DEEP ECOLOGY 1994
94-03-18-ie-ce= ideia ecológica = 5 estrelas - ideia ecológica - 8794 caracteres emnos-1-ideias-manifest
18-3-1994
- GRANDES INÉDITOS AC
- INVESTIMENTOS AC DESPERDIÇADOS
- DEZ ANOS DEPOIS
REALISMO ECOLÓGICO EM 1982 - UMA POLÍTICA DOS ECOSSISTEMAS - CONTRA O SISTEMA QUE (n) OS DESTROI
1 - Relativamente a outras correntes similares do ecologismo, afirmamos o propósito de discutir e pôr em questão não só a poluição e o meio ambiente em sentido estrito, sectorial ou tecnocrático, mas as estruturas tecnológicas da sociedade industrial, o modelo de crescimento económico exponencial ou logarítmico adoptado a Leste e a Oeste e o tipo de civilização que tem dominado, explorado e em grande parte destruído todas as outras civilizações da Terra.
Em nome da Ecologia, da Poesia, da Estética, da Ética, do simples Bom Senso, ou da mera inteligência e de um mínimo de lucidez, não são os equívocos criados em torno do ecologismo por eco-reformistas, eco-oportunistas, eco-palermas, que poderão impedir o ecologista de ser literalmente contra tudo o que, tecnofascista, venha de onde vier, assassine a vida, a pureza, o espírito, a beleza, a delicadeza, a qualidade, a inocência, os ritmos e ciclos naturais, a paz e a ordem cósmica, enfim, tudo o que signifique uma intromissão violenta e pesada de conseq uências na trama indissociável de todos os seres que uns aos outros se sustentam na eterna e infinita cadeia cósmica.
2 - Relativamente aos sistemas de economia estabelecidos, apontamos a sua irracionalidade apoiada numa insensata e paranóica pilhagem dos recursos naturais e propomos alternativas ecológicas autogestionárias que respeitam e levem fundamentalmente em conta os ecossistemas dos quais depende toda a economia, a subsistência alimentar da humanidade e a própria sobrevivência do Planeta.
3 - Relativamente ao sistema informativo que domina a opinião pública mundial, mantemos uma posição sistematicamente crítica, denunciando não só a alienação publicitária, não só a propaganda, mas toda a manipulação do homem pelo homem feita através do discurso veiculado pelos mass media e que é determinante, em última instância, da dominação mais ou menos expressa, mais ou menos velada, que as várias estruturas económico-financeiras praticam sobre o consumidor, o eleitor, o munícipe, o leitor e o cidadão. O ecologista denuncia a colossal máquina de comunicação social, sem coragem de furar o ciclo vicioso da mentira e da auto-mistificação, numa cadeia de cumplicidades que o ecologista é o único a quebrar; denuncia uma sociedade que, através de lavagens ao cérebro colectivo, explora não só a vida e alma das pessoas para aumentar os lucros, como para manter em marcha os mitos do progresso, da técnica, da ciência, etc. que a auto-reproduzem até ao infinito.
4 - Relativamente ao sistema agrícola, que tende para a supermecanização e para a intensificação química, apontamos a sua irracionalidade e a ruína que representa a curto prazo para a produção agrícola mundial. Preconizamos, como alternativa, os métodos ecológicos de uso e produção da terra, os únicos a garantir, no médio e no longo prazo, o potencial produtivo dos solos; negamos, portanto, os argumentos que pretendem justificar e prorrogar a escalada dos métodos químicos com adubos e pesticidas, por mais que, no imediato e no curto prazo, esses argumentos possam parecer ter algum senso, face à escalada das pragas e à necessidade de as combater com processos cada vez mais violentos; admitimos que será difícil quebrar esta escalada e este ciclo vicioso, este absurdo criado pelo próprio sistema, mas seja qual for a dificuldade de o ultrapassar e superar por métodos ecológicos, não será por isso que vamos admitir como lógico o que é absurdo e como viável o que já deu provas e mostras de absoluta inviabilidade.
5 - Relativamente ao sistema médico, recusamos tomar qualquer posição na falsa antinomia (que para nós é pura manobra de distracção) entre medicina livre e medicina socializada. Afirmamos que a verdadeira e profunda dicotomia (ou clivagem) é outra e denunciamos, em consequência, a ciência dos laboratórios instrumentalizada pela indústrias químico-farmacêuticas, a sintomatologia sobreposta à causalidade nos métodos terapêuticos (o que desencadeia a «lógica» de produzir quanto mais doentes melhor), a campanha de silenciamento e repressão sobre as alternativas terapêuticas que pretendem descolonizar o doente face à dependência médica e dotá-lo de auto-suficiência no conhecimento do corpo e na defesa da saúde.
6 - Relativamente a um europocentirsmo que vigora desde a época áurea da colonização portuguesa até às mais recentes formas de neo-colonialismo e racismo, denunciamos os crimes de genocídio e etnocídio praticados sobre grupos étnicos e culturais, sobre povos e minorias e proclamamos o direito à diferença que deve preponderar, considerando que todas as tiranias e ditaduras são engendradas por uma noção monolítica e monopolística de progresso. Quando não foi em nome da Cruz e da lei de Cristo, foi em nome do Progresso e da religião do progresso, que se praticaram e continuam praticando a destruição de culturas e civilizações ancestrais: sob o estandarte do progresso, na forma de barragem, siderurgia, fibra têxtil, as populações «beneficiadas» apenas têm conhecido e continuam a conhecer prejuizo, sofrimento, incómodo, roubo, enquanto lhes delapidam a água que bebem, a terra que pisam, a casa onde moram, os caminhos que trilham.
7 - Relativamente ao sistema energético, reconhecemos a importância do «apport» tecnológico dado por determinados especialistas em energias alternativas para a construção de uma sociedade habitável, mas criticamos e denunciamos todos aqueles que, dizendo-se técnicos dessas novas energias, mais não pretendem do que pô-las ao serviço do sistema tal como ele globalmente existe neste momento, e mais não pretendem, portanto, do que prolongar a precária vida do sistema que se aguentou até hoje apoiado em energias hiperpoluentes de origem fóssil (carvão e petróleo) ou nuclear, energias que hoje mesmo ameaçam estrangulá-lo.
8 - Relativamente à noção de progresso histórico mantida primeiro pelas ideologias inerentes ao capitalismo e ao liberalismo industrial e depois pelas ideologias que dizem combater esse capitalismo, contrapomos uma noção de progresso que ultrapasse dialecticamente estas duas e que leve em conta os valores que ambas têm desprezado: sabedoria popular, tradição oral e escrita dos povos, produtos da indústria artesanal, arte, literatura, arquitectura tradicional, etc.
9 - Relativamente ao sistema de civilização, sustentamos que, sob alguns aspectos, o estádio histórico presente não é de civilização mas de barbárie, não é de progresso mas de retrocesso, não é ascencional mas de decadência e que a construção de uma civilização autêntica é não só um desejo nosso, um ideal, uma questão de dignidade humana face à corrupção e podridão generalizada deste tempo e mundo, mas uma necessidade de estrita e biológica sobrevivência. Ecologia ou Morte.
10 - O Progresso arvorado em ideologia das sociedades industriais, é hoje o ponto de manobra sobre o qual se monta uma poderosa máquina de manipular os homens, de os alienar e mistificar.
Se tiver que haver progresso e alguma sociedade onde a palavra se aplique com alguma justiça, bem como as palavras «cultura», «civilização», «evolução», etc., de certeza que não é a sociedade do Plutónio, da Talidomida, de Seveso, do Skylab, dos submarinos atómicos que explodem no oceano, dos camiões de propileno que transformam em torresmos um parque de campismo, das refinarias e suderurgias, de Three Mile Island, de la Hague, do «Pacific Fisher», das Celuloses e dos respectivos incêndios florestais, dos peticidas cancerígenos autorizados, das transplantologias de órgãos, das medicinas paranóicas, etc.
10-A- Relativamente ao modelo de crescimento económico baseado na absurda pilhagem dos recursos da terra - pilhagem cujo reverso é o desperdício orgíaco a que se chama consumo e que se leva, pela publicidade, o consumidor a praticar e a alimentar, propomos como inevitável recurso a curto prazo a prática das eco-tácticas ou alternativas sectoriais (sector cooperativista, movimento macrobiótico, defesa do consumidor, greve a alguns consumos, moderação nos gastos) enquanto não é possível praticar uma estratégia global de consumos apoiada em princípios correctos de reciclagem sistemática e de sistemática racionalização, estratégia global que só é praticável em circuitos autónomos do establishment, com o enraizamento de novas comunidades nos campos, repovoamento e revitalização (ou renascimento) dos meios rurais, descentralização administrativa (lei das finanças locais), exploração dos recursos locais em função dos respectivos interesses da população e não com destino aos mercados internos ou externos, redes viárias regionais em contrapartida às grandes auto-estradas, etc..
(reteclado em 11/6/1993)
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18-3-1994
- GRANDES INÉDITOS AC
- INVESTIMENTOS AC DESPERDIÇADOS
- DEZ ANOS DEPOIS
REALISMO ECOLÓGICO EM 1982 - UMA POLÍTICA DOS ECOSSISTEMAS - CONTRA O SISTEMA QUE (n) OS DESTROI
1 - Relativamente a outras correntes similares do ecologismo, afirmamos o propósito de discutir e pôr em questão não só a poluição e o meio ambiente em sentido estrito, sectorial ou tecnocrático, mas as estruturas tecnológicas da sociedade industrial, o modelo de crescimento económico exponencial ou logarítmico adoptado a Leste e a Oeste e o tipo de civilização que tem dominado, explorado e em grande parte destruído todas as outras civilizações da Terra.
Em nome da Ecologia, da Poesia, da Estética, da Ética, do simples Bom Senso, ou da mera inteligência e de um mínimo de lucidez, não são os equívocos criados em torno do ecologismo por eco-reformistas, eco-oportunistas, eco-palermas, que poderão impedir o ecologista de ser literalmente contra tudo o que, tecnofascista, venha de onde vier, assassine a vida, a pureza, o espírito, a beleza, a delicadeza, a qualidade, a inocência, os ritmos e ciclos naturais, a paz e a ordem cósmica, enfim, tudo o que signifique uma intromissão violenta e pesada de conseq uências na trama indissociável de todos os seres que uns aos outros se sustentam na eterna e infinita cadeia cósmica.
2 - Relativamente aos sistemas de economia estabelecidos, apontamos a sua irracionalidade apoiada numa insensata e paranóica pilhagem dos recursos naturais e propomos alternativas ecológicas autogestionárias que respeitam e levem fundamentalmente em conta os ecossistemas dos quais depende toda a economia, a subsistência alimentar da humanidade e a própria sobrevivência do Planeta.
3 - Relativamente ao sistema informativo que domina a opinião pública mundial, mantemos uma posição sistematicamente crítica, denunciando não só a alienação publicitária, não só a propaganda, mas toda a manipulação do homem pelo homem feita através do discurso veiculado pelos mass media e que é determinante, em última instância, da dominação mais ou menos expressa, mais ou menos velada, que as várias estruturas económico-financeiras praticam sobre o consumidor, o eleitor, o munícipe, o leitor e o cidadão. O ecologista denuncia a colossal máquina de comunicação social, sem coragem de furar o ciclo vicioso da mentira e da auto-mistificação, numa cadeia de cumplicidades que o ecologista é o único a quebrar; denuncia uma sociedade que, através de lavagens ao cérebro colectivo, explora não só a vida e alma das pessoas para aumentar os lucros, como para manter em marcha os mitos do progresso, da técnica, da ciência, etc. que a auto-reproduzem até ao infinito.
4 - Relativamente ao sistema agrícola, que tende para a supermecanização e para a intensificação química, apontamos a sua irracionalidade e a ruína que representa a curto prazo para a produção agrícola mundial. Preconizamos, como alternativa, os métodos ecológicos de uso e produção da terra, os únicos a garantir, no médio e no longo prazo, o potencial produtivo dos solos; negamos, portanto, os argumentos que pretendem justificar e prorrogar a escalada dos métodos químicos com adubos e pesticidas, por mais que, no imediato e no curto prazo, esses argumentos possam parecer ter algum senso, face à escalada das pragas e à necessidade de as combater com processos cada vez mais violentos; admitimos que será difícil quebrar esta escalada e este ciclo vicioso, este absurdo criado pelo próprio sistema, mas seja qual for a dificuldade de o ultrapassar e superar por métodos ecológicos, não será por isso que vamos admitir como lógico o que é absurdo e como viável o que já deu provas e mostras de absoluta inviabilidade.
5 - Relativamente ao sistema médico, recusamos tomar qualquer posição na falsa antinomia (que para nós é pura manobra de distracção) entre medicina livre e medicina socializada. Afirmamos que a verdadeira e profunda dicotomia (ou clivagem) é outra e denunciamos, em consequência, a ciência dos laboratórios instrumentalizada pela indústrias químico-farmacêuticas, a sintomatologia sobreposta à causalidade nos métodos terapêuticos (o que desencadeia a «lógica» de produzir quanto mais doentes melhor), a campanha de silenciamento e repressão sobre as alternativas terapêuticas que pretendem descolonizar o doente face à dependência médica e dotá-lo de auto-suficiência no conhecimento do corpo e na defesa da saúde.
6 - Relativamente a um europocentirsmo que vigora desde a época áurea da colonização portuguesa até às mais recentes formas de neo-colonialismo e racismo, denunciamos os crimes de genocídio e etnocídio praticados sobre grupos étnicos e culturais, sobre povos e minorias e proclamamos o direito à diferença que deve preponderar, considerando que todas as tiranias e ditaduras são engendradas por uma noção monolítica e monopolística de progresso. Quando não foi em nome da Cruz e da lei de Cristo, foi em nome do Progresso e da religião do progresso, que se praticaram e continuam praticando a destruição de culturas e civilizações ancestrais: sob o estandarte do progresso, na forma de barragem, siderurgia, fibra têxtil, as populações «beneficiadas» apenas têm conhecido e continuam a conhecer prejuizo, sofrimento, incómodo, roubo, enquanto lhes delapidam a água que bebem, a terra que pisam, a casa onde moram, os caminhos que trilham.
7 - Relativamente ao sistema energético, reconhecemos a importância do «apport» tecnológico dado por determinados especialistas em energias alternativas para a construção de uma sociedade habitável, mas criticamos e denunciamos todos aqueles que, dizendo-se técnicos dessas novas energias, mais não pretendem do que pô-las ao serviço do sistema tal como ele globalmente existe neste momento, e mais não pretendem, portanto, do que prolongar a precária vida do sistema que se aguentou até hoje apoiado em energias hiperpoluentes de origem fóssil (carvão e petróleo) ou nuclear, energias que hoje mesmo ameaçam estrangulá-lo.
8 - Relativamente à noção de progresso histórico mantida primeiro pelas ideologias inerentes ao capitalismo e ao liberalismo industrial e depois pelas ideologias que dizem combater esse capitalismo, contrapomos uma noção de progresso que ultrapasse dialecticamente estas duas e que leve em conta os valores que ambas têm desprezado: sabedoria popular, tradição oral e escrita dos povos, produtos da indústria artesanal, arte, literatura, arquitectura tradicional, etc.
9 - Relativamente ao sistema de civilização, sustentamos que, sob alguns aspectos, o estádio histórico presente não é de civilização mas de barbárie, não é de progresso mas de retrocesso, não é ascencional mas de decadência e que a construção de uma civilização autêntica é não só um desejo nosso, um ideal, uma questão de dignidade humana face à corrupção e podridão generalizada deste tempo e mundo, mas uma necessidade de estrita e biológica sobrevivência. Ecologia ou Morte.
10 - O Progresso arvorado em ideologia das sociedades industriais, é hoje o ponto de manobra sobre o qual se monta uma poderosa máquina de manipular os homens, de os alienar e mistificar.
Se tiver que haver progresso e alguma sociedade onde a palavra se aplique com alguma justiça, bem como as palavras «cultura», «civilização», «evolução», etc., de certeza que não é a sociedade do Plutónio, da Talidomida, de Seveso, do Skylab, dos submarinos atómicos que explodem no oceano, dos camiões de propileno que transformam em torresmos um parque de campismo, das refinarias e suderurgias, de Three Mile Island, de la Hague, do «Pacific Fisher», das Celuloses e dos respectivos incêndios florestais, dos peticidas cancerígenos autorizados, das transplantologias de órgãos, das medicinas paranóicas, etc.
10-A- Relativamente ao modelo de crescimento económico baseado na absurda pilhagem dos recursos da terra - pilhagem cujo reverso é o desperdício orgíaco a que se chama consumo e que se leva, pela publicidade, o consumidor a praticar e a alimentar, propomos como inevitável recurso a curto prazo a prática das eco-tácticas ou alternativas sectoriais (sector cooperativista, movimento macrobiótico, defesa do consumidor, greve a alguns consumos, moderação nos gastos) enquanto não é possível praticar uma estratégia global de consumos apoiada em princípios correctos de reciclagem sistemática e de sistemática racionalização, estratégia global que só é praticável em circuitos autónomos do establishment, com o enraizamento de novas comunidades nos campos, repovoamento e revitalização (ou renascimento) dos meios rurais, descentralização administrativa (lei das finanças locais), exploração dos recursos locais em função dos respectivos interesses da população e não com destino aos mercados internos ou externos, redes viárias regionais em contrapartida às grandes auto-estradas, etc..
(reteclado em 11/6/1993)
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