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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-03-19

RATOS 1994

94-03-18-SS- ratos-media-nt-chave = silêncios - silenciamentos - 18/3/1994 - 1ª linha de investigação

NEM É PRECISO PÔR ANÚNCIOS - TODA A IMPRENSA MOBILIZADA NA CAMPANHA CONTRA OS RATOS

18/3/1994 - A lista de títulos, recolhidos de vários jornais, publicados entre 1966 e 1976, com especial incidência no ano de 1973, terá eventualmente várias explicações:
 - Tem todo o ar de campanha orquestrada e assoprada de alguma parte
- Esta lista de títulos mostra como é possível mobilizar a imprensa para influenciar a opinião pública neste ou naquele sentido

 - A certa altura do ecologismo militante apercebi-me de que também estava a entrar no jogo , dando sistematicamente notícias do terror industrial e arredores.
- Antes e depois dessas datas (1966-1976), com epicentro em 1973, onde se meteram os ratos que nunca mais os jornais se lembraram de falar de tamanho flagelo?...
- O Convento de Mafra foi aproveitado não só por José Saramago mas para outra campanha química, quando se inventou e propalou que soldados tinham sido comidos por ratazanas gigantes...
 - Lembro só, a propósito de ratos, medos e etc , um dos últimos números do «Tal & Qual» quando prevê para daqui a 10 anos a ruptura das pensões de reforma aos reformados de Portugal... Como fabricação do terror por antecipação, é perfeito

E VIVA LA MUERTE

Eis os títulos extraídos desse dossiê de recortes (38 páginas A4) que são de facto, uma lição exemplar:

23/1/1966 - Milhões de ratos invadiram parte do México - In «Diário de Notícias» - France Press
27/5/1970 - Milhões de ratos percorrem campos da Austrália - In «Diário de Notícias» - Reuter
16/5/1972 - Morta por um rato - in «Diário de Notícias» - Reuter
25/5/1972 - Fizeram greve porque os ratos lhes comeram o almoço - In «Diário de Notícias» - Reuter
Invasão de ratos nas Austrália - Cem mil contos de prejuízos nas colheitas - In «Diário de Notícias» - ANI
22/6/1972 - Ratos atacam pastores na Austrália - In «O Século» - Reuter
21/7/1972 - Veneza tem um milhão de ratos - in «Diário de Notícias» - Reuter
8/8/1972 - Ratos na Reboleira - In «Diário Popular»
5/10/1972 - Os Super-Ratos - In «Jornal do Comércio»
6/1/1973 - Madeira declara guerra aos Ratos
7/1/1973 - Desratização da Ilha da Madeira - Campanha para eliminar os perniciosos roedores
19/1/1973 - Ratos: Preferem a morte ao excesso de população - In «Diário de Notícias» - France Press
25/1/1973 - Super-Ratos - In «Diário de Lisboa»
12/4/1973 - O Flagelo dos Roedores - In «Diário de Notícias» - France Press
19/4/1973 - Um Rato por Pessoa - Especial para o «Diário de Notícias»
6/6/1973 - Ratos Brasileiros - In «Diário de Lisboa»
8/8/1973 - A grande ofensiva dos roedores - In «O Século»
10/8/1973 - A invasão de roedores - In «Diário de Lisboa»
26/10/1973 - A «bomba» da esterilidade - Uma superarma para vencer o super-rato - In «O Século»
16/11/ 1973 - Viveiros de Ratazanas - In «A Capital»
18/11/1973 - Os Ratos venceram no Lobito - In «Diário de Notícias» - Lusitânia e ANI
30/11/1973 - A caça abriu para os pescadores - Caparica invadida por ratos responde de caçadeira na mão - Paulo Figueira - In «O Século»
8/12/1973 - Habitantes da Caparica caçam ratos a tiro
14/12/1973 - OMS prega cruzada contra o Rato - In «A Capital»
24/4/1974 - Filipinas - Emergência devido à invasão de ratos - In «Diário de Notícias» - France Press
17/10/1976 - 30 Milhões de ratos na Cidade Eterna
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OZONO 1989

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LABORATÓRIOS DE ECOLOGIA HUMANA 1989 - O APOCALIPSE DO OZONO

18/Março/1989 - Se o rasgão do ozono estratosférico é mesmo a sério, como os cientistas finalmente asseguram, após 15 anos de desconfianças, reticências e adversativas, é evidente que a coisa não pode ficar só com os piedosos apelos da senhora Thatcher («salvemos a camada», discursou ela), nem algumas conferências mais em Viena, Monreal e Londres, nem fracas promessas de que os malditos clorofluorcarbonetos irão desaparecendo gradualmente do mercado.
Se o apocalipse do ozono está aí, e são os cientistas, os políticos, os industriais a dizê-lo (embora, por pudor, não usem a palavra apocalipse) então a hora da verdade e do ajuste de contas chegou.
Os biocidas, etnocidas, homicidas e ecocidas terão de responder perante a humanidade...
Para começar, o sistema admite, pela primeira vez, o fim do planeta Terra, ou pelo menos o fim da vida no planeta. Vida tornada insuportável a partir do momento em que o planeta se torne numa torradeira. É certo que o diz (ainda) entredentes, com medo do escândalo e do pânico, mas já o disse.
Pela primeira vez, também, a resposta do sistema não foi taco a taco, como sempre tem sido até hoje: ou seja, para poluente, antipoluente e meio; ou seja, não se tentou, mais uma vez, indrominar o zé povinho, fazendo o useiro e vezeiro contra-ataque da tecnologia que tudo resolve para debelar males da tecnologia que tudo destroi, no habitual regime de escalada que nos levou ao paroxismo do disparate em que estamos atolados.
Se o sistema tivesse reagido, desta vez, como sempre costuma reagir aos crimes que comete, ele teria dito: «ainda não temos a certeza, vamos estudar mais alguns anos, vamos arranjar uma nova tecnologia que nos defenda dos raios ultravioletas, que o sol agora nos irá atirar a jorros.»
Como se sabe, a resposta típica do sistema à hipótese de holocausto é do género «abrigo atómico» para uma «guerra nuclear».
Ninguém, desta vez, com o rasgão do ozono, quis correr o risco do ridículo, propondo «abrigos anti-ultravioletas» ou um antipoluente contra os clorofluorcarbonetos. Tiveram a coragem de sugerir a troca (gradual mas troca) dos malditos clorofluorcarbonetos por um produto de substituição.
Enfim - e isso é novidade absoluta - em vez de responder pela ponta, pelo sintoma, pelo efeito, tenta-se retirar a causa - os clorofluorcarbonetos - que provoca o efeito (rasgão de ozono), o que é nitidamente um progresso em relação à retórica sintomatológica e anti-causal com que nos maçam todos os políticos e políticas do ambiente.
Mas aceitar o «apocalipse do ozono» é aceitar toda a lógica de que ozono é a ponta de lança, a lógica da destruição e da pilhagem, a lógica ecocida, biocida, etnocida e homicida, a lógica anti-ecológica do sistema que vive de ir matando os ecossistemas.
Aceitar, após 15 anos de repetidos avisos e de relutâncias várias, que existe mesmo uma ameaça de amplitude planetária e que o fim do mundo é finalmente (já não era sem tempo) um facto histórico, todas as teses do realismo ecologista, sistematicamente caladas, estropiadas, aldrabadas, gozadas, acusadas de catastrofismo e outros mimos, quando não indecentemente recuperadas por verdes com interiores de melancia e arredores.
Aceitar o «rasgão de ozono» é aceitar, uma por uma, todas as teses radicais do eco-realismo, a sua estratégia de emergência in extremis, a sua resistência clandestina contra os crimes e criminosos do sistema.
«Salvemos a camada de ozono» - disse ela, mas não são as senhoras Thatcher do mundo que têm autoridade para proferir estes apelos da resistência e da clandestinidade ecologista.
Há mais de 15 anos, o eco-realismo disso - por causa do ozono e nem só - que era o momento de inflectir a marcha, ou mais tarde seria demasiado tarde: todos continuaram teimando no crescimento, nas metas de morte, nos mitos de merda, no progresso, nas conversas da modernização, nas febres, histerias, paranóias e psicoses do consumismo e do desenvolvimentismo. E chamando, sempre, pelo meio, «maluquinhos da frente ecológica» aos que lutam na resistência e na clandestinidade.
Já não dá, pois, para acreditar, hoje, na boa fé das proclamações «salvíficas», se elas não forem acompanhadas de medidas concretas, reais, urgentes, no sentido da esperança que é o sentido do desenvolvimento das tecnologias apropriadas e das ecoalternativas de vida (todas, desde as energias às medicinas).
Não é a retórica anti-poluição, as pias intenções conservacionistas, os hipócritas produtos de substituição, a tecnologia que tudo resolve depois da tecnologia que tudo destrói, que se impõem face à ameaça do «rasgão de ozono» e face às outras centenas de ameaças que o ecorealismo se tem dado ao cuidado de inventariar durante estes anos em que trabalhou na clandestinidade.
Ou o poder (político, económico, ideológico) radicaliza posições e abre um sector de desenvolvimento ecoalternativo na sociedade de morte, merda e mentira, ou ninguém acreditará nas suas proclamações, nos seus votos piedosos, na sua retórica, na sua demagogia, nos seus patéticos apelos «salvemos a camada de ozono».
Ou admite, pelo menos, 5 das 100 teses ecorealistas há muito compendiadas, ou mostra, na prática e já, a sua boa fé, ou que o apocalipse o consuma.
Um «futuro condicionado» como o que o rasgão de ozono prepara, é evidente que condiciona tuto no planeta Terra. As políticas nacionais, regionais ou internacionais, que não levarem em conta esse «futuro condicionado», esse «futuro a prazo», esse «futuro limitado», deixaram de ter qualquer sentido, são apenas manifestações de autismo e de sonambulismo.
Autistas e sonâmbulos, até agora, foram todos os políticos que não quiseram perceber o cerco, o sindroma do real apocalipse, que tem vindo a apertar-se, a real hipótese de estarmos numa imensa grelhadora, e não só no fim de um ciclo mas no minuto final das opções radicais e definitivas.
Face a este futuro sem futuro, é evidente que soam a ridículo todos os discursos que prometem amanhãs que cantam, modernizações, planos de desenvolvimento, industrializações aceleradas, centrais nucleares a granel, petroquímicas à discrição, explorações petrolíferas, gasodutos transeuropeus, enfim, a megalomania galopante, o triunfalismo cego dos desenvolvimentismos incuráveis.
É parvo, imbecil e pateta, continuar dizendo que se apaga o fogo com gasolina, ou que se enche um balde roto, as duas metáforas mais utilizadas nestas crónicas de sábado que vão fazer em Junho 11 anos.
Se o rasgão de ozono não levar, já, os estrategos da política, da economia, da indústria, das finanças, a estabelecer autênticas prioridades ecológicas aconselhadas pelo eco-realismo face ao perigo maior, ao último risco, à catástrofe das catástrofes, então é mesmo a hora de, no buraco de ozono, fazer a mortalha de uma humanidade condenada pelos seus algozes.
Amen. ☻

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DEEP ECOLOGY 1994

94-03-18-ie-ce= ideia ecológica = 5 estrelas - ideia ecológica - 8794 caracteres emnos-1-ideias-manifest

18-3-1994

- GRANDES INÉDITOS AC
- INVESTIMENTOS AC DESPERDIÇADOS
- DEZ ANOS DEPOIS

REALISMO ECOLÓGICO EM 1982 - UMA POLÍTICA DOS ECOSSISTEMAS - CONTRA O SISTEMA QUE (n) OS DESTROI

1 - Relativamente a outras correntes similares do ecologismo, afirmamos o propósito de discutir e pôr em questão não só a poluição e o meio ambiente em sentido estrito, sectorial ou tecnocrático, mas as estruturas tecnológicas da sociedade industrial, o modelo de crescimento económico exponencial ou logarítmico adoptado a Leste e a Oeste e o tipo de civilização que tem dominado, explorado e em grande parte destruído todas as outras civilizações da Terra.
Em nome da Ecologia, da Poesia, da Estética, da Ética, do simples Bom Senso, ou da mera inteligência e de um mínimo de lucidez, não são os equívocos criados em torno do ecologismo por eco-reformistas, eco-oportunistas, eco-palermas, que poderão impedir o ecologista de ser literalmente contra tudo o que, tecnofascista, venha de onde vier, assassine a vida, a pureza, o espírito, a beleza, a delicadeza, a qualidade, a inocência, os ritmos e ciclos naturais, a paz e a ordem cósmica, enfim, tudo o que signifique uma intromissão violenta e pesada de conseq uências na trama indissociável de todos os seres que uns aos outros se sustentam na eterna e infinita cadeia cósmica.

2 - Relativamente aos sistemas de economia estabelecidos, apontamos a sua irracionalidade apoiada numa insensata e paranóica pilhagem dos recursos naturais e propomos alternativas ecológicas autogestionárias que respeitam e levem fundamentalmente em conta os ecossistemas dos quais depende toda a economia, a subsistência alimentar da humanidade e a própria sobrevivência do Planeta.

3 - Relativamente ao sistema informativo que domina a opinião pública mundial, mantemos uma posição sistematicamente crítica, denunciando não só a alienação publicitária, não só a propaganda, mas toda a manipulação do homem pelo homem feita através do discurso veiculado pelos mass media e que é determinante, em última instância, da dominação mais ou menos expressa, mais ou menos velada, que as várias estruturas económico-financeiras praticam sobre o consumidor, o eleitor, o munícipe, o leitor e o cidadão. O ecologista denuncia a colossal máquina de comunicação social, sem coragem de furar o ciclo vicioso da mentira e da auto-mistificação, numa cadeia de cumplicidades que o ecologista é o único a quebrar; denuncia uma sociedade que, através de lavagens ao cérebro colectivo, explora não só a vida e alma das pessoas para aumentar os lucros, como para manter em marcha os mitos do progresso, da técnica, da ciência, etc. que a auto-reproduzem até ao infinito.

4 - Relativamente ao sistema agrícola, que tende para a supermecanização e para a intensificação química, apontamos a sua irracionalidade e a ruína que representa a curto prazo para a produção agrícola mundial. Preconizamos, como alternativa, os métodos ecológicos de uso e produção da terra, os únicos a garantir, no médio e no longo prazo, o potencial produtivo dos solos; negamos, portanto, os argumentos que pretendem justificar e prorrogar a escalada dos métodos químicos com adubos e pesticidas, por mais que, no imediato e no curto prazo, esses argumentos possam parecer ter algum senso, face à escalada das pragas e à necessidade de as combater com processos cada vez mais violentos; admitimos que será difícil quebrar esta escalada e este ciclo vicioso, este absurdo criado pelo próprio sistema, mas seja qual for a dificuldade de o ultrapassar e superar por métodos ecológicos, não será por isso que vamos admitir como lógico o que é absurdo e como viável o que já deu provas e mostras de absoluta inviabilidade.

5 - Relativamente ao sistema médico, recusamos tomar qualquer posição na falsa antinomia (que para nós é pura manobra de distracção) entre medicina livre e medicina socializada. Afirmamos que a verdadeira e profunda dicotomia (ou clivagem) é outra e denunciamos, em consequência, a ciência dos laboratórios instrumentalizada pela indústrias químico-farmacêuticas, a sintomatologia sobreposta à causalidade nos métodos terapêuticos (o que desencadeia a «lógica» de produzir quanto mais doentes melhor), a campanha de silenciamento e repressão sobre as alternativas terapêuticas que pretendem descolonizar o doente face à dependência médica e dotá-lo de auto-suficiência no conhecimento do corpo e na defesa da saúde.

6 - Relativamente a um europocentirsmo que vigora desde a época áurea da colonização portuguesa até às mais recentes formas de neo-colonialismo e racismo, denunciamos os crimes de genocídio e etnocídio praticados sobre grupos étnicos e culturais, sobre povos e minorias e proclamamos o direito à diferença que deve preponderar, considerando que todas as tiranias e ditaduras são engendradas por uma noção monolítica e monopolística de progresso. Quando não foi em nome da Cruz e da lei de Cristo, foi em nome do Progresso e da religião do progresso, que se praticaram e continuam praticando a destruição de culturas e civilizações ancestrais: sob o estandarte do progresso, na forma de barragem, siderurgia, fibra têxtil, as populações «beneficiadas» apenas têm conhecido e continuam a conhecer prejuizo, sofrimento, incómodo, roubo, enquanto lhes delapidam a água que bebem, a terra que pisam, a casa onde moram, os caminhos que trilham.

7 - Relativamente ao sistema energético, reconhecemos a importância do «apport» tecnológico dado por determinados especialistas em energias alternativas para a construção de uma sociedade habitável, mas criticamos e denunciamos todos aqueles que, dizendo-se técnicos dessas novas energias, mais não pretendem do que pô-las ao serviço do sistema tal como ele globalmente existe neste momento, e mais não pretendem, portanto, do que prolongar a precária vida do sistema que se aguentou até hoje apoiado em energias hiperpoluentes de origem fóssil (carvão e petróleo) ou nuclear, energias que hoje mesmo ameaçam estrangulá-lo.

8 - Relativamente à noção de progresso histórico mantida primeiro pelas ideologias inerentes ao capitalismo e ao liberalismo industrial e depois pelas ideologias que dizem combater esse capitalismo, contrapomos uma noção de progresso que ultrapasse dialecticamente estas duas e que leve em conta os valores que ambas têm desprezado: sabedoria popular, tradição oral e escrita dos povos, produtos da indústria artesanal, arte, literatura, arquitectura tradicional, etc.

9 - Relativamente ao sistema de civilização, sustentamos que, sob alguns aspectos, o estádio histórico presente não é de civilização mas de barbárie, não é de progresso mas de retrocesso, não é ascencional mas de decadência e que a construção de uma civilização autêntica é não só um desejo nosso, um ideal, uma questão de dignidade humana face à corrupção e podridão generalizada deste tempo e mundo, mas uma necessidade de estrita e biológica sobrevivência. Ecologia ou Morte.
10 - O Progresso arvorado em ideologia das sociedades industriais, é hoje o ponto de manobra sobre o qual se monta uma poderosa máquina de manipular os homens, de os alienar e mistificar.
Se tiver que haver progresso e alguma sociedade onde a palavra se aplique com alguma justiça, bem como as palavras «cultura», «civilização», «evolução», etc., de certeza que não é a sociedade do Plutónio, da Talidomida, de Seveso, do Skylab, dos submarinos atómicos que explodem no oceano, dos camiões de propileno que transformam em torresmos um parque de campismo, das refinarias e suderurgias, de Three Mile Island, de la Hague, do «Pacific Fisher», das Celuloses e dos respectivos incêndios florestais, dos peticidas cancerígenos autorizados, das transplantologias de órgãos, das medicinas paranóicas, etc.

10-A- Relativamente ao modelo de crescimento económico baseado na absurda pilhagem dos recursos da terra - pilhagem cujo reverso é o desperdício orgíaco a que se chama consumo e que se leva, pela publicidade, o consumidor a praticar e a alimentar, propomos como inevitável recurso a curto prazo a prática das eco-tácticas ou alternativas sectoriais (sector cooperativista, movimento macrobiótico, defesa do consumidor, greve a alguns consumos, moderação nos gastos) enquanto não é possível praticar uma estratégia global de consumos apoiada em princípios correctos de reciclagem sistemática e de sistemática racionalização, estratégia global que só é praticável em circuitos autónomos do establishment, com o enraizamento de novas comunidades nos campos, repovoamento e revitalização (ou renascimento) dos meios rurais, descentralização administrativa (lei das finanças locais), exploração dos recursos locais em função dos respectivos interesses da população e não com destino aos mercados internos ou externos, redes viárias regionais em contrapartida às grandes auto-estradas, etc..
(reteclado em 11/6/1993)
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