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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-02-03

DEEP ECOLOGY 1992

5888 bytes - gulags - 4727 caracteres - em linha com «ecos», «ficçoes» e «ideias ac»

5-2-1992

[A filosofia da borbulha - Estratégia sintomatológica - Contradições e perversões do sistema são condição sine qua non da sus autobrevivência -Autismos e autistas]

É de Horkheimer e Adorno, dois filósofos da conhecida escola de Frankfurt, um texto fundamental para a compreensão do sistema « fechado» ou «concentracionário», criador de autismos e autistas, que, no fundo, caracteriza especificamente a engrenagem (não digo sociedade) dita industrial avançada.
Os filósofos exemplificam com a incomunicação da chamada Comunicação social, mas a verdade é que um dos fundamentos em que assenta esta «ordem» de coisas - mais desordem que ordem - se poderia encontrar em outros campos: a abundância ou avalanche de informação serve, como nunca, para desinformar; os transportes «cada vez mais rápidos» servem para não transportar; a medicina é a maior fábrica de doenças; a economia beseia-se antieconomicamente no desperdício, etimologicamente o seu contrário.
O estudante de ecoalternativas pode fazer um exercício, descobrindo novas autocontradições em que a engrenagem é fértil. E é fértil nessas autonegações, não por acaso, não por desleixo ou distracção, nem sequer pelo prazer da contradição em si. A engrenagem só subsiste e se mantém desde que accione os mecanismos de autoreprodução que são essas próprias negações.
Resumindo, quase todas vão dar ao absurdo chamado «lógica do crescimento infinito».
*
A sintomatologia ou metodologia da borbulha preside a estes mecanismos de autoreprodução até ao infinito.
Ora o que vem a ser a filosofia da borbulha?
Basta ouvir um anúncio muito conhecido da RTP, que é o grande manual filosófico de massas, em séria concorrência com os aparelhos de propaganda dos partidos.
Nesse anúncio surge a borbulha no rosto da menina e logo a engrenagem médica - que, como nenhuma outra é modelo da engrenegem tout court e como nenhuma outra se sabe autoreproduzir, fazendo negócios colossais com a exploração do sintoma - põe em funcionamento todos os mecanismos reformistas ou sintomatológicos, conhecidos também como de «antipoluição», «preservativos» ou de «prótese».
Não se indaga a causa metabólica da borbulha - que existe, que tem de existir, se acaso a lei da causalidade ainda existe e rege os fenómenos do mundo físico. Recomenda-se, sim, Clerasil. Todos os sistems do sistema, porém, recomendam Clerasil para as diversas borbulhas do indivíduo e da sociedade. Todos. Em vez de indagar as causas sociais, políticas, económicas, alimentares, ambientais em suma, recomendam todos clerasil. Porque o clerasil não vai pôr em causa o sistema, antes o vai deixar reproduzir-se e às suas borbulhas até ao infinito. Clerasil que, em vez de uma dará 30 borbulhas, obrigando a multiplicar por trinta o produto a consumir e por outras tantas bisnagas do mesmo miraculoso remédio.
*
Horkheimer e Adorno apenas dão uma roupagem mais sofisticada a esta filosofia da borbulha, num texto, aliás, notável que vale a pena antologiar:
«Que o meio de comunicação isola, não vale apenas no âmbito espiritual. Não só a mentirosa linguagem do locutor de rádio se fixa, como imagem no cérebro, impedindo aos homens falar entre si; não só o louvor da Pepsi-Cola abafa a notícia da destruição de continentes inteiros; não só o modelo fantasmagórico dos heróis do cinema se impõe diante do abraço dos adolescentes e mesmo do adultério. O progresso separa literalmente os homens. A bilheteira na estação de caminho de ferro ou o caixa no banco permitiam ao empregado conversar com o colega e com ele partilhar os seus humildes segredos; as janelas de vidro dos escritórios modernos, as inumeráveis salas onde os empregados se reunem e são facilmente vigiados pelo público e pelos chefes, já não permitem tais conversações privadas e idílios. O contribuinte está agora protegido contra o desperdício de tempo dos assalariados, nas repartições, os quais se encontram assim isolados colectivamente. Porém os meios de comunicação também isolam os homens fisicamente. O caminho de ferro foi substituído pelo automóvel. O vagão reservado reduz as relações que se podem fazer numa viagem, à descoberta dos que pretendem ganhar uma boleia. Os homens viajam estritamente isolados, sobre pneus de borracha. Daí que só se fala no automóvel daquilo que se costuma tratar em casa: a conversa doméstica regula-se por interesses práticos. Desde que cada família, com uma determinada renda. usa idêntica hospedagem ,cinema e cigarros, conforme a apresentam as estatísticas, assim os temas se estereotipam seguindo os vários tipos de automóvel. Quando se encontram nos domingos, ou em viagem nos hoteis, cujos cardápios e acomodações se equivalem quando em preços iguais, os visitantes descobrem que se tornaram ainda mais parecidos entre si, mediante o isolamento. A comunicação providencia a igualitarização dos homens através do seu isolamento.»
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BIOCRACIA 1967

dcm67-2-MEIN KAMPF 67

UM PARÊNTESIS CONTRA O PROGRESSO EM GERAL
 E O CHAMADO PROGRESSO MÉDICO EM PARTICULAR

Este capítulo está encostado a conceitos que considero ultrapassados em 1998: revolução, advento do socialismo, etc

5/Fevereiro/1967 - À medida que a Biocracia avança para arrancar ao homem as últimas raízes da sua natureza e da sua dignidade, assiste-se à ascenção e queda dos mitos com que se traumatizam as populações e se preparam (condicionam) os cérebros para suportarem todas as neo-violências do chamado progresso.
No tempo em que a imprensa comercial do mundo inteiro aplaudia, por serem mediáticas, as experiências do Dr. Barnard em matéria de corações enxertados, alguém escrevia, no silêncio do seu «diário de um sobrevivente», o que era então proibido pensar, quanto mais escrever e publicar.
O que era e continua a ser, evidentemente.
Arrancamos hoje essa página de um sobrevivente, escrita em 5 de Janeiro de 1967, apenas para verificar que, dez anos depois, o homem ainda não deixou de ser vampiro do homem.
Reproduzimos, então, o que estava escrito desde então, sobre cirurgia em geral e transplantes em particular.
À falta de verdadeiro progresso (que é sempre humano e social), à falta de paz e de soluções para o armamento, à falta de justa distribuição nas rendas e nos alimentos, à falta de
justiça, de liberdade e de fraternidade, à falta de benefícios (da tal ciência, da tal técnica) para todos e não só para os beneficiados de sempre (conformistas e acomodatícios de sempre), à falta de verdadeiras conquistas no caminho  de um verdadeiro humanismo, isto é, de um verdadeiro progresso, ocupam-se as forças  e quantos com elas colaboram sem se dar por isso, a hipertrofiar a importância de pequenas piruetas técnicas, com mais ou menos significado intrínseco mas sempre piruetas se e enquanto as não integrar uma justa redistribuição por todos das ditas piruetas, no menor prazo.
À falta de condições habitáveis nas nossas cidades, de uma política urbanista que se preocupe com a vida dos cidadãos e não só com a circulação automóvel e a prosperidade das empresas, à falta de respeito pela vida humana e por todas as formas de vida saudável, à falta de a medicina fazer o que lhe competia - curar regenerando, curar recuperando o órgão doente e todo o organismo - coligam-se as forças negativas para todas as manobras de distracção que as tais piruetas técnicas propiciam: a imprensa, sempre ávida de sensação e telex; os políticos, sempre prontos a distrair as massas dos reais problemas e das reais urgências; a medicina, sempre afainada em ocultar, com passes cirúrgicos, os  falhanços no campo terapêutico; enfim, toda essa ciência coligada.
Respeito pela vida e amor ao progresso é coisa que nunca vemos tão respeitáveis instituições defender nos momentos críticos e definitivos, pelo menos com o zelo, a teimosia, o alarde que vemos na noticiação do folhetim Barnard ou do folhetim Svetlana ou do folhetim Murphy, ou de qualquer outro fanerogâmico assim; mas nenhuma das respeitáveis instituições deixa de cantar (ou de chorar, conforma a cerimónia) o fado do amor à vida quando um qualquer Barnard, do Cabo , diz que enxertou coração de negro em corpo de branco (vejam a multiracialidade de tal coração).
Que tirar órgãos seja a quem for já esteja excluído (pela legalidade do terror cirúrgico) da alçada dos delitos de eutanásia, que extirpar bocados de vida seja de quem for já não se considere (a gente habitua-se e para isso lá estão os órgãos da opinião a fabricar rebanhos de resignados) um desrespeito pela vida, quem já pode admirar-se?
Se já estamos talhados à imagem e semelhança da elite tecnocrática (biocrática neste caso da cirurgia) que nos modelou o cérebro, como havemos de reagir?
Diga-se, entre parêntesis, que alguns ficaram muito alarmados com a história do «Fahreneit 451», contada pelo realizador François Truffaut, como se não estivessem já todos a ser protagonistas daquela fábula.

Só cantam hossanas ao progresso quando as manifestações em causa (cirúrgicas ou espaciais, para exemplo) lhes interessam para distrair e adiar. O verdadeiro progresso - que só existe ao nível de todos, para todos, com todos - não interessa a ninguém da elite que vive de explorar o trabalho, a vida, a boa fé ou a crueldade do querido próximo.
O amor ao progresso é , para eles, consciente ou inconscientemente, o amor às suas conveniências, aos seus lucros e à paz d'alma das suas  consciências. Que nada as perturbe e será o progresso.
Se antes, durante e depois de embarcarmos no folhetim do dr. Barnard, se antes, durante e depois, as élites tivessem denunciado as condições de anti-progresso que continuam a perdurar por toda a parte com a cumplicidade das suas consciências, então sim: a poluição crescente da biosfera, as radioactividades que aumentam, o nervosismo da bomba, o ar irrespirável de hora a hora - onde afinal radicam muitas doenças para as quais as medicinas só têm como resposta o medicamento químico ou a faca - tudo isso em função do progresso e o progresso em função disso, talvez valesse a pena acreditar que era a sério quando paguem 1400 contos ao Barnard pelo exclusivo das fotos e declarações.
De contrário, a verdade é muito outra e a única que importa assinalar: as doenças endémicas crescem em vertical, de mês para mês e numa progressão que não tem confronto com os ditos progressos que, em sentido inverso (combatendo a doença) se verificam.
De onde é fácil deduzir que a dita pirueta do Dr. Barnard, ainda que tivesse algum significado ao nível da habilidade manual e do aperfeiçoamento de maquinismos, nunca viria a significar nada no capítulo da sua aplicação, isto é, no capítulo do progresso (que é sempre e só moral, social, humano, espiritual, ou não existe, ou é apenas retrocesso).
A generalização à maioria das pessoas dessa conquista técnica é impraticável no prazo de tempo em que poderia servir e absolutamente vácua a longo prazo, já que sofre de atraso congénito: e a humanidade morrerá cardíaca (às vezes o desespero faz pensar que a humanidade não merece melhor) se processos mais radicais não se encontrarem de evitar a doença, de a curar, de regenerar os órgãos.
Ou isto (que seria de facto o progresso para as imprensas louvarem e o Nobel galardoar) ou não serão remendos, enxertos de órgãos que irão salvar, na hora da verdade, os milhares de cardíacos que disso vierem a precisar, que disso (de um coração sadio) já precisam mas com os quais, as  elites, medicinas e etc., não parecem ocupar-se nem preocupar-se muito. Enxertar um órgão em alguém em vez de curar milhões é não só muito mais fácil como dá melhor fotografia para a primeira página.
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DEEP ECOLOGY 1982

entrepar-ie-ac = ideia ecológica do ac - manifest - 7373 caracteres

5-2-1982

A IDEIA ECOLÓGICA + BIBLIOGRAFIA DOMÉSTICA

Repesc em 17/11/1990

 MANIFESTO POLÍTICO DO ECOREALISMO (EM PREPARAÇÃO)
 ENTRE PARTIDOS SEM SER DE NENHUM
 A DIFÍCIL DIALÉCTICA - PARTIDOS VISTOS DA «FRENTE ECOLÓGICA»
 A TERCEIRA VIA: O QUE É?
 AQUELA MÁQUINA PARTIDÁRIA

«Não se trata de converter os partidos à ecologia, o que seria tarefa tão impossível como querer um quadrado redondo - mas de criar, quanto antes, um partido do realismo ecológico, ou partido dos cidadãos. (5/2/1982)
Vários textos, inéditos e publicados, poderei reunir (e já reuni) para eventual publicação conjunta, em caderno polémico e «notícias da clandestinidade», em volta do tema político dos partidos.
Assumirá, eventualmente, a forme de carta de um anarquista aos senhores dos partidos, ou poderá, retirando os textos em «eu» para «diário geral», apontar mesmo para um estilo manifesto, a aproveitar, ou não, na candidatura ecologista às próximas presidenciais.
Até porque já existe um manifesto do lumpen-proletariado, que, embora datado, tem perfeito enquadramento (também polémico, ainda e cada vez mais) num manifesto político mais geral e abrangente.
Os ideólogos da mitologia tecnocrática costumam apregoar de que não há esquerda nem direita, pois o que sobreleva na política é o pragmatismo dos interesses económicos e esse não tem esquerda nem direita: está sempre a favor do vento.
Este «neutralismo» tecnocrático opõe-se a empenhamento e «engagement» humanista, que também não tem, por sua vez, esquerda nem direita. Por isso, quando se ouve o «slogan «nem esquerda nem direita» é preciso saber de onde ele vem, já que tem um significado distinto e mesmo inverso conforme a proveniência for tecnocrática ou humanista.
Em princípio, é a este empenhamento neutral, a este radical-reformismo, a esta utopia realista que o ecorealismo rende obediência, rejeitando liminarmente o neutralismo tecnocrático.
Nos textos redigidos ao longo dos anos inserem-se temas que denominei de «cancro totalitário», «macrosistema», «neo-sofística» e «crise planetária» (assim acontece ao texto intitulado « A mitologia tecnocrática», de 11 pgs A4 inéditas. Poderá ser um dos textos a inserir na «História de um Movimento - Páginas polémicas», tenha ou não o ar de manifesto: o ar deste texto é, efectivamente, mais testemunhal).
Um outro ensaio longo, e portanto inédito, tem 19 pgs a4, versa a questão dos fascismos quotidianos, a conspiração tácita entre vários aparelhos partidários para deixarem passar esses fascismos sem os mencionar como tal, mas meras disfunções ocasionais sem integração estrutural e ideológica. Há excepções em alguns pensadores da corrente marxista, incluindo o próprio Marx dos escritos da juventude, e depois Henri Lefèbvre com uma corajosa crítica da vida quotidiana e Michel Bosquet analisando o que chama de «capitalismo quotidiano». Ligar o ecologismo ou ecorealismo a estas fontes da filosofia marxista tem alguma importância, nomeadamente hoje (17/11/1990) em que uma direita festiva, comandada pelo pensador rock Miguel Esteves Cardoso, tem, com bastante êxito junto do público juvenil, inalado a tese de que ser irreverente, jovem, inconformista e práfrentex é exactamente adoptar e defender as manifestações mais expressivas do fascismo quotidiano, nomeadamente o ruído. Isto tem implicações a outro nível, o da apologia velada da droga e do relacionamento sexual entre pessoas do mesmo sexo, o que, sendo uma ideia progressista, vai reforçar a ideia de que fazer a apologia do ruído é progressista também.
São estes os perigos de um pensamento que não sendo dialéctico antes se chamaria da «ambiguidade», na qual o pensador do vídeo clip Miguel Esteves Cardoso é mestre.
Na análise da vida quotidiana, esquerda e direita encontram-se do mesmo lado, fazendo ambas a apologia desse fascismo quotidiano.
*
Voltando a referir o «Para um manifesto do lumpen-proletariado», inédito com 6 pgs A4, destaco o último ponto, o 6, onde se resume, muito rapidamente, uma obsessão pessoal minha, a propósito da literatura malcriada, dos escritores que desceram aos porões e às traseiras da sociedade. Mais: está implícita nesta minha obsessão pelo proletariado uma imensa metáfora, vendo-me eu próprio, enquanto falhado, insultado, vaiado, excluído e demitido da sociedade, constantemente retratado em todos os lumpen: isto, de facto, é uma engrenagem trituradora que só deixa sobreviver quem estiver devidamente doutorado em alguma coisa.
Embora o lugar desta obsessão minha seja o texto de ficção e não o manifesto ou ensaio, a verdade é que ele foi escrito e a ele voltarei, provavelmente, em um possível capítulo de «O Forum dos Aflitos». Constantemente lembro Pasolini, Jean Genet, Artaud, Albertine Sarrasin, Violette Leduc, Danilo Dolci, João Carreira Bom («subgente»)
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O recado crítico a dar pelo ecorealismo é, de facto, à esquerda, atendendo a que a Direita não nos deve já preocupar.
A este respeito, a minha tese herética repete-se: foi a esquerda que temos quem nos empurrou para a Direita que está.
Por isso intitulei «Da Esquerda à Esquerda» uma série de crónicas que publiquei no «Página Um» e onde fui muito criticado por criticar a esquerda e não criticar a direita. Mas a direita em ecologia não conta, está fóra do baralho e não me parece que seja com ela o debate a travar. Só que, com a Esquerda que se tem vindo a revelar nas águas ditas «verdes», também não me parece que seja para debater seja o que for. Está então o debate encerrado?
Talvez sim e daí, em grande parte, o mutismo a que me remeti.
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Ainda em 1983, eu estava e continuava muito preocupado com a Esquerda (conforme posso ler num inédito desse ano) e que ela não quisesse perceber onde se infiltrava hoje e sob que formas o fascismo quotidiano. Esqueci-me nesse texto de 1983, de citar dois marxistas, Michel Bosquet e Lefebvre, mas de qualquer maneira receberia sempre a resposta de ressonância estalinista que era clássica cassete em casos que tais: « Não se pode fazer fé em intelectuais que dissidiram do partido comunista francês, pois eles são despeitados e jás não traduzem a pureza da doutrina.» Com argumentos destes se calou tanta gente, aqui, em Portugal, onde os estalinistas reinaram e continuam reinando, apesar da Perestroika ( 17/11/1990).
Em suma: que a chamada «Esquerda», a que monopolizava com mais veemência o rótulo, pelo menos - continuasse ignorando o biocídio e o tecnofascismo do chamado progresso económico, tecnológico e científico, era o grande espanto meu, na «Frente Ecológica», ainda em 1983. Se nunca tive veleidades de fazer pedagogia a burros, o facto é que o facto continuava e preocupar-me...
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Ainda na perspectiva «Da esquerda à Esquerda» há um longo ensaio, em papel A4 de jornal (13 pgs), mas sem dia definido, não sei se inédito se publicado em caderno policopiado, em que tento definir o movimento ecológico perante os partidos políticos, embora dando a direita reaccionária como assunto arrumado... A terminologia não deixa lugar a dúvidas sobre a época, altamente e alucinadamente gonçalvista em que esse ensaio longo, polémico, foi escrito.
«Dos amanhãs que cantam aos amanhãs que choram» era um título bem elucidativo deste polémico manifesto onde tentava investir contra o tabu do progressismo, ou seja, a confusão sofística entre progresso e desenvolvimentismo industrial e economicismo estrito.
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YIN-YANG 1997

spi-1-simplicidade prática e intuição - autoterapia – princípio dos princípios - noologia yin-yang

MACROBIÓTICA: ARTE DE VIVER 
OU FILOSOFIA PRÁTICA?

5/2/1997 - A força da dialéctica taoísta e do sistema alimentar que nela se baseia - modernamente designado Macrobiótica - assenta em princípios filosóficos básicos, exactamente os princípios que faltam na cultura ocidental:
- a sabedoria da simplicidade
- a simplicidade da sabedoria
- gratidão (à ordem do universo), oxigénio da alma
- filosofia prática antes de ser filosofia especulativa

Deriva destes princípios, ao mesmo tempo filosóficos e práticos - principalmente o da simplicidade -, a força de transmutação que o taoísmo modernamente tem operado na civilização ocidental.
Fazer da prática - e dos resultados práticos - o critério supremo da verdade, eis em que consistiu o essencial da «revolução» yin-yang mas que poucos adeptos e praticantes compreenderam em profundidade, pelos vícios de cultura instalados no subconsciente colectivo.
Pondo em prática uma filosofia simples de vida - uma arte de viver -, a macrobiótica conseguia resultados que a grande ciência e a grande medicina ocidentais nunca conseguiram.
Inspirada no grande princípio universal da sabedoria - primeiro praticar e depois filosofar - a dieta do arroz integral veio, chegou e curou. Curou bastantes doenças. E cura. Milagre este que soa, nos nossos costumes, pouco habituados à sabedoria prática, como heresia: afinal não era preciso ser formado em medicina para poder tratar a saúde em casa, para poder curar sem ir ao consultório.
Compreender que simplificar - o grito de guerra do filósofo norte-americano Henry David Thoreau (1817-1862)- é mais do que meio caminho andado para resolver as doenças políticas, económicas e sociais em geral e as doenças do indivíduo em particular - eis a prioridade das prioridades numa pedagogia realista de base noológica.
Dar o salto para a simplicidade - torneando o muro da Sofística chamada ciência, chamada ideologia, chamada autoridade - é de facto o grande acto de resistência quotidiana passiva que muitos já hoje praticam, por força das circunstâncias e sem totalmente se aperceberem da revolução de que estão sendo agentes.

GRATIDÃO E ARROGÂNCIA

Atordoado com a eficácia da Macrobiótica, o paciente tem levado estes quase 40 anos a recompor-se da surpresa. Hesita, principalmente, em dizer «obrigado» à maravilhosa ordem do universo que em si opera mediante a dialéctica prática yin-yang. E ainda está longe de perceber até que ponto a revolução cultural no Ocidente começou com Jorge Oshawa.
O episódio do dr. Satillaro, médico de Filadélfia que esteve em Portugal em Junho de 1980 a contar o seu caso, é duplamente elucidativo dessa ingratidão e arrogância que caracteriza o homem ocidental:
1º) porque a macrobiótica o curou de três cancros que a medicina lhe arranjou e curou-o nos seis meses que a medicina lhe tinha dado de vida
2º ) porque , uma vez curado dos cancros, o Dr. Satillaro continuou a dizer (disse-o em Portugal) que a medicina está certa e que essas coisas do yin-yang são do e para o «japonezinho» e apontava para Michio Kushi que estava na mesa, ao seu lado, e que o orientou na cura.
Ilacções desta história imoral:
a) A Ingratidão, junto com a Arrogância, é a grande doença, o grande cancro da alma humana, como, aliás, já teria sido dito por Jorge Oshawa, que recriou para o Ocidente a tradição primordial do yin-yang
b) O cancro é, afinal, mais fácil de curar do que a medicina
c) A sabedoria prática que cura é incompatível com a ciência teórica que mata
Este é o desafio posto hoje pela prática yin-yang à grande massa dos que sofrem, cegos de espírito, entregues à voragem da grande ciência , da grande universidade, do grande poder médico que não consegue evitar, resolver ou curar uma gripe mas que se arroga poder de vida ou de morte sobre nós.
Mas não foi só o caso Satillaro a provar que a grande doença ocidental é a arrogância. Dos muitos que beneficiaram com a Macrobiótica, incluindo os que lucraram profissional ou comercialmente com ela, poucos foram, afinal, os que ficaram gratos à grande ordem do universo. Não curaram o seu cancro.
E o que muitos profetas previam (e temiam) aconteceu logo durante a década de sessenta com o ensinamento de Jorge Oshawa.
Tal como os profetas tinham previsto, se a boa nova um dia surgisse seriam os próprios beneficiados dela os últimos a reconhecê-lo. Se Cristo voltasse à Terra, seria de novo apedrejado e crucificado pelos fariseus. Se Deus, porventura, se tornasse visível um momento, destruí-lo-iam à bomba em nome dos mais nobres princípios do progresso científico, tecnológico e militar.
Não permitir que matem a cotovia - Cristo outra vez - pela segunda e última vez, eis o desafio que a própria dialéctica yin-yang - sob o disfarce prosaico do arroz integral - traz aos homens de boa vontade.
E ao qual a Noologia médica diz SIM sem hesitar um segundo.

O PODER DA INTUIÇÃO

Uma das palavras mágicas na literatura macrobiótica é «intuição». Nela se descarrega, no entanto, algum comodismo e muita inércia mental. Ao pôr o acento tónico no conhecimento prático, por oposição a conhecimento livresco, induziu alguns à ilusão de que era possível, finalmente, um mundo sem livros.
Basta um: o «I Ching». Consulta-se o livro das mutações, lançam-se os pauzinhos na hora crítica de qualquer aflição e pronto: já não precisamos de mergulhar no oceano encapelado e sujo da informação livresca com que a sociedade de consumo inunda o mercado e intoxica o consumidor.
A macrobiótica, dois pauzinhos para comer o arroz integral e o «I Ching» tornam-nos, de repente, magicamente sobranceiros e arrogantes para com a cultura universal.
Por acaso ou coincidência, a macrobiótica teve o seu auge com os movimentos norte-americanos da «contra-cultura». E foi possível, então, meter tudo no mesmo saco.
Michio Kushi e seus «teachings», Ivan Illich e suas teses radicais de «desescolarização», a experiência hippy e os filósofos da chamada contra-cultura como Roszak, Dubuffet e seu manifesto contra a crítica, eis bons argumentos para juntar à tese do ferro-magneto na hemoglobina, tese com que Michio Kushi forneceu à Macrobiótica o «abre-te Sésamo» (mais uns poses de gergelim moído e tostado com sal) da nossa alegre descultura já crónica, já congénita, já habitual.
«Que bom e cómodo - pensou o macrobiótico que até então fora só e apenas intelectual - é haver teorias que ajudam a justificar filosoficamente a nossa irresistível tendência para o menor esforço.»
A Macrobiótica parecia ser, com a sua simplicidade, com a sua eficácia de tudo curar, com a sua filosofia prática, essa teoria.
Com uma pequena grande diferença.
A dialéctica yin-yang (prática e metafísica ao mesmo tempo, macro e microcósmica) não é uma teoria: é um sistema de certezas, ou, se se quiser, uma física - a física das energias.
Macrobiótica igual a Noologia.
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MACROBIÓTICA 1997

macro-1> autoterapia – lições de ecologia alimentar y-y - noologia yin-yang: da ecologia humana à ecologia alimentar – fichas de discussão

A CONSERVAÇÃO DOS ALIMENTOS - VANTAGEM DO SISTEMA MACROBIÓTICO

1º EXEMPLO: CARNE DE VACA COM HORMONAS

5/2/1997 – A adulteração deliberada que a indústria realiza, no caso da carne, e a que chama «qualidade» do produto (do ponto de vista estritamente industrial, talvez seja «qualidade»), utiliza dois métodos:
a) Injecção de hormonas
b) Uso de finalizadores
Um desses métodos consiste na aplicação de hormonas femininas sintéticas, mediante injecção ou mediante uma cápsula que contém hormonas e sílicone, de tal forma que, ao libertar-se, provocam a engorda artificial do gado.
Segundo algumas autoridades sanitárias, os efeitos provocados no organismo do consumidor por estas hormonas, são, entre outros, o efeminamento nos homens (perda de barba, mudança de voz, etc) e o cancro do útero nas senhoras.
É muito provável que esteja relacionado com este caso o escândalo verificado, há anos, em Itália, em que crianças de ambos os sexos viram crescer-lhe os seios com alarmante rapidez na altura em que comiam habitualmente certa carne de vitela.
O segundo método de adulterar a carne de vaca, dizendo que se melhora a «qualidade», consiste em misturar na ração produtos químicos chamados finalizadores, que fazem aumentar os animais entre 10% e 20% o seu peso real.
No caso do boi, ele ganha 120 quilos de água .
Os edemas conseguidos com este método fazem com que uma vaca velha pareça vitela: na verdade, trata-se de uma anemia galopante do animal, o qual terá de ser abatido antes que decorram quarenta dias, tempo em que iria com certeza morrer de uma desmineralização (descalcificação) selvagem.

2º exemplo: Marisco com Ácido Bórico

Relativamente ao Marisco, também a indústria alimentar tem processos muito expeditos de «melhorar» a «qualidade» do produto.
Como a vida útil do marisco é apenas de 48 horas a partir do momento em que é extraído do mar, pois, transcorridos estes, começa o processo de putrefacção, principalmente pela cabeça, os industriais do ramo tiveram uma ideia genial: pulverizar gambas e demais mariscos com ácido bórico.
O ácido bórico é um veneno, muito usado para matar baratas, sendo uma dose de 7 gramas suficiente para matar uma pessoa.
Ainda que a morte não ocorra imediatamente, o ácido bórico ataca o sistema nervoso e as células pulmonares, já que este veneno não é eliminado do organismo mas nele se acumula.
Espanha e Portugal são países em que o ácido bórico ainda não foi proibido pelas autoridades de fiscalização sanitária.

MUDANÇA DE REGIME ALIMENTAR:UM CASO DE VIDA OU DE MORTE

O que estes dois exemplos, escolhidos entre centenas de outros, ilustram e evidenciam, é que a mudança de regime alimentar não é só uma questão religiosa ou higiénica, ou de escolha de clube: o dos vegetarianos ou o dos carnívoros.
À luz da ecologia humana que estes dois exemplos evidenciam, a mudança de regime alimentar é uma questão de defesa pessoal e, energeticamente falando, de sobrevivência planetária. Um caso de vida ou de morte.
Não se trata de escolher entre carnívoros e vegetarianos, mas de escolher o regime que apresente menos riscos de envenenamento, intoxicação e sequelas patológicas a curto ou médio prazo. Face aos factores ambientais que modernamente condicionam a saúde e produzem doenças, face às doenças de consumo e da poluição, a escolha do regime alimentar deverá levar em conta esses factores de ecologia humana para que possa considerar-se um sistema de ecologia alimentar.
Até agora, é a macrobiótica que, desse ponto de vista, oferece mais garantias e maior margem de segurança. Até porque tem afinidades - através do princípio único, do yin yang - com a medicina ecológica mais antiga do mundo, a acupunctura.
Se o sistema de alimentação a que Jorge Oshawa chamou macrobiótica não tivesse outros argumentos para se impor aos costumes ocidentais e para provar a verdade e rigor dos seus fundamentos energéticos, em consonância com a Ordem do Universo - a eficácia na cura de muitas doenças, por exemplo - , a demonstração dessa eficácia poderia fazer-se evidenciando os erros e absurdos dos outros regimes alimentares, incluindo os que se consideram vegetarianos, ou lacto-ovo-vegetarianos.

O ALIBI DA CONSERVAÇÃO

Além de dizer que «melhora» o alimento, a indústria tem ainda um outro grande argumento para manipular, adicionar e quimificar os alimentos: é o argumento da conservação.
Sendo a macrobiótica, inspirada na filosofia taoísta, a arte da simplicidade, podemos avaliar a irracionalidade da moderna sociedade de consumo verificando os extremos de complicação a que conduz. A conservação e manipulação dos alimentos é, na sociedade de consumo, um desses processos de complicação, um dos factores que mais contribuem para degradar a qualidade biológica dos alimentos.
Sempre que possível, a macrobiótica indica e aconselha processos caseiros, domésticos e artesanais de conservação. E utiliza os alimentos com menor nível de perecibilidade.
O cereal integral na dieta macrobiótica, por exemplo, é não só pelas virtudes do cereal (base de muitas civilizações) mas porque a sua conservação acarreta, apesar de tudo, menos problemas.
A ordem alimentar macrobiótica não só é mais económica - evitando desperdício de energia - mas, sendo mais saudável, poupa também em medicamentos e hospitais, evitando a doença e os gastos (astronómicos) com a doença, de que tanto nos fala a crise financeira crónica da chamada Segurança Social.
Sendo mais económica - do ponto de vista energético - a macrobiótica é, também e por isso mesmo, mais ecológica. Ao fundamentar uma economia alimentar que certamente poderia corrigir as desumanas distorções entre o mundo dos muito ricos e o mundo dos muito pobres, a macrobiótica é a imagem da simplicidade e da ordem ecológica, sendo a imagem da eficácia.
Enquanto a ciência médica, por exemplo, complica cada vez mais para justificar uma dependência cada vez maior dos doentes relativamente ao poder médico, a macrobiótica descomplica e acrescenta a independência das pessoas relativamente aos sistemas que controlam o consumidor.
A indústria alimentar, tal como a indústria médica e em articulação com ela, explorando o mesmo mecanismo da complicação , criando ambas a sua própria engrenagem, que tende a auto-reproduzir-se.
É a irracionalidade do sistema o que mais se evidencia na sociedade de consumo. Irracionalidade do desperdício, da degradação biológica, da produção de doenças que são doenças da poluição alimentar.
Baseando-se em meia dúzia de alimentos principais, evitando os supérfluos, os problemas de conservação desses alimentos são menores, poupando-se energia, esforço, estragos inerentes ao longo processo de conservação-manipulação.
A história da conservação dos alimentos é a história de um equívoco: tendo escolhido os alimentos errados e contra a ordem da natureza, o homem moderno não pára de inventar processos para, à força, evitar que eles apodreçam, que se deteriorem.
Foi no século XVIII a aplicação do calor à destruição dos agentes que produzem a deterioração...
Foi no século XIX , o confeiteiro Nicolas Appert com um processo que consistia em encerrar os alimentos em garrafas hermeticamente fechadas (de vidro e folha) .
Foram, no fim do século XIX, com a siderurgia, os americanos Bogel e Coleb, que inventaram a conservação em lata.
O autoclave e os micróbios de Pasteur puseram a esterilização na ordem do dia, ao mesmo tempo que a utilização crescente da Folha de Flandres originava uma rápida expansão da indústria conserveira e assegurava uma tecnologia para a acumulação capitalista de capital.

COMER OU NÃO COMER CARNE:EIS A (FALSA) QUESTÃO

Enquanto alguns apóstolos da higiene alimentar defendem a «regeneração da raça» através de reformas na prática alimentar, outros há que, com mais cinismo (realismo), se limitam a comer e a beber do que lhes aparece, olhando os outros - praticantes de uma comida mais racional ou racionalizada - com olhos de beatífica comiseração.
Que a alimentação faz o carácter - somos o que comemos - parece ser um facto já fora de discussão.
Que nós somos, em boa parte, o que consumimos, parece também ser um dado adquirido para os que estudam ecologia humana e alimentar.
A partir daí, porém, quando se trata de saber o que devemos seleccionar e se devemos seleccionar estes alimentos em detrimento daqueles, a confusão cresce e cresce a controvérsia entre escolas dietéticas, entre, por exemplo, carnívoros e vegetarianos .
Comer ou não comer carne
Comer ou não comer fruta
Comer ou não comer lacticínios
Fumar ou não fumar
Deixar-se ou não vacinar
Tomar ou não tomar antibióticos.
Eis algumas das escolhas a fazer. Mas, para isso, procura-se um sistema alimentar que apresente um critério credível e viável de escolha.
Testado pela prática , o sistema alimentar que garante esse critério de escolha, baseado nos princípios da ecologia humana, é a macrobiótica, o primeiro que falou ao Ocidente em termos de Energia. Alimento é energia.
Em boa verdade, até veneno o corpo aguenta e transmuta (se tiver capacidade energética para transmutar). A questão está em saber as doses que permitem ao organismo adaptar-se-lhe . O mitridatismo levou à perfeição essas práticas, no tempo em que os Neros se entre-envenenavam com amor e carinhosa assiduidade.
O homem adapta-se a tudo, costuma dizer-se: modernamente, é esta a filosofia do mitridatismo no nosso tempo.
Relativamente às energias alimentares, o que a Noologia indica e recomenda é o que indica e recomenda para todas as outras energias: a imunidade aos factores de agressão, sabendo reagir a eles e, sempre que possível, transmutá-los.
O consumidor terá, pois, que jogar com os alimentos que tem à disposição , procurando saber como efectuar a melhor escolha.

A SAÚDE DOS NOSSOS BISAVÓS

Argumentam alguns carnívoros que os bisavós deles comeram de tudo e toda a vida se regaram do belo bagaço (por exemplo) chegando aos setenta , oitenta e noventa de boa saúde.
Para lá de ser uma verificação empírica de casos isolados, sem consistência estatística, casos isolados que dependem, ainda por cima, de factores genéticos e ambientais os mais diversos, é um argumento que nada prova contra a macrobiótica ou contra qualquer outro sistema de alimentação racional.
Mesmo que seja verdade que alguns macróbios o tenham sido com grandes orgias de comida e bebida, a constituição dos nossos avós era, em princípio, antes da indústria alimentar ter, com refinados e aditivos, contribuído para a decadência biológica, bem mais sólida do que a das novas gerações, atacadas, à nascença e antes de nascer, com vacinas e outros degenerantes químicos das defesas naturais.
Por outro lado, nos meios rurais, a comida, por razões económicas era mais austera e os consumos mais moderados em função do essencial.
Também a água de beber, embora houvesse riscos de contaminação biológica, não continha os venenos verdunizados que hoje tem nas canalizações da cidade, tratada com cloro ou gás da guerra 14-18...
Os factores de stress urbano não se podem também comparar aos factores que nos meios menos trepidantes existem; isto sem esquecer que a província é hoje, no campo da ruído, por exemplo - causador Número 1 do stress - um flagelo tão perfeito como a cidade.
O capital genético das antigas gerações era também , na generalidade, mais sólido, embora se pretenda dizer o contrário, e se havia muitos problemas patológicos originados por algumas carências, elas foram dominadas pelos muito maiores problemas das carências originadas pela pletora, abundância ou indigestão consumista.
Doces, gelados, chocolates, refrigerantes, pepsis e outros «suaves» costumes da sociedade de consumo, fazem hoje razias na saúde das crianças, como fazem os cereais refinados em farinhas «superfinas» e outras atrocidades alimentares autorizadas e estimuladas pelas autoridades...sanitárias.
À luz disto, é insignificante e irrelevante a controvérsia dos que continuam a gritar contra a carne, contra o tabaco, menos contra a engrenagem que alimenta isso tudo, vive disso tudo, lucra com isso tudo.
A clivagem entre o que mata e o que apenas mói passa pela indústria alimentar e suas responsabilidades na maior parte das patologias que hoje se tornam endémicas, obrigando a Noologia a cunhar uma nova classificação: doenças do consumo. São as doenças de que a medicina diz ignorar as causas...
Os argumentos moralizantes contra a carne perdem consistência - «a carne torna-nos mais violentos e menos dóceis de carácter» dizem alguns vegetarianos bastante violentos e muito pouco dóceis de carácter. A verdade é que os frutos nos tornam gémeos do macaco, sem que disso se queiram aperceber os frugivoristas anti-carnívoros fanáticos.
Dizem os cruzados do anti-tabagismo que o tabaco é muito mau graças a deus, mas não dizem que as vacinas são causa de muitas doenças (ou da doença das alergias) , que os ovos levam toneladas de colesterol e que os lacticínios em especial e as gorduras em geral podem ser responsáveis por um terreno pré-cancerígeno.
É tempo de acabar com os mitos e lendas de que, em «épocas de epidemia os vegetarianos são mais resistentes do que as pessoas que se alimentam de carne».

YIN-YANG E PONTO FINAL

A partir do momento em que se saiba que a doença é não só provocada por um terreno tóxico predisponente mas principalmente por um desequilíbrio energético, cada doença passa a ter sempre, pelo menos, 2 causas possíveis:

a) Uma causa yin: extremo desequilíbrio energético no sentido do potássio, do líquido, do ácido, do frio, do centrífugo
b) uma causa yang, extremo desequilíbrio energético no sentido do sódio , do seco, do sal, do contraído, do centrípeto.
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