ECO-EQUÍVOCOS 1980
80-12-27-fe
27/12/1980 - Desde que se situem no campo dos bons votos piedosos, as declarações dos «ecologistas» entre aspas não deixam de ser largamente reproduzidas pelos órgãos da comunicação social, na medida em que traduzem as boas intenções destes também.
Desde que pacifistas, desde que moralistas, desde que humanistas, enfim, desde que perfeitamente inócuos do ponto de vista político, eis que os pontos de vista e as «bocas» dos «ecologistas» até à TV chegam e ecoam por montes e quebradas.
Acima de tudo, pretende-se dizer, com isto, às populações que os ecologistas são isso: um grupinho de bem intencionados que, tal como Cristo há 2000 anos, continuam pregando no deserto os bons princípios da sã virtude. Princípios que os homens realistas e com os pés bem assentes na terra dos seus impérios, se vão encarregando de esmagar e desrespeitar, está claro.
Nesta linha, reformista-conformista, foi escrita a Declaração Universal dos Direitos do Homem que diariamente é violada exactamente pelos homens e pelas superpotências que mais badalam a «moral» dos direitos do homem.
OS TEMAS QUE INTERESSAM À MORAL PÚBLICA
Por esta amostra «verde» do Natal, portanto, se vê que «ecologistas» são como os chapéus: há muitos. E cada um diz a sua.
Neste momento, de natalícias badaladas, entenderam algumas associações que se reclamam de ecologistas, alertar a opinião pública para as «gravíssimas» questões que são os pinheirinhos de Natal, as iluminações de Natal e - cruzes, canhoto! - os brinquedos bélicos de Natal que tanto «deseducam» as crianças.
Aí está: os ecologistas glosam os temas que exactamente interessam à moralidade burguesa. Daí que os órgãos respectivos logo ecoassem (dessem eco a) tão boa oportunidade de fazer abonar a moral burguesa pela voz, agora tão na moda, dos senhores verdes.
Só nos faltava esta: pioneiros, brinquedos e luminárias, como alvos da luta ecologista.
Quando não podem combater a ecologia por outros meios, nada melhor do que aproveitar o ridículo em que alguns ditos ecologistas se metem. E francamente ridículo é fazer de pinheiros, brinquedos bélicos e luminárias o inimigo número 1.
Os criminosos e tenoburrocratas lambem-se de gozo, com «ecologismos» destes. E pedem mais. E, claro, nas próximas quadras festivas, os eco-à-portuguesa la vão mandar vir mais uns protestos em honra da burguesia e sua moral reformista cristã.
Os criminosos folgam e riem-se, enquanto pela frente tiverem «verdes» de facto assim tão verdes.
PSIQUIATRAS DEFENDEM -SE
Relativamente aos brinquedos bélicos, que mereceram comunicado a um grupo de Coimbra , não tardou que um bando de psiquiatras, aparentemente ofendidos mas no fundo profundamente satisfeitos com o dito comunicado, viessem logo à estacada «em defesa do brinquedo bélico».
Porque, de facto (e não é preciso ser psiquiatra oficial para o saber) não é por aí , pelo brinquedo de guerra, que o gato vai às filhozes. Não é por brincar com tanques e aviões que o menino se tornará um torcionário, um eurocrata, um tecnofascista. Tudo isto está implícito no sistema que forma os meninos e fabrica criminosos e não numa manifestação perfeitamente secundária, marginal, aleatória desse sistema, quer sejam brinquedos, pinheiros ou luzinhas.
Dizer que o brinquedo influi no carácter homicida do cidadão é uma visão idealista e esclerosada que, conduzindo à moralidade beata, nada tem a ver com uma atitude ecologista , que é materialista, que é dialéctica, que é de contestação radical, que é revolucionária.
O mesmo se diga do famigerado pinheirinho, que tanto ofende alguns ecologistas entre aspas. Já com os arbustos da Gulbenkian foi a mesma droga de conversa. Enquanto o plano arboricida nacional prossegue triunfante, é de protestos destes, bastante verdes, que os assassinos da natureza gostam. Dá impressão que eles até só arrasam pinhais pelo Natal. se, afinal, o maior arraso é no pino do verão, com os incêndios provocados, e com o objectivo de lá plantar milhões de eucaliptos, porque são agora também os verdes com a hipocrisia dos pinheirinhos invernais?
VOLTAI, IRMÃOS, AOS BONS COSTUMES
Finalmente, a tolice das luminárias. Como se o busílis fosse das luzinhas no Rossio e arredores. Como se os gastos colossais e a contradição vergonhosa dos electro-burocratas fosse essa de pintar a manta pelo Natal. Como se os erros e contradições não estivessem antes a um nível de corrupção electro-nuclear que mete num chinela estes gastozinhos da Baixa lisboeta.
Os «ecolo» entre aspas continuam a errar a pontaria. Não dão uma na muge. O acessório e o fortuito e até o folclórico toma o lugar das denúncias de fundo aos grandes crimes contra a vida, a natureza e a humanidade que se praticam sobre todo o Planeta Terra. Não há ecologistas regionais e provincianos. Ecologismo vai à raiz a ao coração dos problemas.
As brincalhotices destes pseudo começam a chatiar, francamente. E é de pedir aos verdes que amadureçam, ou que vão cantar com os padres curas a missa do galo do «amai-vos uns aos outros.»
Para completar o coro, nesta missa de Natal 1980, só faltaram anti-tabagistas ferrenhos e o exército de salvação entoando pregas e protestos contra o «pecaminoso vício que tantas vidas vai ceifando ».
O crime encontra sempre destes gloriosos aliados que o tornam, afinal, vício. Quer dizer: um precalço na vida de homens que até são honestos e boas pessoas. Não é na classe tecnoburocrática, afinal, não é nos imperialismos e seus dirigentes, não é na tecnosteurura homicida do sistema que destroi ecossistemas, que está o busílis e o inimigo principal.
Não é na exploração do homem pelo homem, não é na manipulação do homem pelo homem que está o inimigo principal.
É no «vício». Que desvia afinal a juventude do bom caminho e dos sãos princípios de conduta que os tecnoburocratas ensinam.
***
OS VERDES À PORTUGUESA
ESTÃO CADA VEZ MAIS VERDES
E O TECNO-BUROCRATA A RIR-SE...
27/12/1980 - Desde que se situem no campo dos bons votos piedosos, as declarações dos «ecologistas» entre aspas não deixam de ser largamente reproduzidas pelos órgãos da comunicação social, na medida em que traduzem as boas intenções destes também.
Desde que pacifistas, desde que moralistas, desde que humanistas, enfim, desde que perfeitamente inócuos do ponto de vista político, eis que os pontos de vista e as «bocas» dos «ecologistas» até à TV chegam e ecoam por montes e quebradas.
Acima de tudo, pretende-se dizer, com isto, às populações que os ecologistas são isso: um grupinho de bem intencionados que, tal como Cristo há 2000 anos, continuam pregando no deserto os bons princípios da sã virtude. Princípios que os homens realistas e com os pés bem assentes na terra dos seus impérios, se vão encarregando de esmagar e desrespeitar, está claro.
Nesta linha, reformista-conformista, foi escrita a Declaração Universal dos Direitos do Homem que diariamente é violada exactamente pelos homens e pelas superpotências que mais badalam a «moral» dos direitos do homem.
OS TEMAS QUE INTERESSAM À MORAL PÚBLICA
Por esta amostra «verde» do Natal, portanto, se vê que «ecologistas» são como os chapéus: há muitos. E cada um diz a sua.
Neste momento, de natalícias badaladas, entenderam algumas associações que se reclamam de ecologistas, alertar a opinião pública para as «gravíssimas» questões que são os pinheirinhos de Natal, as iluminações de Natal e - cruzes, canhoto! - os brinquedos bélicos de Natal que tanto «deseducam» as crianças.
Aí está: os ecologistas glosam os temas que exactamente interessam à moralidade burguesa. Daí que os órgãos respectivos logo ecoassem (dessem eco a) tão boa oportunidade de fazer abonar a moral burguesa pela voz, agora tão na moda, dos senhores verdes.
Só nos faltava esta: pioneiros, brinquedos e luminárias, como alvos da luta ecologista.
Quando não podem combater a ecologia por outros meios, nada melhor do que aproveitar o ridículo em que alguns ditos ecologistas se metem. E francamente ridículo é fazer de pinheiros, brinquedos bélicos e luminárias o inimigo número 1.
Os criminosos e tenoburrocratas lambem-se de gozo, com «ecologismos» destes. E pedem mais. E, claro, nas próximas quadras festivas, os eco-à-portuguesa la vão mandar vir mais uns protestos em honra da burguesia e sua moral reformista cristã.
Os criminosos folgam e riem-se, enquanto pela frente tiverem «verdes» de facto assim tão verdes.
PSIQUIATRAS DEFENDEM -SE
Relativamente aos brinquedos bélicos, que mereceram comunicado a um grupo de Coimbra , não tardou que um bando de psiquiatras, aparentemente ofendidos mas no fundo profundamente satisfeitos com o dito comunicado, viessem logo à estacada «em defesa do brinquedo bélico».
Porque, de facto (e não é preciso ser psiquiatra oficial para o saber) não é por aí , pelo brinquedo de guerra, que o gato vai às filhozes. Não é por brincar com tanques e aviões que o menino se tornará um torcionário, um eurocrata, um tecnofascista. Tudo isto está implícito no sistema que forma os meninos e fabrica criminosos e não numa manifestação perfeitamente secundária, marginal, aleatória desse sistema, quer sejam brinquedos, pinheiros ou luzinhas.
Dizer que o brinquedo influi no carácter homicida do cidadão é uma visão idealista e esclerosada que, conduzindo à moralidade beata, nada tem a ver com uma atitude ecologista , que é materialista, que é dialéctica, que é de contestação radical, que é revolucionária.
O mesmo se diga do famigerado pinheirinho, que tanto ofende alguns ecologistas entre aspas. Já com os arbustos da Gulbenkian foi a mesma droga de conversa. Enquanto o plano arboricida nacional prossegue triunfante, é de protestos destes, bastante verdes, que os assassinos da natureza gostam. Dá impressão que eles até só arrasam pinhais pelo Natal. se, afinal, o maior arraso é no pino do verão, com os incêndios provocados, e com o objectivo de lá plantar milhões de eucaliptos, porque são agora também os verdes com a hipocrisia dos pinheirinhos invernais?
VOLTAI, IRMÃOS, AOS BONS COSTUMES
Finalmente, a tolice das luminárias. Como se o busílis fosse das luzinhas no Rossio e arredores. Como se os gastos colossais e a contradição vergonhosa dos electro-burocratas fosse essa de pintar a manta pelo Natal. Como se os erros e contradições não estivessem antes a um nível de corrupção electro-nuclear que mete num chinela estes gastozinhos da Baixa lisboeta.
Os «ecolo» entre aspas continuam a errar a pontaria. Não dão uma na muge. O acessório e o fortuito e até o folclórico toma o lugar das denúncias de fundo aos grandes crimes contra a vida, a natureza e a humanidade que se praticam sobre todo o Planeta Terra. Não há ecologistas regionais e provincianos. Ecologismo vai à raiz a ao coração dos problemas.
As brincalhotices destes pseudo começam a chatiar, francamente. E é de pedir aos verdes que amadureçam, ou que vão cantar com os padres curas a missa do galo do «amai-vos uns aos outros.»
Para completar o coro, nesta missa de Natal 1980, só faltaram anti-tabagistas ferrenhos e o exército de salvação entoando pregas e protestos contra o «pecaminoso vício que tantas vidas vai ceifando ».
O crime encontra sempre destes gloriosos aliados que o tornam, afinal, vício. Quer dizer: um precalço na vida de homens que até são honestos e boas pessoas. Não é na classe tecnoburocrática, afinal, não é nos imperialismos e seus dirigentes, não é na tecnosteurura homicida do sistema que destroi ecossistemas, que está o busílis e o inimigo principal.
Não é na exploração do homem pelo homem, não é na manipulação do homem pelo homem que está o inimigo principal.
É no «vício». Que desvia afinal a juventude do bom caminho e dos sãos princípios de conduta que os tecnoburocratas ensinam.
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