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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-01-27

NOOLOGIA 1992

1033 caracteres - mandamen> revisão:24/12/01

28-1-1992

10 PONTOS OBJECTIVOS - NOOLOGIA, PORQUÊ?

Porque:
1 - é necessário evitar a doença em vez de a combater
2 - é necessário realizar o diagnóstico em função do meio ambiente
3 - é necessário exaurir o nosso carma em vez de o carregar
4 - é necessário descolonizar o doente e libertar gradualmente as pessoas da dependência médica
5 - é necessário ensinar a conservar a saúde em vez de continuar a combater a doença
6 - é necessário preparar o advento da era que aí vem e que virá quer a medicina vigente queira ou não queira
7 - é necessário substituir a «imunização» artificial das vacinas pela imunização natural ou profilaxia alimentar
8 - é necessário viver em vez de vegetar agonizando

Resumindo e concluindo

9 - Todos podem aprender a curar-se: as artes operativas que a Noologia ensina são acessíveis a todos, nos seus níveis elementares
10 - A sua eficácia, mesmo a nível elementar, só depende da vontade que cada um puser na sua aplicação.
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YIN-YANG 1992

decalogo > 5632 bytes 4652 caracteres

28-1-1992

NÃO HÁ FARTURA QUE NÃO DÊ EM FOME

ALIMENTO PRINCIPAL - Enquanto não for introduzida na filosofia alimentar a noção de alimento principal, como Oshawa defendia, não será possível sair do caos das vitaminas, proteínas e outras coisas acabadas em «inas» como chapéu de chuva, conforme advogam naturo-vegetarianos clássicos e senhores da dietética médica.
Um mercado de consumos alimentares falsamente «liberalizado» levou à proliferação de produtos, fazendo dessa proliferação a sua principal razão de ser, o motor do lucro. Aparentemente esta variedade dá grande hipótese de escolha ao consumidor. Na realidade, mergulha-o na perplexidade e na confusão.
Enquanto não forem formulados os princípios e evidências de uma alimentação humana orientada para o consumidor - e não para o mercado - o mito das «inas» vai entretendo os desapontados consumidores.
Enquanto a fruta, por exemplo, não for colocada no lugar secundário que lhe cabe relativamente ao cereal, enquanto a carne e o peixe não forem igualmente apontadas como fontes proteicas secundárias relativamente à soja e outras fontes proteicas principais, enquanto não se formular, com base no estudo das civilizações que floresceram na Terra com base nos cereais, nada será compreendido das prioridades alimentares na perspectiva do interesse do consumidor.

OS 12 PONTOS ELEMENTARES - Podemos esboçar então uma primeira listagem de pontos que deverão constituir contributo ao breviário alimentar do ser humano.
1 - Tal como o chamado Princípio Único dos taoístas indica, somos sempre função do espaço e do tempo, função do ambiente ou ambientes que nos «alimentam» (em sentido lato), não só o dos alimentos físicos mas o ambiente que respiramos, o ambiente energético (electro-magnético), o ambiente ondulatório ou dos ritmos naturais (noite/dia, mês lunar, estações do ano, este último talvez o mais decisivo de todos mas o mais desprezado pela ciência ocidental).
A arte de comer, à luz da sabedoria energética yin-yang, assentaria assim num primeiro postulado de que derivam todos os outros:
Tudo é alimento, de todos os ambientes (endógenos e exógenos, micro e macroambientes) recebemos alimento físico através dos nossos 5 órgãos dos sentidos
2 - As poluições, antigas e modernas, que interferem hoje nesses ambientes - ar, água, solos - tornam a intoxicação um conceito indissociável do conceito alimento e, portanto, a Ecologia Alimentar indissociável da Ecologia Humana
3 - A desintoxicação metabólica (orto-molecular) está assim, como há século e meio defendem os naturovegetarianos, e há vários séculos as escolas hipocráticas, indissoluvelmente ligada a um conceito ecológico da terapêutica alimentar
4 - Outros factores de interferência devem ser notados nesse ambiente alimentar em sentido lato:
a) A poluição química dos produtos agrícolas
b) A frigorificação dos alimentos, desmagnetizando-os
c) A desvirtuação molecular provocada pelos fornos micro-ondas
d) A industrialização e refinação dos alimentos
e)
5 - Grão de cereal integral e biológico é a base da «pirâmide» - sendo a refinação o primeiro crime da indústria moderna contra a saúde humana
6 - Óleos não refinados são condição sina qua non da saúde ou frutos oleaginosos que supram a falta de óleos de 1ª extracção a frio: os óleos existentes no mercado carecem de lipovitaminas, nomeadamente a Vitamina E
7 - Sal integral marinho, com seus mais de 70 elementos/traço ou bioelementos indispensáveis à vida, constitui um axioma da ecologia alimentar e garantia profiláctica da saúde: não podendo esquecer-se que o sal é o «quantum satis» da Bíblia e que, portanto, a sua importância não se mede em quantidade mas em qualidade
8 - Alimento básico porque integral, equilibrado, extraído de um meio ecológico inteiramente idêntico em PH - ácido/alcalino - ao sangue humano, as Algas constituem um dos principais alimentos do homem, o que foi ignorado no Ocidente durante séculos até à chegada da Macrobiótica
9 - Hábitos de mastigação ritmada, ensalivação e consequente pré-digestão e pré-assimilação dos alimentos estão na base de qualquer terapia ou profilaxia alimentar, que implica assimilação/desassimilação(metabolismo) correctos
10 - Rejeição do irracional alimentar - em termos de equilíbrio energético - em particular de alguns frutos (mais hidratados e portanto mais desequilibrados energeticamente)
11 - Consumir menos sal é medida elementar de prudência, se tivermos em conta o equilíbrio yin-yang, sódio/potássio, que regula todos os mecanismos fisiológicos
12 - Reabilitar os cereais com fibra é garantia básica de segurança e higiene profiláctica.
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HOLÍSTICA 92

92-01-28-ch> = convergência holística - manifes1> revista> - 28/1/1992

HOLÍSTICA:DA PALAVRA À ACÇÃO

28/1/1992 - 1 - Holismo , s.m. - Expressão comum a várias línguas ou a vários dialectos (do grego «holikos», universal).
2
Para lá da sua natural elasticidade e mobilidade, para lá da sua antiguidade mas, ao mesmo tempo, da sua quase repentina e renovada modernidade, a palavra «holística» tem a seu favor outro grande mérito: não tem o sufixo «logia», sufixo que integra todas as ciências estabelecidas, e fica por isso e assim livre de vassalagem ou submissão epistemológica a uma raiz científica ortodoxa.
Como a palavra indica, «holística» é o universo do diverso, fica na fronteira de todas as ciências humanas. Tal como a palavra «dialéctica», o dinamismo da palavra «holística» permite, à concepção que expressa, ultrapassar constantemente o imobilismo estático das palavras que carregam consigo o pesado lastro do sufixo «logia».
3
[Exemplos de entidades em cuja designação entra a palavra «holística»:
-Instituto Holístico para a Investigação de Doenças Metabólicas e Cancro
-Congresso Mundial de Medicina Holística - 1983 - Ceilão
-Centre Holistique Europeen
-Université Holistique]


HOLÍSTICA - IDEIAS-FORÇA - DA SAÚDE PÚBLICA À ECOLOGIA HUMANA

1- Se o cancro está no ambiente, só mudando o ambiente (inclusive alimentar) do doente se erradicará o cancro; atacar o sintoma é anticientífico e irracional; procurar a causa ambiental é radical, lógico, ecológico e científico
2 - A desastrosa sociedade industrial chama progresso à soma aritmética de retrocessos que são as calamidades e catástrofes industriais, com todos os seus reflexos na saúde das populações (a chamada «saúde pública»): na Idade Média chamavam-se «epidemias», hoje chamam-se «doenças da civilização»
3 - O mais conveniente para a saúde e segurança do consumidor é, infelizmente para ele, o mais impopular em termos de opinião pública e comunicação social: prevenir é sempre mais económico que remediar. O simples é sempre mais barato que o complicado. Não há economia, mesmo de saúde,, enquanto sistematicamente se cultivar o desperdício
4 - Dado que o desenvolvimento económico é feito sempre à custa do subdesenvolvimento humano, deixar ao Estado a defesa do consumidor, em matéria de saúde pública, é o mesmo que entregar a Drácula um banco de sangue
5 - Prevenir é sempre mais económico que remediar. O simples é mais barato que o complicado. Não há economia, especialmente de saúde, enquanto sistematicamente se cultiva o desperdício. por mais óbvios que sejam os princípios desta natureza, os sociólogos querem ir mais longe, exigem dados numéricos
5 - De tal maneira as noções de profilaxia básica se arreigaram nas instituições - desde a escola aos governos - que ninguém vai para a mesa sem lavar as mãos...
Uma direcção geral da inspecção económica, por exemplo, ao defender a saúde pública e os direitos (interesses) do consumidor, é no campo do «asseio» e dos aspectos «sanitários» que actua com maior ênfase.
Da higiene que há um século se preconizava até à ecologia humana que se tornou a ciência angular das sociedades modernas e das respectivas práticas médicas ou terapêuticas, vai um longo e penoso caminho: do monopólio ao pluralismo, do monolitismo despótico à diversificação e liberalização democrática, da barbárie à civilização, do despotismo à liberdade.
5 - Às «grandes» políticas globais e abstractas (ditas macroeconómicas) o técnico holístico de saúde prefere raciocinar em termos de acções concretas e positivas: às «grandes soluções», que pouco ou nada solucionam, prefere o «faça você mesmo», o «small is beautiful» que, em termos de saúde, equivale ao «trate-se a si mesmo» e ao «cure-se a si próprio» das autoterapias
6 - Preconizando para problemas de raiz, soluções radicais, atribuindo, em matéria de saúde, prioridade à estrutura antes da conjuntura, à causa antes do sintoma, ao terreno orgânico antes do órgão, podem eleger-se palavras de ordem tão óbvias como: «diz-me que ar respiras, dir-te-ei quem és; diz-me o que comes dir-te-ei o que pensas; diz-me o que bebes, dir-te-ei o que sentes; diz-me que poluições apanhas e dir-te-ei de que doenças sofres... etc

DA MEDICINA HIPOCRÁTICA À HOLÍSTICA

1 - «Acima de tudo não prejudicar» e «Que o teu alimento seja o teu medicamento»: duas máximas hipocráticas que podem figurar à entrada da mais moderna ciência holística da saúde
2 - Algumas questões de fundo para reflectir:
Quem terá de se curar: os médicos (alguns) ou a medicina natural alternativa que vem desde Hipócrates? A medicina sem saúde ou a medicina que cura?
Autocura não é automedicação: quem poderia, estando de boa fé, pensá-lo?
Combater a doença é precisamente o contrário de conservar e defender a saúde
3 - DA HOLÍSTICA À AUTOTERAPÊUTICA:
DIREITOS E DEVERES

DESCOLONIZAR O DOENTE DA DITADURA MÉDICA
5 pontos vitais:
1 -O seu a seu dono: a medicina para os médicos, a saúde para os doentes
2 -Pela saúde de todos: a cada um o que é de cada um
3 -O direito à saúde começa no dever de a saber conservar
4 -A medicina democratiza-se pelas autoterapêuticas
5 -Nós, consumidores de medicinas, também queremos a palavra
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HOLÍSTICA 92

3387 caracteres areaunif > aholi> - sebenta nova naturologia - bio-net

28-1-1992

ÁREA UNIFICADA (HOLÍSTICA) DE A a Z - CIÊNCIAS EXCLUÍDAS PELA MEDICINA MAS QUE A HOLÍSTICA INCLUI

Ciências, disciplinas, actividades e áreas temáticas, relacionadas com saúde mas que a medicina exclui e que são portanto convergentes na holística, formam uma lista de que a seguir se publicam alguns dos itens.
Nesta lista figuram actividades, temas e ciências que, pertencendo por direito à Medicina, esta exclui e ignora, obcecada como está com a fanfarronada químico-medicamentosa ou as proezas circenses da cirurgia.
É tempo de trazer à existência ciências tão importantes como a Medicina do Trabalho que, nem sequer como especialidades médicas, a santa medicina está interessada em promover, votando-as a um disfarçado mas evidente ostracismo.

HOLÍSTICA - ÁREAS TEMÁTICAS CONVERGENTES

[Para um glossário específico fundamental:ainda há palavras relacionadas com saúde que a Medicina não anexou! Há que aproveitá-las para o campo da holística. Na ganância de pôr tudo o que mexe debaixo das suas ordens, a medicina esqueceu exactamente aquelas actividades que, sendo fulcrais para a saúde, não lhe dizem literalmente respeito: mostrando que à medicina não interessa nem nunca interessou a saúde mas marrar eternamente contra a doença, eis a lista de actividades que ela dispensa:]
Alimentação racional
Antipoluição (técnicas de)
Artes práticas de curar
Autocura alimentar
Biologia médica
Bioritmologia
Defesa civil
Defesa do ambiente
Defesa ecológica do consumidor
Ecodiagnóstico - despistagem da doença pelos factores ambientais
Ecologia humana
Educação Física
Enfermagem de parto
Epidemiologia
Ergonomia
Ergoterapia
Etnomedicinas ou medicinas tradicionais
Fisiologia ecológica
Foniatria
Ginástica sueca
Higiene do trabalho
Higiene e profilaxia natural das doenças
Higiene social
Logopedia
Nutricionistas
Ortopedia
Parto psicoprofiláctico
Patologia do trabalho
Protecção civil
Prótese ortopédica
Psicoterapias clínicas
Recuperação
Saneamento básico
Saúde pública
Segurança quotidiana do cidadão
Socorrismo
Técnicas de autoterapia
Terapêutica da fala
Terapêuticas energéticas
Terapêuticas manipulatórias
Terapêuticas metabólicas
Terapêuticas naturais
Terapia comportamental
Terapia ocupacional
Toxicologia
Yoga

ESPECIALIDADES DA PRÓPRIA MEDICINA QUE A MEDICINA MENOSPREZA OU EXCLUI

Balneoterapia (hidroterapia)
Geriatria
Gerontologia
Medicina comunitária
Medicina do trabalho
Medicina metabólica
Medicina nutricional
Medicina social
Médicos de família
Ortopedia

ACTIVIDADES PROFISSIONAIS LIGADAS À SAÚDE E DESLIGADAS DA MEDICINA

Agente de saúde
Auxiliar de saúde
Educador de saúde
Free lancer do mundo alternativo
Higienista
Nutricionista
Professor de saúde
Técnico de saúde
Varredor municipal

ACTIVIDADES, TEMAS, CIÊNCIAS E DISCIPLINAS DE SAÚDE QUE MEXEM NA PUBLICIDADE E EM QUE A PUBLICIDADE MEXE

Dos recortes com anúncios recolhidos em revistas e jornais portugueses sobre assuntos de saúde (e «vida natural»), pode fazer-se uma primeira recolha, seleccionando-os por ordem alfabética como segue:

Acupunctura
Aeróbica
Águas minerais
Aikido
Algoterapia
Alimentação racional
Artes marciais
Artigos ortopédicos
Bicicletas medicinais
Calistas
Casas de repouso
Centros auditivos
Chás medicinais
Cinesioterapia
Comida saudável(restaurantes e lojas)
Correntes farádicas e galvânicas
Cosmética natural
Culturismo
Curas de emagrecimento
Defesa pessoal
Desintoxicação alimentar
Desintoxicação tabágica
Electroacupunctura
Farmácias com secções fitoterápicas e homeopáticas
Filtros de água
Fisioterapia
Ginásios
Ginástica sueca, oriental, electrónica
Hidromassagem
Judo
Karate
Livros editados na área holística de saúde
Macrobiótica
Magnetoterapia
Manicure
Massagem desportiva, oriental, correctiva, higiénica, médica, estética
Musculação
Optometristas
Orientação escolar
Orientação profissional
Osteopatia
Produtos alimentares
Produtos biológicos
Produtos dietéticos
Próteses auditivas
Psicoterapia
Rampa solar
Reabilitação infantil
Recuperação física
Reflexoterapia
Relax
Sauna
Sofrologia médica
Solários
Supermercados e centros comerciais com secções dietéticas
Terapia da fala
Terapia ocupacional
Termas
Testes audiométricos
Visagismo
Yoga

A provar o vasto público de consumidores por um lado e de actividades profissionais por outro, com ligação directa às áreas de saúde sem qualquer interferência da e na medicina, tal como ela própria teima em ser praticada, é o vasto arquivo de fichas existente com endereços relativos a rubricas, tais como:
Alimentação
Correntes neo-místicas
Ecogrupos
Editoras com colecções ou secções relativas a temas holísticos
Imprensa especializada
Livrarias especializadas
Médicos que tratam por processos naturais
Naturoterapeutas em actividade
Organismos oficiais de saúde pública, segurança, ambiente,
Personalidades do mundo terapêutico
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AMBIENTOPATOLOGIA 1994

eh-7 > = ecologia humana - para um inventário do tecno-terror -[publicados ac, in cpt]

AMBIENTOPATOLOGIA

27/1/1994 - A política de saúde continuará a ser uma pura e refinada ficção, enquanto a investigação e despistagem das condições ambientais não for estatisticamente estabelecida, com o nome de epidemiologia ou qualquer outro.
Sem investigação de ecologia humana, toda a política dos sectores que tenham por centro o homem individual, é de facto uma idiota multiplicação de males sociais e individuais: dizer que se curam com remédios doenças que a sociedade fabrica, não só é uma afirmação anticientífica como custa ao Estado e, portanto, aos cidadãos, pelas despesas colossais que acarreta, os olhos da cara.
Sugerem-se, pois, entre outros -- e para que se detectem as causas de efeitos a que chamam «endemias», os seguintes inquéritos:
-- inquérito a internamentos psiquiátricos, prisionais, asilares, de ensino, etc.
-- inquérito aos crimes praticados contra a saúde pública pelo sistema de produtos industriais sem escrúpulos;
-- inquérito ao inaproveitamento de recursos humanos;
-- inquérito aos abusos de autoridade praticados em locais onde se instalou um clima concentracionário de medo e delacção;
-- inquérito aos marginais, aos que não possuam qualquer estatuto social, aos velhos sem reforma nem amparo, as crianças sem pais, os doentes sem cama, aos idosos sem casa, etc.
-- inquérito às doenças ditas de trabalho, sociais, da civilização ou da abundância, entendidas como sintomas de uma sociedade doente;
-- inquérito para saber em que medida os espaços congestionados, principalmente dos aglomerados urbanos, produzem manifestações patológicas: suicídio, stress, homicídio, alcoolismo, toxicomania, neurose, esquizofrenia, etc..
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ECOLOGIA DA DOENÇA 1974

74-01-27-ie-bd> = ideia ecológica - scan - domingo, 17 de Novembro de 2002 – para 74 é demais...

LEPRA E POLUIÇÃO - QUE CONFUSÃO DE NARIZES(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, foi publicado, com este título, no caderno nº 9 da colecção «Mini-Ecologia», edição «Frente Ecológica», com a astronómica tiragem de 100 exemplares

27/Janeiro/1974 – O Dia Mundial dos Leprosos, celebrado a 27 de Janeiro, é todos os anos moti-vo para uma vaga de vaga retórica que, não mudando nunca o registo, me parece digna de certa atenção crítica.
Salvo o devido respeito que um budista deve manter por todas as confissões religiosas e dado que, neste caso da lepra, evangelistas cristãos, leigos cari-tativos e católicos se disputam entre si a primazia de melhor proteger o leproso, gostaria de alinhar umas palavras de heresia que, em desacordo com aquelas seitas religiosas, pretendem apenas dar o ponto de vista ateu e, ainda, estar em desacordo com a seita dos ateus microbiologistas.
A celebração do leproso teve este ano a consolidá-la o aniversário da "descoberta", por Gerardo Hansen, do bacilo que ficaria com o seu nome e ao qual bacilo, doravante, se "atribuiria" a causa (sic) da lepra.
Heresia, portanto, face aos irmãos desses três campos, é a retórica com que hoje me ocupo em responder à retórica consabida na respectiva data.
Comecemos pelo "apóstolo" da caridade paternalista, Raoul Follereau, fundador do Dia Mundial dos Leprosos e que, segundo o registo, festejou 70 anos em Agosto do ano passado e acha que é a altura de passar à reforma, após tantos anos de apostolado e de discursos.
Follereau cristaliza aquele movimento de reacção que, perante antigos e ancestrais preconceitos, já acha progressivo mudar a atitude moral das pessoas para com o leproso, considerado "gafado" pelas seitas religiosas medievais e comparável por isso ao herege, vaiado e expulso das comunidades, obrigado a fazer-se anunciar por um chocalho.
Embora o chocalho tivesse sido posto de parte, esse horror ao leproso é ainda hoje corrente e persiste na ancestralidade que em todos nós persiste. Mas não admira. Também para com o louco, o nosso comportamento não é muito menos medieval e o tratamento que lhe era dado pelo entourage social e pelas clínicas da especialidade (!), até há pouco tempo, primava pelo barbarismo e pela irracionalidade.
Mas - e é aqui que esta minha retórica quer chegar - não se julgue que a fase paternalista seguinte e em que parcialmente ainda nos encontramos, vem adiantar seja o que for; quer em relação ao leproso, quer em relação ao louco, quer em relação a qualquer outro marginal.
No caso do louco, apenas e por enquanto a anti-psiquiatria veio demonstrar porque era reaccionário o tratamento paternalista dado ao "internado" e tão medieval afinal como o dos tempos medievais propriamente ditos.
No caso do louco, como do leproso - como de todo o marginalizado - atitude não reaccionária é a que recolhe do ambiente a explicação real e radical da "doença". E tão medieval é classificar de "gafado" o leproso e de "possesso" o louco como supor que a verdadeira causa da lepra é um bacilo, aquele bacilo que Hansen "descobriu" e combatendo o qual se julga combater a lepra. Então, se se combate, porque é que continua a haver leprosos e, segundo a OMS, com acentuada tendência para aumentar o seu número? Porquê?
O bacilo de Hansen - e todos os bacilos descobertos ou a descobrir - são outra das supremas manobras que a reacção tem para iludir a causa evidente de doenças tão evidentemente sociais, tão evidentemente políticas, tão evidentemente de causa económica e ecológica e ambiental como são a loucura, a lepra, a cólera, o cancro, a silicose e tantas, tantas outras (acrescentaria: todas).
De acordo: o bacilo está lá, há sempre um bacilo que espera por nós a ver se nos surpreende descalços e hoje, modernamente, somos muito avançados porque já não consideramos o leproso um "gafado", só o tomamos um "doente como os outros" e como quer o apóstolo Follereau.
Mas mais avançados seríamos se puséssemos o dedo na ferida, quer dizer no alvo, diagnosticando a lepra, a loucura, a cólera, o cancro, a silicose, pelas causas radical e obviamente ambientais: promiscuidade, exploração económica, falta de higiene, insalubridade, hipo-alimentação, enfim, que posso eu dizer que não seja evidente aos olhos de todos e aos olhos dos próprios que, depois de reconhecerem todos esses factores determinantes e condicionantes da doença, se voltam de imediato e outra vez para o bacilo, o vírus, a bactéria (ou para o diabo por eles?).
Tamanha alergia à evidência e à inteligibilidade racional do Universo que se pode ler como um livro aberto, eis o que um budista não compreende.

A RETÓRICA EVANGÉLICA

Passemos agora a outro tipo de retórica que o Dia Mundial dos Leprosos normalmente excita e a que tive ocasião de pessoalmente assistir, este ano, no Templo Evangélico da Paróquia de São Paulo, às Janelas Verdes, em Lisboa.
Era orador o reverendo Eduardo H. Moreira, que não se cansou de nos exortar à irmandade fraterna e à comunicação entre todos os filhos do mesmo Pai.
Não sei se um budista estaria debaixo da asa abençoadora do simpático reverendo, mas pressuponho que sim e anichei-me melhor no banco para o ouvir, ungido da mesma domingueira fé na sagrada eucaristia e na camaradagem entre "irmãos separados".
Ouço-o falar no "Cosmos" - palavra que os gregos usaram indistintamente para significar o reino de Deus todo cheio de Luz, o mundo que Deus ama, como o mundo desprezável, o mundo social que o homem tem criado.
E logo aqui a minha alma se assusta: porquê desprezável o mundo que o homem criou? Ou antes: será inevitavelmente desprezável o mundo criado pelo homem? Em suma, a cultura e a civilização serão sempre "desprezáveis"?
Outra pergunta: falando só da doença em causa - a lepra - porque será que só na Baixa Idade Média, como informou o Reverendo, se assistiu a tamanha endemia de lepra? E porque será que a lepra acompanha sempre as narrativas dos Evangelhos, como se confirma pelas várias passagens lidas durante a liturgia que ali foi celebrada? Forque será que a lepra não consta (ou consta?) de outros livros sagrados e de outras civilizações?
Para isso, tinha eu uma resposta de nacionalista estrénue: se a religião cristã recomendou sempre o ódio ao corpo (logo à higiene, à água, ao sol, aos agentes físicos purificadores) qualquer ambientalista mesmo vesgo e não muito exigente, relacionaria essa "promiscuidade" exarada nos princípios com a realidade promíscua e suas terríveis consequências epidémicas.
Como doença do ambiente, como doença social, como doença de certa civilização e de certa moral, a lepra, é, em sentido rigoroso, uma "doença religiosa", típica de um condicionalismo e de um ambiente cultural (e físico, claro) para o qual determinados princípios religiosos muito contribuíram.
Prossigamos, porém, ouvindo atentamente a homilia do Reverendo evangelista, que historiou a lepra, o medo e a repugnância que provocava e o contágio, "mais frequente em certas regiões por causa do clima e da falta de higiene."
Ah! quando não é o bacilo (causa terceira) a desviar a atenção da causa primeira, é a causa segunda do clima.
Claro que o clima, um ambiente climático inóspito (dito insalubre) atiça doenças, prepara o caldo aos vírus, bacilos e bactérias, mas atirar para o clima, unicamente, as culpas que devem ser compartilhadas pelo ambiente social e físico da vítima - e o estado de resistência, de imunização natural aos agentes agressores da mesma vítima –eis outra manobra de distracção a que o budista se recusa.
Gostámos de saber - pela palavra evangélica do Reverendo Moreira - que "a intolerância religiosa tornou o leproso sinónimo de herege e de excomungado", obrigado a fazer-se anunciar com gritos e altas vozes, às vezes com guizos atados aos pés, ou badalos ao pescoço.
Não é de ontem, porém, que a mesma entidade que “provoca" a doença (ou a deixa grassar) seja depois a primeira a "condenar" o doente como se ele fosse doente por sua vontade, ou que fosse de seu alvedrio que o Maligno (sob a forma de doença) o ataca. É de hoje também esta mentalidade medieval, reformista, sintomatológica.

MISTURA DE NARIZES

O mais confuso da prédica, porém, foi quando o pregador, para estar à la page, trouxe a poluição ao discurso:
" A tão falada poluição, é um mal de sempre, para ser combatido sempre."
Valha-nos São Barnabé e São Paulo, santos que o orador evocou, mas esta tese é que é poluição mental e tem, como tal, de ser desmistificada, e muito em especial no que à lepra concerne.
Se se confunde poluição com lixo, houve sempre; mas o que hoje é novo e nunca houve foi a consciência (ecológica) de que entre o homem e o ambiente decorre um perpétuo intercâmbio ora chamado doença, ora chamado saúde.
Saber que estes dois estados - saúde e doença - existem sempre em função do meio ambiente é que é de hoje , e até de amanhã, pois - como se prova - há ainda hoje, quem, falando de poluição, lá não tivesse chegado e estabeleça a grande confusão de narizes.
A "combater com redobrada energia a nova lepra: a poluição" - incita ainda o Reverendo, confundindo causa e efeito, mistura de narizes essa, sim, sintoma de uma gravíssima poluição mental e já que estamos em maré orgíaca de aplicar a palavra "poluição" a tudo e a nada.
Vamos por partes, irmãos em Cristo: a palavra "poluição" serve para o que serve; é generalizável, mas não por aí; quando fala nessa «lepra moderna" que se "revela na orgia dos estupefacientes", "no cinismo erótico até à pornografia, na crítica dúplice ou dogmática, na pirataria, na chantagem, na sabotagem, no boato gratuito, dissolvente, vesgo", a mistura que aí estabelece, nesse cockatil Molotov de palavras, de ideias e de factos é que, não chegando a ser explosiva, é altissimamente mistificante.
Exemplifiquemos com os estupefacientes: o lado da lepra é o do produtor, não o lado do consumidor do produto. O lado da poluição é o do produto, não o do consumidor do produto. Nas palavras deste evangelismo moralizador e anatematizador (sempre à procura do Diabo onde ele não está), porém, é o consumidor o "gafado" e, tal como na Idade Média, o "excomungado", o "herege", o maldito, o Diabo em figura de gente, que o Reverendo Moreira parece incitar a perseguir e a liquidar. Valha-nos outra vez São Barnabé, porque viemos cair, em relação à vitima dos estupefacientes, na mesma atitude medieval que era a das seitas religiosas que obrigavam o leproso a fazer-se anunciar por guizos.
Grande poluição, de facto, lavra nesta matéria das poluições. A lepra não é a poluição de todos os tempos, nem a poluição é a lepra da actualidade. Vamos por partes.
A poluição, enquanto porcaria, é produzida pela ganância e pela estupidez de uns quantos "leprosos" que deste Mundo fazem seu quintal, no seu afã religioso de destruir a vida e no seu ódio ao corpo, à qualidade da vida e a todas a formas amigáveis de vida: mas redobrada estupidez é considerar a lepra, como a poluição, nascida do nada ou caída do céu.
Recusar todas as explicações teológicas da doença - da lepra a Deus - eis a obrigação estrita do budista:
que rejeita o apostolado paternal-reformista de Raoul Follereau;
que rejeita o teologismo (diabolismo) providencialista e sintomatológico dos irmãos evangelistas;
que rejeita a sintomatologia igualmente caritativa, reformista, providencialista e sintomatológica do bacilo e dos senhores Hansen deste mundo.
Bolas: a quantos obscurantismos é preciso fazer frente, na caminhada das Trevas para a Tua Divina Luz, Deus nosso!
Pois como São Paulo dizia: "Deus é luz e não há nele treva nenhuma." Empenhados nisso andamos nós, budistas, há quatro mil anos.
- - - -
(*) Este texto de Afonso Cautela, foi publicado, com este título, no caderno nº 9 da colecção «Mini-Ecologia», edição «Frente Ecológica», com a astronómica tiragem de 100 exemplares
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