CIÊNCIA 1978
1-1- 78-07-15-cpt> terça-feira, 26 de Novembro de 2002-scan
AUTOSUFICIÊNCIA IMPLICA SOLUÇÕES ECOLÓGICAS (*)
[15-7-1978] - Alguma literatura contestatária, acusando influência de um certo folclore anarco-comunitário, reclama-se da arquitectura ecológica, do forno solar fabricado à mão, da bicicleta como meio de transporte democrático, etc.
Não é mal intencionada, essa literatura, e há uma bibliografia abundante que já fornece uma verdadeira enciclopédia para o militante radical.
«Manual da Vida Pobre» ou «Manual para os Tempos Difíceis», estamos perante uma verdadeira enciclopédia do militante, tal a abundância bibliográfica já fabricada nomeadamente nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra.
Sem rejeitar esses contributos de boa vontade, há que notar, porém, o carácter fragmentário e de solução abstracta, universal, não ecológica, que alguns desses receituários têm.
O importante, nas soluções de vida unitária e comunitária, é que a ciência e a tecnologia nascem de uma prática, que funciona em relação imprescindível com as características do meio biofísico, porque e enquanto funciona numa estratégia de auto suficiência.
A solução abstracta, universal, concentracionária, da ciência ordinária acaba, ao fim e ao resto, por tornar a vida (com) unitária dependente de importações várias, desde o material e as matérias-primas até ao utensílio, ao objecto, ao artefacto, até aos alimentos e ao vestuário.
A lição da ciência popular sobrepõe-se assim à lição que porventura nos possam dar brilhantes «manuais do tempo futuro»; precisamente porque a ciência e a tecnologia populares nasceram de uma necessidade profunda de autosuficiência, a qual imprimia, portanto, às soluções uma inevitável marca ecológica, concreta, local
Falar da civilização do granito é falar dessa intrínseca unidade entre autosuficiência de materiais, ecologia e (ciência ou) tecnologia popular.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com este título, no jornal «A Capital», «O Mundo da Ecologia», 15-7-1978
AUTOSUFICIÊNCIA IMPLICA SOLUÇÕES ECOLÓGICAS (*)
[15-7-1978] - Alguma literatura contestatária, acusando influência de um certo folclore anarco-comunitário, reclama-se da arquitectura ecológica, do forno solar fabricado à mão, da bicicleta como meio de transporte democrático, etc.
Não é mal intencionada, essa literatura, e há uma bibliografia abundante que já fornece uma verdadeira enciclopédia para o militante radical.
«Manual da Vida Pobre» ou «Manual para os Tempos Difíceis», estamos perante uma verdadeira enciclopédia do militante, tal a abundância bibliográfica já fabricada nomeadamente nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra.
Sem rejeitar esses contributos de boa vontade, há que notar, porém, o carácter fragmentário e de solução abstracta, universal, não ecológica, que alguns desses receituários têm.
O importante, nas soluções de vida unitária e comunitária, é que a ciência e a tecnologia nascem de uma prática, que funciona em relação imprescindível com as características do meio biofísico, porque e enquanto funciona numa estratégia de auto suficiência.
A solução abstracta, universal, concentracionária, da ciência ordinária acaba, ao fim e ao resto, por tornar a vida (com) unitária dependente de importações várias, desde o material e as matérias-primas até ao utensílio, ao objecto, ao artefacto, até aos alimentos e ao vestuário.
A lição da ciência popular sobrepõe-se assim à lição que porventura nos possam dar brilhantes «manuais do tempo futuro»; precisamente porque a ciência e a tecnologia populares nasceram de uma necessidade profunda de autosuficiência, a qual imprimia, portanto, às soluções uma inevitável marca ecológica, concreta, local
Falar da civilização do granito é falar dessa intrínseca unidade entre autosuficiência de materiais, ecologia e (ciência ou) tecnologia popular.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado, com este título, no jornal «A Capital», «O Mundo da Ecologia», 15-7-1978
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