edita-1>manifesto>gabinete de ideias> - mein kampf 1997EM DEFESA DA SAÚDE - A IGNORÂNCIA DOS GOVERNOS E A INDIFERENÇA DOS GOVERNADOS
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9/6/1997 - 1 - Técnicos de saúde em terapêuticas naturais deveriam ter-se começado a preparar para fazer face à invasão dos seus homólogos europeus, desde que em 1992 as portas ficaram abertas e vigente o direito de livre circulação de pessoas e bens no âmbito da Comunidade Europeia.
Mas à excepção do sempre imparável Reinaldo Baptista, que faz sempre mais por todos do que cada um faz por si próprio, não se verificaram grandes progressos na estratégia política seguida pela classe face aos sucessivos poderes e governos que continuam ignorando a medicina holística e respectivas terapias energéticas.
2 - Enquanto o movimento das novas e mais antigas terapêuticas assume hoje dimensão planetária, em Portugal o grupo dos principais responsáveis da chamada «saúde» finge que não nota, finge que não sabe, finge que não vê.
Não se elaboram leis que já deviam ter sido elaboradas há anos, ou elaboram-se leis do tempo da pedra lascada.
Nenhum movimento de progresso alternativo - ou nenhum movimento alternativo de progresso - parece sensibilizar os empedernidos responsáveis que temos, cada vez mais virados para um mundo e um modus vivendi que está morto e enterrado, do que para o próximo futuro que se anuncia e as alvoradas que - como se costumava dizer - já cantam.
Como caímos em tal mediocridade, quando os astros nos atribuem, como povo finisterra da Europa, um papel redentor já no próximo milénio, como profetizava o Prof. Agostinho da Silva, eis a questão que talvez só o ilustrado astrólogo Paulo Fernandes possa decifrar.
Eurocratas, burocratas e tecnocratas tomaram conta do País e da Vida. E das Alternativas de Vida à morte em que estamos, nada mais soubemos.
3 - O caso concreto das medicinas alternativas serve apenas de exemplo a um comportamento generalizado, por parte do poder, relativamente às alternativas de fundo que se esperam e necessitam para sobreviver e entrar de pé no Ano 2.000.
Em todos os campos onde a sobrevivência planetária depende das alternativas que forem criadas ao macrosistema que nos condena à morte no curto prazo, o poder político permanece mudo e quedo: não só não trava os planos megalómanos da destruição (em nome de um famigerado e mais do que condenado modelo de crescimento económico) como não mexe uma palha para recuperar alguns planos de ecoalternativas que até estiveram no terreno e que desaparecerem como por encanto nos últimos 10 anos de entorpecimento nacional.
O plano das energias renováveis é um desses silenciamentos que raiam o escândalo. Em contrapartida, prossegue o Plano Megalómano de Alqueva, um caminho, em linha recta, de suicídio nacional, beco sem saída e sem retorno que se teima em construir para as sacrificadas gerações de amanhã. Em nome do santo progresso e do santo desenvolvimento, claro, eternos alibis de todos os criminosos profissionais!
4 - As novas profissões de saúde (a que tem de se juntar a palavra «natural» como se toda a saúde, por definição, não tivesse que ser natural) não dispõem praticamente de nenhum suporte legal dentro de fronteiras, nem sequer sob pressão daquilo que a CE vai mandando fazer aos bem disciplinados agentes portugueses em Bruxelas.
Em Portugal, continuam a ignorar-se (a fingir ignorar-se) as actividades e vozes que internamente existem na área holística, enquanto fazemos involuntárias figuras de urso na comunidade europeia e internacional civilizada.
A poderosa imprensa dos «lobbies» faz mesmo gala em exibir essa ignorância como um galardão e como se o público português fosse um público de cafres.
Não dá sequer para encetar um diálogo civilizado entre o sector das ecoalternativas de vida e saúde (holísticas) e o poder, porque inclusive não há um interlocutor válido capaz.
Caso houvesse, alguns dos pontos da agenda de conversações deveriam necessariamente passar pelo tempo que já se perdeu por culpa da estupidez de quem manda.
As autoridades ditas de saúde em Portugal têm vivido num verdadeiro regabofe: não só ignoram (fingem ignorar) as vozes internas que das alternativas falam mas, inclusive, têm-se dado ao luxo de ignorar as próprias directrizes de organismos tão oficiais como a OMS, à qual - julgamos - a País pertence, embora muitos vezes não pareça.
As novas profissões de saúde, integrando os chamados cuidados primários, têm sido matéria em publicações da Organização Mundial de Saúde.
Antes e depois da conferência de Alma-Ata, em 1977, a OMS tem vindo a manifestar uma compreensão cada vez mais aberta às medicinas tradicionais de cada povo, recomendando que sejam urgentemente integradas essas tradições no sistema de cuidados primários de saúde.
E isto não só por razões de ordem ecológica, não só porque as medicinas suaves curam melhor e matam menos (não matam nada), mas principalmente por motivos de carácter económico, como foi o caso na China comunista de Mao Tse Tung ao recrutar os chamados «médicos de pé descalço.» Muito mais eficazes, como sabemos, do que muitos ocidentais de pé calçado.
Portugal social-democrata e agora Portugal socialista - laranja um, rosa o outro - têm-se dado ao luxo de fazer ouvidos de mercador aos apelos, recomendações, directrizes, conselhos e normas que emanam da OMS, da Comunidade Europeia ou mesmo dos organismos internacionais autónomos que federam ONG's de saúde. Note-se que até a dinossáurica CE já teve um lampejo de discernimento chamando de Comissão do Ambiente e de Saúde à comissão especializada destes assuntos interligados. Que nem cegos ignoram que estão indissoluvelmente ligados.
Nessa ignorância dos governos, partidos, jornais e telejornais, antes e depois do 25 de Abril, incluem-se questões tão despiciendas e desimportantes como: Ecologia Humana, Ecologia Alimentar, Saúde Ambiental, Saúde Ocupacional, Saúde Pública, Qualidade de Vida, Recursos humanos de saúde, Profilaxia natural, serviços básicos de saúde, equipas de saúde.
5 - A retórica desenvolvida por todos os partidos pró e contra o chamado Serviço Nacional de Saúde, em determinada fase do PREC, dá bem a medida da santa ignorância que a todos inspira em matéria de saúde primária.
E o próprio facto de toda a ênfase política e, portanto, mediática ser posta na sofisticação do sistema - cirurgia de ponta, transplantes, hospitais particulares sofisticados - diz-nos bem que estamos, neste como em outros ponto de vista, entregues à bicharada.
A ignorância dos «manda-chuvas» estende-se, é claro, às terapias energéticas, em que a medicina ortomolecular (ou metabolic medecine) ocupa lugar de relevo, seguindo-se a Floralterapia de Bach, a Homeopatia, a Acupunctura, a Oligoterapia e a Aromoterapia.
Como se pode esperar haver um «interlocutor válido» para as ecoalternativas médicas, se nem indo a correr ao dicionário as autoridades ditas de saúde sabem o que representa cada uma destas novas especialidades médicas, destas novas profissões de saúde?
6 - É bom lembrar que foram as organizações de medicina alternativa natural - através dos seus organismos representativos - quem ajudou o governo a sair de um impasse criado pela legislação aprovada - de cruz - na Assembleia da República.
É que o impasse surgiu quando o Ministério do Trabalho teve que atribuir carteira profissional aos terapeutas, de acordo com o decreto-lei 358/84, mas sem saber quem iria julgar sobre o valor e competência desses profissionais com prática em várias especialidades, nomeadamente Acupunctura, Homeopatia, Osteopatia, Naturopatia, Massagem de recuperação, Terapêutica ocupacional, etc.
O problema de então é que nenhuma instituição, classe, profissão ou escola superior tinha capacidade técnica para se erigir em júri dos naturoterapeutas e para atribuir as carteiras.
Os próprios serviços ou ministérios que inevitavelmente iriam ser chamados a pronunciar-se no acto de atribuição das carteiras, não tinham competência técnica para ajuizar das novas profissões que nem sequer de nome conhecem.
Foi perante este vazio, derivado da impotência das instituições implicadas para resolverem um problema do qual desconhecem as próprias premissas, que os novos profissionais de saúde decidiram enveredar por uma nova ofensiva: os cursos de reciclagem e valorização profissional que têm sido a grande arma defensiva da classe junto de autoridades e entidades. Só exigindo a si mesmos o maior rigor científico e técnico, os novos técnicos de saúde ganham direito a falar, de igual para igual, com aqueles que teimam em não reconhecer nessa classe o interlocutor válido.
7 - A política chamada de saúde tem sido até agora apenas uma política de combate à doença. Como o equívoco serve perfeitamente à sofismologia de que o sistema em geral e o sistema médico em particular se nutrem, nunca ninguém se deu ao cuidado de dizer que o rei vai nu e que há um abismo entre uma «política de saúde» - ainda por instalar e praticar - e uma «política de doença», há muito instalada e praticada, a única mesmo que se pratica.
Quando alguém apareceu a proclamar que a palavra holística era a palavra-chave para denunciar esse equívoco e essa hipocrisia do sistema, igualmente se pôs uma pedra sobre a palavra-chave.
Holística de facto trata da saúde.
Medicina de facto trata da doença.
Como se queria desde sempre mostrar e como não precisa de ser demonstrado por ser demasiado óbvio.
8 - O artigo mais omisso da Constituição da República Portuguesa - enquanto não é revista e enquanto não o revogarem, por desvergonha nacional - é o artigo 64, que num momento de inspiração do legislador até parece reflectir o espírito da conferência de Alma Ata, em 1977.
No parágrafo 1 deste artigo pode ler-se:«Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.»
Se há artigo que nunca foi à prática ao longo de 20 anos da política que deu à luz tão bela Constituição, o 64 é com certeza o mais arredado dos nossos hábitos e práticas. Embora esteja tão próximo do 69.
Quem porventura se atreva, por sua conta e risco, «defender e promover a saúde», própria e alheia, através dos meios naturais e óbvios a isso conducentes, cumprindo assim com um dever «constitucional», não só é altamente penalizado - a segurança social não lhe paga um tostão - como não poderá incluir na declaração ao fisco despesas fabulosas em medicamentos para suavizar o montante do IRS, como será olhado de soslaio e apontado como sabotador da economia nacional.
À luz deste artigo 64 da Constituição da República Portuguesa (ia a escrever das bananas...), a retórica que tem vindo a ser assoprada pelas companhias seguradoras contra aquilo que chamam a «bancarrota» do sistema, assume foros de insulto aos reformados em geral e de afronta aos que, como eu, há mais de quinze ou vinte anos que não gastam à caixa/segurança/estado/erário público/contribuintes um tostão em medicamentos.
Nunca, por isso, o Estado me amnistiou nem me baixou um tostão nos 35% que me rouba todos os meses para o fisco e mais outros para a dita, supradita segurança social.
Mais: o Estado negar-se-á a pagar-me o funeral, porque isso de morrer é um acto natural e pode vir inquinado de todos os venenos já denunciados pela revista «Teste-saúde» e pela revista domingueira da D. Isabel Stilwell.
O Estado é, assim, demissionário dos seus deveres constitucionais por 4 razões:
1) Porque não faz nada de concreto para desmistificar e desmascarar a campanha que teima, dia sim dia não, em proclamar a bancarrota da segurança social, assustando o principal alvo dessa campanha que é a classe mais desprotegida e desamparada dos reformados;
2) Porque, caso essa bancarrota do sistema seja realmente previsível, não faz nada para a evitar, cortando nos custos de uma medicina «curativa» e de uma cirurgia protésica que não cura e antes faz proliferar logaritmicamente as doenças mais variadas e desvairadas
3) Porque nada faz para incentivar os terapeutas e agentes que defendem alternativas holísticas de profilaxia e tratamento natural, com custos inevitavelmente muito mais baixos para o Estado e, portanto, para todos nós, contribuintes
4) Porque nada faz para subsidiar os tratamentos naturais - muito mais económicos -, antes se deixa enredar, provavelmente, nas diarreias demagógicas da revista «Teste-Saúde» ou nas da revista domingueira da senhora D. Isabel Stilwell, que sabemos muito bem a quem serve.
9 - Se há castelos bem guardados a sete chaves pela ordem estabelecida, na qual por definição manda a classe dirigente, o castelo dos títulos, doutoramentos, bacharelatos, diplomas é o mais estanque e mais bem guardado.
Mais do que o dinheiro, perecível e fungível, sujeito às contingências da inflação, o título é dinheiro em caixa, pode ser perene fonte de rendimento, é investimento para «toda la vida», dividindo a sociedade não em 3 classes - nobreza, clero e povo - mas em duas: os com diploma e os excluídos de diploma. Outra forma de segregação racista, é o dos automotorizados e o dos excluídos do automóvel.
Conversa morna de marxistas é ver ainda a divisão de classes e a luta de classes entre patronato e operariado.
Sendo o canudo um pilar tão importante do Establishment e o direito de acesso a ele, é natural não só que o sistema não abra mão dele como os que querem ter acesso ao establishment baseiam a sua luta na aquisição do canudo e no direito ao canudo.
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