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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-07-16

CANCROS 1999

99-1-16 ea-eh> = ecologia alimentar = ecologia humana

NOTÍCIAS DE ECOLOGIA ALIMENTAR E HUMANA

16-1-1999 - Tal como era previsível e alguns escreveram, preto no branco, as notícias de ecologia humana e saúde pública seriam, mais cedo ou mais tarde, dominantes nos jornais e telejornais.
Hoje, é possível, num único jornal, ou em jornais de dois ou três dias próximos, saber coisas como :
- A exposição pré-natal ao mercúrio prejudica o desenvolvimento neurológico
- Todos os produtos da empresa Coca-Cola vão ser retirados do mercado na Bélgica
- Começou mais uma época balnear e na camada de ozono vão-se abrindo brechas: é cada vez maior o risco de cancro de quem apanha sol
- Comissão Europeia impõe limites à emissão de quatro poluentes: óxido de azoto, dióxido de enxofre, amónia e compostos orgânicos voláteis
- A contaminação alimentar por dioxinas ocorrida na Bélgica é um dos mais graves casos ocorridos na Europa (11/6/1999)
- A França propõe que a União Europeia estuda a possibilidade de banir as farinhas de carne e ossos da alimentação animal (15/6/1999)
- Bélgica retira do mercado garrafas de coca-cola (11/6/1999)
- A crise alimentar está a causar elevados prejuízos económicos na Bélgica(11/6/1999)
- Perspectivas alimentares devem sofrer «deterioração» devido à quebra prevista da produção cerealífera mundial - alerta a FAO (11/6/1999)
- Maria de Belém defende que há competências que devem deixar de pertencer à agricultura e economia: Tudo para proteger a saúde pública (9/6/1999)
- Fungicida e CO2 contaminam coca-cola belga
- Responsáveis portugueses pela Agricultura e pela Saúde reunem-se para analisar medidas belgas (8/6/1999)
- Microndas inteligente facilita vida na cozinha (7/6/1999)
- Declaração portuguesa sobre alimentos geneticamente modificados está acessível na Internet (7/Junho/1999)
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Além de regularmente auto-bombardeada, a Europa aparece agora, regularmente, com as calças na mão, a fugir de dioxinas nos frangos, das vacas ditas loucas e de outras emergências similares.
O que era tudo progresso e benefício do consumidor, transforma-se, de uma hora para a outra, em prejuízo económico, ao ser boicotado pelos altos poderes que podem boicotar.
Até a Coca-Cola, que sempre foi considerada uma bebida com virtudes medicinais, sofre agora os efeitos desta histeria alegadamente em favor da saúde pública.
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Habitual e crónico, sempre que chega o Verão, é a campanha contra o aumento do cancro da pele, sequela de outro progresso humanitário: o dos clorofluorcarbonetos que, desde há vinte anos, alguns ecologistas mais desconfiados tinham denunciado como destruidor da camada de ozono da alta atmosfera, o que a ciência só veio a admitir uns bons dez anos mais tarde.
Quatro factores tornam, no entanto, ridículas estas campanhas de «prevenção» do cancro da pele causado pelos ultravioletas:
a) Um factor é que o pessoal quer mesmo torrar ao sol e não há nada a fazer contra a psicose do (negócio do) bronzeamento;
b) Outro factor é que os óleos de bronzear não estão para desistir do negócio;
c) Outro factor é que o cancro , a declarar-se, é alguns anos depois da exposição e nessa altura logo se vê, nessa altura já ninguém vai atribuir as culpas ao abençoado sol benfazejo mas ao malvado destino que continua a sair-nos torto;
d) Outro factor, finalmente, é que as campanhas europeias contra o cancro são mera demagogia, como é mera demagogia o diagnóstico precoce ou o rastreio (grátis) que as autoridades sanitárias (?) paternalmente propincuam às populações.
Resumindo e concluindo, temos não só o buraco do ozono que merecemos (como destemidos consumidores dos cloroflurcarbonetos) , como os cancros da pele que também merecemos (como consumidores dos prazeres do sol e da praia e do belo bronzeamento). Embora talvez seja cruel ter que o dizer.
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Se é mesmo a saúde pública que preocupa as autoridades, a lista negra de poluentes deverá (deveria) ser diàriamente actualizada, figurando à frente de cada um dos poluentes o efeito já conhecido ou, pelo menos, de que a ciência suspeita.
Por exemplo: os poluentes do ar em que mais se fala ainda não estão estudados nos efeitos fisiológicos sobre a célula viva.
Há que os incluir na lista, com um ponto de interrogação:
- Óxido de azoto?
- Dióxido de enxofre?
- Amónia ?
- Componentes orgânicos voláteis.
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O diagnóstico ecológico (ou despistagem ambiental dos sintomas) todos os dias se «enriquece» de novos poluentes e de novos factores de risco contra a saúde e a vida dos humanos.
As dioxinas nos frangos belgas foi novidade da «season» , mas há outros factores ambientais que se tornaram não só habituais como canónicos e mesmo sazonalmente previsíveis e, diríamos mesmo, desejáveis e imprescindíveis para o normal funcionamento do sistema.
É o caso da sinistralidade nas estradas, que tem os seus picos em épocas bem definidas do ano. Há um calendário de sinistralidade, como há um calendário de feiras e mercados, como há um calendário dos eventos políticos e eleitorais.
O inventário terá, portanto, que continuar, ligando o poluente ao efeito que o produz.
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As dioxinas do frango - diz-se - são cancerígenas.
Será mais um poluente para a lista de poluentes cancerígenos, onde já se contam centenas, principalmente produtos químicos.
Curiosamente e como o sistema quer, a descoberta de um novo poluente como as dioxinas , poderia levar os solícitos mídia, sempre prontos a fazer balanços e a realizar estatísticas, a mostrar, em retrospectiva, essas listas de poluentes +ou- cancerígenos, para finalmente o consumidor saber aquilo com que pode e deve contrar nesta sociedade do progresso acelerado.
Se o sistema assumisse as suas próprias poluições, o que os jornais e telejornais já deveriam ter feito era uma sondagem à opinião pública sobre saúde pública, perguntando assim:
- Quer ou não o progresso que é inseparável das dioxinas e de outros retrocessos?
E conforme fosse a resposta da opinião pública, as autoridades deveriam agir em conformidade.
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