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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-04-12

DIAGNÓSTICO 1997

4352 bytes diapsi-1- Doenças da Alma : Sinais do comportamento humano

NEUROSE AUTISTA: UM CASO EXEMPLAR

Lisboa, 13/4/1997 - O diagnóstico energético da alma é, pelas suas subtilezas, o mais difícil de estabelecer.
Todos os dias, nas relações humanas, sentimos que as reacções têm um recorte patológico, mas não sabemos que nome dar-lhes, nem como tratá-las. E, muito menos, como levar alguém a reconhecê-las e admiti-las: uma dor física é indiscutível e todos a assumem. Uma patologia da alma, ninguém a admite ou assume.
Além do mais, nas doenças da alma, cada um é dono e senhor das doenças que tem. E ninguém tem o direito de interferir.
É o problema central da Floralterapia, que de certo modo pretende «alterar» o carácter, quando não o biótipo, do «paciente». Os adeptos da terapia floral dizem que não, que não há sombra de manipulação na atribuição de um remédio para acalmar um ansioso ou para tornar menos irritável um impaciente.
Por muito mal que a pessoa se sinta com as suas «manias» mas, no fundo, gosta delas, e não abdica delas, e, consciente ou inconscientemente, faz tudo para se manter nelas.
II
Mesmo que não seja para agir como terapeuta mas apenas para analisar os outros como simples observador, podem registar-se sinais do comportamento, no dia a dia de relação, mais ou menos tensa e conflituosa com os outros:
- Um sinal patológico e uma perversão energética profunda consiste em lançar sobre o interlocutor acusações daquelas patologias que inconscientemente sabe ter mas não assume.
Desta perversão principal resultam outras secundárias que a reforçam e adensam.
Sinais de alma apresentados pelo paciente J. de S. C., 44 anos, sexo masculino, com extrema vulnerabilidade imunitária e afecções físicas de carácter infeccioso
a) Dá extrema importância ao que é secundário e menospreza (por omissão) o que é essencial e prioritário;
b) Policiar os outros está-lhe na massa do sangue. Vive de censurar e recriminar o comportamento alheio. Esconde-se atrás de um ideal de perfeccionismo, que lhe permita ajuizar os defeitos e falhas do outro. Anda sempre a descobrir no outro um prevaricador, o que «pisou o risco», o infractor;
c) Ouve , do interlocutor, coisas que este nunca disse, ou interpreta erroneamente o que foi dito, ou, que é o caso mais patológico, dá uma visão invertida do que foi dito. Colhe, como ofensa pessoal do interlocutor, o que este disse sem intenção de ofender e, muitas vezes, no abstracto( é o fenómeno ou sintoma da «fulanização»);
d) O interlocutor nunca é de confiança. Há sempre que desconfiar dele. Em cada pessoa, um potencial traidor, inimigo ou adversário: é o reflexo dos seus próprios traços de carácter. Desconfia dos outros, porque sabe (inconscientemente) não ser de confiança. É o potencial traidor de compromissos assumidos. Péssimo como parceiro de uma sociedade.
e) A vocação de gendarme leva-o, desde logo, à sistemática minimização do que  outro diz, faz ou pensa e, no plano colectivo, à destruição de toda a ideia, projecto ou iniciativa criadora. É um abortador nato, a esterilidade em figura de gente.
O que o gendarme , acima de tudo, odeia, é a criatividade e, portanto, a noção global das coisas. O ódio ao global é hoje neurose planetária, vício estrutural da cultura ocidental - e ocidentalizada.
f) Agarra-se ao acessório, em detrimento do essencial, o que religa esta alínea f) à alínea inicial: está feito (em esboço) o retrato do autista energético-psíquico.
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HOLÍSTICA 1986

86-04-13> DP

13-4-1986

MEDICINA HOLÍSTICA - INTERCOMUNICADOR DE INFORMAÇÃO

Com o objectivo de mostrar o fundamento científico rigoroso das medicinas ecológicas, é constituída uma organização composta por médicos e naturoterapeutas
Designada «Medicina Holística» , visa esta organização, que poderá adoptar a forma legal de sociedade, associação ou cooperativa, informar com rigor não só o grande público (os consumidores, até agora passivos, da medicina) mas também os especialistas, produtores e fornecedores dos serviços de saúde. que ignoram as medicinas hipocráticas, sobre os fundamentos técnicos e científicos que estruturam as referidas medicinas
Tomando como primeira prioridade a informação ecológica do consumidor e a consciência activa da responsabilidade que assiste a todos os cidadãos na prevenção e conservação da saúde, direito e dever este consignado no artigo 64 da Constituição da República Portuguesa, «Medicina Holística» propõe-se realizar, desde já, algumas iniciativas que concretizem aqueles objectivos:
Lançar um jornal de grande informação para esclarecimento do público sobre novas e antigas terapêuticas
Constituir um conselho científico de médicos, que dê suporte consultivo ao jornal e se constitua, ao mesmo tempo, em interlocutor válido das entidades oficiais (incluindo Ordem dos Médicos) para os temas eco-alternativos
Editar colecção de cadernos para divulgação das ecoterapias
Editar colecção e manuais básicos para ensino livre de matérias referentes à higiene, prevenção e profilaxia natural
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HOMEOPATIA 2002

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13-4-2002

HAHNEMANN E A «MEMÓRIA DA ÁGUA»

São bem conhecidas as célebres diluições centesimais do médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843), abreviadamente CH, base da terapia homeopática por ele criada.
O CH significa que se considera 1 gota (ou um grama) da substância bruta e que se dilui em 99 gotas de álcool fraco; e que, seguidamente, se considera 1 gota desta primeira mistura que, por sua vez, se dilui em 99 gotas de álcool; e assim sucessivamente.
Uma diluição dita 4 CH significa que se praticou 4 vezes esta operação de laboratório. Entre cada operação deverá agitar-se a diluição, realizando aquilo a que se chama «dinamização».
Perante este quadro, e mais uma vez, era de prever que se repetiria a polémica que acompanha a criação científica.
Os dois lados ficaram mais uma vez frente a frente: e por mais que o sr. Jacques Benveniste escrevesse livros e artigos nos jornais, explicando o que é a «memória da água» (linha vertical do lado direito em sentido ascendente), a ciência médica oficial, sempre no sentido descendente, teimava em dizer que a homeopatia era uma ficção, porque após sucessivas diluições acaba por desaparecer todo e qualquer átomo da substância usada.
Mas fica a informação – gritam os hahnemannianos, que não hesitam em apelar para o nível quântico da realidade energética, argumento que mesmo assim não consegue convencer os cientistas puros da pura matéria.
Mais uma vez se conclui que não serve de nada querer dialogar com linguagens diferentes e que as duas linhas verticais, caminhando em sentidos opostos, jamais se irão encontrar, até porque são paralelas...
O que cura, sabe-se hoje, depois da descoberta de Etienne Guillé, é a informação comunicada ao ADN e não (apenas) a substância em dose ponderal que corre quase sempre ou sempre o risco de ser tóxica (de operar, portanto, como contra-informação).
Está assim aberta, com a homeopatia de Hahnemann e com a «memória da água» do professor Jacques Benveniste, mais uma porta para o infinito. Com a ajuda de Deepak Chopra ( e a sua cura quântica) , de Etienne Guillé (e a sua gnose vibratória), de Linus Pauling (e a sua medicina ortomolecular), podemos ter hoje a certeza de que a cura é interinformação ou intercomunicação molecular.
Se a informação necessária à vida e à célula viva consegue passar, temos saúde. Se a informação, por qualquer bloqueio, não passa ou passa dificilmente, temos a doença.
O que nenhum destes autores assegura mas que no meu sonho parece uma certeza, é que é o próprio ADN, que contém toda a sabedoria do universo, a saber o que deve ou não deve fazer para assegurar a saúde ou funcionamento ortomolecular.
Haveria, segundo alguns sonham, em momentos privilegiados (o lugar, o momento e o estado como refere a lei de ressonância vibratória), ou também em momentos de grande stress físico e/ou emocional, a capacidade de fazer passar a informação correcta para os lugares certos. Estaríamos perante aquilo que os cépticos apelidarão de «milagre» e os crentes apelidarão de «cura quântica». E, em todas as grandes tradições do sagrado, «cura iniciática».
Em qualquer caso, um mistério que provavelmente nunca será desvendado porque se confunde com o próprio mistério da vida. E não devemos ser arrogantes, pressupondo que todos os mistérios são desvendáveis ou para desvendar.
«A cura tem uma vida própria, é complexa e holística» - diz Deepak Chopra, fazendo saltar assim para a cena a outra palavra-chave desta nossa viagem em demanda da informação nas ciências da vida: a palavra holística tem também a ver, na sua essência, com a informação.
Como os net-maníacos (maníacos da Internet) já constataram, o modelo informativo dado pela Internet, hoje, não é linear mas em rede. A simultaneidade (tal como a sincronicidade a nível cósmico) aparece como outra palavra-chave no modelo de «informação em rede» que nos é proposto como quintessência da modernidade.
Mas a respeito de modernismos, apenas queria mostrar-vos um baixo relevo egípcio da época dos faraós.
Segundo Etienne Guillé, essas duplas hélices, tão frequentes nos baixos-relevos do Antigo Egipto, seriam a mesma dupla hélice do ADN molecular, descoberta, em (?), pelo bioquímico norte-americano James Dewey Watson (n. 1928), em colaboração com F. Crick e M. Wilkins, e pela qual recebeu o prémio Nobel da Medicina. É considerada, por alguns, como a data mais importante da história humana, depois do Big-Bang.
Temos assim, e muito provavelmente, a mais remota antiguidade dos hieróglifos egípcios (a linha ascendente do conhecimento) a acompanhar a ciência moderna (linha descendente do conhecimento).
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E. HUMANA 1994

ensaios-EH- terça-feira, 24 de Setembro de 2002 - ensaios de EH – actual

13-4-1994

«ENSAIOS DE ECOLOGIA HUMANA»

-FACTORES ADVERSOS DO AMBIENTE EXÓGENO
-ECODIAGNÓSTICO
-DESPISTAGEM AMBIENTAL
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CARNÍVOROS VERSUS VEGETARIANOS: UMA FALSA POLÉMICA
 «METABOLIC MEDECINE»: O FIEL DA BALANÇA

13/Abril/1994 - Recusam-se muitos médicos a aceitar a tese de alguns « vegetarianos», que atribuem todas as doenças e até todos os males do mundo à alimentação carnívora. Os lacto-ovo-vegetarianos de certa data, com efeito, levaram longe demais a concepção alimentar da doença. Uma atenta observação, porém, talvez reduza ao tamanho mais justo esta discrepância entre duas posições extremas, uma que atribui tudo ao que comemos e outra que pretende explicar as doenças, ao fim e ao cabo, por causas «teológicas» como Vírus, Bactérias e outros seres , que sempre existiram e sempre hão-de coexistir connosco... E que só se instalam quando a imunidade baixa e o metabolismo falha.
Para a medicina ecológica que explica as causas sem se limitar a verificar os efeitos, o terreno é tudo e o micróbio (quase) nada. Nunca se poderá esquecer esta máxima da lei natural, a que as alternativas de vida devem estrita obediência.
«Metabolismo» é o conceito que pode introduzir clareza nesta polémica, afirmando-se então, sem lugar a dúvidas : tudo o que altere negativamente o metabolismo ( e a imunidade) é factor de doença.
Ora, no mundo industrial de hoje, recheado de químicas, os factores que alteram o Metabolismo são não só alimentares mas de ordem ambiental a mais diversa, especialmente se considerarmos a química que vai nos medicamentos, que está no ar, nos solos e na água, que carrega os alimentos, que se insinua até em cosméticos e produtos de «ménage», na intimidade mais secreta das pessoas.
«Diz-me, pois, que ambiente respiras e dir-te-ei que doenças tens.» Esta máxima corrige, ao mesmo tempo que amplia, a noção estrita de alimento como único factor condicionante do metabolismo.
A «medicina metabólica», como hoje se designa, tem assim a ver com o alimento no sentido lato - tudo o que se respira, recebe do ar e da terra, tudo o que se toca ou manipula, etc. Mas também é verdade que medicina metabólica se torna sinónimo de ecomedicina, ou seja, aquela que diagnostica os efeitos (sintomas) através de todas as causas exógenas e endógenas que os provocam.
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CRÓMIO E NÍQUEL:ATENÇÃO ÀS DERMITES DE CONTACTO

Os dermatologistas atribuem aos metais Níquel e Crómio grande parte das afecções alérgicas e dermites de contacto que hoje afectam um numeroso grupo de pessoas. De acordo com um estudo de Vera Monteiro Torres e António Pinto Soares, publicado no boletim clínico dos Hospitais Civis de Lisboa, a hipersensibilidade ao níquel verificar-se-ia com maior frequência nas mulheres, enquanto os homens seriam mais afectados pelo Crómio. Ambos se encontram presentes nas marcas de detergentes fabricados em Portugal, mas o Crómio intervém também em cimentos, conservantes de madeiras, curtumes, pigmentos de tintas, óleos de corte em metalurgia, etc.
Os níveis de Crómio e Níquel, que são elevados em alguns detergentes à venda em Portugal, só podiam ser atenuados pela intervenção no fabrico de substâncias quelantes que transformam o Crómio. Essa intervenção tornaria, porém, mais elevado o custo do produto no mercado, pelo que o dilema, para o consumidor em Portugal, é entre detergentes mais caros com menos Crómio ou detergentes mais baratos com mais Crómio.
É de referir ainda os detergentes com enzimas, cuja acção irritante provoca a secura da pele, privada assim, pela acção dos enzimas, da sua gordura natural. Os especialistas dizem que estes detergentes podem também provocar pneumopatias graves quando respirados.
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DEFESA CONTRA RADIAÇÕES IONIZANTES

Entre as publicações que mais agitaram a opinião pública e que, por isso, mais reedições têm merecido, cita-se o memorando de médicos denunciando a nocividade e os perigos da indústria nuclear.
Elaborado, numa primeira fase, por grupos restritos de diversas associações, compostos por médicos e não médicos, o memorando foi apresentado à imprensa e ao público de Estrasburgo, no dia 28 de Dezembro de 1971, uma data histórica, por 47 associações e comissões antinucleares da então Alemanha Federal, Áustria, Bélgica, França, Holanda, Suécia e Suíça.
Ao denunciar os efeitos nocivos da irradiação ionizante sobre os organismos vivos, o memorando afirma:
«O processo inicial da absorção de energia e suas consequências radioquímicas acarretam uma modificação das estruturas celulares e alterações metabólicas. As reacções químicas normais e necessárias à vida da célula são interrompidas ou desviadas pela transformação das matérias químicas sobre as quais elas se exercem: a reestruturação de um só átomo numa molécula acarreta a modificação desta molécula, eventualmente o fim da sua existência.»
«Formam-se produtos metabólicos anormais, isto é, corpos tóxicos para o organismo. A regulação do número infinito de enzimas é assim perturbada ou bloqueada, o que significa a morte possível das células e também, se a lesão ataca os fermentos da respiração celular, a sua degenerescência possível em células cancerosas.
«Se a lesão ataca o núcleo da célula, cujo papel é essencial nos processos metabólicos, resultam daí perturbações funcionais. Se o núcleo é atingido durante uma divisão celular, a radiolesão acarreta uma inadaptação a novas divisões celulares ou mutação de genes que podem, por sua vez, se se trata de células da reprodução, modificar os caracteres hereditários.
«Não há que esperar uma melhoria da raça humana, porque os trabalhos de genética mostraram que há apenas uma mutação de carácter positivo em 1000 ou 10000, todas as outras são de carácter negativo, até letal.
«Como a síntese dos enzimas que regulam o metabolismo está também condicionada pelos genes, uma lesão destes últimos pode acarretar igualmente prejuízos metabólicos hereditários deste género, das quais algumas muito graves. »
Outra evidência tantas vezes menosprezada mas que os médicos lembram no memorando é a «indestrutibilidade» das radiações ionizantes:
«Não existe nenhuma possibilidade de destruir a radioactividade: ela subsiste até que a totalidade da energia seja emitida. A radiação varia conforme os corpos radioactivos, de algumas fracções de segundo até milhões de anos, segundo o «período» físico de cada corpo.
«Por «período» entende-se a duração necessária para um corpo radioactivo perder metade da sua actividade inicial. O mesmo tempo deverá decorrer novamente para que metade da radioactividade restante desapareça e assim sucessivamente. É assim que depois de dez períodos subsiste ainda no corpo radiactivo cerca de 1/1000 da sua actividade inicial. Mas dadas as quantidades consideráveis de radionucleidos produzidos durante longos períodos pela indústria nuclear cujas actividades se adicionam, mesmo 1/1000 representa ainda uma actividade enorme.
«Dada a extrema nocividade de certos elementos radioactivos (principalmente do Plutónio) é preciso esperar vinte períodos para atingir uma actividade igual a l/1000 da actividade inicial (no caso do plutónio 239, é preciso esperar 24 100 anos x 20=482 000 anos).
«Os esforços feitos para tornar inofensiva a parte da radioactividade proveniente dos resíduos radioactivos líquidos ou sólidos, quer dizer dos «resíduos atómicos», não deram resultados satisfatórios.
As tentativas para os isolar em galerias de minas («cemitérios atómicos») em imersão no mar fixando-os numa matéria dita refractária (betão ou betume) ou vitrificando-os, não podem suprimir as radiações. Eles produzem calor e gás que tornam mais difícil o isolamento, tornando-o mesmo impossível. Devido às radiações emitidas no interior, a corrosão radioactiva torna porosos todos os materiais conhecidos.»
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(*) Relatório apresentado em 28 de Dezembro de 1971 sobre efeitos biológicos das radiações ionizantes: «A corrosão radioactiva torna porosos todos os materiais conhecidos»
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MEP 1975

mep-4> as abriladas – rascunhos de ideias

QUEM TEM MEDO DO MOVIMENTO ECOLÓGICO? (*)

A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA REFORÇA A CONSCIÊNCIA DE CLASSE

13/4/1975 - Não vai o militante da causa ecológica considerar-se um "mártir", embora se possa considerar um pioneiro, mas tem toda a razão em apresentar certas queixas.
Sendo a via dialéctica uma via de nuances qualitativas, um processo envolvente da realidade total, uma estratégia que mais agudiza as contradições do mundo velho e de exploração do homem pelo homem, uma metodologia prospectiva que só será compreendida dentro de alguns anos, evidente se torna que não pode contar com os que se servem da poldtica por carreirismo.
Os melhores esforços do militante ecológico sempre se orientaram no sentido de nunca mistificar politicamente as pessoas mas reforçar nelas, através da consciência ecológica, uma consciência de classe e revolucionária, porventura e eventualmente embrionária.
Para o militante ecológico, nunca a "luta de classes" se poderá desligar da "outra" luta de classes que é a do Homem versus Natureza.
O militante ecológico, que por definição se pretende na vanguarda da emancipação humana, obviamente perfilhará atitudes anti-capitalistas, anti-monopolistas e anti-imperialistas.
Só que a Dialéctica tem razões que o dogmatismo imobilista desconhece.
Só que, às vezes, é preciso recuar um passo para avançar dois.
Só que, como dizia Lao Tse no Tao Te King, o caminho do progresso às vezes parece retrógrado.
Só que a Revolução da Qualidade leva um pouco mais de tempo a amadurecer e a consolidar.
Sabem os que se dedicam à política por imperativos morais e humanos - e não por interesseirismo, carreirismo ou aventureirismo - que a consciência ecológica em nada contraria as lutas de infra-estrutura , antes as completa e lhes dá um sentido finalista, englobante.
Não vai, por isso, o eco-militante considerar-se um perseguido, um incompreendido e um mártir (embora tudo isso ele talvez seja), mas também é verdade que já vão cansando as desconfianças, os excessos de prudência, as críticas e censuras descabeladas, as arrogâncias paternalistas e os monopolizadores da virtude política.
O que aflige, no fundo, um militante de boa vontade, não é a ignorância ecológica generalizada (alarve e arrogante, em tantos casos), não é a falta de sensibilidade aos aspectos qualitativos da Revolução, não é a indiferença e a hostilidade, não é afinal o medo à dialéctica, que se pretende encobrir de fervor activista, o medo à revolução e a covardia espiritual que se pretende ocultar com actos de heroísmo físico (ou nem isso).
O que impacienta o militante ecológico já nem é a indiferença, a hostilidade, a intriga. Não é, tão pouco, verificar como a política partidária serve a tantas pessoas para se estar nas tintas para o povo e de como certas tintas de arrivismo democrático ou revolucionário são apenas oportunismo e camaleonismo do pior.
O que fundamentalmente indigna o militante ecológico é que esse medo à dialéctica, essa maneira velada de dizer não à revolução qualitativa, esse desprezo explícito ou implícito pela vida e pela qualidade de vida das populações (a pretexto das suas necessidades prioritárias) assume normalmente posições de censura à contra-ofensiva ecológica, ridículas para não dizer estúpidas.
O que desespera são os argumentos já revelhos utilizados por aqueles que, não querendo saber da Revolução porque lhes interessa muito mais o serviço partidário, nos argumentam com pepineiras do tipo:
1 - Os ecologistas querem negar que a Economia seja a determinante de todo o processo social e super-estrutural;
2 - Os ecologistas, ao criticarem os modelos exponencialistas do crescimento económico, querem fazer-nos regredir à idade das cavernas;
3 - Os ecologistas , ao defender uma industrialização selectiva, com vista a padrões de consumo e de vida estipulados pela Ecologia, estão a sabotar a actividade económica e, logo, a contribuir para o desemprego, a recessão, a inflação, etc.
4 - Ao "inventar" uma cruzada para lá dos regimes políticos e dos blocos em luta, o ecologista colabora na tarefa criminosa e mistificatória da coexistência das classes, ajudando a pôr, como todos os reformistas e frentistas, a classe operária a reboque da direcção burguesa;
5 – Com a sua «quimiofobia», o ecologista está a contribuir para arruinar uma data de indústrias (verbi gratia a do armamento) das quais vivem hoje muitas empresas públicas ou do Estado;
6 - O militante ecológico contesta a "sociedade de consumo" mas continua a viver nela e a "beneficiar" dela;
7 – O militante ecológico critica o automóvel mas nunca anda a pé, "protesta" contra a poluição mas continua a fumar, organiza campanhas contra os pesticidas mas não se abstém de os "comer" quando lhe põem no prato arroz tratado com eles, critica os medicamentos mas deixa-se vacinar quando é obrigado a realizar uma viagem ao Estrangeiro, critica os hospitais mas deixa-se levar de maca para o hospital se for atropelado, etc. etc

VAMOS TENTAR RESPONDER

É evidente que o debate ecológico continua aberto e não se pretende, com algumas respostas a dúvidas e perguntas que nos fizeram, encerrá-lo.
Não têm os adeptas do Movimento Ecológico a verdade definitiva e acreditamos que, neste momento, dada a fertilidade dos partidas, ninguém a terá.
Mas acreditam os militantes desta causa que, seja qual for o empenho partidário de cada qual, tarde ou cedo as questões por nós formuladas têm que ser formuladas também ao nível dos partidas e por eles adiantadas soluções.
Estaremos a antecipar-nos?
Parece-me que estamos apenas a especializar-nos e, sem querer formar um partido mais - direito que, neste momento, ninguém ousaria negar-nos ... - a dar um contributo valioso de base a todos os partidas, quando soar a hora H de eles (como nos parece indispensável) definirem os seus programas ecológicos, nem que seja no Ano 2000...
Se a Assembleia Constituinte não terá, por atribuições, legislar, logo a Assembleia Legislativa me parece que terá de entrar, em cheio, nesta matéria e outras afins.
Já deve ter ficado claro, mesmo aos que mais teimam em ignorar os postulados de base do Movimento Ecológico, ou os que mais afincadamente nos censuram (ainda que digam, por vezes, simpatizar connosco...) já deve ter ficado claro que identificamos Revolução Ecológica e Revolução Cultural, que só falamos de Movimento Ecológico porque achamos demasiado escandaloso falar já hoje, em Portugal de 1975, de revolução cultural. Que nos perdoem o eufemismo, mas mesmo esse, ao que parece, é ainda susceptível de provocar engulhos e precauções, de tal modo que, até como eufemismo, o temos vindo a usar com prudência, com cautela...
Há um ano, ou pouco mais, falar em Política do Ambiente (mesmo da perspectiva oficial e reformista) obrigava ainda a risos, a precauções idênticas e a idênticos medos por parte dos amigos cujas convicções políticas colidiam (sic) com a formulação desses problemas... Esses medos, hoje, estão mais atenuados, mas não em relação à Revolução Ecológica e seu radicalismo.

MOVIMENTO ECOLÓGICO: O PARTIDO DA DIALÉTICA

Desligo o telefone de um. amigo que acaba de fazer ásperas censuras à, por enquanto, indefinida posição política do M.E.P e logo atendo outro telefonema de um amigo que ásperas censuras faz também às pretensões demasiado políticas, activistas, militantes, de cruzada ideológica que o Movimento Ecológico pretende.
Isto é quotidiano e prova que optar pelo Partido da Dialéctica, optar pela Movimento, não são propriamente quilómetros de prazer mas uma difícil prática quotidiana entre os extremos, entre os partidos, entre as opções, entre os contrários.
Sem exagero nem pretensiosismo, mas deve afirmar-se com firmeza que o Movimento Ecológico é esta prática quotidiana e difícil da Dialéctica, esta honesta pesquisa do diferencialismo partidário, esta tentativa constante de realizar a síntese da tese e da antítese!
Luxo, isto? Desporto? Jogo gratuito? Inútil pretensão? Tarefa não prioritária? Idealismo descabelado? Sabotagem contra-revolucionária?
Ou mania ensaística de errar e caminhar, de investigar e pesquisar, de explorar o campo da imaginação e das hipóteses?

A REVOLUÇÃO COM ALEGRIA

A revolução terá que se fazer com Alegria,
O desenvolvimentista não sabe o que é a Alegria e não dá valor aos pequenos nadas do quotidiano.
Com os olhos postos num futuro abstracto, embora se diga muito atento à realidade e considere os outros utopistas, fazendo crer que acredita nos "amanhãs que cantam" , esquece de que o presente tem que ser feito a cantar.
E os pequenos nadas do quotidiano podem ser, desde já, lugares de reflexão, de revolução criadora, mudança e metamorfose.
Há um sentido lúdico (desportivo) no homem, que o tecnocrata esquece e oblitera , dizendo-se preocupado só nas tarefas imediatistas.
Para muitos militantes do Movimento Ecológico, porém, esta cruzada é apenas um "jogo útil”, uma actividade que se pratica fundamentalmente por amor à qualidade, é uma "política da vida quotidiana", é transformar os mais pequenos gestos e actos da nossa vida de relação em gestos e actos políticos.
O Movimento Ecológico entende a política um jogo permanente e o jogo uma constante e lúcida aplicação política.
O tempo livre não é um apêndice, um produto, uma gaveta separada na unidade da existência individual de um trabalhador. O tempo livre tem que ser inserido no seu tempo de trabalho, de modo a não o fraccionar como personalidade (indivisível), como cidadão não alienado, como projecto existencial que tem um fito e para ele caminha as 24 horas do dia. Mesmo quando dorme.
Repartir e dividir essa unidade, esse projecto humano global em consumidor, eleitor, trabalhador, aluno, sócio (de uma colectividade), amador (desportivo) – eis a sequela da exploração capitalista e da divisão do trabalho que o Movimento Ecológica entende devermos extirpar já.
Desalienar o trabalhador já - e porque a vida todos os dias conta para a morte - é a nossa palavra de ordem revolucionária
Viver é saber morrer com alegria.

RESPOSTA A MAIS ALGUMAS OBJECÇÕES CONTRA O MOVIMENTO ECOLÓGICO
I
Pergunta: O debate ecológico é produto de primeira necessidade?
Resposta: Dizem-nos que as questões ecológicas ou a redimensionação ecológica dos problemas políticos, económicos e sociais não é urgente, não é prioritária.
Outra tarefas, agora - diz-se - chamam os portugueses, saídos de um fascismo meio secular e de um subdesenvolvimento colonialista que se apresenta como o problema nacional n°1.
A resposta do Movimento Ecológico será: se a Educação, a Saúde, o Meio Ambiente, o estado de conservação dos rios e o ar respirável, se as reservas de pesca e de caça, se as ruas da aldeia, da vila ou da cidade, se os espaços verdes e os transportes, se a qualidade da habitação e a ocupação dos tempos livres, se a agricultura e a energia, se o exacto trabalho para o trabalhador exacto (the right man in the right place), se o total aproveitamento dos recursos laborais, da capacidade imaginativa de um povo e do seu rendimento potencial, se a dinamização e a revolução cultural, se a mentalização política e a hábito de analisar, de pensar criticamente (discernir) os problemas, enfim, se a Revolução da Qualidade, se os aspectos qualitativos da Revolução não são prioritários, então as questões ecológicas não são prioritárias.
Mas se a saúde, a educação, a agricultura e os tempos livres, são tão importantes como a Industrialização, o crescimento industrial, o comércio e as actividades financeiras, a Estatística e a Economia, os mercados e o marketing, então, a Revolução Ecológica é tão prioritária e tão urgente como a outra.

II

Outro aspecto, porém, deve ser apontado nesta questão das prioridades.
Ao enunciar vários sectores da vida portuguesa de óbvia e evidente urgência - os chamadas produtos do 1ª necessidade - nem sequer citei os chamados "produtos de segunda necessidade ou de luxo".
Numa sociedade progressista, porém, duvido se será lícito considerar de "luxo" a arte, a literatura, o cinema, o teatro, o desporto, as férias.
Duvido se será lícito considerar de 2ª necessidade a segurança e o futuro dos nossos filhos, o seu crescimento harmonioso e sem traumatismos, a descompressão dos horários de trabalho, a possibilidade de procurar actividades compatíveis com as tendências e temperamento de cada trabalhador.
Se me disserem que a literatura, neste momento, em Portugal, não é prioritária - o que me parece, de qualquer modo, uma enormidade - a verdade é que a prática ecológica continua a mostrar-se, mesmo em relação a esse possível produto de 2ª necessidade, muito mais urgente
Mal informados sobre a que o programa ecológico pretende, os nossos adversários empunham outro argumento que releva mais dessa ignorância e dessa desinformação do que de uma autêntica discordância de opiniões. A estratégia ecológica - dizem eles - seria um subproduto segregado pelo avanço revolucionário, pela socialização dos meios de produção, pela nacionalização dos sectores básicos, enfim, pela infraestrutura económica.
Estulto pareceria, pois, "estar a pôr o carro à frente dos bois", quando os bois é que deverão rebocar o carro.
Esta imagem do carro de bois é muito usual e ainda bem que é, porque patenteia o maniqueísmo anti-dialéctico de tais reaccionários
A infra-estrutura está em íntima relação dialéctica com a superestrutura.
A Economia dirige a Política, mas a Política tem que dirigir a Economia.
A educação depende de condições económicas, claro que depende mas a educação e a qualidade da educação que se fizer reverte directa e imediatamente para a evolução sócio-económica de uma comunidade.
Há condicionantes económicas da "qualidade de vida". Exemplo: o trabalhador, para ter férias, precisa de ganhar, no trabalho, o suficiente que lhe permita gozar férias em condições. Mas há condições ecológicas que condicionam a rendibilidade económica, a produtividade do trabalhador: a doença e a saúde condicionam o absentismo, o trabalho, a produtividade , uma fábrica, um País.
E o estado de espírito que o trabalhador goza condiciona em 70% o rendimento do trabalho, ainda o mais monótono e mecânico; verbi gratía e por maioria de razão, as condições ecológicas do trabalhador (temperatura, ruído, alimentação, respiração, odores, posição do corpo, etc.) condicionam directamente o rendimento desse trabalho
Por outro lado, ele só poderá ter rendimento de férias e ócios se os passar num ambiente qualificado - quer dizer, onde o repouso seja possível. Em ambiente degradado, as férias serão apenas um logro adiado.
É , pois, dualismo maniqueísta e antidialéctico considerar que a infraestrutura determina necessária e linearmente a superestrutura, quando a verdade é que há uma troca, um intercâmbio, uma correlação fundamental entre todos os planos da realidade social e humana.

III

Revelando informação deficiente - a pretexto de que tarefas partidárias e eleitorais os solicitam , e ainda não tiveram tempo de se debruçar sobre estes problemas - os críticos do Movimente Ecológico frequentemente nos acusam de ser "anti-desenvolvimentistas".
Tal acusação vem na sequência das duas anteriores. Mas pergunta-se : Porque seremos anti-desenvolvimentistas ? O que é desenvolvimento? E que critérios de progresso se hão-de definir hoje, em Portugal de 1975?
O desenvolvimentismo (que é a ideologia do Desenvolvimento) evidentemente que vivamente o teremos de criticar pela razão exposta atrás.
Atrofiando funções e necessidades fundamentais do trabalhador, alienando-o cada vez mais à rotina e aos aspectos estritamente salariais, coartando-lhe a capacidade de iniciativa, de auto-organização, de criatividade e de imaginação, é evidente que se está a travar o desenvolvimento humano do trabalhador mas, directa e simultaneamente, porque a uma causa se sucede um efeito, se está a comprometer o desenvolvimento económico que desse desenvolvimento humano directamente depende.
Houve alguns tecnocratas arrependidas, como Sicco Mansholt, que falaram de "crescimento zero". È 1á com eles, e o Movimente Ecológico não tem que ser advogado de defesa dos tecnocratas, mesmo arrependidos.
Disso tudo, o que subsiste de factual e indesmentível é que o exponencialismo desenvolvimentista, o crescimento industrial, a ideologia do desperdício anti-ecológico não pode continuar no ritmo de até aqui, não só por razões internas de recursos de cada País mas por razões globais de recursos do Globo.
O adepto do Movimento Ecológico não tem ídolos e não idolatra o desenvolvimento pelo desenvolvimento , a produção pela produção, mas se se pressupõe o Desenvolvimento na sua real acepção de progresso revolucionário das sociedades humanas na sua qualidade vida- evidentemente que o Movimento Ecológico é o único Movimento que coerentemente deseja e preconiza e Desenvolvimento.
Se o desenvolvimento é sinónimo de histérica, irracional, anti-ecológica, anti-económica e anti-biológica (porque contra as leis naturais) industrialização, se é sinónimo de Economia de Mercado por oposição a Economia da Reciclagem, se é sinónimo de desenvolvimento industrial exponencialista e febril, evidentemente também que seremos contra a irracionalidade (ainda que planificada), porque somos pelas leis científicas naturais que nos regem e às quais devemos obediência.
A "racionalidade tecnocrática" é hoje a forma terrorística da irracionalidade.
Não somos, pois , contra o desenvolvimento, somos contra o terror tecnocrático que compromete toda e qualquer espécie de desenvolvimento, inclusive o económico, pois não há desenvolvimento, crescimento, etc., fora dos ritmos biológicos e das leis naturais, contrário aos condicionamentos ecológicos em conflito aberto e permanente com o Meio Ambiente, do qual todo o desenvolvimento depende e que é parte estruturante da Natureza Humana.

IV

Que os críticos do Movimente Ecológica não tenham tempo de ler, estudar e saber o que criticam, admite-se. Desde que não se pretenda, com base nessa desinformação, atacar forte e feio o Movimente e seus militantes, admite-se.
Só não se admite quando nas querem, por via dessa ignorância, pregar a virtude política de que estaríamos carecidos.
Volta ao argumento das prioridades: estranho parece, a qualquer observador partidário, que as prioridades tanta importância tenham para quem se diz militante político mas que, afinal, tantas energias , dinheiro, tempo desperdiçam, neste momento, com a algazarra eleitoral
Estranha me continua a parecer que não se considere prioritário pensar, praticar a dialéctica, organizar imediatamente a nossa auto-defesa (ecológica,) como frente revolucionária de luta por uma vida melhor, quando o País está inundado de slogans e só de slogans, de conceitos primários e primaristas, de lavagens ao cérebro sistemáticas, de onde todo o espírito crítico está ausente, de onde a reflexão e o trabalho aturado, a investigação e a análise andam arredadas.
O País não pode viver só de slogans e gravíssimo nos parece que se prolongue muito para lá do razoável a sloganomania.
Grave, gravíssimo é que o País - a pretexto da prioridade que seria afinal a pugna eleitoral ou outra semelhante - deixe de pensar, ou trate de meter no gueto os que continuam a querer cumprir patrioticamente a tarefa urgente e entre todas de salvação nacional que é pensar: pensar a nossa circunstância, pensar a homem português, pensar o País e a Revolução, pensar o nosso quotidiano e o nosso futuro.
Se a prospectiva ecológica é olhada com desconfiança, porque está a preocupar-se hoje"com os problemas que só serão graves (sic) amanhã" , parece- me grave, parece-me gravíssimo que, entretanto e até que esses problemas sejam prementes, nos fiquemos por cantigas e slogans, estribilhos e palavras de ordem, quesílias partidárias, mútuas ofensas, mútuas calúnias, mútuas guerras de camaradas e comadres, fulanizantes , pessoalísticas.
Não será prioritário interromper um bocado essa histórica onda de demagagia e pensar, meus caros compatriotas? Pensar para agir em termos?
Não vejo como, porém, se todos formos activistas de bandeirinha e lançados no campo imediatista , dito prioritário (sic) dos activismos sem distanciamento nem perspectiva.
A prospectiva ecológica não é adiamento, é a instância imediata das imediatas urgências e prioridades.


CONVITES INDIRECTOS AO BARRIGUISMO BURGUÊS

Perguntam-nos também se a melhor estratégia para “infiltrar” a Movimento Ecológico e fazê-lo"respeitado" pelas diversas facções será a de se manter intransigente naquilo mesmo que o define e justifica: a sua intransigência, a sua radicalidade, a sua contestação dos sistemas fraudulentos.
Perguntam-nos se o Movimente Ecológico não ganharia popularidade, não ganharia os bons ofícios dos partidos, se se moldasse, se se calasse a tempo, quando vai denunciar certos escândalos do Biocídio, ou se observasse um pouco mais as conveniências, não se metendo em "cavalarias altas" que só nos enfraquecem (sic).
Quer dizer: perguntam-nos se a melhor forma de consolidar o Movimento Ecológico não será fazer dele o seu contrário, pô-lo a reboque dos sistemas antiecológicos e das formações políticas que servem esses sistemas por "conveniência de serviço".
Estranho convite esse que nos fazem através de uma inocente pergunta: porque nos metemos nós, inquietam-se alguns, numa questão de tanto melindre como é a das centrais nucleares? Porque não observamos a mesma prudência que observam os engenheiros da Junta ou anexos? Porque não nos calamos também como se cala toda a patriótica Imprensa ou não fazemos com ela coro? Porque não dissemos, em suma e também, amen às centrais, ao genocídio das centrais?
De contrário - aconselham as nossos "amigos" - corremos o risco de ficar "mal vistos", de "cair em desgraça", de nos chamarem "facínoras" antidesenvolvimentistas, só porque sustentamos que o desenvolvimento global de um Povo e de um País nunca poderá passar pela ruína (energética, económica e ecológica) das centrais nucleares.
Só porque contestamos a rotina e os lugares comuns, os mitos e os crimes.
Só porque contestamos o imperialismo das centrais e o oportunismo dos que a esse imperialismo se venderam sob os disfarces "humanistas" mais diversos?
Só porque temos na tecnocracia - afine ela à esquerda ou desafine ela à direita - o nosso inimigo público número um suficientemente comprovado?
A resposta a esta pergunta seria fácil: fácil seria o Movimente Ecológico observar silêncio sobre as centrais, ou sobre qualquer outro-escândalo tornado hábito querido das populações envenenadas de slogans.
Até porque, se há campos onde o Movimente Ecológico sabe ter a vitória certa e à vista, é o nuclear: não porque as campanhas anti-nucleares demovam os facínoras de concretizar os seus projectos biocidas, não porque o sistema nuclear dê ouvidos a alguma coisa que não seja o sua própria inércia de estupidez e imobilismo, mas porque o sistema nuclear está a atingir o paroxismo das suas próprias contradições internas (tal como o imperialismo) e um estado de corrosão, de corrupção interna próximo do colapso.
Se há luta que possamos travar com mais alegria e descontração é esta: porque é o campo onde as travões naturais se vão sentir com tal força que quase dispensam a acção voluntarista de militantes e adeptos da resistência Ecológica,
Por tudo isto, era até mais fácil ao Movimento Ecológico calar-se. E fazer amigos entre os tecnocratas da Companhia Portuguesa de Electricidade. E ganhar sócios no corpo de ilustres engenheiros da nossa praça. E não ser olhado com suspeição pelos tecnocratas filiados em partidos progressistas.
Seria fácil, amigos, mas mais fácil seria termos ficado quietos à partida, a ganhar a vidinha como todos fazem, a amealhar poupanças para o automóvel, a comprar casa, a mudar o modelo do televisor, a embonecar a salinha de estar ou a comprar um comboio eléctrico último modelo, mais fácil seria dizermo-nos revolucionários na linha da menor resistência que é a das reformas parciais e epidérmicas do Sistema, mais fácil não sermos o que somos e ter deixado o Movimento Ecológico a outros mais apetrechados acadèmica e até financeiramente
Mas – bolas! - tanto convite ao barriguismo será Revolução? Será isto a austeridade que o País nos exige? Será tanto comodismo e conformismo o que o momento nos pede? Será a estratégia do acomodamento e de não levantar ondas a que o povo português precisa?
Não serão, afinal, as cúpulas, as elites, as classes dirigentes que nos consideram incómodos e impopulares?
Mas, por outro lado e sem gritarmos povo de dois em dois minutos, não estaremos a ser mais populares do que eles todos juntos?

13/Abril/1975
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(*) Este texto – longo e chato – de 1975, e que, segundo os dados disponíveis, terá sido publicado na colecção Mini-ecologia (Nº???) , abusa um bocado abusivamente da palavra «revolução» e ainda por cima fala «em nós», um nós magestático execrável. O que, mesmo para o auge da onda gonçalvista, é um bocado demais, convenhamos. Sem desculpa, pois! Irremediavelmente datado (o que também não serve de desculpa), nem como rascunho de um manifesto que não chegou a ser escrito, se poderá gramar . E perdi eu uma tarde inteira de sábado a passar esta preciosidade no scanner! Masoquismo que só visto. – 9/6/2001
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ECO-MEDICINA 1975

1-5 - 94-04-13-ah> = abordagem holística da saúde - 17236 caracteres - ces-ecopatol>revista>

[«Vida & Natureza»: «Know-how» inédito e estritamente confidencial]

13-4-1994

INTUIÇÕES DE ECOLOGIA HUMANA (HOLÍSTICA) EM 1975-1980
ALGUMAS CONDIÇÕES SINE QUA NON PARA QUE UMA POLÍTICA DE SAÚDE NÃO SEJA UMA POLÍTICA DE DOENÇA

[Este texto chegou a ser proposto à candidatura presidencial de Otelo[em que data foi?] Apesar dos cortes já efectuados, o texto, até agora inédito, (29/10/1990), tem resquícios ainda de um radicalismo contemporâneo da época «revolucionária» em que foi escrito.]

SAÚDE E AMBIENTE:PEDRA DE TOQUE DE UMA POLÍTICA DEMOCRÁTICA

[PREMISSAS DEMOCRÁTICAS(QUER DIZER:ECOLÓGICAS) DE UMA POLÍTICA DE SAÚDE]

Pedra de toque de uma Democracia, pela política de saúde se conhecem os partidos e governos. Sendo a actual política a que se chama de saúde apenas uma política da doença (de aparente combate à doença) pode imaginar-se o estado em que continua a encontrar-se a nossa democracia.
Pedra de toque da mentalidade que anima a classe política, as elites dirigentes e os respectivos e vigentes discursos, terá de se concluir, com alguma tristeza, pelo trogloditismo inerente a esse discurso, a essa classe, a essa elite, a essa política.
Todos eles, no fundo, andam empenhados no «combate à doença» - menos empenhados, mesmo assim, do que nos querem fazer crer - combate esse que pressupõe deixar proliferar primeiro aquilo que depois se vai, bombeiralmente, combater. E nunca se acaba o combate, nunca se acaba a guerra. Uma vez por outra, o Estado, através da chamada Segurança Social, através da chamada Comunicação social, diz que a «saúde está caríssima». Mas o que está caríssimo, excelentíssimas excelências, são os medicamentos, porque as multinacionais farmacêuticas não são parvas, não perdoam, e fazem elas muito bem. Aproveitam-se. Agora que os medicamentos e as multinacionais farmacêuticas não têm nada a ver com saúde, é mais que óbvio e notório. Não é, pois, a saúde que está cara. O que está caro e nos sai dos bolsos de contribuintes pategos é a estupidez dos políticos coadjuvados pela esperteza das multinacionais farmacêuticas.
Esta política bombeiral de saúde revela assim a mentalidade vigente nas grandes e pequenas opções propostas ao eleitorado, onde a sintomatologia, o reformismo, as sopas depois do almoço fazem regra.

PARÂMETROS ECOLÓGICOS

Política de saúde que não entre em linha de conta com os parâmetros ecológicos e ambientais da higiene, da profilaxia e da prevenção é, de facto, um absurdo. Um grotesco absurdo. É que, perante um sintoma - a que chamam doença - manda a lógica que se faça o diagnóstico para indagar das causas que produzem os efeitos chamados sintomas, chamados doenças. Ora sendo hoje ambiental a causa predominante das doenças, impunha-se, antes de mais nada, uma despistagem desses factores ambientais, se por acaso na política se funcionasse logica e cientificamente. Ou pouco mais ou menos. Mas despistagem ambiental da doença é matéria que todos os profissionais da «saúde» continuam, prudentemente, ignorando. O mais lógico, conveniente e económico - se alguma coisa fosse lógica neste reino - seria, pois, conservar a saúde enquanto ela existe e não esperar pela doença para a combater. Ora para conservar a saúde não é preciso gastar grandes verbas, há apenas que fazer stop, já, aos múltiplos factores endógenos e exógenos que a degradam - os factores que «fabricam» doenças - a começar nos políticos obtusos que são uma das principoais causas de morte, toxicose e doença em Portugal.
Uma política de saúde que não pressuponha uma política do ambiente é assim uma caricatura e uma invenção paranóica. Como o programa de política de saúde de todos os partidos ilustra.

CONDIÇÕES SINE QUA NON

Não há política de saúde sem levar em consideração o poder de pressão exercido no sector médico pelos monopólios que de raiz comprometem e alienam a saúde: as indústrias químico-farmacêuticas, açucareira e alimentar (o «agrobusiness»), são as que mais substancialmente contribuem para uma degeneração acentuada da saúde pública.
Não há política de saúde sem infraestruturas sanitárias de base (sobre as quais as populações possam exercer total controle), sem condições higiénicas mínimas, sem modificação estrutural de uma política de construção habitacional totalmente ao serviço das classes até agora exploradas.
Não há política de saúde, também, sem abrandamento das tensões produzidas pela divisão e luta de classes, pelo mundo concentracionário das cidades, pelo stress do trabalho, pelas violências e alienações da máquina de consumo e da máquina publicitária anexa.
Não há política de saúde sem uma política radical de descentralização do povoamento (uma política agrícola de repovoamento rural, sem mitos tecnocráticos)e a progressiva eliminação dos cancros urbanos.
Não há política de saúde sem uma política agrícola de base ecológica, cujo primeiro efeito é atrair maior número de braços ao campo (e novos postos de trabalho) e cujos objectivos sejam efectivamente alimentar bocas, em vez de atingir metas de produção impostas pelos padrões euroimperialistas das OCDE e CEE. Quer dizer: não há política de saúde sem que se defina como prioridade a qualidade nutritiva dos produtos retirados da terra, ainda que em detrimento (mas não fatalmente) da quantidade produzida.
Não há política de saúde sem uma política educativa que reconverta os meios de comunicação social - venenos da opinião - em escolas abertas, sem uma política educativa que destine parte importante da aprendizagem básica às técnicas autocurativas e de autosuficiência, à educação alimentar, ao autodiagnóstico e às técnicas de autoconhecimento e autorealização (biofísica e biopsíquica), enfim, à descolonização do doente,[ factor preponderante da descolonização cultural que uma revolução implica.]
Não há política de saúde baseada exclusivamente no «combate à doença». Uma política de saúde, por definição, será radical e prioritariamente preventiva, no sentido mais científico, preparando todas as condições para que a doença não ecluda e para que a população conserve o seu capital natural de saúde, só em última instância havendo que recorrer à medicina sintomática, em casos crónicos ou herdados de anteriores situações sociais anómalas (degradadas), mas sem jamais admitir a exploração do homem pelo homem, do doente pelo médico.
Será preventiva, também, num sentido totalmente diferente daquele em que a política de vacinação actual é considerada a única medicina preventiva.

[Ao reescrever este texto, em 30/Outubro/1990, constato que as afirmações nele feitas permanecem válidas mas, tal como quando foram escritas, utópicas. De facto, uma política de saúde que não seja uma política de combate à doença, é condicionada por uma série de outras políticas - agrícola, ambiental, educativa, económica, social - e só existe, só faz sentido se elas de facto existirem e se funcionar em consonância com elas: uma política de saúde, na prática, é decorrência de outras políticas.
Como esta harmonia de vários ministérios é impensável em qualquer governo do mundo, concluir-se-á que em nenhum país do mundo existe uma política de saúde e que ela é, portanto, utópica.
Mas não é tão utópica como isso, se, entretanto, o conceito de sociedade paralela ou sector alternativo da sociedade for introduzido. No dia em que um governo conseguir adoptar uma política de saúde, é porque os parâmetros ecológicos assumiram a predominância e foram estabelecidos como prioritários e não os da economia, da produtividade, da quantidade ou do número. No dia em que a qualidade (de vida) for de facto a prioridade de qualquer governo, teremos a almejada política de saúde. Só que não é previsível um governo com capacidade de manobra para se desembaraçar de todas as pressões dos «lobbies» que vão vivendo de matar, vão ganhando lucros com a proliferação da doença, vão enriquecendo com o definhamento e degeneração das populações.
Uma única esperança existe de que esta situação tenda a inverter-se: é que a doença hoje trepa a todas as classes e quando atingir em cheio a classe dos lobbies, talvez os filhos, as esposas dos poderosos os convençam a desistir de pressionar governos a favor das suas indústrias de morte e doença.]

PREMISSAS DEMOCRÁTICAS

Uma política de saúde em democracia pluralista, dará prioridade às condições de habitabilidade, não só no aspecto de alojamento (direito e garantia de) mas no da higiene urbana ou rural, providenciando para que todos os focos de contaminação (lixeiras, pocilgas, esgotos) sejam eliminados, sujeitando-os a rigorosa e pormenorizada regulamentação legal.
Uma política de saúde de base democrática dará às populações e ao poder local um papel preponderante no controle da poluição ambiente, tornando-as activas e organizadas não só no acondicionamento dos lixos mas na selecção de detritos que conduzam, por sua vez, a uma política económica de reciclagem sistemática de materiais, quer orgânicos e biodegradáveis, quer de origem celulósica (papel), quer de origem química (plásticos).
Essa actividade local [do poder popular], porém, será enquadrada por legislação de âmbito nacional, a que corresponda uma clara política sanitária. Estações centrais de tratamento (por incineração ou outros processos postos à prova pela experiência) de lixos serão criadas pelo poder central, sempre que as pequenas unidades de autoconstrução por iniciativa local não satisfaçam as necessidades da respectiva densidade populacional.
Uma política de saúde não pode esquecer que muitos dos problemas criados por condições anti-higiénicas são especificamente de ordem social e decorrem das condições aviltantes em que a população é obrigada a habitar.
Uma política de saúde é, por isso, automatica e grandemente estimulada pela modificação das condições gerais de vida em que as populações pobres se encontram enquanto classe explorada. Mas terá ainda que ser «construída» na parte positiva da Reciclagem e Reaproveitamento.
Para lá dos lixos domésticos, cuja recolha, selecção e reciclagem será um problema de política local,
Para lá dos esgotos urbanos e seu tratamento, que será um problema de política inter-regional,
Para lá de uma política económica de reciclagem e reaproveitamento sistemático que enquadrará todas essas políticas regionais e inter-regionais,
há o propósito de assumir o mesmo critério de reciclagem para casos como o da sucata automóvel ( a remover e a centralizar em parques fechados de âmbito provincial e inter-provincial, através de campanhas que, emanadas do poder central, receberiam ânimo e apoio das populações, agentes activos dessas campanhas).

AUTODEFESA DO CONSUMIDOR

Sem esquecer que a violência exercida sobre o consumidor é inerente à violência de uma sociedade dividida em classes, acreditamos que é possível, desde já, uma consciência cívica cada vez mais desperta que vá tornando inviáveis e caducos os aspectos mais ostensivos da opressão que a máquina do poder exerce sobre o consumidor: as vacinas e a pílula anticoncepcional seriam duas dessa violências.
Movimentos que visem reconverter os consumos em termos de economia ecológica, suprimindo supérfluos e valorizando o fundamental, terão que ser energicamente incentivados pelo poder central e as populações orientadas para seguir a mais correcta política de consumos,[ destruída que seja a infernal máquina publicitária, substituída então por uma verdadeira escola em que os meios de comunicação social terão que se transformar.]
Não há política alimentar que sirva o consumidor sem a destruição dos monopólios[?] que dirigem os consumos em geral e os consumos alimentares em particular, para objectivos que tenham apenas em vista os lucros das empresas, a eles imolando o interesse, a saúde, a segurança e a economia do consumidor.
Não há política alimentar sem uma concepção definida do alimento principal e sem uma dieta declarada pela experiência como a dieta simultaneamente mais completa, económica, nutritiva e saudável.
Neste sentido, uma política alimentar de base democrática dará apoio e fomentará movimentos que, já organizados, têm provas dadas pela experiência, no campo de uma alimentação mais racional, saudável e conservadora [?] das condições de saúde.

SEGURANÇA QUOTIDIANA

Desde o quotidiano de ruas e estradas (que dão o maior contingente de mortos e estropiados ao País, depois da guerra colonial) até às «unidades de alto risco» como centrais nucleares, gasómetros no meio da cidade, indústrias explosivas, etc,. a insegurança não deixa de constituir uma constante da sociedade de violência que tem nela, além do mais, um factor de guerra de nervos. Não deixa também a insegurança de constituir um factor condicionante da qualidade de vida da população e, no campo dos postos de trabalho, um assunto perfeitamente tabu para todas as correntes políticas, incluindo as de esquerda.
As medidas adoptadas sob o nome de segurança, ou são comandadas por objectivos meramente propagandísticos (a campanha «circular é viver», por exemplo) ou não passam, quase sempre, de remendos num pano totalmente esburacado.
Se a segurança, em bairros de habitação degradada, já não é um problema de ambiente por ser antes um problema de desigualdades sociais, eis que no caso das indústrias com graves problemas de insegurança, é já um problema de política e planificação económica global, que não sacrifique o concreto das vidas humanas ao abstracto de congeminações, fantasmas, mitos e lucros em que o tecnocrata político se masturba[?].

URGÊNCIAS

É urgente lembrar a importância de uma política de saúde como vector fundamental de uma ética política e de um Estado de Direito. É urgente, pois:
- Que as instituições de saúde respondam claramente ao desafio posto pelas chamadas «doenças da civilização», ao respectivo diagnóstico ecológico e às respectivas terapêuticas naturais/causais adequadas
- Que as élites governantes, especialmente no campo médico [?], desfossilizem as suas posições, abdiquem do seu trogloditismo nato e vejam que é vanguarda europeia dar atenção aos métodos ecológicos de conservar a saúde, muito mais económicos para o orçamento geral do Estado do que o famigerado combate à doença
-[Que se ponha cobro ao escândalo do pão-borracha, à sua inferior qualidade, aos vários produtos químicos que, ilegal ou legalmente, se adicionam no seu fabrico]
- Que se tomem a sério medidas, até agora raras e tímidas, para a diversificação de horários em Lisboa e localidades onde o congestionamento é também um factor determinante da saúde pública;
- Que se ponham imediatamente a funcionar as «comissões de gestão do ar», criadas por decreto-lei 255/80, de 30 de Julho, e cujo adiamento é mais um sinal do comprovado desprezo pela saúde pública, quando o dilema for entre saúde e interesses corporativos de uma determinada indústria
- Que os esquemas de previdência [segurança social] cubram imediatamente os tratamentos e terapêuticas naturais/causais, como acupunctura, homeopatia, etc.
- Que se dê apoio a cooperativas de medicina tradicional chinesa
- Que se reformule a chamada política de saúde e que mais não tem sido do que política de [promoção da]doença
- Que seja posta em prática uma política de agricultura biológica, introduzindo gradualmente projectos-piloto viáveis, campos experimentais, zonas de produção alternativa, para que experimentalmente se verifiquem os princípios e métodos defendidos pelos ecologistas realistas, na certeza de que maior proditividade só será conseguida, a médio e longo prezo, pela defesa biológica dos solos, obviando à sistemática esterilização provocada pela hecatombe química

MOÇÃO CONTRA O RUÍDO

Considerando que o ruído, para lá dos prejuízos já verificados sobre a saúde mental e psíquica dos cidadãos, é um factor inenarrável de embrutecimento e aviltamento quotidiano,
Considerando que há ruídos perfeitamente desnecessários, que nem sequer têm a desculpá-los serem provocados por qualquer serviço considerado de utilidade pública,
Considerando que a indústria dos motores de explosão parece interessada em corromper a saúde mental [de todo um povo] das populações,
Considerando a falta de «vontade política» e de medidas enérgicas que as entidades responsáveis pela ordem e pela saúde públicas têm manifestado relativamente ao flagelo do ruído e outros flagelos do ambiente português,
Considerando a timidez e ineficácia das campanhas levadas a efeito até agora, por entidades que não parecem muito interessadas em debelar a violência nazifascista da poluição acústica e seus principais responsáveis,
declaramos que uma política de saúde e de qualidade de vida deve ter, como pedra de toque e na sua lista de prioridades, um controle enérgico sobre todos os focos de poluição acústica, que, por sua vez, é índice nítido do nível de civilização e civismo da populações e do grau de subtileza qualitativa que uma democracia se mostra capaz de atingir.
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[Este texto foi (parcialmente) publicado na «Revista Alentejana», editada pela Casa do Alentejo?
Para efeito de eventual publicação em anexo de um volume sobre o «movimento ecológico-uma polémica amigável - diário de um jornalista», é importante saber se teve a contraprova da publicação.
De que data ou época foi a campanha de segurança rodoviária «circular é viver», citada no texto?]
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