostilidade e a troça , como vou, a partir de agora, com esta ajuda holística e terapêutica, provocá-las.
Não criticarei nem lamentarei os que têm aproveitado a doença dos que sofrem para negócio. Cada um sabe (ou deveria saber) as linhas com que se coze e o Karma que carrega. Cada um sabe (ou deveria saber) se quer ou não meter ainda mais a sua alma no inferno.
Eu não quero e até ver decidi este caminho, por mais que tentem, pela troça ou pela hostilidade, demover-me dele.
Cobrar dinheiro por conselhos de saúde, é pecado, penso eu. Já me disseram que ninguém aceita conselhos grátis, exactamente por os considerarem gratuitos. Acontece que grátis significa, neste caso,sem preço.
Isto é claro e quem queira perceber, que perceba. Quem queira safar-se do redemoínho, posto por Satanás no caminha de doentes e terapeutas, que tente connosco. A nossa aposta chama-se ajuda holística e terapêutica.
Não é por acaso que a doença de cada um (e o que cada um fizer dela, com ela) está tão estreitamente ligada ao destino, ao karma, à perdição e salvação de cada alma.
Pode ser que esta ajuda holística e terapêutica, estes conselhos de saúde a quem os pedir , seja para alguns uma ocasião de se perguntarem o que estão cá a fazer neste mundo. E pode ser que alguns percebam que estão cá para ajudar os outros. É por isso que foi criado este Intercomunicador chamado ajuda holística e terapêutica.

II
Quanto aos médicos e à Medicina, que estejam em paz e nos deixem a nós. Já lhes basta o seu triste karma, também, para que me atreva a ter qualquer atitude de hostilidade para com eles. Por agora estou disposto a calar motivos de queixa, em favor de alguns motivos de gratidão.

III
Para lá da hostilidade e da troça já esperadas, e tão minhas conhecidas ao longo do 15 anos de batalhas na frente ecológica, ninguém pense no entanto que irá usar-me ou amachucar-me, à conta da minha tontice palerma de querer ajudar os outros.
Ao primeiro chefe de vendas que tente humilhar-me e gozar a minha pobreza e o facto de não ganhar, como ele, 150 contos a explorar o próximo, não hesitarei em carregar o meu karma com qualquer acto de violência adequado à provocação que me for feita. Aliás e sem preconceitos cristãos, acho o ódio e a vingança sentimentos tão naturais como o amor e a perdão. Cada um a seu tempo.

IV
Não peço um tostão a ninguém mas não recusarei de ninguém o que me quiserem dar (trabalho, dinheiro, ajuda).
Em troca, todos quantos quiserem saber vão saber de mim o que precisam para defender a sua saúde mas também a sua bolsa, face a médicos e terapeutas.
Vão saber, de boca a orelha, sem alardes públicos, o que precisam de saber sobre médicos e terapeutas e até agora não sabiam nem sequer pressentiam.
E serei eu, quem lho vai dizer, ponto por pente, letra por letra, tim-tim por-tim, sem cobrar um tostão pela verdade mas só a quem o quiser ouvir, tiver ouvidos e coração abertos para ouvir. Só a quem o merecer.
Falar a surdos mentais e morais é coisa que não me fará perder um minuto mais além dos milhões e milhões que perdi pregando a multidões de surdos, por milhares de artigos em jornais, uma das actividades mais sublimemente negativas, inúteis, patetas, bacocas em que me posso gabar de ter queimado tintos anos de vida.
Escrever em órgãos públicos na ilusão de que se pode ajudar alguém com isso ou de que alguém ouve as belas, lindas e humanitárias coisas que temos para lhe dizer, é um erro de que nunca me penitenciarei bastante. Mas o que lá vai, lá vai.

V
Dizer, através desta ajuda holística e terapêutica, só a verdade, toda a verdade e apenas a verdade sobre médicos e naturoterapeutas, não é , juro, pelo simples prazer de mexer na merda: é com o objectivo claro de ajudar os inocentes.
Sim porque os doentes são hoje os inocentes do muito que, nesta abjecta engrenagem de lucro-consumo, à sua conta é exploração, vigarice, ladroagem desenfreada.

VI
Cobrar dinheiro por conselhos de saúdes é, no meu entender, pecado. Ora eu resolvi, exactamente porque estou farto de pecar em tantas e tantas coisas neste mundo, dar conselhos de saúde sem cobrar, a quem os mereça. Única e exclusivamente a quem os mereça.
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RETROCESSOS 1979

nuclear-0- sindroma sísmico-nuclear – os retrocessos do progresso

BOMBA DE SANTO ANTÓNIO & SISMOS(*)

25/6/1979 - Enquanto os portugueses «curtiam» (com o Verão a aquecer) mais uma clássica semaninha de feriados, iam para o campo ou para a praia espairecer tristezas da inflação e da gasolina (qualquer dia) mais cara, as duas superpotências atómicas, Estados Unidos e URSS, empenhavam-se a fundo, em Viena de Áustria, invocando Deus e o futuro das novas gerações, na última fase da corrida para o acordo «Salt II»
A provar a boa fé nesse acordo e também para que ficasse limpo e a nu o indiscutível poder que uma superpotência, por definição, tem, eis que, no dia 12, véspera de Santo António, os Estados Unidos realizavam no deserto do Nevada um dos testes nucleares mais importantes deste ano.
Só dois jornais portugueses noticiavam tão auspicioso acontecimento: «Correio da Manhã» e «Jornal Novo» publicavam, em telex da ANOP, mais um triunfal rebentamento subterrâneo.
Dizia a notícia:
«Um engenho nuclear foi testado em profundidade no deserto de Nevada e a sua explosão causou uma onda de choque que se sentiu a mais de 150 quilómetros de distância, na cidade de Las Vegas.
«O teste, que fora protelado desde 1 de Junho por causa dos ventos de altitude que sopravam sobre o local escolhido, realizou-se sem incidentes, informou o porta-voz do Departamento de Energia, Dave Jackson.
«O engenho foi enterrado a cerca de 700 metros de profundidade na Meseta Pahute e tinha uma força explosiva equivalente entre 20 e 150 mil toneladas de TNT.
«Foi o quinto teste anunciado este ano, mas nem todas as explosões são comunicadas oficialmente.»
«Correio da Manhã» publicava ainda em seguimento:
«Sinais sísmicos da explosão nuclear subterrânea ocorrida no Nevada foram registados pelo observatório Hagfors, na Suécia. O observatório precisou que a explosão ocorreu aproximadamente às 14 horas do dia 11 e registou 5,7 da escala de Richter.»
A notícia é importante e ainda bem que houve jornais que não a deitaram para o lixo: não só por ser véspera de Santo António, advogado das bombas, nosso irmão em São Francisco e amigo dos peixes, mas porque raramente, nos últimos anos, temos a dita de saber quantos (como e quando) rebentamentos subterrâneos, com bombas de experiência, realizam os Estados Unidos no Nevada e a URSS no perímetro de Semipalatinsk.
É preciso andar com uma lupa, a espiolhar notícias, para conseguir ir completando o quadro dos rebentamentos que, como é sabido e já clássico, antecedem sempre de algumas horas as  ondas sísmicas que alastram, nos dois ou três dias seguintes, por todo o globo.
Desta feita, ao contrário do que também normalmente acontece, e apesar de passarem dois dias sem jornais na capital do País, eis que ainda conseguimos ler, em telex da France Press, no «Diário de Notícias», a inevitável vaga sísmica que se sucede às experiências com rebentamentos subterrâneos; Sismos no Peru, Turquia e Grécia, anunciava o jornal aproveitando para pôr tudo no mesmo molhinho.
Enquanto os portugueses iam aproveitando a «trégua» de alguns feriados mais, enquanto Portugal gozava a circunstância de continuar (até quando...) fora do percurso dessas já clássicas ondas sísmicas, a notícia quase passava despercebida no meio das verdadeiramente importantes. Era a semana, não o esqueçamos, em que os órgãos de Comunicação Social estavam cheios, de alto a baixo, de negociações e acordo «Salt II ».
Registe-se, no entanto, e apesar de insignificante:
«Dois violentos sismos sacudiram no dia 15 a ilha grega de Chios, no mar Egeu, provocando alarme sem contudo fazerem vítimas ou estragos. Outro sismo atingiu a estância de lzmir, na, costa ocidental da. Turquia, enquanto, na América Latina, a capital peruana era igualmente abalada por dois violentos sismos.»
A 12 de Junho, véspera de Santo António, rebenta a bomba (como é da tradição popular lisboeta). A 15 não param os telexes com notícias de sismos.
Em Viena de Áustria, a das valsas, trocavam-se à mesma hora brindes e hossanas em nome da paz (sísmica) e dos acordos «Salt II» que bastantes anos e esforços exigiram aos conservadores.
No deserto do Nevada, à mesma hora, brindava-se com mais um teste subterrâneo dos muitos que nos últimos dezasseis anos têm sido realizados, provocando a superactividade sísmica que tantas centenas de milhar de mortos tem feito nesses mesmos 16 anos.
Ainda bem que foi noticiada esta quinta experiência dos Estados Unidos, durante o primeiro semestre de 1979, para que se não diga que só os testes realizados na Sibéria são anunciados e causam tremores de terra. Para que se não diga que denunciar o facto é «primário anti-comunismo». Pela minha parte, nunca regateei a nenhuma das superpotências aquilo que a cada uma e às duas pertence. Honra, portanto, às duas grandes senhoras, sem favoritismo para nenhuma.
Desta vez e graças ao Santo Antoninho da nossa devoção, conseguimos saber o que do epicentro de Nevada é transmitido por onda sísmica a todo o Mundo como benfazeja, fraternal e franciscana mensagem de Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
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(*) Publicado no jornal «Correio da Manhã», 25/6/1979
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