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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-25

RECURSOS 1991

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RECURSOS - [análise energética]

26-2-1991

Avalia-se em 800.000 kg o conteúdo de plantas e animais que vivem num hectare de floresta tropical. Essa mesma área, se transformada em pastagem, daria uma produção de 200 kg de carne por ano, ou seja, o suficiente para fazer cerca de 1.600 hamburgers. Cada hamburger equivale a cerca de meia tonelada (500 Kg) de floresta tropical.
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[inverno 1987] As observações do «vaivem» Columbia revelaram a presença de grandes reservas de água debaixo do maior deserto do mundo. Segundo os especialistas, existem sete toalhas subterrâneas no Sara que, há 5000 anos, era coberto por florestas luxuriantes e prados verdes. A água subsiste nas cavidades das rochas porosas, por vezes a menos de 50 metros da superfície arenosa.
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Os terrenos aráveis ocupam no Planeta apenas 10 por cento da terra firme, o que perfaz cerca de 1500 milhões de hectares de um total de aproximadamente 14.500 milhões. Se for tido em conta que a população da Terra ronda os 4.500 milhões de habitantes, ficam apenas 0,33 ha de lavradio per capita. Ao todo, a terra firme ocupa apenas um terço da superfície do nosso planeta. Desse terço, mais de 10 por cento é ocupado pelos glaciares do Árctico e da Antáctida; 15,5 por cento pelos desertos, rochas e areias do litoral; 7,4 pelas tundras e pântanos; cerca de 2 pelas cidades, povoações, minas, fábricas, caminhos e aeródromos; quase 3 por cento as terras destruídas pelo homem (pedreiras, escavações e baldios). A isto há ainda a acrescentar os prados e pastos, as zonas semidesérticas, estepes áridas, savanas, regiões montanhosas e bosques. (Novosti)
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POLUIÇÔES

O índice americano de produtos fitosanitários inclui mais de dez mil marcas e cada ano a lista aumenta de algumas centenas de nomes.
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SOFÍSTICA 1974

74-02-26-ie>= ideia ecológica - quarta-feira, 4 de Dezembro de 2002-scan

SABEDORIA ORIENTAL E SOFÍSTICA OCIDENTAL(*)

26/Fevereiro/1974 - Impressionados com a voga que no Ocidente estão tendo os princípios da filosofia extremo-oriental (quase sempre deturpados), o ioga, o yin-yang, o karate e o judo, a macrobiótica zen e a acupunctura, alguns humoristas descobriram que, afinal, tudo isso não está muito longe da "ciência ocidental".
Pois não é verdade - dizem os humoristas - que o Zen-Tao preconiza viver de acordo com o princípio único e a ordem do universo?
E não é verdade que a ciência se jacta, também ela, de ter "pescado", de ter descoberto as leis que governam o universo, leis fixas e imutáveis, à luz da razão, etc., etc.?
Esquece o humorista muitas coisas. É que talvez ambos os lados aludam às leis do Universo, mas nem se trata do "mesmo" Universo, nem são as mesmas leis, nem, ainda que fossem, eram "respeitadas" da mesma maneira, pela sabedoria oriental e pela sofistica ocidental.
Como largamente explica a Medicina chinesa (precursora da Medicina Ecológica), o Universo não é uma abstracção matemática e as leis não são abstracções no sentido em que o são as leis cientificas: é o Cosmos, a realidade física (electro-magnética), o sol, a lua, os astros, o Mundo (com pólo norte e pólo sul, oceanos, continentes, mares, campo magnético, diferenciação geológica e climática, etc..) e o homem nesse contexto real, nesse meio ambiente, é o cosmos e o microcosmos, os ritmos e os bio-ritmos.
Ora isto nada tem a ver (nada) com as relações matemáticas estabelecidas entre certos fenómenos e constantes, a que os livros de ciência chamam leis.
Depois, a moral ocidental manda combater, dominar, subjugar e jugular a Natureza, e a isso chama progresso.
Enquanto a Medicina Chinesa e, de uma maneira geral, a sabedoria yin-yang apenas procura sintonizar o coração do homem com o coração da vida e da Natureza.
Se as cosmologias já são diferentes, as morais que presidem a estas duas mentalidades, culturas ou sistemas são opostas. Direi mesmo: irredutíveis.
A santa ciência moderna preconiza, no capítulo das relações do homem consigo, do homem com o homem e do homem com o Universo, a violência, a desintegração, o dualismo, o domínio sobre, o estar contra, etc..
A ética do principio único não só rejeita as morais adaptativas dos ocidentais (estilo pecado, crime, honestidade, maldade, etc. - que são normas de adaptação a determinados códigos e estatutos impostos pelo poder) como faz do princípio único - "viver em harmonia com a natureza sem nunca a violentar - a sua única ética. Digamos: a sua moral.
Temos assim duas atitudes diversas: a ciência ocidental assassina enquanto vai debitando os mais belos discursos sobre o bem, o belo, o bom, o perfeito, o conveniente, o conforme, o honesto, o educado, o polido, etc.. A outra cultura não discursa. Não é demagógica. Não precisa de encobrir com palavras (verbalismo) a falta de realidade e de sentido do real. Não recorre a expedientes superestruturais para iludir infra-estruturas contraditórias e portanto violentas. Porque não tem crimes a esconder ou disfarçar, a ética do princípio único é parca de palavras, discursos, catecismos.
Ao contrário, a Sofistica ocidental ( fundamentalmente hipócrita), para se impor ao homem contra o qual está, tem de conduzir fatalmente ao crime, à violência, à distorção (tortura?). Porque é de raiz contra o homem e contra o harmónico entendimento do homem com a Natureza, será verborreica e demagógica.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no livro edição do autor, «Contributo à Revolução Ecológica», Paço de Arcos, 1976
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HOLÍSTICA 1997

3328 bytes slogans>lex>frases>saude>dicionário de ecologia humana
revista «beija-flor» nº [---] anexins para a nova idade de ouro


26-2-1997

A SABEDORIA DA SIMPLICIDADE

Evidências, postulados e evidências definem uma filosofia do bom senso para o terceiro milénio.
É o retorno à sabedoria da simplicidade, à simplicidade da sabedoria. Estamos a contribuir para a Nova Idade de Ouro e devemos sabê-lo. Sem remorsos nem remoques. Quem está morto e pertence irremediavelmente ao passado que fique por lá.
Faz bem aos que esperam e constroem, recordar alguns slogans, palavras de ordem e anexins que o movimento holístico tem vindo a proclamar no meio da algazarra moderna e dos sofismas mediáticos.
Ecologia humana e holística, medicinas naturais, saúde, profilaxia, são apenas afluentes do grande rio:
- Saúde, alternativa à medicina
- Não somos um negócio, somos um serviço de utilidade pública
- Vamos todos fazer autocrítica para uma cura de humildade
- Greve aos produtos químicos, às poluições alimentares e aos consumos perigosos
- Informação ao consumidor, um seguro de saúde
- Vale mais curar do que tratar e vale mais prevenir do que curar
- Segurança social para os tratamentos naturais - um direito que a Constituição consagra e o Estado não cumpre
- Para um diálogo entre todas as correntes terapêuticas e teorias de saúde
- Alternativas ecológicas, alternativas de vida - a saída que propomos às novas gerações
- OMS: Novos ventos sopram de Genebra para a política ecológica de saúde
- Regresso ao médico de família: uma aposta na reumanização
- Concepção ambiental da doença - Um passo decisivo no progresso do diagnóstico, profilaxia e terapêutica
- Ponto de encontro para a valorização profissional dos naturoterapeutas
- Um projecto de vida hoje para as gerações de amanhã
- Um movimento de vanguarda pelo direito à saúde
- Aprender a comer, para aprender a viver
- Faz do teu alimento o teu medicamento (Hipócrates)
- Ajude-se, ajudando a nossa revista
- Vamos dinamizar o movimento pelo direito à saúde
- A tua saúde depende de ti - maior responsabilidade dá maior liberdade e maior liberdade dá maior responsabilidade
- A tua saúde depende de ti - a doença depende do médico
- Estamos a trabalhar pela valorização profissional dos técnicos de saúde
- Estudantes e professores de saúde - unir vontades para a meta comum
- Confederação de federações - unir os naturoterapeutas à escala mundial
- Artes de curar ao alcance de todos
- Tratamentos naturais com produtos de qualidade
- A arte de ser jovem em qualquer idade
- Ecologia humana - ciência angular da sociedade moderna
- Alternativa ao poder médico - abertura às ecomedicinas
- Quem consome saúde, aforra dinheiro; quem gasta em saúde, poupa em dinheiro; quem consome em saúde, não perde dinheiro
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«SAÚDE» 1997

minister>revista> entrevista «nm»

26-2-1997

POLÍTICA DE SAÚDE E FILOSOFIA DA SAÚDE

Perguntas ao Governo (Ministro da Saúde, secretário-geral, direcção-geral) sobre a política a que chamam de saúde

- Depois da Psicosomática - tentativa de reunificar a medicina - surge a holística ou medicina integrada para tentar corrigir os erros e exageros de hiperespecialização e da prática cada vez mais desumana a que dá lugar.
Que projecta fazer o Ministério da Saúde para tornar a medicina mais humana?

- A chamada «área da saúde» tem sido até agora em Portugal aquela que, paradoxalmente, mais alheada e afastada se tem mostrado das questões de ecologia humana, qualidade de vida, antipoluição, profilaxia alimentar, higiene pública, etc, que se encontram na ordem do dia em outros sectores menos vocacionados, em princípio, para isso.
Irá esse ministério intervir de forma mais coerente em áreas tão sensíveis como são as da saúde pública, as da salubridade e segurança urbana, etc?
Vai a chamada «saúde» continuar a dizer que nada tem a ver com a saúde?
É plausível, por exemplo, que a área da Saúde continue a ignorar um factor de risco como o ruído?

-Que tenciona fazer o Ministério da Saúde para garantir a assistência médica dos beneficiários da Segurança Social naquelas especialidades que até agora não têm sido contempladas, como são a homeopatia, a oligoterapia, os produtos fitoterapêuticos, dietéticos, suplementos alimentares, etc?

-Os bancários do Sul e Ilhas podem ser comparticipados, desde Outubro de 1983, pelos Serviços de Assistência Médico-social nos tratamentos de Acupunctura que realizarem.
É uma das inovações para que o seu novo regulamento dos serviços de assistência médico-social apontam.
Deverá ou não o Ministério da Saúde encorajar outros sindicatos menos informados, sensibilizando-os para a vantagem de o direito à comparticipação ser extensivo aos tratamentos que o doente queira escolher, abrangidos nas medicinas «doces» ou «naturais»?

-Embora o mercado dos chamados «dietéticos» seja hoje quase tão confuso e especulativo como o dos produtos farmacêuticos, a Oligoterapia, a Oligoterapia e a Homeopatia fazem surpreendentes progressos comerciais.
Tenciona o Ministério agir para que as coisas mudem nesse mercado alternativo? Vai ou não haver controle de qualidade?

À semelhança dos nutricionistas, que em Portugal já têm uma formação profissional de nível universitário de 3 anos, que prevê o Ministério, também a nível universitário, para outras actividades igualmente urgentes como são os técnicos de saúde ou professores de saúde?
-Com a entrada na CEE e consequente reconhecimento dos diplomas e qualificações profissionais, vão os naturoterapeutas, homeopatas e acupunctores portugueses ficar em total desigualdade de circunstâncias dos seus homólogos europeus?
Invadirão eles o nosso espaço, tendo os direitos de actuação que ainda não são reconhecidos aos portugueses?

-Fazendo contas às despesas nacionais no combate à doença e planeando um programa de prevenção, profilaxia e higiene - que ficaria mais económico ao país?
VALE MAIS PREVENIR OU REMEDIAR?
Que será mais consentâneo com a austeridade económica?
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RADIOECOLOGIA 1991

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26-2-1991

COMBATE A RADIAÇÕES IONIZANTES COM TERAPIAS NÃO CONVENCIONAIS

De uma entrevista dada à revista «Saúde Actual» ( Nº 16, Março de 1987) por Carlos Carvalho sobre defesa metabólica contra radiações ionizantes:

«Estratos orgânicos da tiróide, da medula, do baço, das supra-renais, para compensar,de acordo com as zonas afectadas, tentando equilibrar.
- A melhor forma de «organoterapia» é a Cerosytoterapia do dr. Jean Thomas, médico suiço, com grande rodagem da segunda guerra mundial, que consiste na aplicação de seruns animais cultivados em meio biológico dos próprios órgãos.
- Extraído do porco, do cavalo, do cordeiro e da vaca para doarem órgãos.
- Aplicação da medula óssea, por via injectada subcutaneamente na sétima vértebra cervical e nas áreas claviculares e supra e infra externais (mesoterapia não é cirurgia)
-Distingue-se das transplantações de medula (cirurgia) que são efectuadas por cirurgiões credenciados, tendo sido o processo pela primeira vez efectuado num hospital de Inglaterra (Londres).
-Iodo e fósforo têm sintonia com a glândula tiróide, porque utiliza esses elementos em doses fisiológicas
-Televisão a cores: aumento com pressão arterial, provocado pelos raios X, beta e gama (radiações ionizantes)»
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A RADIOECOLOGIA

A radioecologia - ciência que estuda os efeitos que as substâncias radioactivas podem ter no homem e no seu meio ambiente - está destinada e desempenhar um papel cada vez mais importante na luta contra todas as formas de poluição.
Esta é a conclusão a que chegaram os 350 peritos representando 25 países que tomaram parte, de 7 a 10 de Setembro de 1971, no simpósio internacional organizado em Roma pela comissão da CEE, sobre o tema «a radioecologia aplicada à protecção do homem e do seu meio ambiente».
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QUEM ESPERA NÃO DESESPERA

O silêncio que nos últimos anos se tem verificado sobre a irradiação de alimentos como forma de os conservar, pode ser ambíguo e guardar dois significados opostos: ou a estratégia de irradiar alimentos continua a sua rota de bastidores para vir a ser implementada quando menos se esperar, ou, depois do entusiasmo que se verificou, por parte dos propagandistas habituais e profissionais, o que está actualmente na forja é a pura e simples desistência dessa - dizia-se - «nova e maravilhosa tecnologia de conservação alimentar».

A propaganda de 1989 dava como certo que eram muitos os fabricantes ansiosos por poderem recorrer ao método de irradiação: o mesmo não se poderá dizer das associações de consumidores, mesmo as mais loucas, que torceram sempre o nariz a esse processo, um tanto satânico, de juntar irradiações ionizantes aos alimentos, como se ainda fosse pouco o número de cadáveres que a gente ingere.
Cadáveres cadaverizados duas vezes, não será abuso? Será isso que a CEE percebeu, hesitando na sua campanha? E os grupos de pressão? Estarão em «stand by» a ver se se esquece Tchernobyl?
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A radioecologia - ciência que estuda os efeitos que as substâncias radioactivas podem ter no homem e no seu meio ambiente - está destinada e desempenhar um papel cada vez mais importante na luta contra todas as formas de poluição.
Esta é a conclusão a que chegaram os 350 peritos representando 25 países que tomaram parte, de 7 a 10 de Setembro de 1971, no simpósio internacional organizado em Roma pela comissão da CEE, sobre o tema «a radioecologia aplicada à protecção do homem e do seu meio ambiente».
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SATILLAR 1997

satillar> - MEIN KAMPF 26/2/1997

NINGUÉM ESTÁ INOCENTE DAS DOENÇAS QUE TEM - A DIFICULDADE DA FACILIDADE

26/2/1997 - Após 8 seminários de Michio Kushi em Lisboa, após 12 restaurantes a funcionar, só na área de Lisboa, após a publicação em português de duas dezenas de livros e de um periódico que se chamou «Jornal da Via Macrobiótica» e de outras publicações mais efémeras, já ninguém pode hoje dizer que desconhecia e, por isso, adoeceu.
Ninguém está inocente das suas próprias doenças.
Após o pioneirismo de ecologistas e ambientalistas, já ninguém pode hoje alegar que não sabia: a doença está no ambiente, está principalmente no ambiente e nenhum diagnóstico o pode ignorar: se o ignora, não é a Ecologia Humana que tem que se demitir, mas as instituições que continuam a chamar doença à saúde e saúde à doença, na mais indescritível das confusões.
Ninguém pode hoje alegar ignorância.
Após a fase heróica em que lacto-ovo-vegetarianos ajudaram a impor uma nova noção de higiene alimentar, ninguém pode hoje ignorar o contributo da macrobiótica como vanguarda do vegetarianismo: o movimento holístico não pára, está em constante evolução e a macrobiótica, ela própria em movimento, veio para dinamizar o que tinha a tendência para cair na inércia.
Ninguém pode hoje alegar desconhecimento das alternativas de vida que se colocam ao beco sem saída que é a sociedade moderna, dita de consumo, dita industrial e dita também do lixo e do luxo.
Se os ambientalistas sectoriais (e sectários) contribuíram muito pouco para a amplitude de um verdadeiro movimento holístico, ignorando completamente a ecologia humana, isso não significa que falte informação ou que tudo seja hoje claro quanto ao paradigma que sairá vencedor neste fim de século e neste fim de milénio.
Ninguém pode alegar ignorância desse paradigma.
Quando a Entropia acelerada conduz o Planeta Terra a um regime de catástrofe permanente, só ignora quem quer as saídas e as alternativas que hoje se colocam.
Se nos guiarmos pela lógica do bom senso, em vez de sermos subservientes à lógica do absurdo, do disparate e do non-sense, num mundo que se tornou, com ajuda dos media, ridiculamente pós-surrealista, sabemos que a saúde é para conservar e não para desperdiçar.
Que a doença é uma oportunidade de evoluir e não uma oportunidade de acrescentar mais lucros aos que dela vivem. Como dizia Antonin Artaud, o suicidado desta sociedade e deste sistema, os que vivem, vivem dos mortos.
Quem não tiver vocação de vampiro, só tem que mudar de agulha. Sem esquecer que a pior doença é a da alma: embora se note menos, mas a neurose do lucro (a febre do bezerro de ouro, como diria o nosso sempre lembrado António Sérgio), mas o que hoje se verifica, como nova endemia destes tempos terminais, é que as almas dos poderosos já ardem nas labaredas de um merecido inferno... Antes ficar no purgatório onde essas alminhas de sucesso (consumidas pela ganância) nos condenaram a ficar.
Curar é fácil, e prevenir ainda mais. Difícil é vencer a opacidade estúpida e arrogante, a inércia da asneira, os preconceitos familiares e escolares, os interesses e monopólios da indústria alimentar que mata, a fraude publicitária e a mentira dita científica, a escalada mediática de violência, o poço sem fundo da era do virtual.
A verdade não está só nos livros, nem está principalmente nos livros. Depende essencialmente dos olhos puros e sem preconceitos que queiramos abrir à maravilhosa e poderosa Ordem do Universo. Cujas leis teimamos em não respeitar. Em não conhecer. Em ignorar.
Porque sabemos demais das ciências que temos.
Porque nos ocupamos mais a ter do que a ser.
Porque estamos metendo as nossas alminhas no inferno, convencidos de que voamos (a jacto) a caminho do paraíso.
Não digam é que ninguém avisou.
No dia do julgamento, ninguém poderá alegar ignorância.
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MEDICINAS 1991

plurimed> - mein kampf 1988

26-2-1991

AFINAL ELAS EXISTEM - FACTOS CONTRA FANTASMAS

Testemunho pessoal em outubro de 1988 como contributo a um relatório impessoal sobre a necessidade e urgência de uma informação sobre o mundo (sector) holístico

Outubro/1988 - Afinal as «medicinas heterodoxas» existem, apesar dos enormes esforços que em Portugal a Comunicação Social mais influente faz para as deixar despercebidas.
Como o que tem de ser tem muita força, volta e meia chegam notícias do «mundo holístico», aquele que tem como centro o universo humano, prioridade de todas as prioridades, provando que afinal alguma coisa mexe no campo da saúde (prevenção e profilaxia) e de que nem só do combate à doença (medicina) morre o homem.
[Se ainda não há muito tempo, toda a Comunicação Social deste País ignorou os «15 anos do Movimento Ecologista», exposição de 25 painéis que esteve patente 5 dias no Forum Picoas (entre 23 e 29 de Março), é muito provável que ignore também o mundo de factos e realidades que hoje se conhecem sob a designação de «movimento holístico».
A dúvida, aliás, é se há mesmo ignorância (e a natural inocência que a ignorância dá) ou se há demasiada ciência neste fenómeno de omissão e a arrogância que toda a ciência dá.
Excepção nesta «conspiração de silêncio» foi o presidente da República, que oficiou ao Forum Holístico Internacional a sua decisão de ter aceitado presidir à Comissão de Honra do Congresso Holístico, que em segunda edição se realizou em Lisboa, no Hotel Penta, dias 23, 24 e 25 de Abril de 1988.
Para a Presidência da República, pelo menos, o movimento holístico existe, o que não deixa de ser reconfortante e de nos dar uma certa esperança de ver um dia destes a luzinha ao fundo do túnel e melhores dias para este país de canibais à solta.]
[Claro que a dúvida hamlética sobre o ser ou não ser da Holística (das medicinas ditas naturais) é um facto praticamente exclusivo deste País de anedota, que elegeu Herman como seu patrono.]
Em qualquer parte da Europa dos Doze, as actividades holísticas são prática corrente e as medicinas ditas alternativas ou naturais consideradas como técnicas terapêuticas em pé de igualdade com a medicina estabelecida oficial. [não só não comem crianças ao pequeno almoço como fazem ganhar bom dinheiro a muito boa gente.]
[Ser alternativa ao sistema já não é crime, em outros países da Europa mas aqui, em Portugal, ainda é vergonha, uma espécie de blenorragia que se esconde das visitas].
[Mas nada como os factos para (tentar) desfazer nevoeiros de D.Sebastião e fantasmas de obscurantismos e inquisições.
Contra o nevoeiro do obscurantismo português, em matéria de novos ventos que sopram para o «universo humano», os factos podem coligir-se em catadupa e a dificuldade está só em seleccioná-los.]

ACONTECIMENTOS NÃO FALTAM - DE ANTON JAYASURIYA (SRI LANKA) A FERMIN CABAL (ESPANHA)

Acontecimentos do mundo holístico, não faltam. Por exemplo.
Em Benalmádena-Costa, a 4 Km de Torremolinos e a 20 de Málaga, reuniu-se, de 21 de Abril a 1 de Maio de 1988, o 14º Congresso Mundial de Medicinas Naturais, iniciativa que regularmente se realiza em países europeus mas que irradia, imagine-se, do Sri Lanka, onde Anton Jayasuriya, com a sua organização «Medicina Alternativa» (assim mesmo, com este nome português, a lembrar que Sri Lanka já se chamou Ilha de Colombo e já foi do domínio português...) fez da medicina tradicional do seu País a melhor marca registada para levar a todo o Mundo o prestígio da sua própria cultura.
Com a Acupunctura, o Sri Lanka, através de Anton Jayasuriya, tem vindo a conquistar as elites europeias e não é por acaso que, dos países anglo-saxónicos, o eixo começa a deslocar-se para os países latinos, sempre mais demorados em reagir aos estímulos: é a segunda vez que o Congresso Mundial de Medicinas Naturais se realiza na Costa sul de Espanha.
É de recordar também que o primeiro Congresso Mundial da CIA-MAN (Confederação Internacional das Associações de Medicinas Alternativas Naturais), realizado em 25-27 de Abril de 1986, significou um esforço pessoal de Fermin Cabal, advogado de Madrid consagrado às medicinas que curam, para a definitiva consagração das medicinas leves.
O assunto da oficialização destas medicinas está ainda pendente nas instâncias do Parlamento Europeu, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenta libertar-se dos «lobbies» internacionais da Farmácia para poder pôr em marcha o programa de Alma-Ata em favor das terapêuticas naturais, campanha que vigora sob o eufemismo «Saúde para todos no Ano 2000».
A provar que o «movimento holístico existe» e que as medicinas alternativas são um facto científico comprovado, bastaria lembrar algumas instituições de prestígio que não se envergonham de ser quem são e de levar o nome que levam.
De um ficheiro onde se encontram arquivados cerca de 300 endereços de uma dezena de países, respigamos os nomes de algumas instituições que, por exemplares, podem servir de exemplo a uma realidade que teima em ignorar-se em Portugal, ou antes, que a Comunicação Social em Portugal teima em ignorar :
-American Biologic Hospital
-Arizona College of Homeopatic Medicine (Arizona)
-Community Helth Foundation(Associação de Medicina Holística) - (Londres)
-East West Foundation (Boston)
-East West Macrobiotic
-Escola Medicorum Botanicae (Barcelona)
-Faculdade de Medicina de Paris XIII - Departamento de Medicinas Naturais - (Bobigny)
-Faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (UNI-RIO)
(RIO DE JANEIRO)
-Hospital Saint-Justine (Monréal - Quebeque)
-International Institute for Research on Metabolic Diseases and Cancer
-London's Royal Homoepathic (Londres)
-New England School of Acupuncture (Boston - Massachusets)
-Nutrition - Hidden Walley - Humanities Califórnia Research
(USA)

ALTERNATIVAS NA TELEVISÃO PORTUGUESA

A atenção, ainda que viciada ou viciosa e sectária, por parte dos «mass media» em relação às «tecnologias alternativas de saúde», é também uma prova de que existem e de que não são um sonho.
A RTP apresentou, em 1988 (?), uma série sobre medicinas que curam, mas já em 1985 divulgara um programa de oito episódios «The Medicine Man», da Anglia Television.
À parte este caso, que foi certamente por acaso, quando a televisão se mete no «campo alternativo» é sempre para dar oportunidade à medicina química de impor os seus pontos de vista[, quase sempre de forma troglodita e escolhendo bem os alçapões onde há-de enfiar os opositores.]

O EXEMPLO DE TRÊS REVISTAS FRANCESAS

Revistas francesas de grande prestígio não têm esquecido o tema.
Um número especial da revista «Autrement» era dedicado, em Dezembro de 1986, ao tema «Autres Médecines, Autres Moeurs», tinha 236 páginas e custava 80 francos franceses.
O semanário «Madame Figaro», de 13-19 de Dezembro de 1986, dedicava um dossier especial ao assunto «Médecines Douces», enquanto a revista «Elle» se ocupava de «Ayurveda - os segredos da Medicina indiana» - no seu número de 24/8/1987.
Em Março de 1985, era a revista «Science et Vie», tão ciosa dos seus pergaminhos científicos, que dedicava um dos seus números trimestrais às «Medicinas Paralelas».
No domínio da legislação progressista adoptada, a Austrália mostrava o caminho, fazendo aprovar, em 8 de Setembro de 1985, no Parlamento, a lei sobre Medicinas Naturais.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE AVANÇA SEM MEDO

A Organização Mundial de Saúde editava, em 1983, a obra «Medicina Tradicional e Cobertura dos Cuidados de Saúde», o mais completo e sistemático repositório que já foi elaborado sobre o conjunto das mais preciosas medicinas tradicionais das grandes culturas do mundo como a tibetana, a chinesa, a indiana, etc.
Fazendo assim face às pressões multinacionais para ignorar ou omitir o assunto, a OMS consagra nesta obra e definitivamente as «artes terapêuticas» nas quais terá de se basear, para ser verdade e para ser democrática, a sua campanha «Saúde para Todos no Ano 2000», desideratum que só com as medicinas naturais e nacionais poderá conseguir-se, já que é impossível dotar todo o Mundo com os sistemas sofisticados e de alto custo para onde caminha a medicina de ponta... dita de «alta especialização»
No quadro que a seguir se apresenta, destacam-se com asterisco as «tecnologias apropriadas de saúde» que se encontram largamente referenciadas na obra monumental da OMS « Medicina Tradicional e Cobertura dos Cuidados de Saúde».

TERAPÊUTICAS HOLÍSTICAS DE A A Z

Acupunctura*
Algoterapia
Aromoterapia
Astrodiagnóstico*
Aura*
Auriculoterapia
Biocatalítica
Biofeedback*
Bioinformação
Bionergia*
Bioquímica*/Biopatia/Bioterapia
Bioritmo*
Bromatologia
Celuloterapia
Cera (Benhos de)*
Cibernética humana*
Cólon (lavagens do)
Coluina (correcções da)
Crenoterapia/Balneoterapia*
Cromoterapia*
Desintoxação (cura de)*
Dianética*
Diatermia e micro-ondas*
Dieta de Proteínas*
Dieta vegetalina*
Dietética/Dietoterapia
Digitopunctura
Dissociação dos Alimentos
Do-In
Electrobiofísica
Electro-nipunctura
Electroterapia*
Emagrecimento(cura de)
Embrioterapia
Endocrinoterapia endógena*
Enzimoterapia por lacto-fermentados
Etiopatia
Farmacopeia vegetal/Fitoterapia*
Fisiognomia
Fisioterapia
Flores (tratamento pelas)*
Galvanismo*
Geotarapia/Argila*
Gestalterapia
Grafopatologia
Helioterapia(banhos de sol)*
Herbologia
Hidroterapia*
Hipnoterapia*
HLB (Hemo-teste)
Homeopatia*
Iman-terapia
Ioga-terapia
Ionoforese
Iridologia*
Jejum*
Kirlian (fotografia)*
Lágrimas (terapia das)
Laserterapia
Macrobiótica*
Magnetoterapia
Massagem terapêutica
Medicina aiurvédica*
Medicina antroposófica*
Medicina psiónica*
Mesmerismo*
Mesoterapia*
Monodietas*
Moxibustão*
Musicoterapia*
Naturopatia*
Neuralterapia*
Nutriterapia/Dietética*
Oligoterapia
Ondas curtas
Ondas galvânicas*
Ondas interferenciais*
Organoterapia
Orgon-terapia*
Osteoterapia*
Oxigeno-terapia*
Pedras preciosas*
Peeling (método)
Pirâmides (terapêutica pelas)*
Pranoterapia*
Psicanálise
Psicocibernética
Quinesiologia aplicada*
Quiropraxia*
Radiónica/Radiestesia*
Reflexologia/Reflexoterapia*
Rejuvenescimento (regimes de)
Relaxing/Training autogene*
Sauna terapêutico
Shiatsu*
Sofrognose/Sofrologia/Hipnose*
Sono (terapia do)
Sudação (banhos de)
Sumos de frutos(cura por)
Tai Shi Chuan
Talassoterapia
Termoterapia
Ultravioletas*
Ventosas*
Vitaminoterapia por germinados

(*) O asterisco (*) indica as modalidades terapêuticas apenas enunciadas ou largamente analisadas pela obra monumental da Organização Mundial de Saúde sobre medicinas tradicionais publicada em 1983

O QUE DIZ «O LIVRO DA MEDICINA NATURAL»

Publicado em língua portuguesa pela editora Presença, «O Livro da Medicina Natural» (assim intitulado) considera um quadro de terapêuticas bastante bizarro, já que dele se excluem terapêuticas hoje não só evidentes como de grande público (caso da Acupunctura) enquanto se inserem outras (como a Bioquímica) que dificilmente podemos encontrar referidas em fontes bibliográficas fidedignas sobres estes assuntos.
Quiroprática, Neuroterapia, Terapêutica segmentar, Terapêutica dos focos de doença e Terapêutica das zonas reflexas do Pé são as modalidades indicadas.

A LISTA DA REVISTA «TEST-ACHATS»

A eleição de novas terapêuticas faz-se, por vezes, em função da ordem indicada pelos números obtidos em sondagens.
No caso da revista belga «Test-Achats», cinco especialidades terapêuticas se encontram entre as mais votadas pelo público consumidor.
Homeopatia
Acupunctura
Terapêuticas manuais (Osteopatia e Quiropraxia)
Fiototerapia
Magnetoterapia

A LISTA DA REVISTA «SCIENCE ET VIE»

Ao reconhecer importância suficiente às «medicinas paralelas» para lhe dedicar um dos seus números (monográficos ou temáticos) trimestrais, a revista francesa «Science et Vie» convidou os seus colaboradores, quase todos catedráticos de Medicina, para falar das seguintes especialidades( assim pela revista classificadas), ou modalidades, aqui indicadas pela ordem como aparecem publicadas na revista:

Acupunctura
Auriculoterapia
Crenoterapia
Dietoterapia
Epistemologia (?)
Fitoterapia
Homeopatia
Iridologia
Mesoterapia
Osteoterapia
Paramedicinas
Psicoterapia

A LISTA DA REVISTA «VIE NATURELLE»

Os itens seguintes foram indicados pela revista francesa «Vie Naturelle», que sobre eles organizou seminários e estágios:
Alexander (Método)
Análise conceptual
Análise transaccional
Artes Marciais
Astrologia médica
Bioenergia
Caligrafia Chinesa
Comunicação espontânea
Consciência do corpo (Método Feldenkrais)
Dietéticos (métodos)
Energética chinesa
Fitoterapia
Gestalt
Homeopatia
Iluminação intensiva
Integração postural
Iridologia
Karate-do tradicional
Massagens
Medicinas naturais
Meditações
Morfofisiologia
Musicoterapia
Naturopatia
Pintura chinesa
Programação neuro-linguística
Psico-síntese
«Rebirth»
Reflexologia
Relações pais-filhos
Relaxações
«Rolfing»
Sofrologia
Simbolismo
Tai-Chi
Yoga

A LISTA DA CIA-MAN

Ao convocar o Congresso Mundial de Medicinas Alternativas, a Confederação Internacional de Associações de Medicinas Alternativas Naturais (CIA-MAN) anunciava algumas técnicas como escolhas dos profissionais em Naturoterapia, na ordem em que se indicam a seguir:
Digitopunctura
Auriculoterpia
Herbologia
Iridologia
Sofrologia
Bromatologia
Grafopatologia
Psicocibernética
Tai Chi Chuan
Macrobiótica
Quiropraxia
Shiatsu
Do-In
Fisiognomia
Radiónica
Terapia Natural
Reflexologia
Laserterapia
Dietética
Osteopatia
Bio-feedback
Aromoterapia
Cromoterapia
Orgon-Terapia
Fisioterapia
Magnetoterapia
Ioga

A LISTA DA REVISTA «PLANETA»

Em número especial sobre «Terapias Alternativas», a revista «Planeta», do Rio de Janeiro, propunha as distinções seguintes, aqui indicadas pela ordem em que aparecem na paginação da revista:
Acupunctura
Análise transaccional
Antroposofia
Aromoterapia
Bionergética
Control Mental Silva
Cromoterapia
Dança
Do-In
Energia piramidal
Gestalterapia
Hidroterapia
Homeopatia
Ioga
Medicina herbária
Meditação Transcendental
Musicoterapia
Nutrição
Psicanálise
Psicodrama
Quiroprática
Radiestesia
Relaxamento
Rolfing
Shiatsu
Sofrologia
Termoterapia
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SOFÍSTICA 1974

1-7- biocracia-4-cc> = contra a ciência ordinária – os dossiês do silêncio – antecedentes da hipótese ortomolecular - chave87> inédito 26/2/1974 (ensaio longo) - (*) a fase polémica anti-tecnocracia em geral e antí-tecnocracia médica em particular (8/5/1997)

26-2-1974

O OPORTUNISMO POLÍTICO DAS TEORIAS CIENTÍFICAS

- As teorias científicas potencializam a vocação totalitária do mundo moderno
- Biocracia das ciências humanas
- A vocação teocrática da medicina moderna

COMO NASCERAM ALGUMAS ABERRAÇÕES DA "CIÊNCIA MODERNA" (OU IDEOLOGIA BIOCRÁTICA)

“Lendo uma história da Fisiologia, verifica-se que os seus pioneiros foram teólogos, padres, curas, bispos ou vigários.
"Parece assim explicada a vocação teocrática ou inquisitorial, da (chamada) Medicina Moderna.”


26/Fevereiro/1974 - Em 1944 era entre nós a época do "serviço cultural" prestado por livros enciclopédicos por diligentes editoras ao serviço da vulgarização científica. Célebre, neste contexto, foi a Biblioteca Cosmos dirigida pelo Prof. Bento de Jesus Caraça, de quem nunca será despropositado lembrar a célebre polémica travada, na revista Vértice, com António Sérgio.
A editorial Inquérito dava muita importância à difusão científica, na qual acreditava poder alicerçar-se uma mentalidade moderna e materialistas em oposição aos vícios mentais portugueses, vícios cujo principal analista já era nessa época o referido ensaísta António Sérgio. Muito activa ao serviço da cultura e da democracia, a Inquérito publicava na sua colecção "Biblioteca de Iniciação Médica" a obra de um medíocre autor italiano, A. Mosso, sobre "A Fadiga Intelectual e Física”.
Se a vou exumar numa breve e sumária análise de inventário, não é tanto pelo conteúdo mas porque exemplifica algumas "questões de método” interessantes e porque me parece conter, nessa perspectiva, alguns ingredientes típicos de uma mitologia que, vigente na época, ainda hoje é a ideologia dominante da ciência - a Sofistica - não só entre nós mas em vastas zonas do Mundo, incluindo Europa, colonizadas pelas academias e universidades europeias.

A FADIGA HUMANA

Para nos falar da fadiga humana, A. Mosso estende-se num longo e fastidioso intróito (que ocupa quase metade do volume) sobre o voo das aves (quando não sobre rãs estendidas na mesa de observações) , gabando-se do seu "laboratório", um terraço onde procedia a observações dessas aves. A columbofilia teria beneficiado imenso com as investigações do sábio.
Como se vê, essa observação "científica" parte de um princípio discutível, logo transformado em sofisma se o mantivermos sem discussão: A. Mosso estava persuadido de que as aves migradoras que vinham do Norte de África e de outro lugares afastados, haviam de chegar ali, ao seu terraço, "cansadas".
Aplicando às aves um conhecimento empírico do que sucede aos homens, não se sabe de onde tira ele este princípio, mas a verdade é que jamais o põe em discussão e lhe serve para toda a sua futura argumentação.
Veremos a seguir que , com o mesmo desplante, A. Mosso usará o princípio inverso: que é aplicar ao homem o conhecimento dos fenómenos observados em aves ou , de uma maneira geral, em animais. Mas mais completo ainda é quando a seguir verificarmos como esta vertente leva ainda a pontos de maior paroxismo: quando aplica ao homem princípios ou leis verificados no mundo inanimado.
Mas nessa época, tanto como na nossa, muita coisa era tabu e intocável no domínio da"ciência" : e muitos como ele, ontem e hoje, acreditam que o conhecimento do comportamento animal ou do mundo físico se pode aplicar, mutati mutandis, ao comportamento humano.
Típico vício metodológico de um positivismo bastante podre, é de princípios tecnocráticos" como esse animalismo que ainda estamos a viver(sic) hoje.

Outra peremptória asserção de A. Mosso diz respeito a uma obra que cita com grande unção religiosa:"De motu Animalium", de Afonso Borelli, obra onde se defendia a tese de que o animal é uma máquina,
(Desta tese, como se sabe, derivou aquela outra - hoje um axioma indiscutível, hoje um sofisma mais - de que "o corpo humano é uma máquina".)
Vangloria-se A. Mosso desta tese mecanicista:
"Creio não exagerar afirmando que as visões mecânicas que constituem a base da fisiologia moderna tiveram a sua primeira expressão na obra " De Motu Animalium" , do tal Borellí."
"Para o provar"- diz ainda A. Mosso - "basta lembrar a seguinte frase que se encontra na introdução desta obra: "As operações dos animais fazem-se por causas, instrumentos e razões mecânicas."
E conclui, vitorioso deste seu pan-mecanicismo: "Mesmo num livro moderno (sic), a concepção do mecanismo não poderia ter melhor expressão.”
A preocupação do moderno é patente no discurso de A. Mosso e a sua idolatria também. Tudo se subordina aos "avanços da ciência", a fisiologia divide-se rigidamente em moderna e antiga, enfim, há uma "Medicina de outrora" (atrasada, claro!) e a Medicina de Hoje (adiantada, de vanguarda, com maiúsculas ) .
É o critério "maratona de recordes", tão típico do Sistema e da sua mais querida, mais arreigada mitologia sofistica.
Mas A. Mosso é um belíssimo repositório dessa sofistica e vale a pena continuar debitando ao seu espólio, o que nele há já de literatura biocrática em estado puro, produto que já era de uma sociedade ideologicamente tão avançada como a Itália de Mussolini, a cujo governo ele agradece os favores prestados para as suas laboriosas investigações no terraço com aves...
Mas continuemos, que as cobaias e os bons espíritos encontram-se sempre.

BIOCRACIA E BIOCÍDIO

A transplantologia, os aditivos, os pesticidas, o hexaclorofene, os ciclamatos, os testes psicotécnicos, os adubos químicos, enfim, a tecnocratização da existência quotidiana não nasceram de um dia para o outro, não são de ontem nem de anteontem as suas raízes.
A mitologia do Biocídio (inseparável da da Biocracia), aceite hoje sem que ninguém pestaneje ou proteste, critique ou conteste, teve um longo processo de incubação, através de ilustres e eminentes precursores, vozes de assassinos que ainda talvez se ignorassem como tal mas que viriam a servir para pretexto e livro de texto dos que, não ignorando, imputam no entanto aos precursores e pioneiros as responsabilidades e as mãos sangrentas...
Porque não Borelli, que até faleceu, tão pia e cristãmente, "numa humilde cela de convento"?
Saber um pouco mais desse homem, a quem Mosso confia a responsabilidade da fisiologia mecanicista, pode ser bastante significativo a quem indague os princípios da arte e ciência de matar em que o século vinte é exímio.
Consultando uma Enciclopédia, é o tri-Larousse que nos tira de apuros:

" GIOVANNI Borelli - sábio italiano (Nápoles 1608 -Roma 1679). Eminente matemático, estudou a fisiologia do movimento (contracção muscular, voo das aves), a física (capilaridade) e a astronomia (noção da atracção universal).'"
Na sua singeleza, eis uma informação que nos diz muito de importante para o que aqui nos importa: indagar as raízes da Sofistica século XX.
Homem impregnado de matemática, de física, de capilaridade, de atracção universal e, ainda para melhor, de teologia cristã, Borelli aplicou-se também ao estudo da fisiologia. Tinha que ser ou não um ágil exterminador? Extrapolou, generalizou, abusou: tinha que ser ou não um esplêndido precursor da Sofística hodierna?
Outros vieram, seguindo sem crítica (a ciência é sagrada, por isso respeita-se e adora-se) as lucubrações de Borelli. Se todas as idolatrias da ciência têm que entronizar um padroeiro, porque não há-de ser Borelli – a quem nem sequer falta auréola de santidade - um deles nas idolatrias da fisiologia?

AMANHÃ É MELHOR

Quando procura fundamentos na antiguidade clássica, o Alopata vai quase sempre buscar Galeno, omitindo ou depreciando Hipócrates. Assim faz Mosso - o nosso autor -também aí não se afastando do que qualquer outro bom mosso da sofística moderna faria.
"Sabia-se já, no tempo de Galeno" - escreve - "que os nervos partem do cérebro e da medula espinal e , que à maneira de cordões, a substância branca põe o cérebro em comunicação com os músculos."
A tradução do livro que estou comentando vem assinada por Luís Carpinteiro, que se intitula médico, mas não deve ser à péssima qualidade do tradutor que se deve o esquematismo pueril daquela definição.
No auge de um cripto materialismo, Mosso não deixa de frisar os preconceitos que, porventura, tinham atribuído a causas "metafísicas" o voo das aves:
"Entretanto, rejeitou-se a hipótese de se tratar da actividade de uma faculdade imaterial, ou de espíritos aéreos; é necessário admitir que alguma substância material se transmite dos nervos aos músculos, ou que se comunica uma comoção, a. qual pode produzir a distenção dos músculos, num abrir e fechar de olhos."
A registar disto, sem falta, é a crença - tão viva no nosso autor - de que todo e qualquer sofisma que venha para substituir anacrónicas concepções metafísicas, é forçosamente bom e inquestionavelmente melhor.
A questão de método a sublinhar aqui é que, ontem como hoje, os ingredientes que vieram substituir as metafísicas, são quase sempre piores do que elas próprias. Eventualmente, mais metafísicas ainda são, regra geral, as pretensas anti-metafísicas como a do materialismo mecanicista.
Eis o que não deverá nunca esquecer-se, neste pântano que é a Sofistica Moderna,

O SENSORIAL É O MATERIAL

O sensorial confundido com o material ("só é matéria o que afecta os clássicos cinco sentidos") é como se sabe um conceito ainda hoje corrente nos melhores representantes da sofistica oficial (da "ciência moderna"), e as consequências que isso tem sobre o tratamento que o não material (não sensorial), que o humano recebe é, em resultado daquela arreigada doutrina, da ordem para-fascista mais pura.
Esquecendo-se que há outros sentidos além dos cinco, o referido materialismo peca não só por defeito mas também por excesso.
Conclusão a tirar: a doutrina que ontem se supunha menos reaccionária - simplesmente porque menosprezava o invisível, o impalpável, o não sensorial e apenas admitia a existência de cinco sentidos quando provavelmente o homem dispõe de uma boa dezena deles - viria a desembocar na mais virulenta manipulação fascista do humano.
Quando entre nós a Inquérito publicava um livro como o de Mosso - com o seu materialismo de carregar pela boca - a convicção era de que se estava a prestar um incalculável serviço à cultura progressista e democrática da Grei.
E no entanto... já na altura António Sérgio se envolvia em polémica a demonstrar que não, e que tal engano nos acabaria por sair ainda mais caro do que todos os outros.

VANTAGENS ENCICLOPÉDICAS DE BORELLI

Claro como água (suja) é o senhor Mosso quando indaga as vantagens enciclopédicas do senhor Borelli:
" Tendo reconhecido que todo o edifício da fisiologia tinha de ser refeito e que a velha (sic) medicina não tinha uma base cientifica, A. Borelli procurou dar-lhe um fundamento seguro com as matemáticas , a química, e a física experimental, porque - dizia ele, "a base das operações da natureza é a anatomia, a física e as matemáticas.”
Mas lá porque um senhor Borelli, vigário e prior, se lembra de o dizer, e outros Borelli subsequentes de o repetir como papagaios, não quer dizer que seja, ó alminhas bentas.
Era um insatisfeito o padre Borelli:
" Enquanto traduzia Euclides, descobre a lei da queda dos corpos e a teoria mais importante da atracção e repulsão; estuda a digestão nos animais, constrói o primeiro heliostato e começa estudos sobre a capilaridade."
De estômagos omnívoros como o seu é que nasceu esta pantagruélica, insaciável Sofística do século XX.
Happy end relatado por Mosso:
“Malpighi, que era já célebre nesta época, quis ser discípulo de Borelli, assim como Lorenzo Bellini."
E de discípulo em discípulo, foi a consagração da consumação da instauração
É o próprio Mosso que diz:
"Para nos servirmos de uma comparação grosseira, podemos dizer que os nervos são uma mecha ou como uma série de grãos de pólvora apertados uns contra os outros, desde o cérebro a té aos músculos.”
Grosseira não era só a metáfora, valha-nos são Pangloss, advogado dos que riem e de. todos os pobres de espírito. Grosseiro era o critério básico, que presidia às lucubrações de Mosso, que, para se tranquilizar, usava do relativismo, típico da sofistica para-científica:
“Esta concepção é aquela que, no estado actual da ciência, parece mais provável," (sublinhado meu).

O ALEATÓRIO

À conta do "estado actual da ciência" (que é sempre um estado, por definição, atrasado, em relação aos "grandes progressos" previstos para depois de amanhã à tarde) é que todos os erros, abusos e crimes têm sido admitidos.
Ainda estamos numa fase atrasada , ainda sabemos pouco, ainda não chegámos ao zénite,": e com este aleatório é que enriquecem as indústrias destinadas a explorá-lo como uma das maiores fontes de lucro, as indústrias destinadas a explorar o que de aleatório existe num sistema instaurado sobre o culto do provisório (do aleatório mesmo).
Outro pedacinho delicioso do nosso fisiologista:
" É notável que Borelli, afirmando uma coisa que não tinha visto, porque lhe faltavam os microscópios que nós temos hoje, se tenha aproximado tanto da verdade."
Esta gracinha é, no fundo, apenas o inverso da anterior mas funciona com. a mesma desenvoltura para cavar o fosso do aleatório: "nós temos hoje o aparelhinho que ontem não havia” é a fraseologia inversa desta outra: "nós hoje ainda não temos o famigerado aparelhinho que há-de aparecer amanhã fabricado por uma das muitas providenciais indústrias que estão cá para isso mesmo”.
A industriocracia tem aqui um dos seus pilares fundamentais.
Mas isso é o que nunca podem ver estas pobres cabecinhas de microscópio que confundem ampliação óptica com "saber mais" ou "mais ciência" !

EM PROL DA CIÊNCIA MODERNA

No discurso de Mosso em prol da "ciência moderna" não tarda o ídolo que acompanha sempre aqueles outros (o mecanicismo e o pseudo-materialismo sensorialïsta): o do experimentalismo.
Contra o saber teórico (como se houvesse e pudesse haver outro): os factos, os eventos .
Este eventicismo expressa-o Mosso quando proclama as preclaras virtudes de um outro investigador seiscentista, Nicolau Stenon, bispo, vigário apostólico e que morreu em cheiro de santidade:
"Os trabalhos de Stenon" - afirma o panegirista – distinguem-se dos seus precursores pela crítica severa e impiedosa que faz das doutrinas que não eram apoiadas em factos escrupulosamente observados."
Há lá coisa mais actual do que a "adoração dos factos":
O próprio Stenon, embora bispo, gabava-se do seu vezo "materialista" com jactâncias deste jeito:
"Alguns crêem que as causas dos nossos movimentos são espíritos animais, a parte mais subtil do sangue ou o seu vapor, ou o suco dos nervos; mas tudo isso são palavras e não experiências.” (sublinhado nosso ).
Bispos e não bispos, a palavra "experiência" empolgava este renascentismo seiscentista. É Mosso que acentua o "renascimento" das figuras desse século de luzes:
"Os homens célebres (sic) desta época diferenciaram-se dos sábios modernos sobretudo pela universalidade do seu saber e pela aptidão que mostravam em cultivar os ramos mais diferentes da ciência. Stenon, que escreveu um livro imortal sobre as glândulas e que foi um fisiologista e um zoologista, foi também um geólogo. Foi ele quem demonstrou experimentalmente que o cristal é a forma típica da matéria inorgânica e estabeleceu as primeiras leis da cristalografia."

Estupendo. Este ecletismo do bispo é uma maravilha e os vários violões que tangia a prova do seu multímodo bojo de polígrafo talentoso. Se virmos melhor, é desse ecletismo, deste renascentismo à Leonardo da Vinci, que nascem outras tantas aberrações da Sofística Moderna.

O facto de dedilhar diferentes ciências pode parecer, numa primeira instância, susceptível de levar a uma compreensão mais vasta, universal, filosófica, ecuménica da ciência. Aquilo que hoje se denominaria um esforço "multidisciplinar" que contrariasse o especialismo, o tecnicismo e a visão parcelarizante da realidade.
Ai de nós, porém, que não foi isso mas coisa bem contrária e pior o que aconteceu. E o que sucedeu foi um senhor que era geólogo, ou cristalógrafo , levar para as ciências humanas (que em si mesmo e enquanto tal são outra aberração - mas isso é matéria para espremer noutra altura ) os conceitos adquiridos naquelas e que logo nestas se avinagrariam em preconceitos: quer dizer, em sofismas; um senhor que era zoólogo, querendo aplicar os mesmos princípios em uso com os animais; ou um senhor que era albardeiro e sapateiro, defrontando-se com os instrumentos do seu ofício perante os "coisas" humanas, eis aí porque estamos num estábulo em vez de num habitat humano.
Já de si discutíveis enquanto ciências "separadas", o que as "ciências humanas" estão hoje, para pior, é dominadas pelo geologismo ( dos senhores Stenon de ontem e de hoje), pelo zoologismo (dos senhores Borelli de ontem e de hoje).
Mais ou menos sob o rótulo de "positivismo", essa tendência fisiocrática para estudar o fenómeno humano tem sido timidamente criticada: o que não impede de esse «humano» continuar dominado pelos princípios anti-humanos da geologia, da zoologia, da matemática, da economia, e etc

LAVOISIER E HELMOHOLTZ:DOIS GRANDES SOFISMAS

26/Fevereiro/1974 - Num registo um pouco diverso, é ainda no livro de A. Mosso que vamos encontrar exemplificadas algumas outras circunstâncias em que a famosa "ciência moderna" se revelou ser, afinal, um montão de aldrabices e de caríssimas ilusões.
Com ênfase redobrado, lembra Mosso os dois "grandes" princípios em que se apoia a fisiologia, a química, a física e tutti quanti.
"O primeiro, estabelecido por Lavoisier, é o princípio da conservação da matéria: (...) A massa da matéria fica eternamente imutável.”
E Mosso prossegue: "O segundo princípio é o da conservação da energia. Estas leis são o fio de Ariana que guia a humanidade na investigação do desconhecido” - diz Mosso, em frase de rendilhado recorte metafórico.
E é impossível não induzir imediatamente tudo quanto efectivamente devemos a esses dois "grandes princípios", a esses dois monumentais sofismas: convencidos de que a matéria é inesgotável, estamos em 1974 à beira de ver esgotadas as matérias-primas de que fizemos gasto e desperdício, convencidos de que "a massa de matéria fica eternamente imutável"; convencidos também (segundo princípio) de que a energia é eterna, estamos em vias de ficar de tanga, por falta de energias clássicas e mui problemática exploração das não clássicas.
Claro que aqueles princípios apenas afirmam o teor quantitativo, mas o logro, na ordem prática, residiu precisamente em que se tomou esse quantitativo à letra, como se ao qualitativo se referisse a lei da imutabilidade. A massa de matéria não se perde: o que se perde é determinada matéria qualitativamente diferenciada de outra. Mas foi confiados naquele conceito quantitativo que nos devotámos a desperdiçar qualitativamente a matéria que para efeitos humanos tínhamos à disposição, qualificada desta e daquela maneira específica.

AINDA LAVOISIER

Se é verdade que foi Lavoisier o primeiro a afirmar que "a vida é uma função química" e todos os progressos (sic) da fisiologia vieram confirmar esta concepção, então a Lavoisier e seus capatazes temos de agradecer mais uma aberração da Medicina, da Biocracia dita moderna: o que a química fez, está fazendo e continuará a fazer para manipular e corromper o fenómeno humano, com o consentimento pleno - evidentemente - de todos os progressistas, amantes da ciência e de Lavoisier.



HARVEY HÁ 345 ANOS
O PRINCÍPIO DO FIM

Os ditirambos à santa ciência, têm ontem e hoje a mesma impertinência, e ler uma história d a ciência é agoniar-se a gente de hiperbólicas, indigestas catilinárias deste estilo: “ Na segunda metade do século XVII, a filosofia experimental tinha feito tais progressos (!), graças aos trabalhos de Galileu, que os seus discípulos conceberam a esperança de aplicar os princípios das ciências novas (sic) ao estudo de toda a Natureza (sic, sic). Esta época foi a mais bela da renascença científica, e com o livro de Harvey sobre a circulação do sangue, publicado em 1628, começa a Medicina Moderna."
Começa a Sofística Moderna. Inauguração de arromba, não haja dúvida, segundo "os princípios das ciências novas", que já vimos quais eram.
Mas quem disse a estas galinholas, a estes bisnetos de Galileu, que os "princípios das ciências novas”eram assim permutáveis, aplicáveis a qualquer careca? Quem?
E porque havemos nós de estar ainda a pagar, 345 anos depois, as blenorragias mentais de todos os senhores Harvey e seguintes ?
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