CEE 1991
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A EUROCASSETE
15/Julho/1991
A factura dos fundos perdidos da CEE aparece agora, subitamente, sob a forma de «papelada» que os agricultores têm de apresentar para fazerem escoar o que produzem. E são penalizados por produzir. Há 5, 10, 15, 20 anos eram penalizados por não produzir -- esclarece Casqueiro, presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP)-- agora são punidos por produzir. CEE quer acabar com a agricultura, mas um engenheiro da Direcção-Geral da Agricultura diz que há alternativas: comercialização, turismo rural e -- claro! -- onde tudo vai dar, a Floresta, a última a ser dita mas a primeira a ser pensada, já que a intenção última da CEE é induzir os agricultores que ainda restam a deixar-se eucaliptar. Eles, os agrocratas, eurocratas e tecnocratas da CEE já não vêm com pézinhos de lã. Já compraram as consciências que tinham a comprar com os fundos estruturais, podem abrir o jogo e dizer o que querem. Agora já não se pode voltar atrás e desistir dos favores da CEE. Rosnava-se de que a factura havia de chegar. Agora, no concreto, está-se vendo que chegou. Os agricultores gemem, mas é tarde. Têm que preencher mil papéis e são quase analfabetos, mas é tarde. Além de fodidos são humilhados. Os custos humanos da modernização. Eles têm uma expressão idiomática para justificar todas as situações que se sabia haviam de chegar. Têm tudo em cassete. Em eurocassete. As coisas vão acelerar e ninguém sairá impune, a não ser os altos funcionários da Nomenklatura interna, que ajudaram a preparar (mas nem sequer amortecer) o choque. Quem ganha, são os cúmplices, incluindo os cronistas da Imprensa, que tanto ajudaram a lavar cérebros para que tudo isto fosse aceite ... sem gemidos. O grande despotismo do Mercado Único vem aí. E nem sequer vai haver quem tenha capacidade de gemer.
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A EUROCASSETE
15/Julho/1991
A factura dos fundos perdidos da CEE aparece agora, subitamente, sob a forma de «papelada» que os agricultores têm de apresentar para fazerem escoar o que produzem. E são penalizados por produzir. Há 5, 10, 15, 20 anos eram penalizados por não produzir -- esclarece Casqueiro, presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP)-- agora são punidos por produzir. CEE quer acabar com a agricultura, mas um engenheiro da Direcção-Geral da Agricultura diz que há alternativas: comercialização, turismo rural e -- claro! -- onde tudo vai dar, a Floresta, a última a ser dita mas a primeira a ser pensada, já que a intenção última da CEE é induzir os agricultores que ainda restam a deixar-se eucaliptar. Eles, os agrocratas, eurocratas e tecnocratas da CEE já não vêm com pézinhos de lã. Já compraram as consciências que tinham a comprar com os fundos estruturais, podem abrir o jogo e dizer o que querem. Agora já não se pode voltar atrás e desistir dos favores da CEE. Rosnava-se de que a factura havia de chegar. Agora, no concreto, está-se vendo que chegou. Os agricultores gemem, mas é tarde. Têm que preencher mil papéis e são quase analfabetos, mas é tarde. Além de fodidos são humilhados. Os custos humanos da modernização. Eles têm uma expressão idiomática para justificar todas as situações que se sabia haviam de chegar. Têm tudo em cassete. Em eurocassete. As coisas vão acelerar e ninguém sairá impune, a não ser os altos funcionários da Nomenklatura interna, que ajudaram a preparar (mas nem sequer amortecer) o choque. Quem ganha, são os cúmplices, incluindo os cronistas da Imprensa, que tanto ajudaram a lavar cérebros para que tudo isto fosse aceite ... sem gemidos. O grande despotismo do Mercado Único vem aí. E nem sequer vai haver quem tenha capacidade de gemer.
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