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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-07-18

DESPORTIVA 2002

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19-7-2002

Com um vasto e honroso currículo na Medicina Desportiva e de Reabilitação, Manuel Martins é, aos 41 anos, mais um médico atraído pela literatura. Já tinha publicado poesia em obra de conjunto, mas agora aparece com um livro em que testemunha a sua experiência na guerra colonial em terras de África. Já não vai a tempo de o João de Melo o antologiar na sua obra de vulto que em tempos organizou para Dom Quixote/Círculo de Leitores. Terá Manuel Martins que vencer, a pulso, o espaço de silêncio e indiferença que hoje rodeia o escritor que quer abrir caminho fóra dos circuitos pré-estabelecidos da edição estabelecida. É certo que tem, como licenciado em Medicina, assistente da Faculdade de Ciências Médicas, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva e, além do mais, presidente e fundador dos Jogos Médicos Nacionais, um poder de influência que muito o poderá ajudar a desbravar caminho literário na selva portuguesa, a «furar» o muro de berlim do estalinismo literário (ou nomenklatura) que hoje, mais do que nunca, põe e dispõe, dominando em exclusivo as letras pátrias. O clima de cortar à faca é hoje de tal forma, que mesmo com tais atributos médico-desportivos e poderes de influência, talvez Manuel Martins tenha dificuldades em se impor, como é claramente seu justo propósito. Não comento o seu livro, apenas lhe digo: é daqueles que ponho na fila de espera para «férias» e um dos poucos de ficção que, este ano, vou ler. No papel de apresentação, retenho uma frase que me espevita o interesse e a curiosidade: «Um livro onde não há histórias de amor, nem mulheres bonitas, nem bandidos, nem heróis. Um livro de coisas tão simples, como afinal a própria vida o é.» Tem a certeza, dr. Manuel Martins? É que, sendo assim, vou já ler. Os discursos à margem do discurso dominante -- ditos marginais -- , ainda pode ser o que vale a pena, em tempos de inflação galopante e de escritores que visam, na vida e na bolsa, só o óptimo. O máximo. Ser «naif» e até «kitch», como até pela capa logo se vê que é o seu livro, pode ser uma forma de saborear de novo os poderes mágicos da linguagem e da inocência.
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RUÍDOS 1973

1-2 - 73-07-19-ie> sábado, 4 de Janeiro de 2003-scan

NATURALMENTE É POR CAUSA DOS RUÍDOS (*)

[19-7-1973]

Num destes muitos dias em que o ralli de motorizadas ao redor do meu quarteirão já durava além da hora e meia habitual, decidi, num assomo de patriotismo, telefonar para a Esquadra da PSP de Oeiras perguntando se não era possível fazer nada para mandar parar o dito ralli e dado que há um autódromo especializado para o efeito aqui mesmo a dois passos, no Estoril (mais sabia eu que não era possível fazer nada, mas fui perguntando, podia ser que acontecesse qualquer milagre...).

Entre outras respostas que me foram dadas pelo guarda que atendeu o telefonema, fui informado de que a Esquadra não dispõe de pessoal para fiscalizações desta natureza; fui informado ainda que, além do mais, são normalmente crianças com menos de 16 anos os "autores" dos rallis e num menor não se toca nem com uma flor. A lei é clara - disse-me ainda o guarda que me atendeu e ai da autoridade que sequer interrogue um menor.

Conclusão, entre outras possíveis mas que não se explicitam aqui: até aos 16 anos e picos, os pequenos filhos-família estão à vontade para matar e saquear, que ninguém nem a autoridade nem os papás, lhes toca.

Além disso, os referidos menores são filhos de boas pessoas e, claro, bem vê, não é verdade?... (vi, compreendi, calei).

Outras impossibilidades que me foram enunciadas: não há lei contra o ruído dos escapes (aqui peço licença para discordar, pois parece-me que há de facto uma lei que sistematicamente se não cumpre) ; não há maneira de tecnicamente se provar que o ruído dessas motorizadas prejudica uma população inteira, embora ninguém - infelizmente por observação diária e directa - tenha dúvidas de que assim é: logo, o que não se prova tecnicamente não existe e o ruído há-de levar-nos todos ao manicómio mas, até ao fim, há-de continuar não existindo...

Após meia hora de amáveis explicações, agradeci, desliguei o telefone e o "ralli" continuava. Continua. Continuará. Sempre. Sem hora marcada mas a todas as horas. Do dia, da noite, ou da madrugada. Um insulto e uma agressão às populações indefesas, mas sem tecnicamente haver maneira de se provar; uma fonte patogénica, uma latrina de dejectos (ruídos) atirados acima de quem está ou de quem vai, mas impune, livre, sem freio nem restrições (nenhumas).

A imprensa já não fala da Operação anti-Ruído. A Comissão Nacional do Ambiente tem muitos assuntos com que se preocupar. Os fabricantes de motorizadas aumentam a produção, os vendedores facilitam os pagamentos e os modelos amanhã serão sempre mais ruidosos do que os que venderam hoje (quem os impede disso?).

Entretanto fala-se de proteger a saúde pública, contra falsificadores de géneros alimentícios. Quais?

Entretanto vacina-se contra o sarampo, como se o sarampo fosse agora a peste do século XX.

Entretanto gastam-se milhões de contos em hospitais tout court e não se sei se em hospitais psiquiátricos, para hospitalizar os doentinhos que continuamos alegre e claramente a fabricar: porque se o ambiente é patogénico (e cada vez mais o é) , é , por definição, fábrica de doenças.

Entretanto os técnicos participam em reuniões da OMS e diz-se que há uma política do Ambiente (há uma política do ambiente?). Mas com os ruídos cada vez mais aperfeiçoados e como cada vez se percebe cada vez menos de tudo (quem é que pode ouvir alguma coisa neste pandemónio?) naturalmente não foi "política" a palavra que a gente ouviu.
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(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas pelo precoce da ideia, não deverá ter sido publicado, apesar de ter publicado muita coisa sobre ruído, inclusive um livro
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HIPÓCRATES 1998

escola-1-> - honra ao mérito - iniciativa da escola superior das ciências naturais e homeopáticas

PRÉMIOS HIPÓCRATES VÃO DISTINGUIR OS MELHORES NA ÁREA DAS MEDICINAS NATURAIS

19/7/1998 - A reabertura do próximo ano lectivo, na Escola Superior das Ciências Naturais e Homeopáticas, em 16 de Outubro, será assinalada por uma novidade: a atribuição, pela primeira vez, dos prémios Hipócrates, destinados a galardoar, todos os anos, entidades e personalidades que se distinguiram no campo das alternativas naturais e ecológicas à medicina convencional.
Para Carlos Ventura, um dos directores da Escola, estes prémios servem a causa das terapias naturais e são uma prova de «gratidão» para com aqueles que, através dos tempos e lugares, lutaram pela justa causa da saúde pública.
« A sociedade é frequentemente ingrata para com aqueles que a melhoram» - afirma Carlos Ventura, autor da ideia a que os outros colegas de direcção logo deram plena anuência - «E são muitas vezes os herdeiros desse legado - os que usufruem dos sacrifícios dos que os antecederam - que não dedicam tempo a homenageá-los e a vivificar a sua memória ou a sua acção ainda actual e viva.»
O nome emblemático de Hipócrates, considerado o pai da medicina europeia, serve assim, muito oportunamente, para que as gerações de hoje prestem homenagem e façam justiça às gerações que as antecederam na luta pela vida, pela saúde, pela liberdade e pela dignidade humana.
Homenageando o médico da ilha de Coz, são também todos os seus herdeiros que se sentem homenageados.
Carlos Ventura explica mais em pormenor a decisão:
«A filosofia que preside a estes prémios e a sua atribuição exigiu profunda reflexão acerca da história da medicina natural, dos vultos que a formaram e dos que continuam a construí-la.»

Nada melhor, com efeito, do que esta sensibilidade ao legado histórico para revalorizar hoje aquilo que diversas ordens de interesses corporativistas pretendem destruir, como se fosse a medicina natural a surgir do vazio e a querer afirmar-se sem antecedentes.
Feliz ou infelizmente, é o contrário que acontece: a medicina natural, pela via hipocrática, é não só a mais lídima representante dessa linha «filogenética» indestrutível como a forma mais apurada que a medicina poderia ter assumido na fidelidade às raízes do passado e aos horizontes do futuro.
Se existe alguma aberração histórica a esta antiquíssima linhagem - onde se inscrevem, além de Hipócrates, sistemas como a acupunctura, o ayurveda ou a medicina tibetana - não será com certeza da parte da medicina natural.
Aberração, se existe, é da medicina moderna. E se, como afirma a sabedoria ancestral mas a ciência confirma, as árvores se julgam pelos seus frutos, basta olhar e ver que frutos dá uma e outra, quais os resultados da medicina tecnológica moderna e quais os resultados da medicina natural.

Com a frontalidade que se acostumou a usar nos momentos críticos decisivos para o movimento holístico português, Carlos Ventura põe o dedo na ferida:
«Há quem queira usurpar as funções de acupunctor ou de homeopata, limitando-as exclusivamente a médicos. Há também quem queira restringir a venda de muitos produtos e remédios naturais e homeopáticos só às farmácias.»
Classificando estas ofensivas de «escandalosas», Carlos Ventura pergunta afinal que democracia é esta:
«Se os agentes das nossas áreas sempre foram (salvo raras e honrosas excepções) esmagadoramente não médicos e não farmacêuticos, como é possível que estes queiram agora assenhorear-se de um sector que sempre combateram, visando expulsar os que sempre o defenderam, praticaram e fizeram crescer?».

A esta pergunta deviam responder, com a máxima urgência, os responsáveis da saúde em Portugal.

Para que se não diga que o poder instituído nada mais faz do que governar em função dos lobbies de pressão em vez de governar, como prometeram, para os interesses da esmagadora maioria do povo que os elegeu.
Continuar a meter o pescoço na areia não será, com certeza, a melhor forma de o poder estabelecido se ressarcir do recente «flop» que a abstenção referendária lhe provocou.
Se quem governa são os «lobbies» de pressão, então a democracia começa mesmo a ficar ameaçada por 3 flancos: os referendos que desautorizam a representação parlamentar, as abstenções que desautorizam o governo anteriormente eleito e a indisciplina dos lobbies que defendem os seus legítimos interesses minoritários em prejuízo dos interesses da esmagadora maioria de eleitores.
O aviso fica feito se o quiserem ouvir: as estimativas até agora realizadas, no maior sigilo, como se fôssemos nós a viver na clandestinidade, dão uns bons 50% de votos às terapias naturais, por mais que o polvo mediático lave o cérebro do contribuinte com as virtudes e maravilhas de mais um medicamento maravilhoso.
Será que ainda não aprenderam a lição de todos os medicamentos maravilhosos que, como a Talidomida, tão trágicas recordações deixaram?
É tempo, no mínimo, de imperar o bom senso e a justiça no reino da dinamarca.

Explicando as razões que estiveram na génese dos prémios Hipócrates, Carlos Ventura sublinha:
«Quisemos relembrar a importância hoje em dia tantas vezes secundarizada da figura ímpar de Hipócrates: ele continua a ter uma actualidade surpreendente, apesar dos seus dois milénios e meio de vida. Este foi um dos factores que se conjugaram para que a Escola Superior das Ciências Naturais e Homeopáticas tenha tomado a decisão de promover anualmente os prémios Hipócrates.»
Carlos Ventura integra um júri de elementos que, todos os anos, delibera sobre a atribuição dos prémios. São eles os membros da direcção da Escola de Ciências Naturais e Homeopáticas:
Carlos Campos Ventura
António Novaes
Armindo Caetano
Amândio Sousa Marques

As seis modalidades abrangidas pelos Prémios Hipócrates pretendem cobrir e prever todas as situações que podem vir a ser merecedoras desses prémios:
Jornalismo/Comunicação Social
Saúde e Ecologia
Companheiros de Hipócrates
Instituição
Personalidade
Vida e Obra

Este esquema, no entanto, é flexível, podendo haver anos em que algumas das modalidades não são preenchidas, havendo no entanto outras que podem ser criadas.
Personalidades e instituições já distinguidas em anos precedentes têm a prerrogativa de propor candidatos para qualquer dos prémios.
O regulamento dos prémios prevê ainda a sua atribuição a título póstumo, o que permite relembrar figuras notáveis do movimento naturoterapêutico mas já falecidas.
O incentivo aos vivos para que se sintam menos sós e menos excluídos do movimento, é outro grande objectivo que estes prémios visam.
«É nossa função - assegura Carlos Ventura - distinguir individualidades que se destacam pelo seu labor e pela sua dimensão, para que esse acto de justiça e reconhecimento público constitua um incentivo.»
Mas também as instituições devem ser reconhecidas na sua acção em prol da causa das medicinas ecológicas e holísticas:
« As instituições - refere o director da ESCNH - são pessoas organizadas que perseguem colectivamente objectivos maiores que a soma simples dos indivíduos. Instituições houve e há sem as quais a nossa história como sociedade seria bem mais pobre. Justo é, portanto, sublinhar o papel que tiveram ou têm. »
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ORTOMOLECULAR 2000

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CENTRO DE PESQUISA ORTOMOLECULAR

UMA LIÇÃO DE MORAL:CADA UM TEM O QUE MERECE

Lisboa, 19/7/2000 - Tentando resumir a nossa desconversa de terça-feira, 18 de Julho, vou apontar algumas pistas que podem conduzir ao centro da questão: a célula rebelde (CR).
O sentido das prioridades (ou a falta dele) é uma das pistas. Mal se fala de um tópico (item ou tema) essencial, logo se diverge do essencial e logo um rosário de acessórios vem ocupar o tempo e o espaço ( a energia, portanto) que devia ser ocupada pelo essencial, caso quiséssemos disciplinar a célula rebelde (CR) e, portanto, fazer economia energética.
Desperdício de energia (entropia) é o que a CR quer e nós ajudamos. O que ela não quer é o retorno à simplicidade (neguentropia) e daí a dificuldade.
O retorno à simplicidade é uma boa ocasião para o moralismo psicosomático falar de humildade e do papel da arrogância no crescimento da CR. Jorge Oshawa, introdutor da macrobiótica no Ocidente, dizia que a arrogância é mãe de todos as doenças em geral e do cancro em particular.
Cada um que se psicanalise a ver quantos litros ou quilos de arrogância debita todos os dias. Para a célula, o afogamento da arrogância é como retirar o oxigénio a um ser aeróbio. (Alguém disse: «Gratidão, oxigénio da Alma»). Anaerobizar a célula é o que faz a arrogância e outras ânsias decorrentes.
Varrer a casa, limpar o pó, lavar a loiça é um exercício que o bom e típico intelectual detesta, embora seja o melhor antídoto da arrogância e suas sequelas. É uma higiene da alma. Apanhar pó não é higiénico mas é psicosomaticamente inócuo. Enquanto a arrogância (falta de humildade) corrói mais do que a Coca-Cola e mata que se farta.
Surge então, com a arrogância e sequelas, ao nível psicosomático (como quer o discurso médico ordinário) a neurose de acumulação, conforme foi cunhada por mim. Pelo quantitativo (bites em barda, como a invasão dos bárbaros da internet mostra) o subconsciente (em linguagem psicologística) tenta colmatar a falta de qualidade.
É assim, de um modo geral, em toda a nossa vida. Complicando e acumulando, temos o quantitativo em vez do qualitativo a comandar e a gerir a nossa bioenergia.
O qualitativo, neste caso, é sinónimo de inteligência da célula. Acumulando e complicando (e intoxicando de medicamentos, já agora) afogamos a inteligência da célula, que fica incapaz de gerir o trabalho, de intercomunicar. O ego intelectual, cheio que nem um ovo, rejubila de internet, universidades e bibliotecas. Tem apegos que cheguem para esse júbilo. Apego forma-se com a raiz ego. Egos (principalmente o ego intelectual, no caso vertente) e apegos são sobremesa para a CR. Regala-se. Lambe-se e pede mais.
Outra forma de (neurose de) acumulação aparece com os chamados afazeres e desaires (a que se seguem queixas e recriminações e revoltas e etc). Uma agenda sobrecarregada de uns e outros é o que a CR quer. Então a medicina ordinária, sem perceber nada do assunto como sempre, fala de stress. Pois é, o stress, uma palavra mágica para não dizer nada. A medicina, aliás, diz sempre nada. Stress e, depois, aqui d'el rei que o doente está stressado: é a altura de passar do discurso lorpa e troglodita ao discurso soft da psicosomática. E mais soft ainda ao moralismo dos conselhos maternais ou paternais: «Faça assim ou faça assado», «deve assim ou deve assado», etc.
Fala-se do sistema endócrino como se falássemos de amendoins. Sistema endócrino não é um pormenor mais dos muitos milhares de pormenores com que a biologia enche os seus tratados. O sistema endócrino é um eixo de interfaces e os interfaces deviam ser, só por si, o estudo central da biologia celular que estivesse verdadeiramente interessada na célula viva e não na célula morta que se estuda nos laboratórios.
Acontece o contrário: o que está naturalmente unido é dividido (e a isso chama a ciência avançar no conhecimento científico). A divisão celular é uma metáfora da divisão dos conhecimentos operada pela magnífica ciência analítica e de laboratório.
Aqui - o item das pontes e dos interfaces - é um dos pontos que me dizem que nunca escreveremos um livro juntos: na melhor das hipóteses, cada um escreve o seu. E ficamos todos contentes.
Mas o sistema endócrino não é o único interface a ter em conta como fundamental a quem pesquisa os fundamentos da vida e os seus mecanismos de autocontrole: a actividade eléctrica da célula é outro interface e só por si deverá constituir o capítulo básico da biologia molecular como ciência da bioinformação. A biologia tal como está, é a ciência da bio-desinformação e, melhor ainda, da bio-contrainformação. O que agrada sobremaneira à CR, que nasceu exactamente de um acidente de contra-informação (vulgo, poluição em geral, poluição química em particular e poluição medicamentosa ainda mais em particular).
Outro interface-chave, já agora, é a homeostase.
Se eu digo que o vírus é uma invenção laboratorial, cai-me a polícia toda em cima. Indagar se o vírus é causa ou efeito, considera-se uma heresia. O dogma religioso da chamada ciência (a igreja mais cruel que já houve sobre a Terra, apesar da batinha branca), não admite que alguém raciocine. E o que a CR quer é mesmo o imobilismo, o dogma, o autoencerramento, a religião, o túmulo, a cruz (para romper isso tudo, Etienne aconselha o trabalho com o pêndulo).
Fala-se então em acreditar ou não acreditar. Quando se têm certezas (poucas mas boas) não é preciso acreditar ou não acreditar nas tolices que todos à compita nos querem impingir. Acreditar é de néscios. Ter certezas (poucas mas boas) é de sábios. O que torna as religiões (incluindo a religião da igreja científica) totalmente obsoletas.
A propósito de impingir, lembro que é também um desperdício de energia as tentativas continuadas de se fazerem lavagens sucessivas ao cérebro do outro. Já me fizeram as lavagens que tinham a fazer e agora, aos 66 anos, não vou mudar. Quando eu falo da seca daquele primeiro ano é que todos os chamados professores têm uma sardinha para impingir e eu já não tenho estômago para sardinhas. Lamento os alunos, coitados, vítimas de um sistema totalitário de contra-informação, mas isso é problema deles e das suas células.
Pedindo ajuda ao padre Antunes de Sousa e à sua retórica untuosa, talvez ele arranje uma epistemologia que faça mesmo a crítica e a filosofia da ciência moderna, que nos encurralou neste espectáculo de horror, terror e pavor que é actualmente o Planeta, com muitos catedráticos na 1ª fila ora a patear ora a aplaudir conforme os negócios que estão em causa.
Chorai, chorai, pilatos de agora que são os carrascos de ontem. O padre Antunes vai ao funeral e carpirá lágrimas sentidas sobre o túmulo em que todos - mas principalmente os cientistas, os senhores da engenharia genética e suas pias obras - nos meteram.
Como a epistemologia e o hipócrita padreca não desatam este nó, é evidente que alguém teria de aparecer para o desatar. Etienne veio desatar o nó górdio. Mas vamos inventar todos os pretextos para adiar a pista que ele aponta . Que mais não seja, uma viagem às Caraíbas, um congresso no Sri Lanka ou qualquer outra forma de turismo e auto-ausentação que a CR adora.
Mete raiva mas não há nada a fazer. Cada um tem as doenças e as ciências que merece.
PS: Junto a seguir cópias de cartas minhas para si, datadas do ano passado... Ainda vou a tempo de as relembrar.
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luisa-1>

Lisboa, 29/Maio/1999

Luísa: Sobre o meu empenho no método de Etienne Guillé, acho que me devo explicar melhor para que saiba das minhas verdadeiras razões.
1- Antes de mais nada, é uma dívida de gratidão: tento retribuir, com algumas iniciativas, o que recebi, embora o que recebi, do Etienne e da Patrice Kerviel, seja sempre muito mais do que aquilo que eu possa dar.
2 - Depois, é uma questão de «cansaço de vida». Já dei a volta ao quarteirão e não encontrei nada que justificasse andar por aqui muitos mais anos.
Por isso, transmitir quanto antes, a quem fique, a mensagem e o legado que me coube em sorte conhecer - é meu 1º e último objectivo, a minha primeira e última prioridade.
3 - Acontece que esse legado, além dos 4 livros de Etienne Guillé e das centenas de files que sobre Guillé e à volta de Guillé, teclei em computador, esse legado é constituído por alguma da (breve) bibliografia que irradia, como apoio e desenvolvimento, da «grande obra» de Guillé.
São dois milhares de livros (e outros tantos milhares de fotocópias) que eu faço questão de preservar, e que constituem a minha escolha, a escolha que me foi humanamente possível realizar, conjunto coerente de informação que eu tentei polarizar num projecto que apelidei «Biblioteca de Alexandria 2000», ou seja, uma tentativa de reconstituir, em termos de ciência profana, alguns dos itinerários possíveis das 12 ciências sagradas.
4 - Qualquer actividade «seminarística» (workshops, à americana) em que eu me meta, portanto, tem apenas o objectivo de dar mais alguns passos nesta via que lhe indico.
Não pretendo ganhar dinheiro com a gnose vibratória e até sou capaz de dar algum para que se dêem alguns passos nesta «passagem do testemunho» que unicamente pretendo.
Por exemplo: se não houver quem ceda instalações, conheço óptimas instalações na Rua Braancamp que até alugo para que a Luísa lá possa ministrar um ciclo de encontros sobre ADN e Terapias Vibratórias, com carácter mais regular.
5 - Gostaria, para já, de lhe passar o legado a si mas acho que seria mais interessante tentarmos o que eu tentei mas não consegui: constituir um núcleo de fiéis de Etienne e do seu método, de adeptos no sentido alquímico, núcleo que pudesse assegurar a continudade, aqui em Portugal, da sua mensagem.
Cheguei a «inventar» o Grupo de Estudos Herméticos, aqui em Paço de Arcos, grupo que obviamente era constituído por mim e pelos meus 7 adorados gatinhos.
6 - Mas núcleo que, tarde ou cedo, se constituísse em «instituição de utilidade pública» para fugir um bocado à efemeridade das vidas pessoais e individuais. E que preservasse a herança, herança que é materializada, como digo, pelo conjunto bibliográfico e material de ensino e prática, que individual e pessoalmente estou cansado de trazer sempre às costas.
Ou seja: preocupa-me unicamente encontrar um local de confiança - uma sala e estantes - onde possa depositar, com alguma segurança, o que há 6 anos ando seleccionando à luz da hipótese vibratória.
É que apesar das centenas de livros que foram para a ECNH, o núcleo duro da gnose vibratória continua a resistir, até que eu possa legá-lo a alguém (ou a algum grupo) de absoluta confiança: ou seja, alguém, ou algum grupo, para quem Etienne e a Gnose Vibratória seja o tesouro que foi para mim, aquilo a que chamo o minha sorte grande, o meu jackpocket.
Afonso
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luisa-2>

26/Junho/1999

Tudo o que indico, vai num único e supremo objectivo: criar as condições vibratórias para que, o mais brevemente possível, faça uma viagem a Paris para consultar a Patrice.

Luísa: Já sei que não leva muito a sério as minhas opiniões sobre saúde e que acabará sempre por confiar muito mais na ciência médica do que na experiência vivida (sofrida) de um leigo.
Em todo o caso, sinto-me na obrigação de lhe dar conta da leitura que faço da sua situação. E passo imediatamente aos pontos que julgo prioritários para si:
a) Uma intervenção de fundo, em vez dos expedientes casuísticos e sintomáticos a que tem recorrido;
b) Uma atenção ao terreno orgânico, em desfavor dos aspectos circunstanciais, de tempo e de lugar, que tenham ocorrido: como julgo ser o caso daquele acidente que sofreu e ao qual a medicina parece remeter sempre os problemas que surgem;
c) Interpretar esta última ocorrência como um aviso severo de que tem de fazer uma opção radical e fundamental no seu estilo de vida, incluindo o tempo que dedica a si e o tempo que dedica a outras coisas (nestas outras coisas incluo a carreira e profissão);
d) A questão do top a que pretende chegar, deixou-me, como reparou, muito perturbado: é que o top nunca tem fim e, regra geral, só termina no fim... Deixo ao cuidado da sua inteligência, interpretar esta alegoria;
e) Sendo este aviso um convite para a viragem, deverá nessa viragem incluir uma opção de fundo em relação à corrida para o top: ou seja, é o momento da verdade, em que deverá realizar a sua contabilidade pessoal e saber o que perde, energetica e vibratoriamente, ao ganhar determinadas coisas materiais;
f) O sistema é diabólico nas tentações que consegue colocar à frente das pessoas: e a meta de chegar ao top, é com certeza a cilada mais frequente e mais capaz de nos levar ao inferno, convencendo-nos de que estamos a caminho do paraíso;
g) A intervenção de fundo que refiro na alínea a) tem a ver com duas sub alíneas fundamentais:
1 - Viragem na alquimia alimentar (de modo a que a alquimia dos 600 biliões de células se faça harmonica, ritmica e ortomolecularmente)
2) Viragem na utilização do tempo: ou seja, dedicar muito tempo a «não fazer nada», que o mesmo é dizer, deixar ortomolecularmente, que os 600 biliões de células façam o trabalho que têm que fazer, em sossego e conforme a sua (delas) infinita inteligência, que eu comparo à infinita bondade e misericórdia de Deus...
O «não fazer nada» pode traduzir-se por:
uma esplêndidas férias só a ler, descontraidamente, o Etienne;
um esplêndido ano sabático desses que os universitários (ouço dizer que) podem fazer, exactamente para a reflexão ou meditação sobre o essencial
uma esplêndida licença com vencimento, ao abrigo do problema de saúde que agora lhe surgiu.
Neste «não fazer nada» incluo coisas como o seu previsto «workshop», a remodelação das suas aulas de Biologia celular, etc.
Ou seja: é o momento, penso eu, de começar a gerir a favor de si mesmo tudo o que acumulou de ciência: acho que seguir o Etienne e o pêndulo, é a melhor forma de o fazer. A alquimia celular é o melhor antídoto contra as neuroses de acumulação. Destila. Purifica. Decanta. Não é mais um autor, não é mais um cientista, não é mais um livro: é o encontro de cada um consigo mesmo e com o essencial de si mesmo.
O trabalho com os metais, como sabe, é fundamental para uma alquimia correcta e uma alquimia correcta dos 600 biliões de células é fundamental como imunidade às agressões do meio exógeno e endógeno.
Entre as agressões do meio endógeno incluo os métodos cruentos da medicina oficial.
E falta a alínea final, por onde eu queria ter começado este sermão. Tudo o que indico, vai num único e supremo objectivo: criar as condições vibratórias para que, o mais brevemente possível, faça uma viagem a Paris para consultar a Patrice.
Aí é que me parece a mais difícil, radical e decisiva das suas opções: ou EUA para continuar a carreira para o top; ou uma viagem a Paris para tratar da sua saúde e ultrapassar ortomolecularmente a actual situação.
Acumular as duas opções, impossível.
Será aí, penso eu, onde deverá investir o melhor das suas energias e também tempo, empenho, dinheiro, etc.
Tenho tentado evidenciar a importância da lógica ortomolecular nos problemas de saúde mais difíceis, mas sinto que não consigo fazer passar a mensagem. Não foi só consigo, foi com todos os intelectuais a quem tenho tentado passar a mensagem Etienne: continuo à procura do interlocutor válido...
Afonso
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HIPÓCRATES 1998

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19-7-1998

CAIR NO REAL: É URGENTE
I
Explicando à nossa revista o principal motivo que levou à criação dos Prémios Hipócrates (página?), Carlos Ventura, director da Escola Superior das Ciências Naturais e Homeopáticas, falou-nos da «profunda reflexão que é preciso fazer acerca da história da medicina natural, dos vultos que a formaram e dos que continuam a construí-la.»
Uma vez que a medicina natural é a medicina do futuro, é urgente que se assinalem as suas mais remotas fontes e raízes.
Nada melhor, com efeito, do que esta sensibilidade ao legado histórico para revalorizar hoje aquilo que diversas ordens de interesses corporativistas pretendem destruir, como se fosse a medicina natural a surgir do vazio e a querer afirmar-se sem antecedentes.
Feliz ou infelizmente, é o contrário que acontece: a medicina natural, quer seja pela via hipocrática, quer seja pela via das grandes medicinas sagradas, é não só a mais lídima representante dessa linha «filogenética» indestrutível como a forma mais apurada que a medicina poderia ter assumido na fidelidade às raízes do passado e aos horizontes do futuro.
Se existe alguma aberração histórica a esta antiquíssima linhagem - onde se inscrevem, além de Hipócrates, sistemas como a acupunctura, o ayurveda ou a medicina tibetana - não será com certeza da parte da medicina natural.
Aberração, se existe, é a da medicina química moderna. E se, como afirma a sabedoria bíblica ancestral mas a ciência confirma, as árvores se julgam pelos seus frutos, basta olhar e ver que frutos dá uma e outra, quais os resultados da medicina tecnológica moderna e quais os resultados da medicina natural.
II
Por isso, a pertinência da pergunta formulada por Carlos Ventura:
«Se os agentes das nossas áreas sempre foram (salvo raras e honrosas excepções) esmagadoramente não médicos e não farmacêuticos, como é possível que estes queiram agora assenhorear-se de um sector que sempre combateram, visando expulsar os que sempre o defenderam, praticaram e fizeram crescer?».
A esta pergunta deviam responder, com a máxima urgência, os responsáveis da saúde em Portugal, para que se não diga que o poder instituído nada mais faz do que governar em função dos lobbies de pressão em vez de governar, como prometeram, para os interesses da maioria do povo que os elegeu.
Continuar a meter o pescoço na areia não será, com certeza, a melhor forma de o poder estabelecido se ressarcir do recente «flop» que a abstenção referendária lhe provocou.
Se quem governa são os «lobbies» de pressão, então a democracia começa mesmo a ficar ameaçada por 3 flancos:
a) os referendos que desautorizam a representação parlamentar e o próprio regime democrático;
b) as abstenções que desautorizam o governo anteriormemente eleito;
c) a indisciplina dos lobbies que defendem os seus legítimos interesses minoritários em prejuízo dos interesses da esmagadora maioria de eleitores.
O aviso fica feito se o quiserem ouvir: as estimativas até agora realizadas, no maior sigilo, como se fôssemos nós a viver na clandestinidade, dão uns bons 50% de votos às terapias naturais, por mais que o polvo mediático lave o cérebro do contribuinte com as virtudes e maravilhas de mais um medicamento maravilhoso.
Será que ainda não aprenderam a lição de todos os medicamentos maravilhosos que, como a Talidomida, tão trágicas recordações deixaram?
É tempo, no mínimo, de imperar o bom senso e a justiça no reino da dinamarca.
III
Todos já viram na televisão uma marca de iogurte que recomenda uma boa alimentação para manter o corpo são e belo, em vez de dietas perigosas que «expoliam» o organismo de todos os elementos indispensáveis.
Espanta ver e ouvir tanto bom senso num meio de comunicação social que constantemente apela aos mais vis impulsos e aos hábitos alimentares mais perniciosos.
Nunca o bom senso tinha sido colocado a cores nos écrãs televisivos de maneira tão incisiva e nunca uma informação tão educativa fora dada às massas telespectadoras de indefesos consumidores.
O óbvio ululante chegou finalmente ao mundo virtual da publicidade. Viva o óbvio, viva a publicidade e viva o virtual.
Em contrapartida, o alarido feito à volta de novos e maravilhosos medicamentos é muito mais forte e soa a verdadeiro bombardeamento das meninges e das mentes. Não sejamos púdicos e vamos chamar às coisas pelos seus nomes: Soa a verdadeira lavagem aos cérebros, em que os órgãos mediáticos são hoje verdadeiros especialistas.
Mas talvez que uma grande fatia do público espectador o mereça. Nunca se sabe. As sondagens de opinião estão cada vez mais em descrédito. E as abstenções aos referendos são hoje a única arma das vítimas contra a prepotência dos poderes e «lobbies» de pressão.
Uma marca de iogurte já se lembrou de optar pelo bom senso, lançando um slogan inteligente, verdadeiro e servidor do bem público. Não significa que as cabecinhas pensadoras do parlamento possam vir a ter o mesmo acesso de inteligência, bom senso e sensibilidade para, por exemplo, na febre de referendos que agora assalta esta democracia (para a liquidar de vez) propor mais um, por exemplo, assim:
Quer ou não quer tratar-se por medicinas naturais?
Quer ou não quer gozar de (alguma) saúde em vez de andar gemendo e chorando de doença para doença, de cirurgia para cirurgia, etc?
O que é que prefere: a política de (combate à) doença até agora praticada ou uma política de (conservação da) saúde que continua na prateleira, com uma data de senhores doutores a decidir se a homeopatia não come criancinhas ao pequeno almoço, se a acupunctura é suficientemente científica, se a alimentação deve incluir sais minerais, vitaminas e proteínas em equilíbrio, se a medicina natural é fiável, etc? (Se o ridículo matasse, era a maior mortandade do século)
Deve ou não o governo gerir (respeitar ) os interesses dos «lobbies» sem, com isso, prejudicar os da população?
O governo tem ou não obrigação de zelar pela saúde pública e, portanto, pelas técnicas de higiene e profilaxia natural?
Sem a resposta dos responsáveis a estas e outras questões cruciais, o País continuará a viver no virtual mediático. Uma abstenção de 70% é uma forma muito clara de dizer que estamos cansados de virtual e de demagogias, ora do governo ora da oposição.
Cair no real, no caso dos senhores deputados, era, por exemplo, ir desenterrar um artigo da Constituição da República que, como tantos outros, tem passado a tema maldito e a dossiê tabu. Os silêncios & silenciamentos são, lembrem-se, o túmulo das democracias.
Para quem manda, os «lobbies» estão sempre primeiro. Os direitos do consumidor(neste caso do consumidor de medicinas) é só para tempos de antena nos períodos pré-eleitorais (ou nem isso).
Aproveitem as férias, senhores deputados e responsáveis da saúde em geral, para reler e decorar o artigo Nº 64 da Constituição da República .
Como já ninguém se lembra, aqui reproduzimos parte do artigo 64º da Constituição da República Portuguesa, capítulo II (Direitos e deveres sociais), onde o direito e o dever de defender e promover a saúde surge no primeiro parágrafo, aparecendo o incentivo às «práticas de vida saudável» logo no segundo:
Artigo 64º
(Saúde)
«1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universale geral e, tendo em cont as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;
b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam, designadamente, a protecção da infância, da juventude e da velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho, bem como pela promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável.

3. Para assegurar o direito à protecção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:
a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação.
(...)»

Como está consagrado na Constituição da República, portanto, os milhares de pessoas que querem conservar a saúde em vez de andar sofrendo a via sacra do combate às doenças, ficariam muito contentes se todos - governos, partidos, associações, deputados, sindicatos, ordens - assumissem as letras, vírgulas e pontos finais desse artigo e o pusessem na prática da política, na política da prática.
Até porque esses milhares de pessoas que querem conservar a sua saúde ( direito e dever indicado na Constituição) são os que podem poupar ao orçamento milhares de contos, evitando talvez a tão propalada bancarrota da segurança social.
Chega, pois, de meter o pescoço na areia. O Verão acabou.
IV
Para um observador atento às nuances do poder estabelecido - e às guerras intestinas que se desenrolam para a conquista do poder - não escapa que os governos e mesmo os regimes políticos passam mas certos interesses corporativos permanecem.
Durante a ditadura salazarista chamavam-se corporações, que deram ao regime o nome de corporativista.
Hoje chamam-se, mais à moderna, «lobbies», mas é exactamente a mesma coisa.
Ontem e hoje, a realidade de fundo é a mesma. Esperemos que amanhã de manhã deixe de o ser.
O lobby da doença, que tinha desmedidos previlégios antes da democracia, continua em democracia com previlégios acrescidos. E ai do governo ou ministro que tente beliscar, nem que seja levemente (caso dos medicamentos genéricos...) os interesses e lucros astronómicos do referido lobby.
Costuma-se dizer que a democracia é a ditadura dos lobbies, o que para nós, povo ignaro, contribuinte e sofredor, significa termos várias ditaduras em vez de uma. E ainda nos ameaçam com outras novas ditaduras, ditas da regionalização.
Para o público em geral e o consumidor de medicinas em particular, nunca nada muda. Por mais reformas de superfície ou ditas estruturais que se realizem e por mais que ao cidadão sejam prometidos os seus fundamentais direitos - um dos quais é a saúde, como diz a Constituição - a verdade é que tudo gira (e se agita) à volta dos grandes interesses económicos que entre si se digladiam.
Para um observador atento e antigo da realidade virtual portuguesa, é claro e nítido que todos os ministros ditos da saúde só podem (estão autorizados...) a executar políticas que favoreçam o designado lobby da doença a que, só por engano lexical, se continua a chamar de saúde.
Deste engano lexical - teimar em chamar saúde ao que é Doença - nascem todos os outros equívocos que continuam vitimando a população .
Dizer que o sofrimento de tanta gente é uma questão de nomenclatura é mesmo verdade, por estranho que pareça.
Se a medicina que trata da doença e pouco ou nada se preocupa com a saúde, ficasse no seu campo e se abstivesse também das alternativas de saúde e profilaxia natural que conquistam todos os dias mais adeptos, era bem melhor para o País e para a democracia. Em suma, para o Zé Povinho, sempre disposto a pagar as favas todas e todas as contribuições.
Quando o povo diz «cada macaco no seu galho», está, como sempre, a emitir uma opinião arquetipal que diz respeito à essência e à verdade das coisas. Não ao jogo de sombras chinesas do virtual à portuguesa.
A doença aos médicos e a Holística aos terapeutas holísticos, é a palavra de ordem.
Nem a Holística tem que se intrometer na medicina, nem a medicina tem que se intrometer nas ciências e técnicas eco-alternativas que se lhe opõem: que historicamente se lhe opõem e que, cada vez mais, no futuro, se irão opor.
São duas lógicas opostas . E há gente para tudo: se a maioria ainda prefere a lógica sintomatológica e mal espirra vai logo a correr para o senhor doutor, há muitos milhares (e já milhões) de portugueses que preferem reflectir e pensar duas vezes, recorrendo a socorros de urgência que a profilaxia natural coloca hoje à disposição de quem está mais interessado em conservar a saúde do que em percorrer a via sacra do combate à doença.
Seja a alquimia alimentar e o metabolismo, seja o recurso a vitaminas e sais minerais, de modo a combater carências (e mais de 50% são doenças de carência), seja a acupunctura, seja a homeopatia, sejam as essências florais (a terapia sublime), a Holística é nossa e ninguém tem que vir usurpar um milímetro do nosso território. Teriam antes que passar por cima do nosso cadáver. O que nunca, evidentemente, irá acontecer. Nem que tenhamos todos de passar à clandestinidade.
Eu já passei.
Lisboa, 18/Julho/1998
Bento Fernandes
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