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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-30

PUBLICIDADE 1975

1-1 -94-03-31-ecc> = ecos da capoeira - 1233 caracteres -retro>chave>restos>eh-4>

31-3-1994

# DIÁRIO C/ ENDEREÇO
# MEMÓRIAS DE UM JORNALISTA FALHADO

ECOS S/ DATA - 1975 +- PSICOPATOLOGIA PORTUGUESA - O OBJECTIVO DA PUBLICIDADE
É TORNAR-NOS INFELIZES

Segundo li, há em Portugal um milhar e tal de publicitários.
Melhor do que ninguém esses portugueses podem testemunhar sobre o papel redentor que a publicidade teve e tem, neste País, na redução de cada um à sua insignificância e na criação de uma maior e mais esclarecida consciência de classe.
De facto, se o estatuto de «gente» só é conferido a quem tiver dentes brancos, hálito puro, moradia na praia, alcatifas Cuf-têxtil, margarina vaqueiro que torna tudo mais apetitoso (...), se a gigantesca lavagem ao cérebro operada pelos geniais Portela Filho deste País nos convenceu de há muito da nossa incurável mediocridade, da nossa insanável modéstia, da alvar insignificância dos nossos gestos e comportamentos, então o caminho da felicidade e da qualidade de vida, hoje, só pode ser o que o «marketing» e os poderosos líderes da opinião nos apontam: mais pasta colgate, mais alcatifas Cuf-têxtil, mais desodorizante, (...).
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NATUROLOGIA 1999

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ARQUIVO HISTÓRICO DA NATUROLOGIA

31/3/1999 - Num futuro próximo, as novas gerações, a elite pensante das novas gerações, não vai apenas interessar-se por fado e futebol. Vai também interessar-se por Fátima. Ou seja, vai interessar-se pela génese histórica do novo paradigma emergente, em que Ecologia Humana, Holística e Naturologia representam o principal motor histórico.
Em 26 de Agosto do ano 2000, é o momento de resguardar e salvaguardar o pouco que resta dessa história, votada ao esquecimento pelo egoísmo daqueles que se têm limitado a usufruir (e a lucrar, graças a Deus...) das conquistas realizadas por anteriores gerações de pioneiros.
Carlos Campos Ventura e Afonso Cautela, em 26 de Agosto do ano 2000, firmam um acordo de cavalheiros, em que se comprometem a levar a cabo as acções necessárias no sentido de, contrariando esse egoísmo geracional, alguma coisa fazer para resguardar e salvaguardar um pouco da nossa memória e da nossa perspectiva temporal dos acontecimentos holísticos.
É apenas um arranque para o muito que há a fazer e o material até agora arquivado é apenas um esboço do que poderá vir a ser com a ajuda dos intervenientes mais interessados.
Todos os que partilharem esta ideia de conservação histórica dos factos e ideias poderão, desde já, contribuir com os documentos que acharem mais interessantes, desde fotografias e recortes de jornais e a livros.
Serão privilegiadas as relações com os centros documentais já existentes e onde sabemos existirem legados interessantes e/ou importantes para reforço desta ideia altruísta em favor do passado, do presente e do futuro da Naturologia. Nomeadamente, as seguintes instituições:
Escola Superior de Biologia e Saúde
Escola das Ciências Naturais e Homeopáticas
Associação Salva
Escola secundária de Paço de Arcos
Sociedade Portuguesa de Naturologia
Centro documental de Carlos Filipe Marreiros da Luz (Portimão)
Centro documental do Centro de Sociologia de Coimbra
Arquivo Histórico e Republicano de Lisboa
Biblioteca Nacional
Eis as linhas mais marcantes que desde já se podem desenhar no âmbito deste projecto de arquivo histórico:
Naturologia clássica
Nova Naturologia
Ecologia Vegetal
Ecologia Animal
Ecologia Geral
Ecologia Humana
Ecologia Alimentar
Abordagem holística da saúde
Velho e Novo Paradigma Cósmico
História do Sagrado e das Medicinas Sagradas

Carlos Campos Ventura
Afonso Cautela

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J.ELKINGTON 1991

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31-3-1991

MECENATO PRÓ-AMBIENTALISTA - CAPITALISTAS VERDES ESTÃO A CHEGAR

Os «capitalistas verdes» estão a chegar até nós, trazidos pela mão do britânico John Elkington(*), mas também, como é natural e fisiológico, atraídos pelo cheiro da poluição. Como dizia, profeticamente, um nosso efémero ministro, Eng. Nobre da Costa, o cheiro a celuloses, por exemplo, é o cheiro a dinheiro, de que as populações tanto gostam, até porque significa «postos de trabalho».
Mas como já no princípio da década de 70 fora profetizado por Michel Bosquet/André Gorz (um fundamentalista do ecologismo político que trabalhou muitos anos em «Le Nouvel Observateur», quando este ainda era genuinamente pró-socialista), a antipoluição seria a indústria do século XXI, e, para que ela prosperasse, nada melhor do que poluir cada vez mais e melhor. Por cada maré negra no Golfo, uma nova indústria nasce e prospera no horizonte.
Tudo tem sido feito, portanto, nesse sentido, durante estas duas décadas, com particular carinho e atenção, pelas respectivas indústrias que se preparam para a grande reconversão do próximo milénio. Negócio a que os fundamentalistas da ecologia chamam perversão. Ainda o último número da renovada revista «Scala», que traduz, em língua portuguesa, as notícias da Alemanha agora unificada, dedicava várias páginas coloridas ao tema: «A Ecologia pode dar lucros» era o título.
E embora isto já se soubesse desde 1969, quando o mensário «Le Monde Diplomatique» dedicou à poluição um número em exclusivo, vinte anos bastaram para que se passasse da teoria à prática. E só os puristas do realismo ecológico -- uma espécie em vias de extinção -- acham perverso que sejam hoje os maiores poluidores aqueles que mais fortemente estão apostando não só nas indústrias despoluentes -- onde ganham por dois carrinhos -- mas, até, nas próprias energias infinitas e limpas como é o caso da energia solar, na qual uma famosa multinacional petrolífera(óbvio) tem investido grandemente. Não vejo onde esteja nisto qualquer perversão, antes pelo contrário: a lógica do lucro é a lógica capaz de desafiar todas as lógicas aristotélicas do mundo.

WELCOME JOHN ELKINGTON

Justifica-se, portanto, o livro do inglês John Elkington, cuja primeira edição apareceu em Londres, em 1987. Graças ao Círculo de Leitores e à sua preciosa colecção em defesa do ambiente, temos agora em língua portuguesa, com revisão técnica do Dr. Nuno Galopim, o panorama completo sobre o que a grande indústria está a realizar, neste momento, em todo o lado onde há progresso (quer dizer, poluição) para defender o ambiente e preservar as espécies.
Abespinham-se os radicais livres, os fundamentalistas do ecoanarquismo e do ecocomunismo, hoje defuntos, com esta recuperação que a indústria faz de si própria e de que a expressão «produtos de substituição» passasse a ser palavra de ordem e motor do neocapitalismo galopante.
Chamam perversidade ao mecenato cultural e próambientalista. Repare-se, por exemplo, que os cientistas só descobriram o buraco do ozono na estratosfera, quando a senhora Thatcher declarou urbi et orbi que a indústria já estava preparada para lançar o produto de substituição dos célebres clorofluorcarbonetos.
Uma empresa com um olho no presente e outro no futuro tem agora uma forma estupenda de melhorar a imagem de marca através dos produtos «verdes» que lançar ou apoiar, solucionando o grande problema que pode eventualmente ser a saturação do mercado com determinada linha de produtos. Que melhor pretexto para a reconversão do que a defesa do ambiente? Uma grande multinacional de computadores, por exemplo, lançou milhares de monitores com ecrãs prejudiciais às grávidas. Anos após, estava lançando uma nova linha de ordenadores sob o grito de guerra «estes ecrãs não afectam grávidas», seja de que sexo forem.

E VAI DAÍ?

Isto que já foi entendido a nível do neocapitalismo vicejante, esperemos que o seja também entre nós, onde a social-democracia, enquanto ideologia reformista do ambiente, continua a deixar o lugar vago para quem o quiser ocupar (atenção PPM).
Toda a gente sabe que a social-democracia foi, exactamente, a política inventada para salvar in extremis o capitalismo, propincuando a sua reconversão pacífica através do proteccionismo ambientalista e de uns alegados direitos ecológicos do consumidor. Assim fez, profeta que foi, o primeiro-ministro Sá Carneiro.
Carlos Pimenta creio que é agora, entre os vivos, o único a compreendê-lo, mas ficou sozinho e abandonado, no Parlamento europeu, lutando contra os moinhos de vento das hormonas no gado, sem que ninguém, em Lisboa, lhe pegasse nas hormonas que, está bem de ver, incutem à política uma inesperada fertilidade.
Lendo agora, no livro de John Elkington, os magníficos exemplos de mecenato pró-ambientalista em que as empresas estão a apostar, nomeadamente se entraram em período de recessão, é provável que se comecem a abrir os olhos socialistas dos sociais-democratas e os olhos sociais- democratas dos socialistas, em matéria de ambiente. Acordem, rapazes. A madrugada já vai alta por essa Europa fora.
Quem irá empalmar o movimento ecológico, perguntava em 1976 um franco-atirador do dito.
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(*) John Elkington e Tom Burke -- «Os Capitalistas Verdes» -- Ed. Círculo de Leitores
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CALIGARI 1994

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31-3-1994

Coma Bem - Viva Melhor - Pergunte que nós Respondemos

Comer mais e mais caro não significa comer melhor. Antes pelo contrário. A moderação é uma das componentes da qualidade. E os melhores produtos nem sempre são os mais dispendiosos. De todos os mitos que inundam, no nosso tempo, o campo alimentar, os mitos do sabor têm levado a melhor: mas há quem já sa vá apercebendo de que o sabor não é tudo e de que «saber bem» nem sempre significa «sentir-se melhor». Há os que querem sentir-se bem depois de uma refeição: e com todas as suas faculdades em forma. Por isso procuram os alimentos mais adequados a cada momento e a cada caso. Por isso acreditam que as «dietas» não se fizeram para sofrer mais mas para evitar sofrer tanto. Saber comer é saber viver. Se está interessado nisso, pergunte que nós responderemos. Aqui, nesta nova secção da Tele-Culinária, se fará o «feed back» urgente e necessário. Não estamos cá para outra coisa. Escreva, telefone ou faxe. E a resposta, conforme a urgência, lhe será dada aqui ou directamente.
Dr. Caligari
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O SELÉNIO É TÓXICO?

- Existe uma certa propaganda à volta do Selénio, mas gostaria de saber se é aconselhável o seu uso ou se poderá ter riscos tóxicos. Que me diz sobre isto?

Todos os metais são tóxicos, desde que em doses tóxicas: ora nos alimentos, eles encontram-se em quantidades biológicas e jamais podem ser tóxicos. Simplesmente, o Selénio, embora essencial à vida, encontra-se praticamente banido dos nossos alimentos, devido à agricultura química. Daí que seja necessário, em muitas circunstâncias, recorrer ao Selénio sob a forma catalítica de Oligoelemento. Ao trabalhar, sob a forma de oligoelemento, conjuntamente com a Vitamina E, o Selénio torna esta mais eficaz. O Selénio é anti-oxidante e destruidor dos radicais-livres. Ajuda a antagonizar o Mercúrio e o Cádmio enquanto metais pesados que entram no organismo através do cheiro da tinta, dos alimentos, etc. Uma deficiência de Selénio está associada com uma diminuição das células B, originando baixos níveis de anti-corpos. Alguns nutricionistas defendem mesmo que o Selénio é um bom preventivo do Cancro, estendendo-se esse atributo ao Germanium, um outro bioelemento necessário, em doses infinitesimais, ao bom equilíbrio da célula. É, pelo menos, o que dizem os adeptos da medicina ortomelocular
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MANTEIGA DE AMENDOIM: MUITA MODERAÇÃO

- As embalagens de manteiga de amendoim são de confiança? Quando a manteiga aparecer separada do óleo, é bom ou mau sinal?

- Se no frasco a manteiga aparecer separada do óleo, é bom sinal: significa que não tem «estabilizador físico» adicionado. A Manteiga de Amendoim contém 26% de proteína e 50% de gordura. A película que reveste o amendoim é rica en Vitamina B. Meio quilo de manteiga de amendoim possui tanto valor energético como um quilo de bife, 3,7 litros de leite ou 32 ovos. Mas não abuse: como todos os óleos e oleaginosas, o amendoim sobrecarrega o fígado e pode criar indisposições graves.
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- Tenho ouvido dizer que a Vitamina A é necessária à vista mas também já li que pode ser tóxica. Quem me informa sobre isto?
- As farinhas brancas são responsáveis pelo enfraquecimento dos órgãos de visão, pois encontram-se desprovidas de Enxofre e Vitamina A, classificada pelos nutricionistas entre os «biocatalizadores» ou activadores do metabolismo. Também os Óleos Vegetais perdem, em frituras sucessivas, esta Vitamina, gerando a Acroleína -- antivitamina A -- que inibe as próvitaminas A e as Vitaminas A dos frutos, legumes e cereais. Dose exagerada de Vitamina A, sintética ou separada do alimento, pode ser tóxica, acumulando-se no fígado. Mesmo alimentos como a Cenoura não devem comer-se em excesso, por esta razão. Nada melhor do que incluir os aportes de Vitamina A ou outras, num conjunto vatamínico como são os rebentos (ou germinados) de Soja. Em caso de excesso de Vitamina A sintética, nota-se Apatia, Fadiga, Doenças da Pele, Insónia, Queda do Cabelo, Gengivite, Dores espontâneas nas pernas. A Vitamina A encontra-se em: Farinhas completas, Salsa, Couve verde, Couve roxa, Taraxaco, Nabo, Trigo, Amêndoa, Noz, Cenoura. A Roseira Brava (em tisana) é muito rica em Vitamina A, favorecendo a visão nocturna. Como vê, estimada leitora, mesmo o melhor pode ser prejudicial: tudo depende da dose e do caso individual de cada pessoa. Uma dieta é sempre personalizada e deve levar em conta as variantes de cada um, a idade, o temperamento, o sexo, o estilo de vida (mais activo ou mais sedentário), a profissão e, quem sabe, o próprio signo astrológico...
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- Reparo que se usa e abusa da alface em saladas: os vegetarianos são mesmo conhecidos por ingerirem grandes quantidades desse «narcótico» como os grilos. Porque não pôr também na moda o velho agrião?

- Tem toda a razão quanto à moda da alface, mas não concordamos em lhe chamar «comida de grilos»: as virtudes «narcóticas» deste legume tornam-no até recomendável em casos de insónia. Mas como todas as plantas medicinais, o seu uso de rotina deve ser moderado. Cada um saberá se deve comer salada de alface ao almoço ou apenas ao jantar, pouco antes da telenovela, outro poderoso narcótico, susceptível de fazer concorrência à suave alface. Que, como se sabe, acabou por ser alcunha os lisboetas e tão popular como o Manjerico. Quanto ao Agrião, sim senhor, damos todo o apoio à sua sugestão: é um bom desopilante do fígado e pode contrariar o excesso de frituras em que tantos caem. Tem Iodo, Ferro, Cobre, Fósforo e outros sais. Tem cinco vezes mais ferro do que a Couve e a Alface. Diz-se mesmo que o seu suco, de preferência com Cebola, combate Bronquite, Tosse e outras situações catarrais. Devem comer-se também os talos, onde se encontram as suas substâncias em maior quantidade. Não confundir, ao apanhá-lo nas águas, com a Cicuta (Venenosa).
E já que falámos de Cebola, tome nota também de algumas virtudes que são atribuídas a esta «caixinha de surpresas»: devido ao seu grande teor de Silício, a Cebola possui a prerrogativa de fazer com que as artérias se tornem mais elásticas. A Cebola é Vermífuga, tal como o Alho. Se necessário, macerar algumas horas a Cebola em azeite de Oliveira, tornando-a mais tolerada por organismos sensíveis.
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CPT 1986

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CATASTROFISMOS & CATASTROFISTAS PROFISSIONAIS:A ARTE DE INSTABILIZAR AS ALMAS

31/3/1986 (Crónica do Planeta Terra, in «A Capital») - A súbita e solene proposta de Gorbachev para que os Estados Unidos aceitem conversar, em uma capital da Europa à escolha, sobre a suspensão dos testes nucleares realizados, há muitos anos, pelas duas superpotências atómicas, significa uma data histórica e a confirmação pública de um fenómeno contemporâneo que só marginalmente se tem tocado, como se fosse lepra.
Quer os dois dirigentes venham ou não a sentar-se à mesa das conversações, é altura de lembrar um pouco do que foi este itinerário em que, ao longo de várias décadas, às bombas rebentadas nos poços subterrâneos dos dois perímetros militares - Nevada (EUA) e Semipalantinsk (URSS) - se sucederam , sempre, ondas sísmicas mais ou menos catastróficas.
Passou-se sempre tudo - bombas e sismos - em tão grande e altíssimo segredo do deuses, que houve gente, geralmente bem informada, pronta a acusar-nos de cavilosas e maquiavélicas atoardas, quando, nestas crónicas do planeta terra, tentávamos dar notícia das bombas que antecediam os sismos ou dos sismos que faziam pressupor as bombas.
Agora que vem à primeira página dos jornais e ao primeiro plano do telejornal a declaração, ao mais alto nível, que há testes nucleares subterrâneos, vamos lá a ver se ainda será o autor destas crónicas acusado de inventar ficções e pesadelos, se será o cronista o culpado do síndroma sísmico-nuclear a que o planeta Terra tem estado sujeito desde que as superpotências acordaram o fim das experiências na atmosfera , começando então a realizá-las nas profundezas do inferno.
Segundo notícias arquivadas de1976, já as duas superpotências procuravam nessa altura chegar a acordo sobre limitação de testes nucleares, guardando a Casa Branca - segundo um porta voz da época - que nenhuma das partes faça explodir engenhos nucleares...acima de 1500 quiloteneladas.
A questão, em 1976, era apenas de limitar e não de acabar com os testes nucleares subterrâneos. Não está ainda claro em que sentido vão as conversações agora propostas por Gorbachev.
A verdade é que já em 1976 se esperava a concretização de um tratado que fora aprovado em 1974, «limitando ensaios subterrâneos de armas nucleares por parte de ambos os lados a um máximo equivalente a 150.000 toneladas de TNT:»
A subtileza do discurso já então utilizado , quer pelo Kremlin, quer por representantes da casa Branca (Geral Ford ou o próprio Kissinger) , faz recear que se esteja de novo , em 1986, perante outra manobra dilatória, voltando a ficar tudo na mesma: bombas, sismos e mortos.

INSTABILIZAR PARA REINAR

Instabilizar poderá ter sido o verbo mais conjugado, em Portugal, nos últimos 10 anos, e que não poucas vezes, os astrólogos de fim de ano se encarregaram de prever o fim do mundo, em Lisboa e nem só, com o grande cataclismo sísmico que eles todos os anos, religiosamente, profetizam, até que uma vez calhe mesmo acertarem.
Nenhum sociólogo, entretanto, ainda quis analisar o papel das previsões catastrofistas na instabilização sistemática do país. Mas talvez as previsões e ameaças tenham um papel ainda mais importante do que as crises políticas e a sempiterna crise económica.
A instabilidade explica, aliás, a frequência com que se invoca a necessidade de ter estabilidade, leit motiv de quantas campanhas eleitorais recentemente nos antecederam.
Para desejar alguma coisa, com efeito, nada melhor do que a sua falta.
Mas se a instabilidade assumiu foros de instituição vitalícia em Portugal, ela é, também, um dos mecanismos que, internacionalmente, condicionam o subconsciente colectivo dos povos.
Os eventos no Golfo de Cidra, ainda há pouco, dão bem a nota de como os jogadores se divertem entre si, enquanto a humanidade, suspensa desse interlúdio lúdico, aguarda ser transformada em torresmo pelas duas partes em conflito amigável.
Ainda nesta linha, a que podemos chamar de «banalização do terror», a queda dos satélites foi e é outra das ameaças planetárias, a que não falta o aleatório como atractivo, a que não falta o picante do suspense e que é mais ou menos badalada conforme a conjuntura internacional e os interesses das partes em presença mais ou menos litigante.
De uma maneira geral, a queda de satélites parece também ter-se banalizado, ter entrado na rotina.
É a história tele-folhetinesca do Skylab, em 1979, contada por horas, minutos e segundos, com todos os «mass media» a pintar a manta com quanta tinta tinham, já não se repete hoje. A qued de satélites quase não merece mais do que três linhas, em breves, a um recanto do periódico.
Satélites com «motor» radioactivo, claro, o que os torna ainda mais atractivos mas, infelizmente, rotineiros. Banais.
Que mais irão eles inventar para seu e nosso divertimento, neste planeta que só não é chato por ser redondo?

ESTADO DE CHOQUE

A lição psicopatológica a extrair destes «profissionais da instabilidade» reinantes nos «mass media» mundiais, é que a «técnica da ameaça» funciona com vários obectivos tácticos: intimidar para submeter, principalmente.
A futurologia, política ou astrológica, a que outra classe de cronistas se dedica, mobiliza o «terror psíquico» que é uma forma retardada, mas de efeitos surpreendentes, de nazi-fascismo ideológico, propício e propenso à aceitação de ordens totalitárias.
A «guerra de nervos» preside assim a todas as outras formas de guerra mais ou menos naval, em golfos e baías, sendo a constante onde se inscrevem as variáveis. A «guerra de nervos« é o pano de fundo para o chamado «equilíbrio do terror», com ameaças se vai adiando a consumação do acto, conseguindo-se muito melhores efeitos com menos dinheiro e menos armas.
O papel dos bruxos e astrólogos na desestabilização psico-social devia ser devidamente galardoado, pois é uma das armas mais económicas e eficazes, uma vez que também banaliza o terror.
Já agora e falando de insegurança quotidiana do cidadão , guerra diária que diariamente nos movem: o aleatório com que a indústria seguradora joga não deixa de lisonjear todos os catastrofismos e catastrofistas profissionais que, não contentes com os factos consumados da nossa desgraça, ainda estão sempre vislumbrando no horizonte outros mais horrendos e horripilantes.
A esta arte de instabilizar as almas, deixando-as crònicamente em estado de choque, chamam os Estados (eventualmente chocantes) um figo.
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