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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2005-12-29

HETERÓNIMO 1997

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31-12-1997


PERCURSO CURRICULAR NA ÁREA HOLÍSTICA
 (1992-1998)

19/Setembro/1998 - Professor, jornalista, escritor e estudioso, desde 1992, da Radiestesia Holística, A.C. empenhou-se na propaganda ecologista, durante os anos 70 e 80. Após o 25 de Abril, fundou, com 5 amigos, a associação Movimento Ecológico Português, mais tarde «Amigos da Terra».
Nas eleições autárquicas para 1985, participou nas listas de independentes apresentadas pelo PPM, tendo sido eleito para a Assembleia Municipal de Lisboa, lugar que viria a ser desempenhado por Henrique Barrilaro Ruas.
Entre 1974 e 1980, publicou o jornal «Frente Ecológica» (15 números), em Paço de Arcos tendo animado um grupo com o mesmo nome, que editou dezenas de opúsculos com ideias sobre ecologia humana, holística e bionergia terapêutica.
Entre 1983 e 1986, frequentou cursos de acupunctura, tendo sido, no Instituto Médico-Naturista, aluno de Araújo Ferreira, Reinaldo Baptista e Araújo de Brito. Também recebeu lições do acupunctor Vítor Cunha e de Kasuo Kon.
Integrou a direcção da Cooperativa Unimave, em Lisboa, durante um mandato.
Entre 1986 e 1987, chefiou a redacção da revista «Saúde Actual», da empresa Natiris, tendo colaborado, como jornalista e tradutor, com Maria Lucinda Tavares da Silva, Serge Jurasunas e Carlos Carvalho. Entre Junho de 1997 e Agosto de 1998, colaborou na revista de saúde e ecologia «Beija-Flor».
Entre 1970 e 1971, participou, como presidente, na direcção da Sociedade Portuguesa de Naturologia, onde, mais tarde, durante dois anos(1994-1996) dirigiu o Gabinete de Orientação Alimentar. No âmbito desse Gabinete, realizou vários encontros de estudo, dando oportunidade a dezenas de participantes de se iniciaram no estudo da radiestesia holística (a que chama ecologia alargada). Campanha que prosseguiu, em 1996-97, na Cooperativa Espiral, com vista à formação de monitores para uma Escola Superior de Ciências Sagradas, de que o projecto «Biblioteca de Alexandria 2000», é a linha da frente.
Durante 12 anos, manteve uma crónica semanal de temas ecológicos num diário da tarde, «A Capital», onde, quase sempre em discordância com as tendências dominantes, defendeu os princípios polémicos de uma ecologia humana radical, antecedente da Holística, palavra que foi o primeiro em Portugal a pôr no discurso jornalístico.
Durante cinco anos, coordenou, no jornal «A Capital», uma secção semanal intitulada «Guia do Consumidor». E entrevistou dezenas de personalidades ligadas ao meio naturopático português. Em 1994,coordena o «Guia do Consumidor» na revista consumista de grande expansão «Teleculinária».(4 números)
Em Maio de 1996, coordena no jornal «A Capital» uma página semanal sobre actualidade holística, «Vida Natural», até Setembro desse ano.
O que verdadeiramente o polarizou, entre Março de 1992 e os dias de hoje, foi a obra de Étienne Guillé, uma Cosmobiologia como fio de acesso à eternidade e ao infinito. Os milhares de páginas que escreveu e continua a escrever sobre o referido método, estão indicadas num catálogo intitulado «Journal d'un cauchemar».
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HETERÓNIMO 1997

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(1933-        ):
CURRÍCULO PROFISSIONAL

[31-12-1997]

Jornalista de profissão há 32 anos (desde 1965), Abel Campos ( A.C.) nasceu em Ferreira do Alentejo, a 19 de Fevereiro de 1933.
Tem o curso do Magistério Primário pela Escola do Magistério Primário de Faro.
Trabalhou como revisor de provas tipográficas, na editora Ulisseia, em 1964-65 e como tradutor-redactor na redacção da Agência France Press em Lisboa (1979-81). Traduziu livros do francês para as editoras Vega, «O Século», Estúdios Cor e Arcádia.
Entre 15 de Abril de 1960 e 15 de Abril de 1964 trabalhou para a Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Bibliotecas Itinerantes, tendo sido bibliotecário em Tavira (Sotavento Algarvio) e Cuba (Baixo Alentejo).
Organizou e dirigiu colecções de livros para várias editoras e foi ele próprio editor. Produziu dois jornais: «Frente Ecológica»(15 números em ano e meio) e «Ecologia em Diálogo» (4 números).
Interessado pelas medicinas ecológicas tradicionais, frequentou cursos «ad hoc», em Lisboa, tendo obtido diplomas nos de «Naturopatia», «Técnicas Médicas Alternativas», «Terapêuticas Orientais, «Massagem Oriental», «Acupunctura» e «Macrobiótica».
Participou na direcção de duas associações de alimentação vegetariana: a Sociedade Portuguesa de Naturologia(em 1967) e a Cooperativa Unimave (em 1985).
No âmbito do movimento ecológico português, realizou dezenas de colóquios e conferências em diversos pontos do País, nomeadamente escolas de vários níveis de ensino, desde o infantil ao universitário.

SÍNTESE DO CURRÍCULO POR ACTIVIDADES (1960-1990)

PROFESSOR
Em 1956, completa com 14 valores o Exame de Estado na Escola do Magistério Primário de Faro, exercendo a actividade de professor do Ensino Primário, durante dois anos a meio, nas escolas de Moura, Ferreira do Alentejo e São Luís de Odemira.
Na Escola do Magistério Primário de Faro, dirigiu e organizou o jornal «Escola Nova», órgão da Associação de Estudantes, da qual foi presidente da direcção.

COLÓQUIOS E CONFERÊNCIAS (ANIMADOR CULTURAL)
Entre Abril de 1974 e Dezembro de 1983, a convite de escolas, associações culturais, grupos de ambiente, centros médicos e de saúde, clubes rotários, etc., realizou dezenas de colóquios, palestras e intervenções, em diversos pontos do País, tais como: Almoster, Aveiro, Beja, Caldas da Rainha, Cacém, Coimbra, Estremoz, Évora, Ferrel, Figueira da Foz, Lagos, Leiria, Lisboa, Montijo, Peniche, Portalegre, Portimão, Porto, Porto Salvo, Rio Maior, Sacavém, Santarém, Setúbal, Vila Nova de Gaia, Vila Viçosa.
Em 1975, organizou o I e II Encontro do Movimento Ecológico em Portugal, tendo fundado, em Janeiro desse ano, com outros cinco elementos, a associação «Movimento Ecológico Português».
Em Março de 1977, participou no II Encontro Nacional de Política Energética (LNEC), com um trabalho intitulado «O Crime Nuclear na Imprensa Portuguesa» e em 10 de Junho do mesmo ano no I Encontro de Coordenação Ecológica das Caldas da Raínha com uma proposta intitulada «Associação de Tecnologias Leves e Alternativas Ecológicas». Em 1981-82, participa activamente na plataforma Intergrupos e no MAD, movimentos liderados por Maria de Lurdes Pintasilgo e Teresa Santa Clara Gomes. Em 1985-86, faz parte da direcção da Cooperativa Unimave.

JORNALISTA PROFISSIONAL (CARTEIRA PROFISSIONAL Nº 107)
Como jornalista profissional, foi redactor de vários jornais diários, tendo começado no diário «República», para onde entrou em Abril de 1965.
Seguiram-se, sucessivamente, «Vida Mundial», «O Século Ilustrado», «O Século» (1968-1977), «Portugal Hoje» (Outubro de 1979-Junho de 1982) e «A Capital» (Setembro de 1982-Setembro de 1996).

PRÉMIOS DE JORNALISMO
Em 1973, Prémio Imprensa(menção honrosa) da Campanha de Conservação da Natureza e Defesa do Meio Ambiente. Em Setembro de 1986, o prémio da melhor reportagem do Festival Internacional de Cinema de Troia. Em Março de 1989, o prémio do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor para o melhor conjunto de reportagens. Em 1980, ganhou o prémio da melhor reportagem com a série publicada no jornal «Portugal Hoje» sobre «Artes e Ofícios que Ainda Vivem em Portugal». Por três vezes, ganhou o prémio da melhor reportagem sobre a Feira do Livro de Lisboa.

JORNALISTA DA RÁDIO
Iniciou a actividade radiofónica, em 1947-48, no Emissor do Liceu Pedro Nunes, de Lisboa, quando frequentava o curso liceal no Liceu de Camões, de Lisboa. Trabalhou depois como free-lancer na Rádio Voz de Lisboa.
Entre Junho e Novembro de 1976, realizou para a RDP - Emissora Nacional, Lisboa 1, um programa semanal em onda média intitulado «Meio Ambiente», às quartas feiras, pelas 22.30 (Ver «Frente Ecológica », nº 1). Desde Maio de 1980 a Outubro de 1982, realizou na RDP-Antena 1, às quintas-feiras, pelas 12.30, 10 minutos com o título «Ecologia em Diálogo».

ENTREVISTAS
No âmbito da Ecologia Humana, Higiene Alimentar, saúde do Consumidor e defesa do Ambiente, entrevistou, entre outros: Flávio Zanata, Josué de Castro, Serge Jurasunas, Indíveri Colucci, Ana Soeiro, Josefina Marvão, J. Santos Lucas, Correia da Cunha, Resina Rodrigues, Lobato Faria, Júlio Pistachini Galvão, Humberto Fonseca, Malato Beliz, Adolfo Gonçalves, Correia da Cunha, Adelino Amaro da Costa, Romeu de Melo, etc
Entre os médicos entrevistados, citam-se: Rocha Barbosa, Pires da Silva, Nuno Castelo Branco, António Almeida, Jorge Monteiro, J.J. Amaral Mendes, Paes de Souza, Manuel de Sá Marques, Menezes Brandão, Júlio Galvão, Lima de Faria, João Vital, J. Andresen Leitão, Mário Andrea, Adriano de Oliveira, António Carlos da Silva Santos, Almerindo Lessa, Vasco da Costa Ribeiro, Germinal de Matos, Maria de Lurdes Lévy, Caetano de Carvalho, Machado Macedo, etc.
Entrevistou, entre outras personalides de relevo internacional: Ivan Illich, Josué de Castro, René Dumont, Michio Kushi, Malangatana, Flávio Zanata, Eduardo Gageiro, escritor Fernando Arrabal, Herman José, Mário Palmério, Santiago Kovadloff, Iorgu Iordan, etc.
Personalidades ligadas ao cinema, entrevistou em Itália e Espanha: Pino Zac, Marcello Aliprandi, Javier Aguirre, Luís Gasca, José Maria Otero, José Luís Guarner, Ráfales Gil, António Pelayo; em Portugal: Manuel de Oliveira, José Fonseca e Costa, Fernando Lopes, Gonçalves Preto, Jorge Cabral, etc.

COORDENAÇÃO E DIRECÇÃO
Em 1952-54, durante o curso na escola do Magistério Primário de Faro, dirige e organiza o jornal «Escola Nova», órgão da associação de estudantes, da qual foi presidente da direcção durante esses dois anos.
Na revista «Vida Mundial» desempenhou o cargo de chefe de redacção, durante um ano.
Durante seis anos, organiza e dirige, no jornal «A Capital», a página semanal sobre defesa do consumidor, intitulada «Guia do Consumidor - Saber Escolher, Saber Viver»
Em Abril de 1973, organiza o jornal «Filgráfica», publicado ao longo dos oito dias deste certame industrial realizado na FIL.
Em 1974, é chefe de redacção da revista «Saúde Actual», cargo a que regressa em 1984.

SOBRE ECOLOGIA HUMANA E ALIMENTAR
No caso particular da Alcoolemia, doença social, analisada na perspectiva da ecologia humana, cita-se o ensaio escrito em Dezembro de 1973, «O Alcoolismo visto da Margem Esquerda», parcialmente publicado in «O Século Ilustrado».
Participou, como jornalista, em quase todos os congressos de medicinas naturais realizados em Lisboa, e também nos de Madrid e Benalmádena, de que publicou reportagens no jornal «A Capital».

REPÓRTER DA SITUAÇÃO AMBIENTAL PORTUGUESA
Para os jornais diários «O Século», «Portugal Hoje», «A Capital» e para o semanário «O Século Ilustrado», realizou reportagens, escritas e fotográficas, sobre património natural e cultural, em diversos pontos do País, sendo a listagem de A a Z como segue: Algarve, Almonda (rio), Alviela (rio), Barreiro (zona industrial), Beja (distrito de), Caldas da Rainha (concelho de), Cascais, Curia (Termas), Ferreira do Alentejo (concelho de), Faro (Ilha e Ria Formosa), Guadiana (rio), Leiria (concelho de), Lisboa, Moncorvo (Minas de ferro), Mondego (rio), Montijo, Moura, (Barragem de Alqueva em projecto), Óbidos (Lagoa), Oeste estremenho, Rio Maior, Sado (rio), Santarém, Sines (zona industrial), Sintra, Tomar e Rio Nabão, Torres Vedras, Urgeiriça (Minas de urânio), Vidigueira (concelho), Viana do Alentejo
Em reportagem pelo País, e como jornalista de «O Século», «Portugal Hoje» e «A Capital», percorreu algumas zonas «quentes» sob o ponto de vista ambiental, publicando séries de artigos sobre: Área de Sines, Ria de Aveiro, Lagoa de Óbidos, Estuário do Tejo, Rio Águeda, Rio Alcabrichel (Vimeiro), Rio Almonda, Rio Alviela, Rio Mondego, Rio Nabão, Rio Sado, Rio Sizandro, Rio Vouga, Rio Zêzere, Serra de Ossa, Fábrica de Cacia, Praia do Ribatejo, Maceirinha e Leirosa, Praia da Ericeira, Peniche, Mata de Leiria, Barão de S. João, distritos de Beja e Évora, Minas do Pintor, Minas da Urgeiriça, aldeias de Marvão e Monsaraz, etc..
Na editora Diabril, publicou o livro de reportagens «O Alentejo na Reforma Agrária» e, na editora Socicultur, «Ecologia e Luta de Classes».
Reportagens no estrangeiro, além dos festivais de cinema, realizou apenas, por duas vezes, reportagens na RFA (Hamburgo, Berlim, Munique, Estugarda, etc)

JORNALISTA «FREE-LANCER»
A primeira reportagem, como «free lancer», foi realizada na «Casa do Conto» (estivadores) em Lisboa, Cais do Sodré, e foi publicada no magazine «Mundo», onde também publicou reportagem sobre Beja.
De 1956 a 1960, organizou o suplemento «Ângulo», com Miguel Serrano e Domingos Janeiro, para o quinzenário «A Planície».
Em 1957, colaborou, a convite do escritor António Quadros, no jornal «57», «órgão da filosofia portuguesa».
Como «free-lancer», em 1957 organizou em Évora, com Madeira Piçarra, o jornal literário «Dom Quixote» (seis números).
Em 1970, organizou para o semanário «Notícias da Amadora», o suplemento «Desenvolvimento» (dez números) e para o «Diário do Sul» (Évora) o suplemento «Sul Expresso» (cinco números).
Entre Setembro de 1971 e 1979 manteve, como «free lancer», colaboração regular sobre temas do quotidiano, defesa do consumidor, higiene alimentar, no «Diário do Alentejo», onde publicou cerca de duas centenas de artigos.

ORGANIZAÇÃO E DIRECÇÃO ( actividade editorial )
De 1970 a 1971, dirigiu uma colecção de livros -- intitulada «Cadernos do Século» -- sobre temas ecológicos e prospectivos, na Editorial «O Século», de que foram publicados 13 números, o primeiro dos quais intitulado «O Mundo Contra a Fome» e o terceiro «O Suicídio da Humanidade-Ano Europeu da Conservação da Natureza».
Em 1972, dirigiu e organizou para a editora estúdios Cor, de Lisboa, uma colecção de temas também prospectivos - «Biblioteca do Ano 2000» - de que foram publicados 5 volumes, o segundo dos quais intitulado «A Química que Mata».
Em 1974, dirigiu e organizou para a editora Arcádia, de Lisboa, uma colecção de temas ecológicos - «Dossier Zero» - , de que foram publicados três volumes: «A Conferência do Terror-Estocolmo 72», «Os Últimos Dias da Terra» e «A Indústria do Ruído».
Em 1977, organizou e dirigiu para a editora Ulmeiro, de Lisboa, a colecção «Ecologia e Saúde».
Em 1977, a pedido da Associação Académica de Coimbra, organizou uma antologia de textos sobre vacinas, que saiu editado em Fevereiro de 1978, com o título «Vacinas em Tribunal - Documentos para o Processo».

ORGANIZAÇÃO E DIRECÇÃO ( jornais)
De Março de 1975 a Julho de 1977, dirige, organiza, redige, edita e distribui o jornal «Frente Ecológica», de que saíram 14 números.
De Junho de 1981 a Março de 1982, dirige, redige, imprime, edita e distribui o jornal «Ecologia em Diálogo».

AUTOR
Como autor de versos, publicou dois livros em 1960 e 1961, respectivamente «Espaço Mortal» e «O Nariz».
Com Serafim Ferreira, organizou para a editora Ulisseia, de Lisboa, em 1965, uma antologia, «Poesia Portuguesa do Pós Guerra», 2500 exemplares esgotados uma semana após terem entrado no mercado.
Em Novembro de 1976, participou no volume 3 da colecção «Ecologia e Sociedade» (edições Afrontamento, Porto) com o trabalho intitulado «Para um diagnóstico da realidade ecológica portuguesa» e, no auge da campanha contra a central nuclear de Ferrel em projecto, um opúsculo intitulado «A Burla Nuclear».
Dos livros publicados em editoras de Lisboa sobre temas de ambiente, ecologia humana, higiene alimentar e saúde do consumidor, citam-se:
«Depois do petróleo, o Dilúvio» (1974, Estúdios Cor)
«Da Natureza Romântica à Natureza ecológica» (1974, Editora Afrodite)
«Ecologia e Luta de Classes» (1977, Editora Socicultur)
«O Suicídio Nuclear Português»(1977, Editora Socicultur)
Livros em edição do autor, citam-se:
«Condições ecológicas para uma política de saúde (1974)
«As causas das doenças descobrem-se pelos sintomas» (1975)
«Contributo à revolução ecológica» (1976)
«Manifesto ecológico contra todas as drogas» (1977)
«Como é que os medicamentos nos tratam da saúde» (1977)
«A Idade Solar - Ivan Illich e Wilhelm Reich» (1977)
«O Tao e o Zen vistos por um Ecomilitante» (1977)
«Ecologia e Medicina» (1977)
«Viva a doença, Abaixo a Medicina» (1978)
«Essa ecologia de que somos Cobaia» (1979)
«Ecologia e descanso - as teses de Ivan Illich» (1980)
«Ecologia ou Cancro»
«55 indicações de base a quem queira curar-se pela energia»

EDITOR
Entre 1974 e 1981, editou dezenas de opúsculos na «Frente Ecológica- grupo de edições», quase todos de sua autoria, em diversas colecções como por exemplo: «Ciclo de Animação» (2 números), «Sine Qua Non» (2), «Mini-Ecologia» (10), «Bionergia Curativa» (3), «Manifesto Ecológico» (3), «100 Dias-Ideias para uma sociedade pós-industrial»(7), «Breviários do Ecologista» (3), Ecologia em Diálogo» (1), «Cartas à Geração do Apocalipse» (4).
De 1974 a 1975, publicou uma colecção policopiada com o título «Textos de Apoio» ao movimento ecológico (13 números), divulgando aí temas de ecologia humana, luta antinuclear, movimento ecologista, etc.

CRÍTICO DE CINEMA
Como crítico de cinema, dirigiu, durante dois anos (1965-66), o suplemento semanal «Bastidores» do vespertino «República», onde publicou diariamente crítica de filmes até 1969, elaborando números especiais sobre cinema fantástico e o fantástico no cinema.
Durante 1967-68, escreveu quinzenalmente, no suplemento «Tela e Palco» do matutino «O Comércio do Porto».
Em 1968-69, é titular da secção de crítica do semanário «Vida Mundial», onde desempenhou as funções de chefe de redacção.
De Agosto de 1968 até Dezembro de 1971, teve a seu cargo uma crónica semanal em «O Século de Domingo».
A partir de Março de 1972, é titular da crítica de cinema do diário vespertino «A Capital»
Em anos anteriores, a mesma actividade de crítico nos jornais «O Século» e semanários «O Século Ilustrado» e «Vida Mundial». Neste último escreveu também crítica de livros.
Interessado pelos temas de «politic-fiction», «neoutopia», «realismo fantástico» e «civilizações exógenas», colaborou sobre eles em jornais de Lisboa, Coimbra, Porto e Beira (Moçambique).
Como «free-lancer» desses jornais, realizou a reportagem crítica dos festivais cinematográficos de Barcelona 70, Valladolid 71, S. Sebastián 71, Sitges 71, Barcelona 71, Benalmádena 71 e Valladolid 72. Em 1971 participou no júri internacional da Semana Internacional de Cine de Barcelona e em 1972 no de Valladolid.
Dublin, 15/12/1996
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MEDO 1994

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[31-12-1994]

INVENTÁRIO DO MEDO - III

Na pele de vítima, eu podia então contar como envelheci cheio de medo:
medo dos camiões-cisterna que atravessam a avenida infante d. henrique a 150 à hora porque têm de chegar antes da loja fechar,
medo das vacinas que criam todas as futuras doenças infecto-contagiosas,
medo dos sismos provocados por rebentamentos termo-nucleares subterrâneos,
medo das transfusões de sangue que pode (e deve) estar contaminado,
medo das escutas telefónicas que me podem devassar a minha privacidade,
medo dos vírus que, segundo a Ana Gershfeld, especialista em vírus, andam por tudo quanto é sítio e não olham a meios para atingir os seus fins,
medo dos ovos contaminados de salmonelas,
medo das salmonelas contaminadas de ovos,
medo dos incêndios de Verão que alguém manda atear,
medo dos que querem fabricar Alqueva e afundar Portugal,
medo de respirar o ar que vem carregado de todos os chumbos que sobraram da Faculdade de Letras e do ISP,
medo de atravessar as ruas de Lisboa,
medo de andar nos passeios de Lisboa,
medo dos espiões que se metem como piolho por costura,
medo do escudo descer e eu perder todas as economias que tenho ,
medo das anestesias que podem, mais tarde ou mais cedo, provocar esclerose em placas,
medo dos monitores radioactivos que nos espreitam por todos os cantos,
medo do cancro provocado pelos monitores radioactivos,
medo das cataratas provocadas pelos monitores radioactivos,
medo do Álvaro Barreto, plantador número 1 de eucaliptos,

medo de que Almaraz rebente de vez e a gente tenha em Lisboa de beber água da poça porque a do Bode ultrapassou o limite da radioactividade,
medo da segurança social entrar em bancarrota antes de me pagar o que me deve,
medo da febre puerperal,
medo das armas brancas e das armas pretas,
medo das trovoadas electromagnéticas,
medo das enchentes,
medo do incêndio e das explosões controladas em Cabo Ruivo,
medo do Pedro Ferraz da Costa, medo do Paulo Portas,
medo da crítica literária que me matou todas as veleidades de ser poeta comó Herberto,
medo do crítico João Lopes que matou as minhas veleidades de crítico cinematográfico,
medo do crítico Gastão Cruz que matou todas as minhas veleidades literárias de ensaista,
medo do Artur Portela Filho que matou todas as minhas veleidades de crítico,
medo de morrer vivo e ser enterrado morto,
medo de acabar a telenovela na televisão,
medo de todos os recordes do mundo (que me fazem sentir mais pequeno do que uma pulga), medo de entrar na Livraria Bucholz e ver desabar sobre mim toda a cultura do mundo com o Eduardo Prado Coelho a rebolar-se lá dentro
medo de apanhar uma pneumonia,
medo dos caçadores, medo dos médicos e da medicina,

medo dos bandos armados, medo dos cirurgiões e dos transplantes, medo que me tirem um órgão porque me esqueci de preencher a declaração em contrário,
medo de que o senhorio leve a sua avante de me tirar a casa,
medo da avenida Infante D. Henrique, por onde passam os triliões de produtos perigosos que circulam em portugal,
medo do fumo do cigarro que os colegas me atiram pró cérebro,
medo (claro) do buraco do ozono e de ficarmos todos numa torradeira de ultravioletas,
medo de um «crash» na bolsa de Nova Iorque e de voltarmos todos, num segundo, à fase tribal,

medo de falir a seguradora onde tenho o meu seguro de vida,

medo de ir parar ao serviço de urgência de um hospital, medo dos hospitais,
medo da gripe, medo do cancro, medo de naufragar num cacilheiro do Tejo, medo das transfusões de sangue,
medo de a ponte Salazar já com rachas cair como caiu o propriamente dito,
medo de ir ao fundo metido no Titanic,
medo de nunca mais ninguém se lembrar de mim quando morrer,
medo dos micróbios, medo das serpentes, medo dos leões, medo dos burocratas e dos tecno-burocratas e dos tecnocratas propriamente ditos,
medo de estar desempregado, medo de estar no emprego,

medo de vir um dia a ficar na bicha da sopa dos pobres ali ao Intendente,
medo de sair, medo de entrar, medo de atravessar o Marquês de Pombal,
medo de partir uma perna ao descer do autocarro,
medo de não ter medo de me atirar para debaixo do comboio ali em Pedrouços,
medo de não apanhar o comboio das cinco e só vir um lá para as sete e 10,
medo de desmineralizar os ossos com o açúcar que vorazmente como,
medo de passar pelo Terreiro do Paço e ver armada a plataforma para o Pedro Abrunhosa gritar a milhões de portugueses, medo do Abrunhosa,
medo do Clinton e dos que se lhe atiram às canelas,
medo de ficar sozinho no mundo, sem pai, sem mãe, sem irmão, sem mulher,
medo de morrer à sede quando a indústria pesada tiver bebido toda a água potável disponível,
medo da indústria pesada e dos ambientalistas, amigos da Natureza & ecologistas que arranjam sempre maneira de justificar os delitos industriais e o tecno-terror instalado,
medo de ter que fazer uma intervenção cirúrgica ao cérebro,
medo de uma análise de raios X, medo de contrair leucemia por causa da radioactividade, medo dos monitores de televisão, medo dos ponteiros luminosos, medo dos monitores de computador, medo dos relâmpagos das fotocopiadoras e das cataratas que provocam,
medo da sida provocada por antibioterapia sistemática,
medo da cortisona e dos ossos desfeitos pela cortisona,
medo do progresso sob a forma de injecção intravenosa e indolor,
medo dos que, em nome dos sagrados interesses da pátria, a vão destruindo em nome do progresso e do sucesso,
medo de que o Jardim Gonçalves me lance uma OPA como lançou ao Belmiro,
medo da guerra do Golfo e de se acabar o gás para o meu banho quente,
medo de ter que tomar duche frio,
medo do mecenato que vem defender a natureza depois de  promover a cultura,
medo dos seropositivos que andam por aí à solta sem ninguém que os meta no asilo,
medo de ser eu a pagar os custos do famoso binómio poluidor-pagador e já que os poluidores declararam todos à France Press que poluiam com muito gosto e que não pagavam,
medo de o Cunhal ressuscitar numa manhã de nevoeiro e meter-nos a todos na Sibéria,
medo dos autocarros laranja que andaram a matar pessoas,
medo do Veiga Simão que comia centrais nucleares ao pequeno almoço e desde pequenino,
medo do Almeida Santos que ameaça de extermínio os fundamentalistas da ecologia como eu,
medo do Júlio Machado Vaz
medo também do Miguel Esteves Cardoso pela mesma razão,
medo de que a televisão me caia um dia destes em cima, tão carregada está de pecados contra o espírito santo,
medo de a fome se estender aos países do mundo rico, medo de ficarmos de tanga, medo do regresso à fase tribal a que uma civilização como esta inevitavelmente conduzirá,
medo de ser atropelado à saída d'«A Capital» por um dos milhares de camiões-cisternas de 10 mil toneladas que por aqui fazem passagem à velocidade da luz,
medo de não me sair o totoloto nunca mais e de já ser velhinho, corcovado e ainda andar a jogar no totoloto à espera do futuro,
medo de levar uma sova de algum marginal que me confunda com o Primeiro-Ministro por causa do bigode,
medo de ir morar para o Bairro da Lata e ter por vizinho o Saldanha da Gama, ou quiçá algum fugitivo de Alcoentre como o Manuel Monteiro
medo das iluminações de Natal que me fazem lembrar o desperdício de energia e as campanhas dos ecologistas a favor da conservação
medo da publicidade que compra consciências e as torna mais rentáveis no mercado de capitais
medo dos impostos ultrapassarem os 100% dos meus rendimentos
medo dos fiscais dos impostos e dos bilhetinhos postais da burocracia com ameaças se não cumprir o prazo
medo dos homens fortes e vencedores deste país, incluindo os opinion makers que fazem e desfazem cérebros
medo porque não sei o que vai ser desses ricos de espírito quando estiverem do outro lado a prestar contas no tribunal de Deus
medo dos heróis de consciência que têm a consciência pesada por causa das audiometrias e das sondagens de opinião que promovem a opinião pública que depois é outra vez sondada

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HIPÓCRATES 1989

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31-12-1989

Manifesto

REGRESSO A HIPÓCRATES(*)

Sumário:
Quimioterapia:
a) um tumor na evolução da medicina
b) aposta numa concepção niilista do homem
A opção biológica na defesa da vida
Definir profilaxia e prevenção
Alienação química (o poder manipulador da quimioterapia)
Quimioterapia: uma medicina da alma que não se confessa

Março/1985 [31-12-1989, in «A Capital»] - A história da medicina europeia desde Hipócrates, pode considerar-se dividida em duas grandes épocas: antes e depois da Quimioterapia, fazendo lembrar uma outra data que dividiu em duas a cronologia mundial, antes e depois de Cristo...
De facto, o uso de medicamentos químicos de síntese alterou de tal modo os hábitos terapêuticos, que se deve atribuir ao advento da química uma nova lei e uma nova moral.
Nesta viragem, que abalou até aos alicerces todos os métodos e processos adoptados até então pela Medicina, radicam afinal os equívocos que desde então se estabeleceram na prática e na metodologia, mas principalmente na nomenclatura utilizada. Antes da Quimioterapia e sua intervenção radical no processo curativo, a Medicina era de facto só uma, pelo menos na Europa, herdeira de Hipócrates e suas leis fundamentais de respeito pela vida e pelos valores humanos.
Se guerra há, hoje, ela foi declarada por um método - a Quimioterapia e seu radicalismo - que não só se tornou exclusivista e absoluto, não só renegou todos os outros métodos para o esquecimento ou para o campo do charlatanismo, como deu origem a toda uma nova patologia - a das doenças iatrogénicas - caminho que conduziu a medicina à fatalidade da super-especialização e, portanto, da desumanização.
A guerra, se guerra há, foi a Química que a provocou e que ainda a mantém.
Não se trata, hoje, como equìvocamente se teima em proclamar, de rejeitar os chamados "progressos" da Medicina: trata-se, sim, de não pactuar com o bloqueio químico, apurando, entretanto, ao máximo, o rigor e os avanços científicos modernos das técnicas eternas da medicina de sempre.
Quem abriu uma solução de continuidade na evolução lógica e normal da Medicina foi a Química.
Em boa verdade, são os adeptos desta Medicina eterna - sem intervenção e violência química - que devem, com toda a legitimidade, reclamar a herança e intitular-se médicos na acepção hipocrática, distinguindo-se então e por isso dos quimioterapeutas, que são um fenómeno espúrio, uma classe à parte e que tudo continua a fazer para se colocar, como um tumor, à parte do organismo social.
A ordem natural das coisas foi, com a Quimioterapia, de tal maneira subvertida, invertida e pervertida, que são hoje os neo-hipocráticos, defensores da Medicina perene, os que têm de abdicar dessa designação e dessa qualidade, vendo-se em palpas de aranha para encontrar o vocabulário justo, que defina exactamente actividades e funções, sem suscitar os furores da Quimioterapia no poder.
É assim que se recorre a termos de "alternativa", tais como "medicinas doces" , "paralelas", "naturais", ou a designações como "Homeopatia", "Naturopatia" e "Alopatia", palavras , todas elas, infelizes ou insuficientes, que raramente chegam para expressar o que pretendem.
Não é por acaso que a "nomenclatura" foi o campo escolhido, em França, para tentar destruir no cerne a Medicina da Vida.
No número hors-série trimestral que a revista "Science et Vie" decidiu dedicar, em Março de 1985, às medicinas não-violentas, é com efeito a "linguagem" ou nomenclatura por estas utilizada que o Professor Jean-Charles Sournia escolheu como alvo dos seus ataques, no artigo inicial da revista, artigo que de certo modo dá o tom e o mote de todos os outros.
0 facto de ter sido escolhida para capa a designação "medicinas paralelas" atesta que ela agrada particularmente ao sistema, pois deixa no ar a ideia de que são "marginais" à outra e por mais que se prolonguem nunca se encontram...
Uma coisa fica como certa: é nas palavras, na linguagem, na nomenclatura que o sistema ataca quando quer destruir as medicinas de raiz hipocrática e humanista.
0 artigo do Prof.Sournia não esconde que a designação "medicinas doces" ou "não violentas" é de todas a que mais lhe desagrada.
Entre outras obras que devemos à violência química, temos que lhe agradecer mais essa: nem sequer somos donos de falar com a linguagem que Deus nos deu.
Para definir o vasto campo terapêutico que a Quimioterapia "excluiu" da prática médica, as palavras"Bioterapia" e "Naturoterapia" procuram reunificar a nomenclatura.
Também as designações de "Medicina Biológica", "Medicina Metabólica", "Medicina Natural" e "Medicina Doméstica" procuram abranger todos os métodos terapêuticos que utilizam ùnica e exclusivamente produtos biológicos, digamos vegetais, excluindo o uso de fármacos químicos de síntese.
É neste quadro global abrangendo todos os métodos não violentos ou suaves - tendo como referência o homem total e o indivíduo-pessoa, e não apenas um ou outro órgão do corpo - que as várias designações, antigas e modernas, ganham verdadeiro significado e sentido, apresentando-se como partes coerentes de um todo, que por sua vez se opõe, em bloco, à Quimioterapia.
Não se trata de fazer reviver técnicas passadas ou ultrapassadas: trata-se de progredir , na base de um axioma indiscutível - o respeito pela biologia do corpo humano - os conhecimentos científicos a que as mais recentes investigações fazem apelo.
Um "bioterapeuta" ou "neo-hipocrático" não é assim, como se tem pretendido, um anacronismo, uma fase ultrapassada da ciência mas, antes pelo contrário, o investigador que, não desdenhando o moderno e o ultramoderno, sabe reaproveitar tudo o que de um longo património científico e cultural ainda pode e deve ser utilizado com proveito para o doente.
Se a Medicina decidiu identificar-se com o pequeno e restrito fenómeno chamado Quimioterapia, quem se reduziu à expressão mais simples e se minorizou foi ela.
0 problema é dela e não dos que, achando essa identificação abusiva, procuram apenas que a medicina volte a ter respeito por si própria, fugindo ao controle totalitário da Química.
0 problema é dos que aceitaram o abuso da anexação a esse monopólio, e não nosso.
Pela análise da linguagem, e pelo estudo atento das palavras, vemos como a discussão em torno das chamadas "medicinas alternativas" está hoje viciada e que não é com dados técnicos viciados que se defende a verdade mas com um pensamento claro que, de acordo com o método científico e experimental, constantemente estabelece o vínculo dialéctico entre causa e efeito.

Só a Quimioterapia teima em crer que as doenças caem do céu.
Mas a quimioterapia não tem sequelas directas, não cria só novas doenças - ditas iatrogénicas - ela, além disso, altera a personalidade e mesmo o mais profundo subconsciente do ser humano. Ela manipula o consumidor sem que este tenha disso consciência.
0 "antes e depois da Quimioterapia" não divide apenas a história da Medicina , mas a história da própria espécie humana deve considerar-se dividida entre : "Homo Biologicus" e «Homo Quimicus».
Feliz ou infelizmente, parece não haver nada de comum entre eles, nem possibilidade de coexistência.
Como nos ensina a ciência dos Oligoelementos, as alterações da química no organismo e no ambiente afectam a própria convicção do homem em si próprio e nas suas possibilidade de auto-controle.
Um drogado, em sentido estrito e em sentido lato, é um alienado.
É da alienação química, hoje, que se deve falar, e melhor do que ninguém o sabem os seus promotores...
Dando a convicção de facilidade ao doente, este aliena a sua liberdade e responsabilidade de autocura, entregando-se nas mãos do quimioterapeuta.
Esta abdicação de resolver por si os seus próprios problemas é a alienacão, no sentido o que a definiu Marx.
Não se trata, pois de manter uma insensata e infundamentada aversão à Quimioterapia. Trata-se antes de preconizar e defender um modus vivendi e um modo de pensar - uma filosofia da vida - que se incompatibiliza com os modernos sistemas de alienação sistemática, entre os quais a química se inclui.
Quando se defende o biológico, está a defender-se uma concepção da Natureza humana que se crê, de raiz, livre, enquanto os defensores da Química estão, consciente ou inconscientemente, a defender que o homem é, de natureza, escravo e tem de ser tratado a chicote, medicado por autoridades a que deverá obedecer sem consciência.
O que está em jogo são duas concepções da humanidade: uma, de homens livres e responsáveis; outra, de escravos.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado na «Crónica do Planeta Terra», «A Capital», em 31-12-1989
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LEGADO 1994

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31-12-1994

Quando há dois anos, o jornalista Afonso Cautela doou à Escola Secundária de Paço de Arcos a sua biblioteca de ecologia, organizada ao longo de 20 anos, nada quis dizer ao nosso jornal sobre a motivação desse gesto. «Esses 2.000 livros podem ser mais úteis à Comunidade se estiverem na Escola, do que aqui em casa» foi apenas o que na altura lhe ouvimos. Afinal, era apenas o fim de um ciclo e o princípio de outro. Deixara de acreditar na Natureza para ter mais certezas sobre o Espírito. Em conversa informal. Hoje que a ecologia até já se vende nos detergentes e nos pesticidas, Afonso Cautela deixa-nos hoje algumas pistas sobre o que pensa do ecologismo como movimento social e da ecologia como matéria interdisciplinar que já é nas escolas.

- Acha que na base da ideia ecológica está um pressentimento de catástrofe?
- Sobre os tempos que estão a chegar (vulgo: Apocalipse), confesso que estou um bocado aflito. O mundo moderno assusta-me com a sua barbárie. A ciência e a tecnologia de ponta assustam-me: e o «crash» na bolsa de Nova Iorque pode acontecer de um segundo para o outro. Nesse momento, será a hecatombe em todo o mundo ocidental: e nenhum de nós está minimamente preparado para sobreviver em clima de terceiro mundo. Mas tenho muita fé em Deus e na Banca Internacional: espero bem que os grandes cérebros do capitalismo tenham preparado uma estratégia que, no minuto final, evite a derrocada. Acho mesmo que os grandes banqueiros sabem a data certa em que o «crash» vai acontecer: nós, sempre inocentes, é que não sabemos e vamos ser apanhados de surpresa com as calças na mão.

- Nesse caso, qual a saída?
- Se, com o Apocalipse à porta, já não vamos a tempo de salvar a pele, então o mais avisado (e pragmático) será mesmo tentar salvar a alma. Daí que tenho aderido de alma e coração à ideia religiosa fundamentalista: ou seja, à saída vertical do atoleiro. Na horizontal, já não vamos a tempo. Toda a política do ambiente e todos os grupos de defesa do ambiente, fazem-me pena: estão convencidos de que ainda vão a tempo de salvar alguma coisa. Mas já nada no Planeta Terra pode ser salvo: como há 20 anos, a destruição acelera cada vez mais e não há um único exemplo de que tenha travado ou abrandado a marcha para o abismo. As presidências abertas sobre Ambiente são mesmo patéticas: o Poder sabe perfeitamente o que fez e o que continua fazendo para nos afundar no Chafurdo. Depois de nos sugar até ao tutano. É de uma suprema hipocrisia ainda vir cantar hinos de louvor à Natureza. E aos animais coitadinhos, tão engraçadinhos.

- Mas como é que se salva a alma?
- Considero-me um empresário de ideias e o único investimento que me importa fazer nesse ramo - da alma - é naquilo que designo hoje por Nova Idade de Ouro ou projecto 3º Milénio: nunca, desde há 41 anos, as condições cósmicas foram tão favoráveis ao advento do Paraíso. Nunca estivemos tão perto de tocar a Luz: e, no entanto, nunca se perfilaram tantas bestas para nos abortar tamanha chance. Esta - a da ponte para o terceiro milénio - é a única grande guerra que (me) interessa travar. Encontrei um estupendo companheiro de jornada: Etienne Guillé, professor da Sorbonne, biologista molecular, investigador do Cancro, matemático, uma sumidade em termodinâmica. Entre outros livros verdadeiramente prodigiosos, publicou em Agosto último «L'Homme entre Ciel et Terre» que, além de ser o maior tratado de Ecologia Profunda jamais escrito, é também o mapa completo sobre o percurso labiríntico a percorrer rumo à tal démarche que lhe falei: a salvação da alma e já que a salvação da pele é cada vez mais problemática. Desta é que sou hoje militante: da caquinha ecologista e seus maus cheiros, estou um bocadinho farto. E continuo a acreditar no ser humano, como a morada mais preciosa onde deus pode habitar. Mas onde, neste momento, não habita.

- Se colectivamente se pode fazer pouco, há algum caminho (de salvação) individual?
- A partir do momento em que os «opinion makers» chamam saúde ao que é doença, progresso ao que é retrocesso, desenvolvimento ao que é pura e simplesmente destruição e terror, a lógica da perversidade está em marcha e não vai parar. Com a ajuda mediática, vai acelerar. Só irá parar quando estivermos todos no fundo. Incluindo o deputado Almeida Santos que escreveu um livro a defender os dinossauros e a vituperar os fundamentalistas da Ecologia como eu. Afinal a «deep ecology» - que foi sempre a minha, desde tenra idade - até é hoje uma corrente respeitável e possivelmente terá algum representante no Parlamento de algum país europeu. Aqui na terrinha dos navegadores é que continuam a insultar-se os fundamentalismos: acontece que sou fundamentalista/integrista e que preferia ter um primeiro-ministro da Jiad islâmica, por exemplo, do que aquele que tenho. Aliás, o mundo será muçulmano muito mais cedo do que se pensa e eu já estou a preparar-me, lendo todos os dias os contos da mil e uma noites. Que, ainda por cima, são afrodisíacos à brava. E lindos de morrer.

- Depois da sua doação de livros à escola, ficou livre do que chamou «lixo papelístico»?
- Tenho um pequeno problema de «know-how» a resolver: não sei o que hei-de fazer, a quem doar, as 20 caixas Inapa cheias de folhas A4 com o Banco de Ideias que fui acumulando desde 1969, ano em que publiquei o primeiro livro sobre ecologia aparecido em Portugal: «O Suicídio da Humanidade». Depois foi o Movimento Ecológico Português e foi a «Frente Ecológica»: com o 25 de Abril, as ideias foram-se desvalorizando na Bolsa de Valores e eu entrei em bancarrota: só produzia ideias que não davam dinheiro. Arruinei-me e acumulei uma dívida ao fisco que já não posso pagar, nem mesmo em prestações. Quem quererá hoje aceitar, ou comprar, esse património que, com o Apocalipse à porta, se arrisca de património histórico a ser património arqueológico?

- Ainda é contra o desperdício e ainda o preocupa a conservação, portanto, que é uma ideia essencialmente ecológica?
- Segundo me informaram na Sociedade Portuguesa de Autores, onde recorri para registar as ideias e projectos que me foram roubando ao longo dos anos, a lei não prevê qualquer medida de segurança e de salvaguarda ao copyright de «ideias». Na dita SPA - que construiu um arranha-céus em cima das ideias dos autores - nem sabiam mesmo o que era isso de «ideias»: ali só se protegem obras, ou autores com obra feita, e não autores (como eu) de projectos com ideias. Para a televisão, por exemplo, rejeitaram-me umas duas ou três ideias, que meses mais tarde apareciam realizadas por outros. Acho que isto é hoje corrente e a mim aconteceu-me por toda a parte - editores, rádios, jornais, televisão - a quem propuz guiões com ideias. Ofereço-os agora a quem der mais. Não é o Crédit Lyonnais quem dá mais? Ou será a «Forum Ambiente»?
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