1-5 - mercúrio-1-ie-eh = ideia ecológica do ac = ecologia humana - os dossiês do silêncio – os mitos da fome
PESTICIDAS PELA FOME
À parte a sanha macrobiótica contra as queridas laranjinhas, mesmo com mercúrio, este texto continua perfeitamente actual e é cem por cento verdade o que nele se afirma. Portanto, passei-o no scanner, a partir do manuscrito dactilografado, sem ter, até agora, a certeza de alguma vez ter sido publicado. Só se nos cadernos de 100 exemplares de tiragem. Em jornais, não me parece. A confirmar.
ENVENENADO COM MERCÚRIO - O MITO AMARELO DAS LARANJAS
[29/9/1979] - As laranjas de Jaffa que Israel exporta dos seus kibbtuzs para prósperos países europeus de grande nível alimentar, foram muito faladas em 1977.
De facto, cinco crianças holandesas da cidade de Maastricht adoeceram e estiveram hospitalizadas 24 horas, após comerem laranjas envenenadas.
Se fossem crianças do Paquistão que tivessem morrido às dezenas, não tinham os telex piado: como eram holandesas, bastaram duas no hospital para dar título a três colunas e primeira página.
Segundo o relatório do Ministério holandês da Saúde, comunicado ao Centro Antiveneno de Paris, o mercúrio injectado nos frutos não era tóxico, visto tratar-se de mercúrio-metal, substância totalmente inerte e que ainda por cima é facilmente observável por causa da aparência cinzenta-prateada do fruto quando "tratado" com aquela substância.
Para que existisse um perigo real, seria preciso consumir pelo menos 15 quilos de laranjas - revelava ainda o relatório.
Como se pode constatar, as informações não são claras e deixam margem a muitas dúvidas. De que mercúrio efectivamente se tratava?
É esse mercúrio ou não uma substância habitualmente usada para "tratar" os frutos?
Se é efectivamente um produto usado habitualmente, porque se fala no relatório em "injecção" e porque foi atribuído o envenenamento a um comando palestiniano, que teria reivindicado a proeza?
Quem pode embarcar na versão do envenenamento provocado, se, no mesmo dia, a France Press e a Reuter informavam que laranjas provenientes de Israel não eram as únicas envolvidas no caso de envenenamento pelo mercúrio?
De facto, laranjas idas de Espanha, também tratadas com mercúrio, foram descobertas em Heldenheim, perto de Ulma, na Alemanha Ocidental, segundo indicara a Policia criminal, tendo o Ministro Federal da Saúde convidado os consumidores a alertar a esquadra da Polícia mais próxima, nos casos duvidosos.
+ 9 PONTOS
Chamando a polícia, resolve-se o caso do mercúrio nas laranjas.
A isto chama-se "defesa do consumidor".
Outras laranjas virão, envenenadas, mas o consumidor continua defendido: basta chamar a polícia. As questões que as laranjas de Jaffa levantam, porém, são de outra ordem:
1 - As quantidades de pesticidas mercuriais continuam a aumentar e as ocorrências escandalosas como esta, desde que as vítimas sejam entre a burguesia dos países ricos, também serão noticiadas com maior frequência;
2 - Com a chamada da polícia ou idênticas manobras de distracção (como foi a de atribuir
o envenenamento a um comando palestiniano...), procura-se desviar as atenções da questão de fundo que é mesmo o calamitoso uso de produtos mercuriais, altamente tóxicos, em consumos alimentares;
3 - A exportação de laranjas aumentará, enquanto o mito da vitamina C se mantiver fresco como quando o Nobel Linus Pauling o pôs a circular: e enquanto aumentar a exportação e a produção, maiores terão que ser sempre as doses de insecticidas para fazer face às crescentes pragas nesta árvore de fruto exótica;
4 - Temos de lembrar que a laranja é uma árvore de fruto ecologicamente imprópria para consumo das pessoas dos nossos climas, sujeita portanto a pragas ou a ser, ela própria, uma vez transplantada e obrigada a crescer, uma praga;
5 - Fruto essencialmente entrópico, interessa muito a sua difusão para tornar o consumidor mais dependente dos poderes e instituições que o tiranizam. Sujeito já a outros tantos produtos que o metem no abismo da auto-dissolução, eis que a laranja contribui, com boa dose, para o afundar ainda mais: daí que o sistema faça tantos elogios à laranja e não faltem, na televisão, anúncios que se lambem todos de laranjas e derivados dela engarrafados ou enlatados;
6 - Para lá de um luxo, de um supérfluo, de um desalimento, sob o ponto de vista nutritivo e de um desastre sob o ponto de vista bioenergético, a laranja ainda pode ser um concorrente de todos os produtos entrópicos que enxameiam a sociedade de consumo, ou um veículo de intoxicações e de calamidades alimentares, como se viu atrás;
7 - Pelo gasto que faz de pesticida mercurial, no entanto, a laranja continuará a ser um dos produtos mais alardeados pelo sistema de consumo, todo ele interessado em tudo quanto gaste quantidades industriais de praguicida: quanto mais ecologicamente inadequado, mais pragas sofre um fruto;
8 - No caso das laranjas de Israel - citado acima - o envenenamento por mercúrio foi logo virado do avesso e aproveitado politicamente para lhe retirar a claro sentido de crime industrial: serve a política para acoitar os crimes que a indústria provoca; nas laranjas de Isreal apareceu logo uma organização-fantasma, a reivindicar o acto como sabotagem palestiniana contra Israel... Ainda por cima "gozam" com o consumidor, depois de lhe darem veneno com laranja.
9 - No campo dos consumos e da guerra contra o consumidor, repete-se a refinada técnica do terrorismo inventada com Reichstag: provoca-se a crime, gafe, incêndio ou envenenamento e depois é só atribuí-lo ao inimigo. Depois, é só desencadear um "progrom" de perseguições sabre o inimigo.
Dizem os jornais:
«Israel exportou, em 1977, fruta cítrica no valor de 180 milhões de dólares (cerca de 7 milhões e 200 mil contos), 70 por cento da qual era constituída por laranjas. Os citrinos representam quase 10 por cento das exportações totais do país.
Na Holanda e na Bélgica, várias redes de distribuição retiraram do mercado as laranjas provenientes de Israel.
Todavia, o caso das laranjas envenenadas parece não ser muito grave...»
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1972-1973 : UMA VAGA DE MORTOS COM INSECTICIDAS
Quando a FAO se diz preocupada com a saúde e a nutrição do povo, como poderemos acreditar nas suas tão humanitárias intenções?
Sendo a FAO o principal instigador do uso de pesticidas, vejam só uma pequena lista de escândalos entre os milhares que podiam ser inventariados.
Aviso prévio: quando as notícias a seguir inventariadas falam de "ingestão de pesticida" nem sempre se terá verificado tal. Certos pesticidas, e certas "fornadas" deles, atingem tal dose tóxica (dentro das recomendadas pela OMS) que basta a simples inalação para matar: a maior parte das notícias, portanto, mentem e as que são inventariadas ao longo de 1972-73 - um número assombroso de casos em ano e meio! - revelam ao observador(que não seja cientista, técnico ou engenheiro) que tipo de pesticidas andavam nessa altura à solta no mercado.
Inventariemos: Ì
7-7-1972 - MORRE EM CASTRO DAIRE UMA RAPARIGA DE 11 ANOS QUE INGERIU PESTICIDAS
15-9-1972 - PESTICIDAS TERÃO MORTO DOIS GAROTOS EM BRAGA
9-3-1973 - A INGESTÃO DE PESTICIDA FOI A CAUSA DA MORTE DA ESTUDANTE DE VILA REAL
26-6-1973 - MORREU EM OLIVEIRA DO HOSPITAL UM HOMEM DE 53 ANOS VITIMADO POR INSECTICIDA
4-7-1973 - INGESTÃO FATAL (EM VIEIRA DO MINHO) DE INSECTICIDA
20-7-1973 - 15 CRIANÇAS MORREM NO LESTE DA TURQUIA COM INSECTICIDAS
31-7-1973 - INTOXICAÇÃO EM ALCÁCER DO SAL COM INSECTICIDA
1-8-1973 - PESTICIDA MATA UMA JORNALEIRA E DEIXA MUITO MAL OUTRAS SEIS
3 -8-1973 - MAIS UM CASO DE ENVENENAMENTO POR INSECTICIDAS EM CASTRO DAIRE
5-8-1973 - 16 MORTOS E 39 HOSPITALIZADOS EM MOÇAMBIQUE POR TEREM INGERIDO GAFANHOTOS MORTOS COM INSECTICIDAS
11-8-1973 - 3 CRIANÇAS HOSPITALIZADAS POR TEREM COMIDO MAÇÃS COM INSECTICIDA
27-8-1973 - ENVENENADA COM INSECTICIDA, JULGANDO TRATAR-SE DE AZEITE
31-8-1973 - OUTRA MORTE POR ENVENENAMENTO COM INSECTICIDA EM CASTRO DAIRE
16-10-1973 - PESTICIDA MATA BÉBÉ
Fora deste período de 1972-73, os casos tornam-se mais raros, embora não deixem de continuar a surgir nos jornais. Esta e outras vagas maciças de morte por pesticidas, teria abalado a segura consciência de cientistas, técnicas, engenheiros, que lentamente se começam a interrogar - através dos seus órgãos e cronistas bem pagos - sobre os "perigos" deste e de outros produtos derivados do petróleo ...
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Em
1 de Outubro de 1975, a revista que se publica no Porto " O Lavrador" interrogava-se em título de artigo:
" Até que ponto são perigosos os resíduos dos pesticidas?"
O estilo da pergunta já deixa entrever o estilo de resposta que o artigo se dispunha a dar...
O artigo começava por considerar os pesticidas como "a maior arma do homem no combate à fome".
"Eliminados os pesticidas" - esclarecia ainda o artigo - " num ano a produção cerealífera diminuiria 30%."
Como eles sabem estes números tão certos, tão científicos!
Suspeita-se que tão alta ciência estatística seja fornecida aos terrestres por extraterrestres.
Mas é claro que só cientistas, técnicos e engenheiros ainda têm dúvidas sobre os "perigos" dos pesticidas.
Quem não seja analfabeto e leia habitualmente os jornais, vai constatando os factos e elaborando uma listinha de mortos e feridos que não é evidentemente científica. Mas é espantosamente informativa e eloquente.
DESCONFIAR SEMPRE
Desconfiar sempre da ciência anti-poluição é regra de ouro.
A maior parte dos tóxicos não aparecem sob forma de poluição, não são resíduos, nem fumos, nem efluentes, nem esgotos. São os próprios produtos manufacturados para beneficio humano, como acontece aos pesticidas .
Quando o caso atinge o escândalo, então o sistema toma medidas:
1 - Chama a polícia;
2 - Chama um técnico;
3 - Manda o escriba de serviço escrever um artigo ;
4 - A Sociedade para a Investigação da Qualidade pede ao governo que «sejam definidos os níveis máximos de pesticidas residuais autorizados nos produtos alimentares» ;
5 - A OMS decreta os níveis máximos e todos descansam, pois passam a matar segundo os cânones emitidos da OMS:
6 - As revistas agroquímicas da especialidade perguntam: "Até que ponto são perigosos os resíduos dos pesticidas"?
7 - A Direcção de Saúde manda usar luvas, afivelar máscara, lavar as mãos e não deitar o DDT na sopa.
Este é o quadro dos que defendem heroicamente os nossos direitos à saúde, à vida e à qualidade de vida.
Podemos ou não confiar neles?
A FOME PROVOCA A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA:NÃO É A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA QUE PROVOCA A FOME
Quando a FAO diz que, no biénio 1972-74, existem 455 milhões de pessoas subalimentadas no Mundo, saibamos que a FAO não está nada interessada em diminuir o número dos esfomeados, porque apenas está interessada em continuar a promover o negócio multinacional dos adubos e pesticidas, com a sua política agroquímica, com a sua estratégia desenvolvimentista, com a sua histérica falta de respeito pelas mais elementares leis da economia energética dos solos e nem só.
Aliás, os consecutivos fracassos que a FAO confessa terem sido as suas consecutivas campanhas de super-adubos e super-insecticidas, demonstram na prática o que a ciência eco-energética já tinha largamente reconhecido.
Não só a FAO nunca alimentará ninguém com a sua política, como está contribuindo para a destruição do planeta como guarda avançada dessa destruição dos solos.
Quando a ONU promove congressos dizendo que a Fome no Mundo é devida à explosão demográfica, desconfiemos e saibamos que a Fome no Mundo é devido à exploração do homem pelo homem, dos Pobres pelo Clube dos Ricos, do Terceiro Mundo pelos imperialismos multinacionais.
E que o sr Josué de Castro - médico, demógrafo, sociólogo, etc. - já demonstrara, cientificamente, de uma vez por todas, que a fome proteica é que produz explosão populacional e não a inverso.
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