ORDER BOOK

*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-07-09

RUÍDO 1992

eh-r>diario>dicionar> esboços de ecologia humana

A INDÚSTRIA DO RUÍDO

9/7/1992 - O Ruído -- como caso especial de poluição -- é outro problema que não interessa ao sistema resolver. Ele é a máquina de alienar mais económica e eficiente, as próprias vítimas fornecem a mão da obra, visto que são elas a accionar as fontes produtoras de ruído. O ruído -- como estado de superintoxicação psíquica -- é portanto um viveiro de indústrias a manter. Os psiquiatras são apenas uma das muitas classes que ganham com o ruído. Seguem-se os farmacêuticos. E, de uma maneira geral, todas as clínicas ligadas a doenças do foro neurológico e psiquiátrico. Nenhum governo vai acabar com o ruído.
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APOCALIPSE 1992

apocalip>diario>ideias>- n.a.- linhas de investigação - a minha linha de rumo - ideias para a nova idade de ouro

A CIÊNCIA OCULTA DO APOCALIPSE ESTUDA OS FACTOS-SÍMBOLO OU FACTOS-SINAL DOS TEMPOS

9/7/1992 - Num dossiê intitulado «Notícias do Apocalipse», arquivam-se centenas de acontecimentos dos quais é possível fazer uma leitura ecológica sistemática, obtendo através deles as linhas constantes e permanentes dos últimos 30 anos.
No nosso tempo de apocalipse, a ciência faz-se no grande laboratório do Mundo: isto é ecociência.
Muitos factos não são apenas factos na dimensão histórica: são sinais na dimensão metahistórica.
A mãe que, num cabo da costa portuguesa, afoga a filha de três anos, pode ser considerado um facto do foro psiquiátrico, sociológico, económico, etc., e até um facto kármico; mas também pode ser:
um facto-sinal
um facto-aviso
um facto-mensagem
um facto-cifra
um facto-símbolo

que tem de ser lido como peça do «puzzle» e que, por comodidade de estilo, se chama apocalipse.
Quando a ciência é a responsável nº 1 pelos factos mais bombásticos desse Apocalipse, é evidente que se trata agora de uma ecociência ou ciência iniciática, ou ciência das significações ocultas e simbólicas.
Há factos que temos de interpretar: é esse o trabalho dos ecocientistas e dos ecopensadores de hoje.
À merda, pois, a ciência académica que apenas continua dizendo «amen» aos fabricantes e autores do apocalipse.
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VIA MACRO 1992

satillar-2>diario>

NINGUÉM ESTÁ INOCENTE

9-7-1992- Ninguém está inocente das doenças que tem.
Após a cura de Satillaro - em 15 meses de macrobiótica - já ninguém pode hoje alegar ignorância.
Após 8 seminários de Michio Kishi em Lisboa, após 12 restaurantes a funcionar, só na área de Lisboa, após a publicação em português de duas dezenas de livros e de um periódico que se chamou «Jornal da Via Macrobiótica», já ninguém pode hoje dizer que desconhecia e, por isso, adoeceu.
Ninguém está inocente das suas próprias doenças.
Curar é fácil, e prevenir ainda mais. Difícil é vencer a opacidade estúpida e arrogante, a inércia da asneira, os interesses e monopólios da indústria alimentar que mata, a fraude publicitária e a mentira dita científica.
A verdade não está só nos livros, nem está principalmente nos livros. Depende essencialmente dos olhos puros e sem preconceitos que queiramos abrir à maravilhosa e poderosa Ordem do Universo. Cujas leis teimamos em não respeitar. Em não conhecer. Em ignorar.
Porque sabemos demais das ciências que temos.
+
1-1 - 92-07-09-ls> leituras selectas do ac - 1084 caracteres - zenalim>diario> frases>antologia do disparate>

9-7-1992

Em artigo do «Le Nouvel Observateur», reproduzido por «O Jornal» [?]escrevia-se sobre o yin-yang alimentar o seguinte passo de antologia:
«Maio 68. A China, os Beatles e os «hippies» estão na moda. As dietas acompanham essa moda. Os filhos revoltam-se contra os pais, que queriam obrigá-los a comer para crescerem. E determinam: fora com a sopa, o chouriço, a carne de porco, todos os pratos reaccionários! Viva a alimentação que equilibra o nosso yin profundo com o nosso yang subconsciente.
A dieta zen, que vem directamente do Oriente misterioso, é constituída por 70 a 90 por cento de cereais e 10 a 30 por cento de legumes, regados com uns goles de água pura de tisana ou temperados com um fio de azeite. Vantagem: o consumo de calorias é praticamente nulo, a monotonia dos pratos tira o apetite ao mais comilão. Inconvenientes: carências de proteínas, vitaminas, cálcio, ferro. A pessoa não emagrece, mas sofre de carências alimentares. Por vezes essa desnutrição provoca alucinações interessantes.»
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SISTEMA 1987

sistema-8> os dossiês do silêncio – o sistema contra os ecossistemas – definição do eco-realismo – inédito ac de 1987

AS CONTRADIÇÕES DO SISTEMA (CONTINUAÇÃO)

- Onde estão os ecologistas para pôr à mostra as tripas do sistema?
- Ciências do Direito às toneladas e direitos humanos mais elementares sistematicamente violados
- Ciência médica às toneladas e cada vez mais doentes, mais doenças, e mais incapacidade para as combater

9/Julho/1987 - Caçador de contradições, o adepto do realismo ecologista contenta-se com essa missão de carácter venatório, pouco mais ambicionando como título profissional.
É que, surpreender o sistema nas suas próprias auto-negações, é contribuir para o esclarecimento definitivo do quadro, de molde a que as pessoas saibam a mentira que as governa.
Hoje mesmo, 9 de Julho de 1987, em anúncio da Universidade Católica de Lisboa, fico estarrecido com os progressos já conseguidos pelas ciências do direito.
Um país onde, hora a hora, os direitos mais elementares da pessoa humana levam pontapé de partir,
Um país onde as vítimas olham para o carrasco com o ar de quem agradece à Virgem Nossa Senhora a benção de ser vítima,
Um país onde todos os responsáveis não respondem,
Um país onde a violação de direitos e a violência das autoridades enchem mais de 80% da crónica diária nacional,
Um país onde o sado-masoquismo de explorador-explorado encontra matéria-prima macia como manteiga para meter o dente,
Um país onde a luta do cidadão pelos seus eco-direitos contra a prepotência da Instituição em geral e do Estado em particular, é capítulo paradoxalmente omisso de movimentos alegadamente ecologistas , verbi gratia os ditos verdes,
Enfim, num país de anedota e delinquência senil galopante do poder instalado,
eis que a Universidade Católica propõe uma batelada de ciências do Direito, como se na vida prática o português estivesse abarrotando de direitos consagrados, de leis protectoras do mais fraco, de justiça e de equanimidade!
A caricatura é a mesma, relativamente a outros arranha-céus da ciência contemporânea: já pensaram porque há doentes, aos milhões e cada vez mais, face aos milhares de tratados, volumes, escolas e universidades que ensinam a mais requintada ciência médica?
Realismo ecologista é apenas o vício de estender o dedo a estas e outras abjectas contradições, dizendo "basta" aos sofismas e mentiras que continuam interminamente adiando a resposta cabal e clara à pergunta elementar: para que servem afinal tantas ciências e tantos progressos, se o panorama é o que se sabe?
Depois de promessas e adiamentos, durante tantos anos, realismo ecologista é aquele pensamento que decidiu dizer basta às abjectas contradições de um sistema homicida, empenhado em lavar os cérebros até às calendas para que a gente todos reconheça a sua excelência embora continuemos a ver só miséria.
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ENGRENAGEM 1981

sistema-6> os dossiês do silêncio – a engrenagem - o ciclo vicioso - a lógica da destruição ecológica – inédito ac de 1981 - a escalada – teses de 5 estrelas AS

LÓGICAS SECTORIAIS - MAIS ALGUNS EXEMPLOS RECENTES

[9-7-1983]

Agosto de 1981 - A complexidade dos Macro-sistemas e sua inerente fragilidade foi claramente posta em evidência pela greve dos controladores aéreos, nos EUA, em Agosto de 1981.
Inevitavelmente , evocamos o célebre ensaio de Roberto Vacca sobre a ingovernabilidade dos sistemas.
Terão calculado os controladores aéreos as consequências que iriam desencadear no intrincado e complexo “ecossistema” onde os aviões desempenham um papel fulcral?
Pensaram eles nas questões de segurança que iriam criar?
A reacção defensiva que iriam provocar em outros controladores e aeroportos do Mundo?
Teriam eles a noção de que a sua greve (a sua lógica) poderia paralisar o tráfego aéreo mundial?
A inter-relação dos vários factores que integram um ecossistema estaria presente na mente dos que promoveram a greve?
E a pergunta impõe-se: grande parte das acções verificadas no Mundo actual - onde a guerra dos lógicas particulares que se digladiam entre si pode conduzir à destruição ecológica do Planeta - não serão, na perspectiva do ecossistema, cegas?
O factor "segurança" , sempre presente nas notícias sobre a greve dos controladores aéreos, é claro factor de que todo o complexo processo desencadeado num complexo ecossistema pelas lógicas particulares desemboca fatal, necessária e objectivamente num processo ecológico.

AS LÓGICAS SECTORIAIS CONDUZEM À CATÁSTROFE

A tónica que se deve retirar destes dois acontecimentos da actualidade mundial - greve dos controladores aéreos, nos Estados Unidos e luta de trabalhadores franceses contra a decisão governamental de "congelar" a construção de centrais nucleares - é a dissonância flagrante, o choque frontal existente entre os justos interesses dos trabalhadores e os não menos justos interesses ou direitos que esse tipo de actuação (sectorial ou corporativa) vai pôr em causa e em risco.
Neste contexto é de evocar uma outra actuação - a tomada de reféns norte-americanos em Teerão - que, como se sabe, pôs o Mundo à beira da guerra nuclear.
É nesta acepção que a formulação ecológica dos problemas se pode tornar incómoda, impopular e difícil de defender em termos de esquerda.
Devemos ter a consciência disso: como e até onde a consciência ecológica dos problemas vai colidir com a consciência e a luta de classes em sentido tradicional.
Mas o supremo patético desta suprema contradição é que toda a vida e toda a Espécie Humana está suspensa de um tipo de actuação sectorial e restrita - de uma certa lógica abstracta - semelhante àquelas.
Pior ainda: a vida e a sobrevivência do Homem está suspensa de um computador que eventualmente se possa avariar.
A questão ecológica - perante a lógica particular do sistema informático que pode desencadear, sozinho, o holocausto nuclear - seria a questão de fundo se - suprema e risível contradição - as lutas, os interesses, as lógicas sectoriais e abstractas não se sobrepuzessem, exactamente porque são, em si mesmas lógicas, a essa questão de fundo.
A teimosia de um Komeiny, a chantagem de um Reagan, a idéia fixa de um Brejnev, a má disposição de um computador do Pentágono podem desencadear um holocausto.
É esta fragilidade da lógica actual a fonte de todo o Terror. Terror lógico, sem dúvida. E que muitas vezes se reivindica de esquerda, ao serviço da classe operária.
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OCDE 1992

ocde > diario73> índice de radicalidade ac - ***** - inéditos ac de 1992 – diário de um idiota

QUALIDADE DE VIDA NAS METAS DA OCDE - COMO A REALIDADE DESMENTE A BOA INTENÇÃO DOS POLÍTICOS

9/7/1992 - Divulgadas em Julho de 1973, as metas teóricas para a felicidade dos povos continuam hoje, apesar de todo o crescimento económico e industrial, mais longínquas do que o eram nessa altura.
Serve esta repescagem de metas enunciadas há quase vinte anos, para evidenciar que a felicidade dos povos é possível, mas não através dos métodos e modelos de desenvolvimento propostos pela ideologia tecnocrática.
No entanto, é essa ideologia que continua a ser aplicada para convencer os eleitorados a manter e prorrogar o sistema de exploração chamado «desenvolvimento industrial». Se alguma coisa tem que mudar, é certamente nesta «ideologia do crescimento», nesta ideologia «desenvolvimentista» que elas terão radicalmente que mudar.[repescagem em 20/9/1990]

A lista de 24 «preocupações sociais» comuns à maioria dos países membros da OCDE e que têm ou poderão vir a ter importância para a política económica-social dos governos, é a seguinte:
Saúde - Probabilidade de viver de boa saúde ao longo de todo o ciclo de vida. Efeitos sobre as pessoas dos atentados à saúde.
Personalidade - Aquisição pela criança de conhecimentos, métodos e valores necessários ao desenvolvimento da sua personalidade e ao futuro exercício das responsabilidades de cidadão. Meios disponíveis para assegurar o desenvolvimento da personalidade pela educação e utilização efectiva que deles faz. Cultivo e desenvolvimento, em cada ser humano, de conhecimentos, de métodos e de disponibilidade adequados a permitir-lhe - se o desejar - uma participação em melhores condições na vida económica. satisfação sentida pelo indivíduo no decurso do processo de educação. Preservação e enriquecimento da herança cultural enquanto elemento da qualidade de vida dos seus membros dos diversos grupos sociais.
Emprego e trabalho - Possibilidade, para aqueles que o desejem, de ascender a um emprego lucrativo. Qualidade da vida de trabalho. Satisfação dada ao indivíduo pela vida de trabalho.
Tempo livre e descanso - Possibilidade de escolher efectivamente o emprego do tempo.
Bens e serviços - Possibilidade de dispor pessoalmente de bens e serviços. Número de indivíduos materialmente desfavorecidos. Grau de equidade na possibilidade dos bens e serviços públicos e privados. Protecção dos indivíduos e das famílias contra os riscos económicos.
Ambiente físico - Condições de habitação. Exposição da população a matérias poluentes nocivas e ou desagradáveis. Vantagens colhidas pela população da utilização do ambiente físico e da sua valorização.
Segurança - Formas de violência aberta ou lavrada sofridas pelos indivíduos. Carácter equitativo e humano da aplicação das leis. Confiança na maneira como é exercida a justiça.
Participação - Grau de desigualdades sociais. Participação na vida colectiva e nos processos de decisão.
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SABEDORIA 1992

slogans> - anexins para a nova idade de ouro

A SABEDORIA DA SIMPLICIDADE

9/7/1992 - Evidências, postulados e evidências definem uma filosofia do bom senso para o terceiro milénio. É o retorno à sabedoria da simplicidade, à simplicidade da sabedoria. Estamos a contribuir para a Nova Idade de Ouro e devemos sabê-lo. Sem remorsos nem remoques. Quem está morto e pertence irremediavelmente ao passado que fique por lá.
Faz bem aos que esperam e constroem, recordar alguns slogans, palavras de ordem e anexins que o movimento holístico tem vindo a proclamar no meio da algazarra moderna e dos sofismas mediáticos. Ecologia humana e holística, medicinas naturais, saúde, profilaxia, são apenas afluentes do grande rio:
A arte de ser jovem em qualquer idade
A tua saúde depende de ti - a doença depende do médico
A tua saúde depende de ti - maior responsabilidade dá maior liberdade e maior liberdade dá maior responsabilidade
Ajude-se, ajudando o Jornal do Gato
Alternativa ao poder médico - abertura às ecomedicinas
Alternativas ecológicas, alternativas de vida - a saída que propomos às novas gerações
Aprender a comer, para aprender a viver
Artes de curar ao alcance de todos
Concepção ambiental da doença - Um passo decisivo no progresso do diagnóstico, profilaxia e terapêutica
Ecologia humana - ciência angular da sociedade moderna
Estudantes e professores de saúde - unir vontades para a meta comum
Faz do teu alimento o teu medicamento (Hipócrates)
Greve aos produtos químicos, às poluições alimentares e aos consumos perigosos
Informação ao consumidor, um seguro de saúde
Não somos um negócio, somos um serviço de utilidade pública
OMS: Novos ventos sopram de Genebra para a política ecológica de saúde?
Para um diálogo entre todas as correntes terapêuticas e teorias da saúde
Quem consome saúde, aforra dinheiro; quem gasta em saúde, poupa em dinheiro; quem consome em saúde, não perde dinheiro
Regresso ao médico de família: uma aposta na reumanização?
Saúde, alternativa à medicina
Segurança social para os tratamentos naturais - um direito que a Constituição consagra e o Estado não cumpre
Tratamentos naturais com produtos de qualidade
Um movimento de vanguarda pelo direito à saúde
Um projecto de vida hoje para as gerações de amanhã
Vale mais curar do que tratar e vale mais prevenir do que curar
Vamos dinamizar o movimento pelo direito à saúde
Vamos todos fazer autocrítica para uma cura de humildade
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ILLUMINATI 1990

julho9> adiario>intuições> - ideias-força de eh

OS SINTOMAS QUE SE ETERNIZAM PORQUE DÃO LUCRO

Lisboa, 9/Julho/1990, 5 horas, segunda-feira - Se um dia, por artes mágicas, ou porque um laboratório científico finalmente acertava na muge, ou porque Deus queria (finalmente), desempenhando o papel de bonzarrão, fazer a humanidade feliz, ou por qualquer conjuntura do acaso, se um dia fosse descoberta a fórmula da Felicidade, mesmo relativa, imediatamente ela seria omitida e escondida pelas forças ocultas que velam pela sua própria subsistência e dominam o Mundo, eternizando o infortúnio da humanidade.
E, tudo isto, pela clara e simples razão de que essas forças que dominam o Mundo, o fazem exactamente baseadas na infelicidade, na injustiça, na doença, na miséria, na exploração do homem pelo homem, na pobreza, na alienação, no cancro, na marginalidade, na toxicomania, no bairro da lata ( ver lista negra de todos os sintomas que se eternizam).
A própria ideia de que seria possível resolver os problemas básicos de carência e ignorância, tornar-se-ia de imediato subversiva e, portanto, automaticamente proibida.
Dou o exemplo com a célebre «cura do cancro». O cancro, hoje, já é curável pela medicina metabólica, e não há nenhum motivo para que o não seja. No entanto, os terapeutas que fazem os tratamentos metabólicos ( aliás simples, aliás óbvios) para curar o cancro, trabalham numa semi-clandestinidade (que, embora dourada e bem paga, não deixa de ser clandestinidade).
Portanto, a única maneira de fazer passar hoje a mensagem que dê aos homens a esperança das técnicas para a sua autolibertação , é sob a forma de «politic-fiction»...
É preciso continuar a «explorar» a doença, a morte, a ignorância, o pesadelo urbano, o tráfego congestionado, a toxicodependência (ver lista do terror e do tecno-terror), enfim, toda a sintomatologia, porque a sintomatologia ( e não a causalidade científica, seu oposto lógico) é que rende dividendos, é que dá fabulosos lucros.
Dizer que o mau hálito é produto de antibióticos e da (consequente) má flora intestinal, é verdade e resolveria o mal pela raiz, mas não dá lucros a ninguém.
Mas se se disser que o mau hálito é produto de dentes lavados com a pasta dentífrica A, X ou Z, então é todo o cenário de pastas dentífricas, o produto que dá mais fabulosos lucros a maior número de multinacionais da cosmética, que levam a vida prometendo debelar o mau hálito que pura e simplesmente os antibióticos e outros destruidores da flora intestinal levam a vida provocando. Sem que jamais pasta dentífrica alguma consiga repor o mau hálito que os antibióticos provocaram.
É claro que o jornalista não pode fazer passar esta mensagem para lá dos 20 mil exemplares de tiragem. Por isso as ideias como esta, que poderiam contribuir, muito pratica e pragmaticamente, para uma relativa felicidade das pessoas ( e são muitas, e são todas as ideias de eco-alternativas e tecnologias de auto-suficiência), só podem assumir a forma de «ficção narrativa» em um mundo «utópico» que de facto e decididamente ainda não é este. Mas que está, curiosamente, a um dedo das nossas mãos, a um passo dos nossos passos...
Tornando-se inverosímeis, relevando do absurdo, classificando-se de «utópicas», as ideias mais fulgurantes e realistas, portanto, passam automaticamente para o campo da « politic-fiction», ou então não passam.
Esta mesma tese é defendida, sob a forma semi-ficcional, na espantosa obra «O Livro dos Illuminati», de Robert Anton Wilson, espantosamente editada em português pela Via Óptima, do Porto, e espantosamente ignorada da crítica neo-zelandesa que abunda nos areais sem fim dos «media» portugueses.
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LISTA NEGRA 1992

terror-1> desastr> I.T. os dossiês do silêncio – as listas negras

A DESASTROSA SOCIEDADE INDUSTRIAL

9/7/1992

Oleodutos
gasodutos
gasómetros
marés negras
explosões
petroleiros gigantes
plataformas submarinas
camiões-cisternas
veículos longos
perfurações petrolíferas

ZONAS NEGRAS
la hague
pacific fisher
fossa atlântica dos açores
gorleben(rfa)
estarreja
sines
barreiro
seixal
almaraz
souzelas
cacia

INSTALAÇÕES
central nuclear
paiol
passagem de nível
cimenteira
celulose
petroquímica
siderurgia
matadouro
aviário

MEGAPLANOS
alqueva
cártamo e girassol
tabaco
plano siderúrgico
eucaliptação
prospecções petrolíferas
urânio
gasoduto soviético


PRODUTOS
tricloroetileno
ruido
nitrosaminas
salmonelas
dioxina
mercúrio
flúor
chumbo
fumos negros
dióxido de carbono
cádmio
fosfatos
cheiros nauseabundos e tóxicos
lixeiras selvagens
colibacilos nas praias
aceklleras, eascape roto
resíduos de 'plásticos
nafta, mazute
bang supersónico
telefonemas anónimos
éscutas telefónicas
aldrin nas cenouras
chumbo na gasolina
fumos negros dos escapes
paratião na agicultura
milraz nas uvas a batatas
mercúrio
chumbo
agente-laranja sobre os vietnamitas
coca-cola para a juventude sossegar
amianto para romper os pulmões dos operários
monoglutamato que cria pequenas disfunções nos futuros fetos
pílula que não provoca o cancro da mama e muito menos o do cérebro
antibióticos que são a estrada real para a deficiência imunitária
stress
ruído
trabalho
concentracionário urbano
instabilidade social e política
greves contra o cidadão
estrogenos na alimentação para bebés
corantes químicos
hormonas na carne de vaca
ddt no leite humano
sacarina e ciclamatos
aflatoxinas
nitratos
micro-ondas
aditivos
conservantes
córantes
refinados
amianto
asbestos
radiações
aerosóis
cosméticos alergenos
detergentes
dioxina
formaldeído
orobronze
sprays
policloreto de vinilo
desifestantes químicos
sermanais vídeo
fotocopiadoras
conversores catalíticos
desinfestantes químicos
terminais vídeo
tampões higiénicos
escavadoras mecânicas
soda cáustica
fotodieldrina
schradan
anidrido arsenioso
aerosóis
insecticidas domésticos
bilhas de gás butano
xilofene
propileno
clorofluorcarbono
répteis infláveis
cloro na água de beber
cianeto de potássio
nuvens radioactivas
ddt
receptor de televisão
bicloreto de etileno
lampadas fluorescentes
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F. ALBERONI 1992

1-2 - 92-07-09-leituras – ideia ecológica - 7036 caracteres - alberoni>diario>9-7-1992

9-7-1992

ALBERONI CONTRA BARBÁRIE TECNOLÓGICA - FILÓSOFO DO SENSO COMUM AINDA ALIMENTA POLÉMICA

Na lista dos livros que aguardam recensão noticiosa, o ensaísta e sociólogo italiano Francesco Alberoni tem prioridade de passagem.
«Best seller» da Bertrand, verdadeira galinha dos ovos de ouro para o editor que nele apostou, vê sucessivamente reeditados os seus títulos já traduzidos em português e sempre com renovado êxito. Acaba agora de sair a sua obra de fundo e de mais largo fôlego: «Génese».(*)
Mas se o pensador italiano caiu no goto do público, o mesmo não se poderá dizer das élites que, segundo parece, o detestam, sabe-se lá por que razões do inconsciente colectivo. André Lepecki, por exemplo, no jornal «Público», embora lhe dedique uma página, só vê equívocos, tautologias e truísmos no popular autor.
No jornal «O Independente», com aquela ligeireza tão nossa conhecida, D. Ana Isabel Bastos classificava o livro na habitual rubrica «O pior» e terminava a sentença com esta lapidar piada de caserna: «a obra magna da prosápia por este Júlio Roberto da filosofia». De prosápia, afinal, sabem, os jovens que, mal saídos das fraldas, começam a julgar a torto e a direito, donos do mundo e de quem cá anda.
Sendo Alberoni sociólogo de movimentos sociais e não de brotoejas individualistas como estas, lamenta-se que não venha a incluir nos seus estudos casos tão típicos e exemplares da nossa etnografia intelectual. Mas matéria-prima é o que não lhe falta na actual paisagem sócio-cultural portuguesa. Ele teria, como investigador de patologias profundas, boa matéria de análise nestas reacções do actual «pathos» criptocrítico e criptogâmico.
A reacção dos intelectuais de serviço a Alberoni pode significar não só uma certa «dor de cotovelo», mas um incómodo profundo às vagas de fundo que ele desvela. Assim como o medo guarda a vinha, guarda também a falta de talento e de ideias que pode estar por detrás dela.
Ora, Alberoni, que se limita a ensaiar hipóteses para definir teses que interpretem factos -- unicamente com o objectivo de encontrar aquilo que permanece para lá do que muda, a essência para lá das aparências, o universo para lá do diverso --, é claro como água, explica e simplifica em vez de complicar, tem ideias em vez de vender teorias.
Por isso, o estatuto de elite hermética não lhe gruda. Ora, tudo isto são motivos suficientes para o «gang» da chamada filosofia «hardcore» no activo não gostar dele. Como se sabe, a glória de muitos ensaístas faz-se exactamente na base de ninguém os (poder) perceber. Ainda hoje, nos círculos académicos da nossa «inteligentzia», a condição «sine qua non» de se passar por inteligente é ser ininteligível.
O que explica, muito boamente, as raivas contra Alberoni, que simplesmente se limita a pensar e a dizer, com clareza meridiana, para toda a gente entender -- e não só os entendidos ou especialistas -- o que pensou. Filósofo do bom senso e do senso comum? E vai daí? Quem decretou que era proibido?

FUNDAMENTALISMO ECOLÓGICO

Com esta sua obra de fundo, «Génese», Francesco Alberoni traça um quadro dos movimentos sociais através da história, não já e apenas numa focagem ensaística, monográfica e parcelar, mas de largo fôlego, global e sistemática, mostrando a árvore da abjecção contemporânea desde as raízes, pelo lado das correntes que se lhe têm oposto e resistido. Correntes que hoje confluem no «fundamentalismo ecológico»... Na ronda que efectua pelos movimentos de oposição e resistência que floresceram na Europa (e nem só) e para chegar, no último capítulo, à definição de ecologismo, o autor historia antecedentes e raízes culturais que o fizeram deflagrar (explodir).
Continua por definir o ecologismo como ideologia política, mas o livro de Alberoni dá um dos mais valiosos contributos. Depois de tantos ecoequívocos e ecotravestis, é a primeira vez que vemos um homem de pensamento inscrever o ecologismo no contexto cultural profundo que lhe pertence, como análise e discussão dos próprios conceitos de progresso e civilização: quer dizer, a ecologia como ciência subversiva de todas as ciências; a alternativa ecológica como tecnologia apropriada, limpa e nacional que torne obsoletas todas as energias e tecnologias pesadas e poluentes; o realismo ecologista como dialéctica que ultrapassa a utopia tecnocrática de partidos, ideologias e estratégias (de paz ou de guerra). Finalmente, a análise ecológica como crítica da barbárie tecnológica e uma proposta de civilização sem aspas.

OS «APANHA-BORBOLETAS»

Ecologistas, a esta luz, e como Alberoni os enquadra, deixam de ser os «apanha-borboletas», os «amáveis terroristas» e os «díscolos» que têm querido fazer deles (como as esquerdas estalinistas badalavam na década de 70); deixam de ser os «alarmistas», «utopistas», «reformistas» e «reaccionários» (infâmias que esquerda e direita, leste e oeste, lhes têm propincuado); deixam de ser as caricaturas que tecnocratas e economistas deles desenharam, para serem apenas o que são e o que sempre foram na profecia e na palavra dos seus precursores: a vanguarda cultural da civilização.
Conforme Alberoni torna transparente, o movimento ecológico sempre existiu, levando hoje esse nome «restritivo» a corrente de fundo que, através da história, resistiu, na clandestinidade, às vezes como ciência oculta, contra sevícias e desmandos do chamado progresso. Progresso a que alguns sempre chamaram «barbárie tecnológica», como hoje está aí à vista na perfeição científica e tecnológica conseguida pela guerra dos «ataques cirúrgicos».
Sempre houve movimentos que se opuseram à lógica de morte em nome de uma lógica da vida. Afinal o ecologismo não é nenhuma novidade. Verdadeiro ovo de Colombo, como Alberoni mostra com meridiana clareza, o ecologismo é mesmo feito de evidências e redundâncias. Mas, como dizia o romancista e dramaturgo suíço Max Frisch, falecido há semanas em Zurique, «estamos num triste tempo-e-mundo em que é preciso lutar pelas evidências».
À lupa dos ecologistas, já em 1973, no primeiro grande choque petrolífero, era óbvio onde a barbárie tecnológica nos levaria. Era óbvio o que iria acontecer.
Mas o fascismo tecnológico, aliado dos ecofascismos «verdes» que entretanto surgiram, como gigantescos travestis, preferiu amarrar as ecoestratégias, nomeadamente as energias limpas, calá-las, inutilizá-las, metê-las no gueto, deixando-nos estrangulados pela monodependência do petróleo.
Esta guerra (que foi a penúltima antes do apocalipse...) ficou com data marcada desde a crise do Kipur, em finais de 73. Queriam o quê? O que veio exactamente a suceder. Só não podem dizer que, desde 1973, ninguém avisou. Pelo preço (em vidas e genocídios) a que nos começa a ficar o petróleo, será que as mil energias e tecnologias limpas ainda não são rentáveis, como os Veiga Simão todos andaram a proclamar estes 18 anos?
E será que ainda não é o momento de fazer de livros como o de Alberoni o manifesto de uma nova civilização contra a barbárie?
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(*) «Génese», Francesco Alberoni, Bertrand Editora
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