YIN-YANG 1997
spi-1-simplicidade prática e intuição - autoterapia – princípio dos princípios - noologia yin-yang
5/2/1997 - A força da dialéctica taoísta e do sistema alimentar que nela se baseia - modernamente designado Macrobiótica - assenta em princípios filosóficos básicos, exactamente os princípios que faltam na cultura ocidental:
- a sabedoria da simplicidade
- a simplicidade da sabedoria
- gratidão (à ordem do universo), oxigénio da alma
- filosofia prática antes de ser filosofia especulativa
Deriva destes princípios, ao mesmo tempo filosóficos e práticos - principalmente o da simplicidade -, a força de transmutação que o taoísmo modernamente tem operado na civilização ocidental.
Fazer da prática - e dos resultados práticos - o critério supremo da verdade, eis em que consistiu o essencial da «revolução» yin-yang mas que poucos adeptos e praticantes compreenderam em profundidade, pelos vícios de cultura instalados no subconsciente colectivo.
Pondo em prática uma filosofia simples de vida - uma arte de viver -, a macrobiótica conseguia resultados que a grande ciência e a grande medicina ocidentais nunca conseguiram.
Inspirada no grande princípio universal da sabedoria - primeiro praticar e depois filosofar - a dieta do arroz integral veio, chegou e curou. Curou bastantes doenças. E cura. Milagre este que soa, nos nossos costumes, pouco habituados à sabedoria prática, como heresia: afinal não era preciso ser formado em medicina para poder tratar a saúde em casa, para poder curar sem ir ao consultório.
Compreender que simplificar - o grito de guerra do filósofo norte-americano Henry David Thoreau (1817-1862)- é mais do que meio caminho andado para resolver as doenças políticas, económicas e sociais em geral e as doenças do indivíduo em particular - eis a prioridade das prioridades numa pedagogia realista de base noológica.
Dar o salto para a simplicidade - torneando o muro da Sofística chamada ciência, chamada ideologia, chamada autoridade - é de facto o grande acto de resistência quotidiana passiva que muitos já hoje praticam, por força das circunstâncias e sem totalmente se aperceberem da revolução de que estão sendo agentes.
GRATIDÃO E ARROGÂNCIA
Atordoado com a eficácia da Macrobiótica, o paciente tem levado estes quase 40 anos a recompor-se da surpresa. Hesita, principalmente, em dizer «obrigado» à maravilhosa ordem do universo que em si opera mediante a dialéctica prática yin-yang. E ainda está longe de perceber até que ponto a revolução cultural no Ocidente começou com Jorge Oshawa.
O episódio do dr. Satillaro, médico de Filadélfia que esteve em Portugal em Junho de 1980 a contar o seu caso, é duplamente elucidativo dessa ingratidão e arrogância que caracteriza o homem ocidental:
1º) porque a macrobiótica o curou de três cancros que a medicina lhe arranjou e curou-o nos seis meses que a medicina lhe tinha dado de vida
2º ) porque , uma vez curado dos cancros, o Dr. Satillaro continuou a dizer (disse-o em Portugal) que a medicina está certa e que essas coisas do yin-yang são do e para o «japonezinho» e apontava para Michio Kushi que estava na mesa, ao seu lado, e que o orientou na cura.
Ilacções desta história imoral:
a) A Ingratidão, junto com a Arrogância, é a grande doença, o grande cancro da alma humana, como, aliás, já teria sido dito por Jorge Oshawa, que recriou para o Ocidente a tradição primordial do yin-yang
b) O cancro é, afinal, mais fácil de curar do que a medicina
c) A sabedoria prática que cura é incompatível com a ciência teórica que mata
Este é o desafio posto hoje pela prática yin-yang à grande massa dos que sofrem, cegos de espírito, entregues à voragem da grande ciência , da grande universidade, do grande poder médico que não consegue evitar, resolver ou curar uma gripe mas que se arroga poder de vida ou de morte sobre nós.
Mas não foi só o caso Satillaro a provar que a grande doença ocidental é a arrogância. Dos muitos que beneficiaram com a Macrobiótica, incluindo os que lucraram profissional ou comercialmente com ela, poucos foram, afinal, os que ficaram gratos à grande ordem do universo. Não curaram o seu cancro.
E o que muitos profetas previam (e temiam) aconteceu logo durante a década de sessenta com o ensinamento de Jorge Oshawa.
Tal como os profetas tinham previsto, se a boa nova um dia surgisse seriam os próprios beneficiados dela os últimos a reconhecê-lo. Se Cristo voltasse à Terra, seria de novo apedrejado e crucificado pelos fariseus. Se Deus, porventura, se tornasse visível um momento, destruí-lo-iam à bomba em nome dos mais nobres princípios do progresso científico, tecnológico e militar.
Não permitir que matem a cotovia - Cristo outra vez - pela segunda e última vez, eis o desafio que a própria dialéctica yin-yang - sob o disfarce prosaico do arroz integral - traz aos homens de boa vontade.
E ao qual a Noologia médica diz SIM sem hesitar um segundo.
O PODER DA INTUIÇÃO
Uma das palavras mágicas na literatura macrobiótica é «intuição». Nela se descarrega, no entanto, algum comodismo e muita inércia mental. Ao pôr o acento tónico no conhecimento prático, por oposição a conhecimento livresco, induziu alguns à ilusão de que era possível, finalmente, um mundo sem livros.
Basta um: o «I Ching». Consulta-se o livro das mutações, lançam-se os pauzinhos na hora crítica de qualquer aflição e pronto: já não precisamos de mergulhar no oceano encapelado e sujo da informação livresca com que a sociedade de consumo inunda o mercado e intoxica o consumidor.
A macrobiótica, dois pauzinhos para comer o arroz integral e o «I Ching» tornam-nos, de repente, magicamente sobranceiros e arrogantes para com a cultura universal.
Por acaso ou coincidência, a macrobiótica teve o seu auge com os movimentos norte-americanos da «contra-cultura». E foi possível, então, meter tudo no mesmo saco.
Michio Kushi e seus «teachings», Ivan Illich e suas teses radicais de «desescolarização», a experiência hippy e os filósofos da chamada contra-cultura como Roszak, Dubuffet e seu manifesto contra a crítica, eis bons argumentos para juntar à tese do ferro-magneto na hemoglobina, tese com que Michio Kushi forneceu à Macrobiótica o «abre-te Sésamo» (mais uns poses de gergelim moído e tostado com sal) da nossa alegre descultura já crónica, já congénita, já habitual.
«Que bom e cómodo - pensou o macrobiótico que até então fora só e apenas intelectual - é haver teorias que ajudam a justificar filosoficamente a nossa irresistível tendência para o menor esforço.»
A Macrobiótica parecia ser, com a sua simplicidade, com a sua eficácia de tudo curar, com a sua filosofia prática, essa teoria.
Com uma pequena grande diferença.
A dialéctica yin-yang (prática e metafísica ao mesmo tempo, macro e microcósmica) não é uma teoria: é um sistema de certezas, ou, se se quiser, uma física - a física das energias.
Macrobiótica igual a Noologia.
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MACROBIÓTICA: ARTE DE VIVER
OU FILOSOFIA PRÁTICA?
5/2/1997 - A força da dialéctica taoísta e do sistema alimentar que nela se baseia - modernamente designado Macrobiótica - assenta em princípios filosóficos básicos, exactamente os princípios que faltam na cultura ocidental:
- a sabedoria da simplicidade
- a simplicidade da sabedoria
- gratidão (à ordem do universo), oxigénio da alma
- filosofia prática antes de ser filosofia especulativa
Deriva destes princípios, ao mesmo tempo filosóficos e práticos - principalmente o da simplicidade -, a força de transmutação que o taoísmo modernamente tem operado na civilização ocidental.
Fazer da prática - e dos resultados práticos - o critério supremo da verdade, eis em que consistiu o essencial da «revolução» yin-yang mas que poucos adeptos e praticantes compreenderam em profundidade, pelos vícios de cultura instalados no subconsciente colectivo.
Pondo em prática uma filosofia simples de vida - uma arte de viver -, a macrobiótica conseguia resultados que a grande ciência e a grande medicina ocidentais nunca conseguiram.
Inspirada no grande princípio universal da sabedoria - primeiro praticar e depois filosofar - a dieta do arroz integral veio, chegou e curou. Curou bastantes doenças. E cura. Milagre este que soa, nos nossos costumes, pouco habituados à sabedoria prática, como heresia: afinal não era preciso ser formado em medicina para poder tratar a saúde em casa, para poder curar sem ir ao consultório.
Compreender que simplificar - o grito de guerra do filósofo norte-americano Henry David Thoreau (1817-1862)- é mais do que meio caminho andado para resolver as doenças políticas, económicas e sociais em geral e as doenças do indivíduo em particular - eis a prioridade das prioridades numa pedagogia realista de base noológica.
Dar o salto para a simplicidade - torneando o muro da Sofística chamada ciência, chamada ideologia, chamada autoridade - é de facto o grande acto de resistência quotidiana passiva que muitos já hoje praticam, por força das circunstâncias e sem totalmente se aperceberem da revolução de que estão sendo agentes.
GRATIDÃO E ARROGÂNCIA
Atordoado com a eficácia da Macrobiótica, o paciente tem levado estes quase 40 anos a recompor-se da surpresa. Hesita, principalmente, em dizer «obrigado» à maravilhosa ordem do universo que em si opera mediante a dialéctica prática yin-yang. E ainda está longe de perceber até que ponto a revolução cultural no Ocidente começou com Jorge Oshawa.
O episódio do dr. Satillaro, médico de Filadélfia que esteve em Portugal em Junho de 1980 a contar o seu caso, é duplamente elucidativo dessa ingratidão e arrogância que caracteriza o homem ocidental:
1º) porque a macrobiótica o curou de três cancros que a medicina lhe arranjou e curou-o nos seis meses que a medicina lhe tinha dado de vida
2º ) porque , uma vez curado dos cancros, o Dr. Satillaro continuou a dizer (disse-o em Portugal) que a medicina está certa e que essas coisas do yin-yang são do e para o «japonezinho» e apontava para Michio Kushi que estava na mesa, ao seu lado, e que o orientou na cura.
Ilacções desta história imoral:
a) A Ingratidão, junto com a Arrogância, é a grande doença, o grande cancro da alma humana, como, aliás, já teria sido dito por Jorge Oshawa, que recriou para o Ocidente a tradição primordial do yin-yang
b) O cancro é, afinal, mais fácil de curar do que a medicina
c) A sabedoria prática que cura é incompatível com a ciência teórica que mata
Este é o desafio posto hoje pela prática yin-yang à grande massa dos que sofrem, cegos de espírito, entregues à voragem da grande ciência , da grande universidade, do grande poder médico que não consegue evitar, resolver ou curar uma gripe mas que se arroga poder de vida ou de morte sobre nós.
Mas não foi só o caso Satillaro a provar que a grande doença ocidental é a arrogância. Dos muitos que beneficiaram com a Macrobiótica, incluindo os que lucraram profissional ou comercialmente com ela, poucos foram, afinal, os que ficaram gratos à grande ordem do universo. Não curaram o seu cancro.
E o que muitos profetas previam (e temiam) aconteceu logo durante a década de sessenta com o ensinamento de Jorge Oshawa.
Tal como os profetas tinham previsto, se a boa nova um dia surgisse seriam os próprios beneficiados dela os últimos a reconhecê-lo. Se Cristo voltasse à Terra, seria de novo apedrejado e crucificado pelos fariseus. Se Deus, porventura, se tornasse visível um momento, destruí-lo-iam à bomba em nome dos mais nobres princípios do progresso científico, tecnológico e militar.
Não permitir que matem a cotovia - Cristo outra vez - pela segunda e última vez, eis o desafio que a própria dialéctica yin-yang - sob o disfarce prosaico do arroz integral - traz aos homens de boa vontade.
E ao qual a Noologia médica diz SIM sem hesitar um segundo.
O PODER DA INTUIÇÃO
Uma das palavras mágicas na literatura macrobiótica é «intuição». Nela se descarrega, no entanto, algum comodismo e muita inércia mental. Ao pôr o acento tónico no conhecimento prático, por oposição a conhecimento livresco, induziu alguns à ilusão de que era possível, finalmente, um mundo sem livros.
Basta um: o «I Ching». Consulta-se o livro das mutações, lançam-se os pauzinhos na hora crítica de qualquer aflição e pronto: já não precisamos de mergulhar no oceano encapelado e sujo da informação livresca com que a sociedade de consumo inunda o mercado e intoxica o consumidor.
A macrobiótica, dois pauzinhos para comer o arroz integral e o «I Ching» tornam-nos, de repente, magicamente sobranceiros e arrogantes para com a cultura universal.
Por acaso ou coincidência, a macrobiótica teve o seu auge com os movimentos norte-americanos da «contra-cultura». E foi possível, então, meter tudo no mesmo saco.
Michio Kushi e seus «teachings», Ivan Illich e suas teses radicais de «desescolarização», a experiência hippy e os filósofos da chamada contra-cultura como Roszak, Dubuffet e seu manifesto contra a crítica, eis bons argumentos para juntar à tese do ferro-magneto na hemoglobina, tese com que Michio Kushi forneceu à Macrobiótica o «abre-te Sésamo» (mais uns poses de gergelim moído e tostado com sal) da nossa alegre descultura já crónica, já congénita, já habitual.
«Que bom e cómodo - pensou o macrobiótico que até então fora só e apenas intelectual - é haver teorias que ajudam a justificar filosoficamente a nossa irresistível tendência para o menor esforço.»
A Macrobiótica parecia ser, com a sua simplicidade, com a sua eficácia de tudo curar, com a sua filosofia prática, essa teoria.
Com uma pequena grande diferença.
A dialéctica yin-yang (prática e metafísica ao mesmo tempo, macro e microcósmica) não é uma teoria: é um sistema de certezas, ou, se se quiser, uma física - a física das energias.
Macrobiótica igual a Noologia.
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