cmo-10> contra a medicina ordinária 1983 - cmo-12> contra a medicina ordinária 1983 -diário de um consumidor de medicinas contra a medicina ordinária 1983 -cmo-14> 22-9-1999LIGA DE CONSUMIDORES DE MEDICINAS INTERROGA O PODER ESTABELECIDO
16 PERGUNTAS INOCENTES À ESPERA DE RESPOSTAS INTELIGENTES DOS CHAMADOS RESPONSÁVEIS
1 - Ao tomar a sua vida e a sua saúde nas próprias mãos, através das chamadas tecnologias terapêuticas apropriadas, o cidadão toma uma opção de fundo implícita relativamente à classe dirigente que se orienta ou desorienta por princípios ideológicos opostos.
Essa resistência ao Establishment ideológico traduz-se, muitas vezes, numa existência vivida «em clandestinidade» face à prepotência dos poderes económicos que aquela classe dirigente serve contra o interesse e os direitos do cidadão.
É tempo de os consumidores na clandestinidade perguntarem a governantes e presidentes, passados e futuros, a parlamentos europeus e a Assembleias da República, a ministérios e a secretarias de Estado, a corporações e ordens profissionais do tempo da Velha Senhora, a Deus e ao Diabo, se vamos continuar na clandestinidade ou se o direito de cidadania vai chegar para aqueles milhares ou milhões de portugueses que não querem submeter-se às regras drásticas do comer e calar, de engolir toda a porcaria química e petroquímica que o marketing e a sociedade de consumo lhe impingem.
Pergunta-se:
- Quando se decidirá o Poder que tudo pode a tomar posição pelo consumidor de medicinas, contra as multinacionais da Química e da Petroquímica que o obrigam a engolir cancro, doença e morte?
2 - A Associação Portuguesa de Naturopatia, com cerca de 300 sócios e a Associação Portuguesa de Acupunctura com cerca de 60 filiados, são duas das instituições que, em Portugal, agrupam os praticantes das terapêuticas preventivas a que se convencionou chamar medicinas alternativas, leves, suaves, paralelas ou naturais.
Número estimado de técnicos holísticos de saúde em Portugal, no ano de 1983:
Acupunctores ....... 78 (sócios inscritos na Associação Portuguesa de Medicina Acupunctural)
Homeopatas ........ 50 (sócios inscritos na Associação Portuguesa de Homeopatia)
Naturoterapeutas.. 300 ( número calculado em Portugal)
Osteopatas ........... 80 (sócios inscritos na Associação Nacional de Osteopatia)
Total....................... 508
Massagistas terapeutas
700 (sócios inscritos na Associação Nacional de E......P.?
600 (sócios inscritos na associação E.....P.....?
150 (inscritos na Federação Portuguesa de Futebol)
100 (inscritos no S.C. A.C.?
120 inscritos no SITESE ?
Pergunta-se:
- Será significativo ou insignificante que essas profissões já se encontrem organizadas em associações de classe?
- Será justo que essas profissões continuem completamente desprezadas das autoridades competentes, não tendo sequer, neste momento, direito à carteira profissional?
- Poderá atribuir-se algum peso social, político e cultural ao movimento naturoterapêutico?
- Qual será o futuro das medicinas ecológicas face ao fracasso e aos abusos da Quimioterapia?
3 - Em 1977 , a Organização Mundial de Saúde determinou, na conferência de Alma Ata, que a «Saúde para Todos no Ano 2000» fosse a meta a levar em conta por todos os países membros, nas suas políticas nacionais de cuidados primários de saúde.
Pergunta-se:
- Na perspectiva do interesse público, será a profilaxia mais importante que o tratamento ou vice-versa?
- Será possível que a política volte a glosar a velha máxima do «vale mais prevenir que remediar»?
- Será possível, por uma reconversão pedagógica profunda, que as futuras gerações tomem nas suas mãos a própria saúde que até agora se tem alienado às entidades profissionalmente encarregadas de no-la administrar?
- No discurso oficial do poder, consumir saúde é sinónimo de consumir medicamentos e serviços como tal classificados: quer dizer, confunde-se (intencionalmente) o combate à doença com o conceito de (conservar a ) saúde.
Será assim ou exactamente o inverso?
- Será possível mudar o esquema de alienação até agora vigente - a que alguns chamam «colonização do doente» - por um sistema que privilegie a auto-responsabilização de cada um por si próprio, como as terapêuticas apropriadas e a própria OMS defendem?
4 - Há, em Portugal, pelos menos, duas associações de consumidores orientadas para a área da higiene e prevenção alimentar, a Sociedade Portuguesa de Naturologia, fundada em 1912 e que tem cerca de 3442 sócios inscritos, e a Cooperativa Unimave, fundada em 1972 e que tem 6500 sócios inscritos.
Pergunta-se:
- Serão estes factos representativos de um movimento social profundo ou uma mera bizarria de meia dúzia de excêntricos que, por questões religiosas ou ideológicas, não gostam de comer carne nem peixe?
- Tomar à sua conta a própria saúde, mudando hábitos alimentares, será uma viragem nas mentalidades ou apenas uma moda epidérmica e passageira, assoprada pelos órgãos mediáticos só até ao ponto em que não ponha em risco o Establishment do consumo e do marketing?
- Quando as doenças endémicas, chamadas «doenças da civilização», são, no entender da própria ciência epidemiológica, doenças dos hábitos e estilos de vida impostos pela sociedade de consumo, qual será o futuro da medicina: a supersofisticação dos meios e recursos que concentra todo o poder médico na mão de meia dúzia de elites financeiras, ou a democratização das medicinas, educando para prevenir em vez de calar e abafar sintomas para levar ao extremo os sindromas patológicos endémicos do nosso tempo?
- Sendo a própria ciência médica quem classifica essas endemias como «doenças da civilização» ou da sociedade, do ambiente, dos consumos e da violência, será possível tratar essas doenças com vacinas ou remédios de farmácia cada vez pretensamente mais sofisticados, sem alterar um milímetro aquela sociedade, aquele ambiente , aqueles consumos e aquela violência? Enfim, sem tocar no padrão civilizacional que temos e no paradigma que nos governa?
5 - O decreto-lei 32/171, de 2 de Julho de 1942, consagra um processo de perseguição que a Ordem dos Médicos, plenamente apoiada pela ditadura de Salazar, movia desde há muitos anos contra praticantes heterodoxos da medicina e que continua a mover até aos nossos dias, apoiada pela novas ditaduras da nova democracia.
Factos ocorridos em várias ocasiões, incluindo o célebre «debate televisivo» de 19 de Outubro de 1984, mostram que a posição da Ordem não se alterou um ápice, antes se tornou mais dura, na proporção em que o êxito das medicinas naturais se afirmava cada vez mais por todo o mundo.
O facto de alguns médicos terem optado predominantemente, na sua prática clínica, por métodos naturais de medicina, parece não ter comovido nada o imobilismo da Ordem que, aliás, representa a contento o papel de dinossauro na moderna ordem de coisas.
Pergunta-se:
- Será justa e racional a perseguição que a Ordem dos Médicos continua a praticar?
- Será que as práticas da naturoterapia e os seus técnicos de saúde não têm lugar na sociedade portuguesa?
- O futuro será pró ou contra as medicinas ecológicas, apesar da imagem que delas tem sido destilada na opinião pública pelas centrais de intoxicação do costume?
6 - O Congresso Luso-Galaico de curandeiros e bruxos, realizado em Vilar de Perdizes pelo padre António Lourenço Fontes, tem ajudado a reforçar a imagem que pretende ligar as artes naturais de curar às práticas de bruxaria, astrologia, ervanária, chás, poções mágicas, passes, truques de cartas, cabalas, enfim, o que se classifica de charlatanismo e que os órgãos mediáticos se entretêm a divulgar até ao vómito.
Pergunta-se:
- Será que irá continuar esta manobra de obscurantismo que se pretende impôr às mantalidades mal informadas ou pouco esclarecidas, manobra que vem exactamente em nome de um iluminismo que, já no tempo de Augusto Comte e do discurso sobre o espírito positivo, cheirava a mofo?
- Em suma, qual será, afinal, o sentido do progresso: o que enche o mundo até à asfixia de indústrias e tecnologias pesadas (incluindo a medicina) ou o que humaniza, liberta e democratiza as sociedades?
7 - Hipócrates, Paracelso, Claude Bernard, Alexis Carrel, Paul Carton, Freud, Hahnemann, Von Peczely, Messegué, Passebecq, Sutherland, Jayasuria, Jurasunas, Colucci, Bernard Jensen, Michio Kushi, Khrishnamurti, Lanza del Vasto, Maharishi, são nomes que marcam um profunda corrente do espírito humano, corrente que hoje explode na descoberta de novas terapêuticas ou no revivalismo das mais antigas artes e ciências de curar, que têm em comum a estrita observância e obediência do homem às leis ecológicas ou leis naturais da vida.
Pergunta-se:
- Que significado se deverá atribuir, no contexto do mundo industrial dominado pelo pesadelo químico, a essa viragem de métodos que pretendem respeitar a vida e as leis da vida?
- O que é que conta e deve contar numa política de saúde: as leis da vida ou as histerias da Ordem dos Médicos?
8 - Estima-se em 3600 o número de estabelecimentos que, em Portugal, se dedicam à venda de plantas medicinais e aromáticas, vulgarmente conhecidas por «ervanárias».
Pergunta-se:
- Serão essas ervanárias um perigo público ou um serviço de utilidade pública?
- Devem, como um serviço ao consumidor, ser incentivadas ou reprimidas?
- Devem os seus proprietários ser qualificados como técnicos de saúde ou marginalizados e atirados para a zona dos indesejáveis?
- Devem os fitoterapeutas ser dignificados como actividade e profissão ou continuar no limbo de indefinição que permite todas as indisciplinas e enganos?
9 - Os métodos alimentares de prevenção e cura popularizaram-se nas últimas décadas, levando as instituições do Poder a falar de «alimentação racional» à falta de melhor, para resistir à invasão e ao confronto das correntes vegetarianas ou de cunho mais radical como a macrobiótica, que pretende não só mudar a dieta mas o estilo de vida.
- Pergunta-se:
- Será aceitável que em democracia pluralista a política alimentar conheça só a doutrina oficial da alimentação chamada racional, recusando-se perceber que a consciência de qualidade biológica propõe hoje uma subversão muito mais profunda nos hábitos alimentares que vai até à recusa de alimentos refinados, industrializados, quimificados, isto é, pré-cancerígenos?
-Que pensar da qualidade biológica e da subversão que ela significa na desordem da sociedade industrial e cancerígena?
- A opção ecológica é ou não o fundamento hoje de uma ética individual e política?
- Será possível fundar uma sociedade justa, onde a moral biológica foi completamente relegada e é mesmo considerada uma «utopia» de ecologistas?
- Será moralmente aceitável viver para a morte em vez de viver para a vida?
10 - Criticaram alguns o mercado dos produtos fitoterapêuticos e biológicos, os chamados suplementos alimentares e dietéticos, pelo negócio a que dá lugar e pela exploração que significa a «Natureza em frasquinhos».
Considerando que melhor seria criticar a sociedade industrial que tendo metido a Natureza num gueto obriga as pessoas a tomá-la em comprimidos e frasquinhos,
Pergunta-se:
- Num mundo de onde a química varreu a bioquímica, onde os metais pesados expulsaram de solos, água, ar e organismos vivos os oligoelementos essenciais à vida, num mundo efectiva e potencialmente cancerígeno, será possível falar de cura sem transformação do terreno orgânico que é consequência orgânica directa do terreno em sentido agrícola?
- Será possível fazer do Cancro uma doença localizada e circunscrita à agressão de um vírus?
- Quando a lógica de mercado leva a ciência médica a tais absurdos, será ou não de ouvir a proposta que as novas correntes da medicina metabólica, alimentar, ecológica e oligoterapêutica representam?
- Será a qualidade biológica da energia alimentar que nos sustenta um luxo e uma actividade clandestina que a Ordem dos Médicos persegue ou, antes pelo contrário, e face ao bloqueio químico da sociedade, o direito fundamental do homem à saúde e à vida?
11 - Embora contestado pelos industriais ligados ao fabrico de suplementos alimentares e produtos biológicos ou fitoterapêuticos, o decreto 315/70, definiu e enquadrou o comércio desses produtos.
Anulado posteriormente este decreto pelo Ministério-----------, o sector encontra-se em vazio legal, embora muitos países europeus tenham em Portugal um dos melhores fornecedores desses produtos, dada a riqueza e qualidade da nossa flora medicinal e aromática.
Pergunta-se:
- Irá o poder continuar ignorando a força desta nova indústria?
- Que política deverá ser adoptada quanto a este mercado alternativo?
- Que medidas irão ser tomadas para evitar que se exporte a nossa riqueza em flora medicinal, importando a seguir essa mesma flora em frasquinhos milagrosos?
- Com a entrada na CEE e livre circulação de pessoas e bens, o que irá acontecer a este e outros mercados alternativos interessantes?
- Entrar na Europa continuará a significar ficar cada vez mais provinciano, culturalmente falando?
12 - Escolas como as que, há muitos anos, funcionam em países como Austrália, Canadá, Espanha, França, Holanda, Estados Unidos da América e República Federal da Alemanha, mostram até que ponto as eco-terapêuticas já conquistaram um estatuto de qualidade científica e técnica, em diversos pontos do Mundo, tendo encontrado o ponto de equilíbrio entre o empirismo da prática e o rigor dos fundamentos teóricos.
Esse equilíbrio é demonstrado também pelas tendências que, dentro do próprio sistema médico, apontam para a sua diversificação e abertura pluralista: Higiene e Saúde Pública, Ergonomia, Medicina do Trabalho, Dietética, Fisioterapia, Psicanálise, Psicosomática, Medicina Familiar (Clínica Geral), Medicina Social, Medicina Metabólica ou Medicina do terreno, Epidemiologia, são noções e ciências que, dentro do próprio sistema médico, apontam para a convergência de esforços entre ortodoxia e heterodoxia médicas.
Holística é a palavra que já começou a generalizar-se nos Estados Unidos para designar essa síntese e essa convergência.
Pergunta-se:
- Até quando continuará o poder a ignorar - ou a fingir que ignora - esta vaga de fundo do mundo moderno?
13 - Suficientemente consagrada por congressos e outras realizações de carácter científico, a corrente neo-hipocrática nasceu há cerca de 70 anos, em Londres, e teve a sua consagração pública no 1º Congresso em Paris, no ano de 1937.
Actualmente com sede em Montpellier, o movimento neo-hipocrático viu-se superado mas não ultrapassado por todas as tecnologias terapêuticas que entretanto foram sendo aperfeiçoadas, de acordo com os princípios básicos da doutrina hipocrática: faz do alimento teu medicamento, o terreno é tudo e o micróbio (quase) nada, tratar sem prejudicar, vale mais prevenir que remediar, diz-me que hábitos tens, dir-te-ei de que doenças sofres, etc.
Se ninguém até hoje negou que estes princípios fossem efectivamente as leis de conservação da saúde,
Pergunta-se:
- Porque continuam as autoridades ditas de saúde a ignorá-los e a privilegiar o que fica mais caro (o combate à doença) e não o que é substancialmente mais económico (a conservação da saúde)?
- Porque não se investe em Prevenção e Profilaxia , em vez de se gastar 50 ou cem vezes mais em tratamentos, hospitalizações, medicamentos, cirurgias, etc?
- Porque ignoram ou fingem ignorar as autoridades sanitárias a pujança de um movimento como o Neo-Hipocratismo, que galvanizou tantos médicos e que está na origem das mais interessantes terapêuticas de fundo que hoje se conhecem no campo holístico?
14 - Não é novidade, embora às vezes se finja ignorar, que muitos médicos se dedicam a terapias tradicionais como a Acupunctura, ou às muitas especialidades modernas como a reflexoterapia derivadas da antiga acupunctura.
Nomes como o de Yves Requena, médico francês, exemplificam de maneira notável a adopção que muitos médicos fizeram das mais antigas medicinas ou das mais recentes tecnologias holísticas.
Pergunta-se:
- Que esperam os responsáveis em Portugal por conhecer e reconhecer esta realidade?
- Porque aceita a classe que a sua organização representativa continue a manter posições públicas do mais puro trogloditismo relativamente às Medicinas Avançadas?
Pergunta-se:
- Quando, daqui a pouco tempo, a classe médica quiser recuperar em seu proveito as terapêuticas heterodoxas e avançadas, como vão explicar a hostilidade, a ignorância e a indiferença de hoje, de ontem e anteontem?
15 - O Estado, manietado pela pressão de altos interesses económicos, continua cego e surdo ao apelo dos consumidores para que os tratamentos «naturais» tenham o lógico reembolso da Segurança Social nos contribuintes que preferem esses meios em vez dos meios químicos.
Pergunta-se:
Será justo que o doente e beneficiário da Segurança Social não receba qualquer comparticipação nos tratamentos considerados naturais, descontando como todos para a mesma Segurança?
- Até que ponto é violado, no actual regime da Segurança Social e com esta «situação de excepção», o artigo 64 da Constituição da República Portuguesa, que determina que todos os cidadãos têm o direito e o dever de conservar a saúde?
- Quem quiser tratar-se por meios naturais, paga-os do seu bolso porque a Segurança Social não comparticipa: em que República das Bananas seria lícita semelhante anomalia anti-constitucional?
16 - Tem crescido em Portugal, como se pode ver pelas páginas amarelas da lista telefónica, o número de escolas de yoga tradicional, forma multisecular de terapêutica psicosomática que não precisa, para funcionar, do aval da ciência moderna.
Tal como a acupunctura e as artes marciais, o yoga apresenta-se como um discurso disponível de quem queira apropriar-se de si próprio.
Pergunta-se:
- Independentemente do carácter sectário e de opção confessional que assumem algumas dessas escolas místicas, tem ou não a Democracia que encontrar para essas actividades um lugar de respeito e atenção, como expressões que são de uma sensibilidade, sinal positivo de uma evolução da mentalidade das novas gerações?
- Será a vaga neo-mística uma vaga de fundo, um fenómeno de viragem cultural e civilizacional, ou apenas uma moda superficial e efémera, uma (mais uma) criação do marketing e da sociedade de consumo?
- Será a vaga neo-mística uma resposta não-violenta à violência institucionalizada, ou um forma ardilosa de encobrir essa violência com falsas artimanhas ditas espirituais?
- Desumanizadas pelo sistema e alienadas pela engrenagem do consumo, irão as pessoas encontrar o caminho de se reconhecerem de novo como seres humanos e de resisitirem, com êxito, à engrenagem tecnoburocrática inabitável, inviável e invivável?
- Será a nova vaga mística e neo-mística um fenómeno social de dimensões desprezáveis ou uma realidade a ser levada em conta, séria e responsavelmente, por uma política cultural que não seja estrábica como tem sido, comprovadamente, até agora, vendo só para um lado e mesmo para esse lado vendo mal?
- Será ou não o momento de os políticos e responsáveis pela educação, olharem este movimento de utentes e consumidores - a que, por comodidade, poderemos chamar movimento holístico - como um movimento social e ideológico que procura apenas não ser arrastado pela alienação industrial e massificada de engrenagem tecnoburocrática e do consumismo?
- Será ou não a vida um bom motivo de fazer política?
Estas 16 questões vão ser enviadas para algumas personalidades, ligadas a órgãos do poder, esperando que possam, como responsáveis, responder aos consumidores que assim se interrogam sobre o presente que têm e o futuro que os aguarda.
Estas 16 questões são a mão estendida ao diálogo e ao armistício, uma oportunidade - primeira e última - de os políticos poderem mostrar que, afinal, têm rosto humano.
Respondendo, nem que seja com um bilhete de três linhas, eles confirmam que existe, de facto, em Portugal, uma democracia pluralista, uma democracia a várias vozes.
Como, enquanto consumidores de medicinas, não somos atrasados mentais nem aberrações da natureza, esperamos que a classe dirigente deixe de nos continuar a considerar nessas duas piedosas categorias.
Já não nos serve o alibi, ocasionalmente alegado, de que não «estão informados». Sob pena de analfabetismo político, é impossível hoje aos cidadãos em geral e aos que ocupam cargos públicos em particular, ignorar os grandes movimentos sociais e culturais do nosso tempo, da ecologia humana à ecologia política, da holística às alternativas de vida, dos movimentos eco-alternativos aos grupos místicos e espirituais.
Correspondência para o endereço provisório:
Liga de Consumidores de Medicinas