HIPÓCRATES 1989
alienação-1> falando de alienação
31-12-1989
Manifesto
REGRESSO A HIPÓCRATES(*)
Sumário:
Quimioterapia:
a) um tumor na evolução da medicina
b) aposta numa concepção niilista do homem
A opção biológica na defesa da vida
Definir profilaxia e prevenção
Alienação química (o poder manipulador da quimioterapia)
Quimioterapia: uma medicina da alma que não se confessa
Março/1985 [31-12-1989, in «A Capital»] - A história da medicina europeia desde Hipócrates, pode considerar-se dividida em duas grandes épocas: antes e depois da Quimioterapia, fazendo lembrar uma outra data que dividiu em duas a cronologia mundial, antes e depois de Cristo...
De facto, o uso de medicamentos químicos de síntese alterou de tal modo os hábitos terapêuticos, que se deve atribuir ao advento da química uma nova lei e uma nova moral.
Nesta viragem, que abalou até aos alicerces todos os métodos e processos adoptados até então pela Medicina, radicam afinal os equívocos que desde então se estabeleceram na prática e na metodologia, mas principalmente na nomenclatura utilizada. Antes da Quimioterapia e sua intervenção radical no processo curativo, a Medicina era de facto só uma, pelo menos na Europa, herdeira de Hipócrates e suas leis fundamentais de respeito pela vida e pelos valores humanos.
Se guerra há, hoje, ela foi declarada por um método - a Quimioterapia e seu radicalismo - que não só se tornou exclusivista e absoluto, não só renegou todos os outros métodos para o esquecimento ou para o campo do charlatanismo, como deu origem a toda uma nova patologia - a das doenças iatrogénicas - caminho que conduziu a medicina à fatalidade da super-especialização e, portanto, da desumanização.
A guerra, se guerra há, foi a Química que a provocou e que ainda a mantém.
Não se trata, hoje, como equìvocamente se teima em proclamar, de rejeitar os chamados "progressos" da Medicina: trata-se, sim, de não pactuar com o bloqueio químico, apurando, entretanto, ao máximo, o rigor e os avanços científicos modernos das técnicas eternas da medicina de sempre.
Quem abriu uma solução de continuidade na evolução lógica e normal da Medicina foi a Química.
Em boa verdade, são os adeptos desta Medicina eterna - sem intervenção e violência química - que devem, com toda a legitimidade, reclamar a herança e intitular-se médicos na acepção hipocrática, distinguindo-se então e por isso dos quimioterapeutas, que são um fenómeno espúrio, uma classe à parte e que tudo continua a fazer para se colocar, como um tumor, à parte do organismo social.
A ordem natural das coisas foi, com a Quimioterapia, de tal maneira subvertida, invertida e pervertida, que são hoje os neo-hipocráticos, defensores da Medicina perene, os que têm de abdicar dessa designação e dessa qualidade, vendo-se em palpas de aranha para encontrar o vocabulário justo, que defina exactamente actividades e funções, sem suscitar os furores da Quimioterapia no poder.
É assim que se recorre a termos de "alternativa", tais como "medicinas doces" , "paralelas", "naturais", ou a designações como "Homeopatia", "Naturopatia" e "Alopatia", palavras , todas elas, infelizes ou insuficientes, que raramente chegam para expressar o que pretendem.
Não é por acaso que a "nomenclatura" foi o campo escolhido, em França, para tentar destruir no cerne a Medicina da Vida.
No número hors-série trimestral que a revista "Science et Vie" decidiu dedicar, em Março de 1985, às medicinas não-violentas, é com efeito a "linguagem" ou nomenclatura por estas utilizada que o Professor Jean-Charles Sournia escolheu como alvo dos seus ataques, no artigo inicial da revista, artigo que de certo modo dá o tom e o mote de todos os outros.
0 facto de ter sido escolhida para capa a designação "medicinas paralelas" atesta que ela agrada particularmente ao sistema, pois deixa no ar a ideia de que são "marginais" à outra e por mais que se prolonguem nunca se encontram...
Uma coisa fica como certa: é nas palavras, na linguagem, na nomenclatura que o sistema ataca quando quer destruir as medicinas de raiz hipocrática e humanista.
0 artigo do Prof.Sournia não esconde que a designação "medicinas doces" ou "não violentas" é de todas a que mais lhe desagrada.
Entre outras obras que devemos à violência química, temos que lhe agradecer mais essa: nem sequer somos donos de falar com a linguagem que Deus nos deu.
Para definir o vasto campo terapêutico que a Quimioterapia "excluiu" da prática médica, as palavras"Bioterapia" e "Naturoterapia" procuram reunificar a nomenclatura.
Também as designações de "Medicina Biológica", "Medicina Metabólica", "Medicina Natural" e "Medicina Doméstica" procuram abranger todos os métodos terapêuticos que utilizam ùnica e exclusivamente produtos biológicos, digamos vegetais, excluindo o uso de fármacos químicos de síntese.
É neste quadro global abrangendo todos os métodos não violentos ou suaves - tendo como referência o homem total e o indivíduo-pessoa, e não apenas um ou outro órgão do corpo - que as várias designações, antigas e modernas, ganham verdadeiro significado e sentido, apresentando-se como partes coerentes de um todo, que por sua vez se opõe, em bloco, à Quimioterapia.
Não se trata de fazer reviver técnicas passadas ou ultrapassadas: trata-se de progredir , na base de um axioma indiscutível - o respeito pela biologia do corpo humano - os conhecimentos científicos a que as mais recentes investigações fazem apelo.
Um "bioterapeuta" ou "neo-hipocrático" não é assim, como se tem pretendido, um anacronismo, uma fase ultrapassada da ciência mas, antes pelo contrário, o investigador que, não desdenhando o moderno e o ultramoderno, sabe reaproveitar tudo o que de um longo património científico e cultural ainda pode e deve ser utilizado com proveito para o doente.
Se a Medicina decidiu identificar-se com o pequeno e restrito fenómeno chamado Quimioterapia, quem se reduziu à expressão mais simples e se minorizou foi ela.
0 problema é dela e não dos que, achando essa identificação abusiva, procuram apenas que a medicina volte a ter respeito por si própria, fugindo ao controle totalitário da Química.
0 problema é dos que aceitaram o abuso da anexação a esse monopólio, e não nosso.
Pela análise da linguagem, e pelo estudo atento das palavras, vemos como a discussão em torno das chamadas "medicinas alternativas" está hoje viciada e que não é com dados técnicos viciados que se defende a verdade mas com um pensamento claro que, de acordo com o método científico e experimental, constantemente estabelece o vínculo dialéctico entre causa e efeito.
Só a Quimioterapia teima em crer que as doenças caem do céu.
Mas a quimioterapia não tem sequelas directas, não cria só novas doenças - ditas iatrogénicas - ela, além disso, altera a personalidade e mesmo o mais profundo subconsciente do ser humano. Ela manipula o consumidor sem que este tenha disso consciência.
0 "antes e depois da Quimioterapia" não divide apenas a história da Medicina , mas a história da própria espécie humana deve considerar-se dividida entre : "Homo Biologicus" e «Homo Quimicus».
Feliz ou infelizmente, parece não haver nada de comum entre eles, nem possibilidade de coexistência.
Como nos ensina a ciência dos Oligoelementos, as alterações da química no organismo e no ambiente afectam a própria convicção do homem em si próprio e nas suas possibilidade de auto-controle.
Um drogado, em sentido estrito e em sentido lato, é um alienado.
É da alienação química, hoje, que se deve falar, e melhor do que ninguém o sabem os seus promotores...
Dando a convicção de facilidade ao doente, este aliena a sua liberdade e responsabilidade de autocura, entregando-se nas mãos do quimioterapeuta.
Esta abdicação de resolver por si os seus próprios problemas é a alienacão, no sentido o que a definiu Marx.
Não se trata, pois de manter uma insensata e infundamentada aversão à Quimioterapia. Trata-se antes de preconizar e defender um modus vivendi e um modo de pensar - uma filosofia da vida - que se incompatibiliza com os modernos sistemas de alienação sistemática, entre os quais a química se inclui.
Quando se defende o biológico, está a defender-se uma concepção da Natureza humana que se crê, de raiz, livre, enquanto os defensores da Química estão, consciente ou inconscientemente, a defender que o homem é, de natureza, escravo e tem de ser tratado a chicote, medicado por autoridades a que deverá obedecer sem consciência.
O que está em jogo são duas concepções da humanidade: uma, de homens livres e responsáveis; outra, de escravos.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado na «Crónica do Planeta Terra», «A Capital», em 31-12-1989
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31-12-1989
Manifesto
REGRESSO A HIPÓCRATES(*)
Sumário:
Quimioterapia:
a) um tumor na evolução da medicina
b) aposta numa concepção niilista do homem
A opção biológica na defesa da vida
Definir profilaxia e prevenção
Alienação química (o poder manipulador da quimioterapia)
Quimioterapia: uma medicina da alma que não se confessa
Março/1985 [31-12-1989, in «A Capital»] - A história da medicina europeia desde Hipócrates, pode considerar-se dividida em duas grandes épocas: antes e depois da Quimioterapia, fazendo lembrar uma outra data que dividiu em duas a cronologia mundial, antes e depois de Cristo...
De facto, o uso de medicamentos químicos de síntese alterou de tal modo os hábitos terapêuticos, que se deve atribuir ao advento da química uma nova lei e uma nova moral.
Nesta viragem, que abalou até aos alicerces todos os métodos e processos adoptados até então pela Medicina, radicam afinal os equívocos que desde então se estabeleceram na prática e na metodologia, mas principalmente na nomenclatura utilizada. Antes da Quimioterapia e sua intervenção radical no processo curativo, a Medicina era de facto só uma, pelo menos na Europa, herdeira de Hipócrates e suas leis fundamentais de respeito pela vida e pelos valores humanos.
Se guerra há, hoje, ela foi declarada por um método - a Quimioterapia e seu radicalismo - que não só se tornou exclusivista e absoluto, não só renegou todos os outros métodos para o esquecimento ou para o campo do charlatanismo, como deu origem a toda uma nova patologia - a das doenças iatrogénicas - caminho que conduziu a medicina à fatalidade da super-especialização e, portanto, da desumanização.
A guerra, se guerra há, foi a Química que a provocou e que ainda a mantém.
Não se trata, hoje, como equìvocamente se teima em proclamar, de rejeitar os chamados "progressos" da Medicina: trata-se, sim, de não pactuar com o bloqueio químico, apurando, entretanto, ao máximo, o rigor e os avanços científicos modernos das técnicas eternas da medicina de sempre.
Quem abriu uma solução de continuidade na evolução lógica e normal da Medicina foi a Química.
Em boa verdade, são os adeptos desta Medicina eterna - sem intervenção e violência química - que devem, com toda a legitimidade, reclamar a herança e intitular-se médicos na acepção hipocrática, distinguindo-se então e por isso dos quimioterapeutas, que são um fenómeno espúrio, uma classe à parte e que tudo continua a fazer para se colocar, como um tumor, à parte do organismo social.
A ordem natural das coisas foi, com a Quimioterapia, de tal maneira subvertida, invertida e pervertida, que são hoje os neo-hipocráticos, defensores da Medicina perene, os que têm de abdicar dessa designação e dessa qualidade, vendo-se em palpas de aranha para encontrar o vocabulário justo, que defina exactamente actividades e funções, sem suscitar os furores da Quimioterapia no poder.
É assim que se recorre a termos de "alternativa", tais como "medicinas doces" , "paralelas", "naturais", ou a designações como "Homeopatia", "Naturopatia" e "Alopatia", palavras , todas elas, infelizes ou insuficientes, que raramente chegam para expressar o que pretendem.
Não é por acaso que a "nomenclatura" foi o campo escolhido, em França, para tentar destruir no cerne a Medicina da Vida.
No número hors-série trimestral que a revista "Science et Vie" decidiu dedicar, em Março de 1985, às medicinas não-violentas, é com efeito a "linguagem" ou nomenclatura por estas utilizada que o Professor Jean-Charles Sournia escolheu como alvo dos seus ataques, no artigo inicial da revista, artigo que de certo modo dá o tom e o mote de todos os outros.
0 facto de ter sido escolhida para capa a designação "medicinas paralelas" atesta que ela agrada particularmente ao sistema, pois deixa no ar a ideia de que são "marginais" à outra e por mais que se prolonguem nunca se encontram...
Uma coisa fica como certa: é nas palavras, na linguagem, na nomenclatura que o sistema ataca quando quer destruir as medicinas de raiz hipocrática e humanista.
0 artigo do Prof.Sournia não esconde que a designação "medicinas doces" ou "não violentas" é de todas a que mais lhe desagrada.
Entre outras obras que devemos à violência química, temos que lhe agradecer mais essa: nem sequer somos donos de falar com a linguagem que Deus nos deu.
Para definir o vasto campo terapêutico que a Quimioterapia "excluiu" da prática médica, as palavras"Bioterapia" e "Naturoterapia" procuram reunificar a nomenclatura.
Também as designações de "Medicina Biológica", "Medicina Metabólica", "Medicina Natural" e "Medicina Doméstica" procuram abranger todos os métodos terapêuticos que utilizam ùnica e exclusivamente produtos biológicos, digamos vegetais, excluindo o uso de fármacos químicos de síntese.
É neste quadro global abrangendo todos os métodos não violentos ou suaves - tendo como referência o homem total e o indivíduo-pessoa, e não apenas um ou outro órgão do corpo - que as várias designações, antigas e modernas, ganham verdadeiro significado e sentido, apresentando-se como partes coerentes de um todo, que por sua vez se opõe, em bloco, à Quimioterapia.
Não se trata de fazer reviver técnicas passadas ou ultrapassadas: trata-se de progredir , na base de um axioma indiscutível - o respeito pela biologia do corpo humano - os conhecimentos científicos a que as mais recentes investigações fazem apelo.
Um "bioterapeuta" ou "neo-hipocrático" não é assim, como se tem pretendido, um anacronismo, uma fase ultrapassada da ciência mas, antes pelo contrário, o investigador que, não desdenhando o moderno e o ultramoderno, sabe reaproveitar tudo o que de um longo património científico e cultural ainda pode e deve ser utilizado com proveito para o doente.
Se a Medicina decidiu identificar-se com o pequeno e restrito fenómeno chamado Quimioterapia, quem se reduziu à expressão mais simples e se minorizou foi ela.
0 problema é dela e não dos que, achando essa identificação abusiva, procuram apenas que a medicina volte a ter respeito por si própria, fugindo ao controle totalitário da Química.
0 problema é dos que aceitaram o abuso da anexação a esse monopólio, e não nosso.
Pela análise da linguagem, e pelo estudo atento das palavras, vemos como a discussão em torno das chamadas "medicinas alternativas" está hoje viciada e que não é com dados técnicos viciados que se defende a verdade mas com um pensamento claro que, de acordo com o método científico e experimental, constantemente estabelece o vínculo dialéctico entre causa e efeito.
Só a Quimioterapia teima em crer que as doenças caem do céu.
Mas a quimioterapia não tem sequelas directas, não cria só novas doenças - ditas iatrogénicas - ela, além disso, altera a personalidade e mesmo o mais profundo subconsciente do ser humano. Ela manipula o consumidor sem que este tenha disso consciência.
0 "antes e depois da Quimioterapia" não divide apenas a história da Medicina , mas a história da própria espécie humana deve considerar-se dividida entre : "Homo Biologicus" e «Homo Quimicus».
Feliz ou infelizmente, parece não haver nada de comum entre eles, nem possibilidade de coexistência.
Como nos ensina a ciência dos Oligoelementos, as alterações da química no organismo e no ambiente afectam a própria convicção do homem em si próprio e nas suas possibilidade de auto-controle.
Um drogado, em sentido estrito e em sentido lato, é um alienado.
É da alienação química, hoje, que se deve falar, e melhor do que ninguém o sabem os seus promotores...
Dando a convicção de facilidade ao doente, este aliena a sua liberdade e responsabilidade de autocura, entregando-se nas mãos do quimioterapeuta.
Esta abdicação de resolver por si os seus próprios problemas é a alienacão, no sentido o que a definiu Marx.
Não se trata, pois de manter uma insensata e infundamentada aversão à Quimioterapia. Trata-se antes de preconizar e defender um modus vivendi e um modo de pensar - uma filosofia da vida - que se incompatibiliza com os modernos sistemas de alienação sistemática, entre os quais a química se inclui.
Quando se defende o biológico, está a defender-se uma concepção da Natureza humana que se crê, de raiz, livre, enquanto os defensores da Química estão, consciente ou inconscientemente, a defender que o homem é, de natureza, escravo e tem de ser tratado a chicote, medicado por autoridades a que deverá obedecer sem consciência.
O que está em jogo são duas concepções da humanidade: uma, de homens livres e responsáveis; outra, de escravos.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado na «Crónica do Planeta Terra», «A Capital», em 31-12-1989
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