ORDER BOOK

*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-09-11

POLÉMICAS AC 1967-68

chave-14-chave

AS POLÉMICAS DE AC COM O MEIO AMBIENTE - CHAVE PARA OS ANOS 1967-68

Lisboa, 11/Setembro/1993 - A chamada «civilização», o chamado Progresso, não deixam ouvir a voz da esperança, nem as notícias das alternativas ao sistema conseguem furar a barreira mediática .
 Se ainda hoje, apesar do marketing dito naturista e biológico, ainda se correm riscos em proclamar princípios menos carnívoros e mais vegetarianos, a crueldade dos costumes desta barbárie chamada civilização ficam bem visíveis.
Aliás, todo e qualquer atalho que, nas nossas vidas, tenhamos tomado, ao lado do caminho principal, não deixaria nunca de constituir perda de tempo, atraso de vida.. Mas os atrasos de vida, embora sejam muito relativos, continuam por toda a parte, não só da parte dos que têm a missão histórica de atrasar a vida de todas as vidas (os meios políticos e mediáticos, por exemplo), mas da parte das pretensas e alegadas correntes da Contra-Corrente.
Os próprios vegetarianos - para voltar ao tema - são um bom exemplo . «O Cancro do poder Médico», por exemplo, um texto de 35 pgs A4 de 22 de Outubro de 1977, manteve-se inédito e autocensurado porque não podia ter outro destino. Ainda bem: Era a tese óbvia da «doença que está no ambiente» e, como todas as teses óbvias, altamente subversiva. Foi tabu. É tabu. Continuará tabu.



1977-78

São igualmente de 1977-78 os textos que escrevi sobre o progresso da Vacina  Que, diga-se, em 1993, quase 16 anos depois (!!!) continua de pedra e cal

1970, 1978, 1987

Radicalizar cada vez mais o discurso da análise ao sistema, parecia-me, em 1970, a démarche do chamado e alegado Ecologista. Continuava a parecer-me em 1978, quando publiquei (na colecção «Artigos que a Censura me cortou em 1978») «Viva a Doença, Abaixo a Medicina». Continuava a pensar, em 30/3/1987, quando falei no Forum Picoas, à margem da exposição «15 Anos do Movimento Ecologista», sobre os direitos ecológicos do cidadão, a informação fundamental ao Consumidor, a qualidade biológica dos alimentos . Continuava a identificar ecologismo com radicalismo de pensamento, em 19 de Janeiro de 1987, quando falei na Sociedade Portuguesa de Naturologia sobre o Estado da Nação (causa) naturo-vegetariano-ecologista.
***

MEP 1982

1-2 - 82-09-11-je = jornal expresso - mep-10


PARTIDO «VERDE»: PEDRADA NO CHARCO OU MANOBRA POLÍTICA? (*)

(*) Este texto, não assinado mas que deve pertencer ao jornalista José Manuel Lopes, foi publicado no semanário «Expresso», 11-9-1982

A legalização, a meio desta semana, do «Movimento Ecológico Português» - Partido «Os Verdes» colheu de surpresa os meios ecologistas da capital. Organizações como os «Amigos da Terra» ou figuras marcantes como Afonso Cautela são totalmente alheias à iniciativa e ao esforço de recolha das poucas mais de cinco mil assinaturas que foram entregues no Supremo Tribunal de Justiça.
Pelo que conseguimos apurar junto dos promotores da nova formação política - que se autodefinem como «defensores da causa ecológica e amigos da Natureza» - a sua base assenta em vários grupos de activistas locais ligados, sobretudo, a protestos em defesa do meio ambiente.
Assim, entre os signatários encontrar-se-iam activistas da Comissão de Defesa do Rio Almonda e dos movimentos contra a Central Térmica a carvão de Viana do Castelo, a eucaliptação da serra de Ossa, a Central Nuclear de Ferrel-Peniche, a poluição dos rios Ave, Jamor e Alviela e das ribeiras de Odivelas e Barcarena, a eucaliptação selvagem da serra de Portel ou em defesa dos areinhos do Douro, das serras de Sintra e da Malcata e do sapal de Castro Marim.
Por outro lado, entre os seus principais dinamizadores, o novo partido parece contar com elementos mais ligados a Comissões de Defesa do Património Cultural que a agrupamentos ecológicos típicos. Para alguns observadores a entrega das assinaturas só foi possível porque se fugiu a certos ambientes ecologistas muito fechados e virados sobre si próprios. Recorde-se, de facto, que já em várias ocasiões activistas do movimento «verde» haviam proposto a criação de um partido, «à europeia», mas que todas as diligências nesse sentido ficavam bloqueadas por sectarizadas discussões internas.

PARTIDO: UM PROJECTO ANTIGO

Ainda recentemente, no Centro Nacional de Cultura, uma reunião de representantes de várias associações lisboetas terminaria sem resultados palpáveis devido ao «complexo de inércia», como no-lo designou um dos promotores da reunião, arquitecto Fernando Pessoa. Aquele técnico, que durante vários anos dirigiu o Serviço Nacional de Parques e Reservas, havia dias antes publicado na página de opinião do «Diário de Notícias» um quase apelo à constituição de um partido ecológico. Na sua opinião havia que, sobretudo, aproveitar as prerrogativas legais concedidas pelo «direito de antena» para ir divulgando o ideário ecologista mesmo que, por enquanto, se não pensasse numa intervenção política mais profunda e organizada.
Na ocasião, os restantes participantes na reunião, nomeadamente os elementos dos «Amigos da Terra», combateriam a ideia quer por falta de uniformidade ideológica, quer por advogarem uma intervenção mais individualizada no momento presente.
Posteriormente, os azedos debates que tiveram por palco Miranda do Douro durante o recente encontro de protesto contra a construção da central nuclear de Sayago pareciam afastar ainda mais a perspectiva de criação de um movimento organizado com âmbito nacional.
Foi assim natural a relativa surpresa sentida nos meios ecologistas e pela própria comunicação social. Elementos conhecedores do meio referiram-nos, no entanto, que o MEP-PV poderá corresponder a um esforço no sentido de, criando um facto consumado, romper um certo isolamento e imobilismo sentido entre os vários grupos. Por outro lado, poderá permitir ultrapassar a inércia sectarizada que, para muitos, constituiu a herança de traumas políticos passados.
Outros sectores, mais próximos das posições oficiais dos principais grupos ecologistas, sugerem em contrapartida que o novo partido teria sido lançado por forças próximas da APU e poderia vir a integrar-se na estratégia geral daquela força política. Em abono desta tese referem que o novo partido parece dispor de fortes núcleos de apoio na margem sul do Tejo - Barreiro, Moita e Montijo - e que em certos locais do país militantes do MDP teriam sido vistos a recolher assinaturas. Por outro lado, perguntam, «que outra máquina que não a ligada à APU teria podido reunir, à margem dos nossos grupos, cinco mil assinaturas sem que se desse por isso?».
Entretanto, os promotores do novo partido que, a curto prazo, tencionam abrir sedes em Lisboa, Porto e Coimbra, manifestaram-nos o seu maior interesse em dialogar com todos os movimentos ecológicos existentes. Isto mesmo quando elementos dos «Amigos da Terra» voltaram a repetir esta semana a sua intenção de se manterem à margem dos processos de institucionalização de uma corrente de opinião ecológica.
Mais: tudo indica que a reacção oficial de alguns dos movimentos ecológicos mais antigos poderá vir a ser muito violenta e de aberta oposição ao novo partido.

E AS AUTÁRQUICAS?

O MEP-PV , cujo arranque decisivo só deverá ocorrer lá para fins de Setembro e coincidir com uma conferência de imprensa a anunciar, poderá no entanto, vir a candidatar-se a algumas autarquias já nas próximas eleições. Esta hipótese tem vindo a ser discutida internamente, não se tendo ainda obtido qualquer consenso, mas a intenção confessa de criar em Portugal um movimento semelhante aos existentes em França e
na Alemanha dá-lhe consistência. Recorde-se que nesses dois países os ecologistas constituem uma força eleitoral de peso, sobretudo quando se disputam eleições locais. Na Alemanha, por exemplo, uma sondagem divulgada nos últimos dias indica que «os verdes» poderiam cativar nas próximas eleições qualquer coisa como 8 por
cento do eleitorado.
Os promotores do MEP-PV mostraram-se porém muito prudentes pois, como nos disse um seu porta-voz, «já tenho visto morrer projectos lindos porque se quer fazer tudo a correr. Iremos, mas iremos com calma, com tempo, com os pés bem assentes na terra».
***

SEVESO 1976

seveso-1> datas do mundo – atenção: melhor meter isto no lixo do que voltar a publicar

VIVA A MORTE EM SEVESO(*)

11/9/1976 - O que aconteceu a Seveso, bairro-tentáculo de Milão, exemplifica no Norte industrial da Itália o que nos espera, em tempos próximos, a quantos vivemos em bairros e localidades que são subprodutos (dormitórios) das cidades concentracionárias como Lisboa.
Há muito, já, que Lisboa vem tentando imitar Milão, assim como Portugal irá imitar, depois do 25 de Abril, essa Itália pós-fascista que, de armadilha em armadilha, tem vindo, em nome da democracia pluralista, a instalar na Europa meridional uma das formas latinas de ditadura tecno-industrial mais aperfeiçoadas do Mundo.
O «boom» italiano, tão celebrado como o "boom" espanhol, significa afinal que ao fascismo tradicional (colonialista, racista, capitalista, tradicionalista, absolutista) se sucede (conforme os planos da guerra fria) um neo-fascismo (neo-capitalista, neo-colonialista, super-modernista e pluralista) que convém muito mais aos desígnios dos imperialismos agonizantes.
Seveso, com suas crianças queimadas pela dioxina, seus coelhos a estrebuchar, suas mulheres com fundas olheiras negras (um médico diagnosticaria, pela fotografia dos magazines, um alto teor de intoxicação crónica e uma forçada actividade renal através dos anos), Seveso e a sua população evacuada, seus guardas de cacetete e máscara antigás, seus letreiros garrafais com áreas interditas como nos romances de espionagem, foi o assunto ideal de jornalistas, seus abortos e nados-mortos, mortos por saciar a fome de exótico e de sensacional, de espectacular e de simiesco que nos roi e corroi sempre.
Um acidente, por sua natureza (acidental), dá notícia, dá fotografia, dá título a cinco colunas, dá capa de magazine a cores, dá sensação, dá frisson, dá volúpia óptico-sádica.
Depois de talco hexaclorofene, depois da Talidomida, depois de Minamata, depois das marés negras, depois de tanto espectáculo e sensação, tardava um Seveso. Era preciso um Seveso. A malta queria um Seveso. O sistema, mesmo, reclamava um Seveso para despolarizar a opinião pública mundial da outra exploração mais crónica, mais sistemática, menos acidental e menos espectacular.
E a célebre companhia suíça Hoffman-Roche, que também fabrica supositórios, fez a vontade e tanta gente junta: deu-nos a todos, para roermos e remordamos até ao sabugo, mais um caso Seveso. Custou-lhe algumas indemnizações, pagas de imediato às vitimas, mas logo essa verba foi incluída nas despesas de representação e propaganda. Viva a Roche, multinacional caridosa que logo indemniza as vítimas, coitadinhas, da nuvem venenosa.
Vamos a ver se me explico. Depois do médico, do engenheiro, do burocrata e do vendedor de alcagoitas, o jornalista é um dos que melhor servem o sistema como o sistema quer. Basta ler a onda de artigos que Seveso provocou na Imprensa. O jornalista que se preza pode lá perder o "escândalo" do acidente e o acidente do escândalo! Vivemos disso, nós, torpes jornalistas ao serviço do sistema. O acidental é uma das válvulas de escape mais poderosas que o sistema usa para institucionalizar o crime. Neste caso concreto, o crime contra o ambiente, ou ecocídio.
Com um Seveso de vez em quando e os jornalistas todos, à compita, debicando nos cadáveres, pretende o sistema fazer esquecer o subtil, o gradual, o irreversível e o que progressivamente vai constituindo a bancarrota ecológica deste País e deste Mundo.
A degradação mais profunda e a mais profunda destruição não se mostra com arames farpados e armada de matracas, defensora dos fracos, velhos e crianças. A subtil degradação do sistema exponencial, do apoplético "crescimento económico", não se revela por lances espectaculares, por parangonas de jornais, por telexs e telefotos nervosos difundidos em catadupa e em pormenor.
De vez em quando, as Hoffman-Roche deste Mundo têm que provocar um Seveso qualquer, senão rebentam. Além disso:
1 - Compete às multinacionais do tecnoterror manter um estado contínuo de guerra de nervos, para o qual contribui um Seveso dia-sim, dia-não.
2 - Compete às multinacionais avisar povos como o português, o italiano, o espanhol, o grego, o galego, de que têm a faca e o queijo na mão, quer dizer, que têm dinheiro para nos emprestar e, logo ou antes disso, indústrias para nos envenenar.
3 - Compete a países pobres como o nosso abrir as pernas para cá meterem as indústrias venenosas que já não querem lá nas pernas deles.
4 - Um Seveso a tempo e horas até promete publicitariamente o desfolhante que de superbombardeiro no Vietname passou a bombardeiro de bolso para "progresso da agricultura europeia" e, claro, para manter em respeito populações porventura revoltosas, insurrectas, anti-sociais-democratas como as da Itália democrata cristã e as de Portugal pós-gonçalvista...
5 - Enquanto se produz um Seveso, despolariza-se a opinião mundial do que subterrânea e subtilmente vai minando os últimos equilíbrios do ecossistema Terra; posta a área de quarentena, faz-se crer ao Mundo que o resto do Mundo está imune; ilude-se, com este estratagema, um estado afinal total e totalitário, mundial e sistemático de guerra ecológica, de crime já tornado costume e hábito quotidiano.
Episódios como o de Seveso são apenas consolo para que todos nos habituemos a suportar diária e sistematicamente limiares de merda e de veneno logo abaixo dos limiares que tornaram Seveso zona interdita à navegação.
O próspero comerciante de tóxicos e venenos não desistirá de fabricar dioxina e desfolhantes, cloranfenicol e antibióticos, adubos e superfosfatos, celuloses e centrais nucleares, supositórios e gelados para as criancinhas coitadinhas, açúcar e farinhas refinadas, glutamatos e paratiões, fibras têxteis e plásticos, cianetos singelos e cianetos à décima potência, uísques e LSD, plutónio e cancros em escala industrial.
Se o pilriteiro dá pilritos, o criminoso o que é que há-de dar?
Que tudo isto é para progresso do País, só cegos não vêm e só o militante da Ecologia ainda não percebeu. Que todos, inclusive o jornalista, devem continuar a fazer frete ao sistema, também muito bem. Que os industriais da dioxina & arredores se encontram não só em plena liberdade para continuar implantando importantes complexos industriais como o fazem credenciados por uma opinião pública que se deixará matar por eles mas que perseguirá até ao linchamento o militante ecológico, também parece mais do que evidente.
Não há nisto pessimismo.
Realista é reconhecer em que mundo imundo estamos, e que manicómio em autogestão não é só Portugal (quintal e esgoto deles) mas principalmente o mundo das multinacionais que nos governam.
Viva, portanto, Seveso. Viva a poluição! Vivam os criminosos e assassinos da Natureza. Vivam os cangalheiros da nave especial Terra. Vivam carniceiros e técnicos seus assessores. Viva o progresso no matar e no esfolar crianças vivas. Vivam os carrascos!
Mas viva também a ordem do universo e a lei imutável das leis da Natureza. Tudo será pago. A contabilidade será posta em dia. Os mortos acordarão e os vivos irão para as fossas de ratazanas de onde por engano saíram. Enquanto, dormentes, os criminosos dormem, a humanidade nova do militante ecológica acorda.
Militante ecológico é o que acorda deste pesadelo e deste tempo de assassinos. E o que vai aprender em dois dias as técnicas de autodefesa, de autolibertação, de autocura, de autocontrole e de autoimunização contra os legionários da destruição.
Militante é o que se recusa a enfiar barretes. Militante é o que convida os fabricantes de merda e comê-la. Diplomaticamente. Delicadamente.
Militante é o aprendiz da mais antiga sabedoria que no planeta cá deixaram os irmãos da Galáxia: a ordem do universo não admite excepções, e tudo se paga.
O militante prepara o caminho estreito por onde a humanidade, evacuada de Seveso, acoçada de todos os Seveso, irá penetrar na Era do Aquário, da Liberdade, da Justiça, da Alegria, da Vida e da Felicidade.
Segundo notícias da Reuter, o Paraíso estará fechado aos porcalhões da Roche que continuam matando inocentes, com todos os Pilatos deste Mundo lavando as porcas mãos.
Todos os pilatos da ciência, da técnica, do progresso!
(*) Publicado no semanário «Gazeta do Sul», 11/9/1976
***

TABACO 1979

1-2 - 79-09-11-ie-mk> = ideia ecológica = mein kampf - dcm79-3>

Publicado in «Portugal Hoje» (11/9/1979)

TABACAR OU NÃO TABACAR:HAMLÉTICO DILEMA DA VIDA PORTUGUESA


OS MALEFÍCIOS DA OMS

11/9/1979 - A Organização Mundial de Saúde insiste em avisar a humanidade contra os perigos do tabaco. Desdobra-se em revistas, folhetos, autocolantes, cartazes, em todos os idiomas do mundo, incluindo o tabaquês.
Nunca ninguém a ouviu avisar a humanidade do perigo iatrogénico, por exemplo, sobre os efeitos iatrogénicos dos medicamentos, nomeadamente cortisona, pílula-cor-de-rosa, antibióticos, soro e tantos outros que, como se sabe (sem precisar de ir a Genebra) provocam doenças piores do que aquelas que dizem curar.
Mas contra os perigos e malefícios do tabaco, bode expiatório para todo o serviço, todos os dias nos avisa. Maternalmente. Desinteresseiramente. Para bem do nosso corpo e da nossa alma.

VIVA O TABACO!

A Unidade Colectiva de Produção «12 de Maio», próximo de Montargil, no Alto Alentejo, está a dedicar-se à cultura do tabaco.
Segundo um dos seus dirigentes declarou à agência ANOP, «tendo em vista o alargamento desta cultura, que a direcção da UCP considera até agora positiva e promissora, foram há pouco tempo concluídos seis secadores para tabaco e um armazém de grandes dimensões para a sua recolha.»
Segundo o «Jornal Novo» que publicou a notícia (11/9/1979), «o custo destes melhoramentos agora concluídos atingiu vários milhares de contos.»

ABAIXO O TABACO!

«O Tabaco ou a Saúde» foi o tema proposto à reflexão dos homens pela Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) para o dia 7 de Abril de 1980.
Nesse sentido e secundando um pedido do director da mesma organização mundial de caridade, foi criada, em Portugal, uma comissão nacional para estudar a melhor forma de dar corpo a um plano nacional de luta contra o tabaco.
O presidente da referida comissão e director do Gabinete de Estudos e Planeamento da Secretaria de Estado da Saúde, Prof. Cayolla da Mota, expôs as linhas gerais do programa que se pretende realizar.
O tabagismo está a revestir aspectos preocupantes pois, como afirmou o Prof. Cayolla da Mota, julga-se que seja esta a principal causa de incidência dos cancros do pulmão.
Segundo dados fornecidos pelo Prof. Cayolla da Mota, no ano de 1960 consumiram-se, em Portugal, 7.104 toneladas de tabaco e, em 1975, 12.482 (Jornais do dia 22/11/1979).

CANCRO E TABACO: AUMENTO DA PRODUÇÃO

Apesar de todos os esforços até agora feitos para reduzir o consumo do tabaco, de 1970 a 1976, a produção mundial do tabaco aumentou 20%, segundo a mensagem da O.M.S., veiculada pela Agência noticiosa ANOP ( 29/11/1979).
Em alguns países, a produção e venda do tabaco é um monopólio do Estado, que retira daí chorudos lucros mas, segundo os técnicos de saúde, esses lucros são apenas aparentes.
Se o Estado contabilizar todo o dinheiro que gasta no tratamento de doenças provocadas pelo tabaco bem como os prejuízos causados à economia pelo absentismo dos trabalhadores afectados, o balanço será altamente negativo.
As estatísticas da OMS mostram que 90 por cento das mortes devidas a cancro do pulmão, 25 por cento dos óbitos por deficiência cardio-vascular e 75 por cento das mortes atribuídas à bronquite crónica estão estão directamente ligadas ao consumo do tabaco. Isso significa que pelo menos um milhão de pessoas morre em cada ano por causa do fumo.»

CANCRO OU TABACO

A contradição ainda não tem vacina nem está catalogada entre as doenças infecto-contagiosas, mas não deixa de continuar a proliferar, como um vírus, no discurso oficial sobre doença e saúde.
Por um lado, no copioso noticiário de imprensa e sempre com a ajuda da O.M.S. «tabaco ser pior do que o Khomeiny».
Por outro lado e acompanhado de fotos ilustrativas, vamos começar a produzir tabaco em Portugal (nas unidades colectivas de produção) e em breve poderemos ser autosuficientes nesta fabricazinha caseira de cancros (segundo os peritos da mesma O.M.S.) .
Por outro lado ainda, estamos, por toda a parte, suficientemente avisados pela Comissão Nacional do Ambiente para não fumar nos recintos desportivos fechados.
Por outro lado ainda, o tabaco é o fim da macacada como agente cancerígeno, logo a seguir à hóstia mas, por outro, o tabaco é a nossa safa para o Mercado Comum, se nos quisermos apresentar com uma produção que se veja e os europeus desejem.
Consta que o plano do Mercado Comum, logo apoiado pelas UCP's, é importarmos totalmente trigo e milho para totalmente produzirmos tabaco, e beterraba para açucarar o chá dos europeus que se viciaram nisso por causa da senhora Thatcher.

Eu, fumador inveterado leitor de jornais, fico pior do que o Hamlet suspenso deste dilema hamlético, sem saber se hei-de debulhar a tia ou se hei-de malhar no pai: fumar ou não fumar, tabacar ou não tabacar, it is the question. Neste balanço e balancé entre ser e não ser, entre cancro e tabaco, quem nos ajuda a escolher?
***