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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-06-03

VÍRUS 1989

2432 bytes - cmo-8> contra a medicina ordinária 1989

IMUNO-INSUFICIENCIA GENERALIZADA E DECADÊNCIA BIOLÓGICA - VENDO A FITA AO CONTRÁRIO

Lisboa, 3/6/1989 - O vírus da SIDA apareceu, porque a ciência não conseguiu convencer a comunidade científica internacional de um vírus para o Cancro.
Morta e enterrada a tese que, durante anos, quis atribuir , sem êxito, a um vírus a origem do Cancro, os laboratórios juraram vingar-se e aplicaram-se a fundo, com fundos de fundações célebres, a inventar o vírus que consumasse a doença do século e , portanto, a vacina (negócio) do século também.
Aproveitando o fenómeno global e geral que é o produto extremo limite da «civilização»-de-morte-e-doença - a imunodeficiência crescente e generalizada, paralela à crescente e generalizada decadência biológica da espécie - lança-se o vírus, que começou logo por fazer também um muito oportuno trabalhinho de segregação racial, atribuindo-se a sua origem aos porto-riquenhos.
Um quadro perfeito.
Com um pormenor a estragar o quadro: os vírus surgem em qualquer terreno orgânico degradado, provavelmente onde sempre existiram desde o princípio da vida na Terra. Quando a «civilização» levou o terreno orgânico à sua máxima decadência biológica e as pessoas ao esgotamento da sua resistência ou imunidade, aparece o vírus que assim se manifesta depois de milénios adormecido.
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METAS 1979

metas-1> retrocessos do progresso

AS METAS DA MORTE(*)

3/6/1979 - Com o terceiro maior desastre da história da aviação civil, o «dc-10» que se despenhou no aeroporto de Chicago, morrendo as 273 pessoas que seguiam a bordo e, possivelmente, mais duas crianças de colo, alguma coisa parece que terá de mudar no capítulo do gigantismo moderno.
O orgulho dos grandes aviões, capazes de meter lá dentro este mundo e o outro, levou inclusivamente a uma guerra de marcas em que os «boeing» americanos e os «airbus» europeus, travaram a mais renhida disputa.
No meio destas rivalidades, a catástrofe. E no meio da catástrofe, de novo as rivalidades que emergem de um montão fumarento de destroços...Chegou a correr o boato de que os «airbu» estavam também incluídos na ordem de paragem dada para todos os «dc-10». Mas o representante em Paris apressou-se a rectificar o que classificou do «erro involuntário». Afinal, o «airbus» continua de perfeita saúde e poderá, como todas as outras marcas, beneficiar deste súbito crack sofrido pelos 30 dc-10 nos Estados Unidos e mais outros tantos distribuídos por várias companhias de vários países do mundo: Japão, Espanha, Nigéria, Noruega, Dinamarca, Suécia, Itália, Canadá, RFA e França estão na lista.
E aqui se poderá dizer que começa a segunda catástrofe a que a primeira deu lugar. O gigantismo aéreo e a corrida entre os rivais que ele implica, tem este outro aspecto «apocalíptico»: desencadeia reacções em cadeia (quase) incontroláveis. E o que era, há minutos, a soberba segurança de viajar sem problemas, torna-se o pesadelo de milhares de utentes eventuais deste tão útil e rápido meio de transporte. O tráfego irá afunilar e sobrecarregar os aviões de outras companhias, tornando os voos destas, por congestionamento, também mais perigosos.
Se é certo que a dentuça branca do lucro se arreganha por trás desta sombra negra, para milhares de pessoas a viagem de avião deixou de ser aquela «alegria» segura e sem sombras que sempre se pretendeu fazer crer que era. Mesmo quando se realizava o balanço dos mortos que esse «meio de progresso» já dera ao Mundo, ressaltava, em última análise, o pressuposto de que o progresso não se faz, afinal, sem um certo custo em sangue, suor e lágrimas.
E a qualidade de vila, tão cantada pelos discursos dos desenvolvimentistas, onde está? Tal como os milhões de habitantes que, na Pensilvânia, viram todo o sou conforto de americanos afundar-se no horror de um súbito regresso às cavernas (caso o reactor de Three Mile Island tivesse derretido), onde está, afinal, a tão prometida felicidade que todas estas maravilhas do progresso nos iriam trazer?
De repente (questão de segundos) a mais avançada civilização tecnológica coloca as pessoas em situações que começam a ter laivos impressionantes de barbárie a mais cruel. De repente, o preço pelo «conforto» começa a ser demasiado alto e pesado. Exigem-nos a vida, a saúde, a segurança. E também a alma. A engrenagem triunfalista do desenvolvimento, das proezas tecnológicas, das indústrias pesadas e altamente tóxicas ou perigosas, o absurdo e crescente gasto de energia, o famoso produto nacional bruto, as metas a atingir para vencer A, B e Z, esta corrida absurda e fanática para o abismo e a morte - eis que alguns começam vagamente a compreender que tudo isto é o tal progresso, a tal felicidade, a tal «qualidade de vida», o tal «desenvolvimento», o tal «conforto» que nos prometeram e de que tanto nos falam, quando querem meter-nos no Mercado Comum europeu, a pretexto de que estamos atrazadíssimos nessas metas todas.
De facto, se o progresso é ter cada vez mais catástrofes aéreas, petroleiros partidos, cancros, suicídios, toxicómanos, centrais nucleares com graves erros de instrumentação e aviões com defeitos graves e potencialmente perigosos, como em relação aos «dc-10» reconheceu oficialmente a Administração Civil Americana (FAA), qual o português que não estará ansioso por se meter no Mercado Comum e poder ter isso tudo, com fartura, ao almoço, ao jantar e à ceia? Quem não aspirará a tanta qualidade de vida», nós que temos vivido, até agora, principalmente, os desastres e as catástrofes do subdesenvolvimento tecnológico?
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(*) Publicado no jornal «Correio da Manhã», 3/6/1979
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LISBOA 1972

1-2 - 72-06-03-ie> quinta-feira, 12 de Dezembro de 2002-scan

A ECOLOGIA É REACCIONÁRIA (*)

[3/Junho/1972, in «Notícias da Amadora»] - A TV ocupa-se agora dos "problemas sem importância" que são os do meio ambiente e os flagelos ignorados por todos (mas de que todos pagam as sequelas) que são os do desequilíbrio cada vez maior entre homem e terra, entre biologia e física, entre felicidade e prosperidade.
"Há só uma terra", proclama a rubrica do deputado Correia da Cunha, e de facto eu fartei-me de procurar debaixo da cómoda e não consegui encontrar mais nenhuma.
Há só uma Terra, e, a propósito, numa das últimas emissões, abordou-se o ruído da cidade de Lisboa, como que a avisar-nos também de que Lisboa é só uma e o engenheiro Santos e Castro não nos dará mais nenhuma se a gente estragar esta. Vamos, pois, estragar e o mais de-pressa melhor.
Acho que rubrica exagera. Ruídos em Lisboa é coisa que não conheço, nem de vista. Comboios ao rés da porta, claxons pelo patamar dentro, aviões a rasar o telhado e as (nossas) cabecinhas, a construção civil por todos os lados a martelar, a derrubar, a reconstruir, a necessidade camarária de esburacar a cidade à razão de 10 buracos por minuto, - não, não me parece que sejam coisas graves, sequer problemas, e que haja, nesta cidade, sensibilidade que se incomode com tão subtis variações de meio ambiente.
O homem (refiro-me ao homo sapiens), especialmente se munícipe alfacinha, habitua-se a tudo. Adapta-se para sobreviver. É um verdadeiro sobrevivente nato. As consequências a longo prazo? Que interessa isso? A quem importa que tudo isso vá reflectir-se na saúde pública, física e mental? Que importa a saúde, pública ou privada, se temos tanto bom medicamento para nos salvar da doença e da morte? Que importa a doença? Que importa a morte? São acaso problemas políticos, tais e que tantas insignificâncias?
Quando a doença irrompe, é verdade que ficam todos muito admirados, mas arma-se logo uma campanha filantrópica, subsidiada pela Fundação e acompanhada pela solícita Imprensa da modalidade.
Quando ao surtos endémicos irrompem explosivamente, remenda-se, vacina-se, põe-se o penso. É uma posição, uma medida progressiva à brava, científica, racional, prospectiva e bastante política, o Remendo.
Aliás, que é que se não remenda aqui? Depois de roubado, portas novas. Tudo se trata caritativamente, porque lá caridade não falta nos nossos corações, que acorrem em cardume ao cha-mamento de qualquer campanha em prol, em prol, em prol. Em prol, senhor munícipe! que bons e confortáveis os panos quentes do reformismo!
Acho que o deputado Correia da Cunha exagerou no seu progra-ma sobre ruídos da cidade. Exagerou em considerar o ruído um flagelo, um problema, sequer um epidérmico incómodo. Suspeito de que não terá ninguém por ele. As pessoas até gostam, até se lambem e arranjam ruídos suplementares para enganar a solidão e ajudar o sono (que não vem, o sono!). Arranjam transistores para lhes berra-rem aos ouvidos.
E acima de tudo, as pessoas que não são parvas, arranjam cães, cães que ladram, que abanam o rabo, que não mordem, cães que uivam, cães que gritam, cães asseptizados que, de dois em dois mi-nutos, entoam em coro no mais delicioso e mozartiano terceto, quarteto mesmo, quando Deus quer, quinteto. Não é raro, não é difícil encontrar em casas de 2 assoalhadas, pessoas dormindo às três numa cama e amamentando 2 ou 3 cães que, como não cabem nas assoalhadas, vão para a varanda entoar seu harmónico concerto a 2, 3 e, quando Deus quer, a 4 vozes!
Ruído a mais, em Lisboa, senhor deputado Correia da Cunha? Parece-me exagero! No fundo, não me parece que ninguém, nem tão pouco as autoridades que vigiam a cidade e seu sono, sua saúde, seu sossego, sua paz, sua ordem, que ninguém esteja incomodado com esta perfeita invasão de canídeos que ocupou literal e cultural-mente a cidade. Aliás, cada um na sua casa, paga a peso de ouro (1 000 escudos por assoalhada), é rei e dá o biberon aos cãezinhos que tiver no apetite.
Tão pouco as autoridades me parecem preocu-padas com o colérico surto que tais canídeos podem promover. E todas as doenças de que, culturalmente, podem ser os higiénicos transmissores. Sejamos coerentes e não exageremos: eu, que até gosto dos cantantes animaizinhos, destes domésticos bibelôs, acho que fazem falta na cidade mais uns milhares para repovoarem o reino.
Acho que cada família de 4 membros deveria ter direito pelo menos a 5, para haver sempre um sobresselente. Acho justíssimo e um direito familiar tão importante como o abono.
Isso de ruídos e de poluição são cantigas, histórias de reaccionários que, em vez de se preocuparem com os problemas sérios da política e sócio-económicos, querem mas é distrair a atenção das massas com perigos (imaginários) como o oxigénio que está em vias de esgotar-se, e outras, outras mirabolantes manias.
A Ecologia é reaccionária, é a primeira ciência reaccionária da História, dizem-nos os nossos melhores e mais abalizados técnicos, os nossos médicos mais eminentes. Para que anda agora a TV e o Luís Filipe Costa, que é homem inteligente como poucos na nossa Rádio, iludido com esses boatos de maus profetas?
Deixemos que os cães se multipliquem, biblicamente, ainda a maior velocidade, deixemos que ergam em coro as suas cristalinas vozes e façam da cidade, em breve, não o habitat dos homens que nós já deixámos de ser mas no canil superpovoado que todos merecemos e necessitamos como domesticados canídeos que de há muito já somos.
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(*) Este texto de Afonso Cautela, um pouco menos execrável do que o outro que já hoje scanei, sobre cães, não deixa de ser execrável, com a agravante de ter sido publicado, creio que no «Notícias da Amadora»
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