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2006-07-18

DESPORTIVA 2002

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19-7-2002

Com um vasto e honroso currículo na Medicina Desportiva e de Reabilitação, Manuel Martins é, aos 41 anos, mais um médico atraído pela literatura. Já tinha publicado poesia em obra de conjunto, mas agora aparece com um livro em que testemunha a sua experiência na guerra colonial em terras de África. Já não vai a tempo de o João de Melo o antologiar na sua obra de vulto que em tempos organizou para Dom Quixote/Círculo de Leitores. Terá Manuel Martins que vencer, a pulso, o espaço de silêncio e indiferença que hoje rodeia o escritor que quer abrir caminho fóra dos circuitos pré-estabelecidos da edição estabelecida. É certo que tem, como licenciado em Medicina, assistente da Faculdade de Ciências Médicas, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva e, além do mais, presidente e fundador dos Jogos Médicos Nacionais, um poder de influência que muito o poderá ajudar a desbravar caminho literário na selva portuguesa, a «furar» o muro de berlim do estalinismo literário (ou nomenklatura) que hoje, mais do que nunca, põe e dispõe, dominando em exclusivo as letras pátrias. O clima de cortar à faca é hoje de tal forma, que mesmo com tais atributos médico-desportivos e poderes de influência, talvez Manuel Martins tenha dificuldades em se impor, como é claramente seu justo propósito. Não comento o seu livro, apenas lhe digo: é daqueles que ponho na fila de espera para «férias» e um dos poucos de ficção que, este ano, vou ler. No papel de apresentação, retenho uma frase que me espevita o interesse e a curiosidade: «Um livro onde não há histórias de amor, nem mulheres bonitas, nem bandidos, nem heróis. Um livro de coisas tão simples, como afinal a própria vida o é.» Tem a certeza, dr. Manuel Martins? É que, sendo assim, vou já ler. Os discursos à margem do discurso dominante -- ditos marginais -- , ainda pode ser o que vale a pena, em tempos de inflação galopante e de escritores que visam, na vida e na bolsa, só o óptimo. O máximo. Ser «naif» e até «kitch», como até pela capa logo se vê que é o seu livro, pode ser uma forma de saborear de novo os poderes mágicos da linguagem e da inocência.
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