E. HUMANA 1994
ensaios-EH- terça-feira, 24 de Setembro de 2002 - ensaios de EH – actual
13-4-1994
-FACTORES ADVERSOS DO AMBIENTE EXÓGENO
-ECODIAGNÓSTICO
-DESPISTAGEM AMBIENTAL
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CARNÍVOROS VERSUS VEGETARIANOS: UMA FALSA POLÉMICA
«METABOLIC MEDECINE»: O FIEL DA BALANÇA
13/Abril/1994 - Recusam-se muitos médicos a aceitar a tese de alguns « vegetarianos», que atribuem todas as doenças e até todos os males do mundo à alimentação carnívora. Os lacto-ovo-vegetarianos de certa data, com efeito, levaram longe demais a concepção alimentar da doença. Uma atenta observação, porém, talvez reduza ao tamanho mais justo esta discrepância entre duas posições extremas, uma que atribui tudo ao que comemos e outra que pretende explicar as doenças, ao fim e ao cabo, por causas «teológicas» como Vírus, Bactérias e outros seres , que sempre existiram e sempre hão-de coexistir connosco... E que só se instalam quando a imunidade baixa e o metabolismo falha.
Para a medicina ecológica que explica as causas sem se limitar a verificar os efeitos, o terreno é tudo e o micróbio (quase) nada. Nunca se poderá esquecer esta máxima da lei natural, a que as alternativas de vida devem estrita obediência.
«Metabolismo» é o conceito que pode introduzir clareza nesta polémica, afirmando-se então, sem lugar a dúvidas : tudo o que altere negativamente o metabolismo ( e a imunidade) é factor de doença.
Ora, no mundo industrial de hoje, recheado de químicas, os factores que alteram o Metabolismo são não só alimentares mas de ordem ambiental a mais diversa, especialmente se considerarmos a química que vai nos medicamentos, que está no ar, nos solos e na água, que carrega os alimentos, que se insinua até em cosméticos e produtos de «ménage», na intimidade mais secreta das pessoas.
«Diz-me, pois, que ambiente respiras e dir-te-ei que doenças tens.» Esta máxima corrige, ao mesmo tempo que amplia, a noção estrita de alimento como único factor condicionante do metabolismo.
A «medicina metabólica», como hoje se designa, tem assim a ver com o alimento no sentido lato - tudo o que se respira, recebe do ar e da terra, tudo o que se toca ou manipula, etc. Mas também é verdade que medicina metabólica se torna sinónimo de ecomedicina, ou seja, aquela que diagnostica os efeitos (sintomas) através de todas as causas exógenas e endógenas que os provocam.
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actual-2-alergia1
CRÓMIO E NÍQUEL:ATENÇÃO ÀS DERMITES DE CONTACTO
Os dermatologistas atribuem aos metais Níquel e Crómio grande parte das afecções alérgicas e dermites de contacto que hoje afectam um numeroso grupo de pessoas. De acordo com um estudo de Vera Monteiro Torres e António Pinto Soares, publicado no boletim clínico dos Hospitais Civis de Lisboa, a hipersensibilidade ao níquel verificar-se-ia com maior frequência nas mulheres, enquanto os homens seriam mais afectados pelo Crómio. Ambos se encontram presentes nas marcas de detergentes fabricados em Portugal, mas o Crómio intervém também em cimentos, conservantes de madeiras, curtumes, pigmentos de tintas, óleos de corte em metalurgia, etc.
Os níveis de Crómio e Níquel, que são elevados em alguns detergentes à venda em Portugal, só podiam ser atenuados pela intervenção no fabrico de substâncias quelantes que transformam o Crómio. Essa intervenção tornaria, porém, mais elevado o custo do produto no mercado, pelo que o dilema, para o consumidor em Portugal, é entre detergentes mais caros com menos Crómio ou detergentes mais baratos com mais Crómio.
É de referir ainda os detergentes com enzimas, cuja acção irritante provoca a secura da pele, privada assim, pela acção dos enzimas, da sua gordura natural. Os especialistas dizem que estes detergentes podem também provocar pneumopatias graves quando respirados.
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actual-3-apri
DEFESA CONTRA RADIAÇÕES IONIZANTES
Entre as publicações que mais agitaram a opinião pública e que, por isso, mais reedições têm merecido, cita-se o memorando de médicos denunciando a nocividade e os perigos da indústria nuclear.
Elaborado, numa primeira fase, por grupos restritos de diversas associações, compostos por médicos e não médicos, o memorando foi apresentado à imprensa e ao público de Estrasburgo, no dia 28 de Dezembro de 1971, uma data histórica, por 47 associações e comissões antinucleares da então Alemanha Federal, Áustria, Bélgica, França, Holanda, Suécia e Suíça.
Ao denunciar os efeitos nocivos da irradiação ionizante sobre os organismos vivos, o memorando afirma:
«O processo inicial da absorção de energia e suas consequências radioquímicas acarretam uma modificação das estruturas celulares e alterações metabólicas. As reacções químicas normais e necessárias à vida da célula são interrompidas ou desviadas pela transformação das matérias químicas sobre as quais elas se exercem: a reestruturação de um só átomo numa molécula acarreta a modificação desta molécula, eventualmente o fim da sua existência.»
«Formam-se produtos metabólicos anormais, isto é, corpos tóxicos para o organismo. A regulação do número infinito de enzimas é assim perturbada ou bloqueada, o que significa a morte possível das células e também, se a lesão ataca os fermentos da respiração celular, a sua degenerescência possível em células cancerosas.
«Se a lesão ataca o núcleo da célula, cujo papel é essencial nos processos metabólicos, resultam daí perturbações funcionais. Se o núcleo é atingido durante uma divisão celular, a radiolesão acarreta uma inadaptação a novas divisões celulares ou mutação de genes que podem, por sua vez, se se trata de células da reprodução, modificar os caracteres hereditários.
«Não há que esperar uma melhoria da raça humana, porque os trabalhos de genética mostraram que há apenas uma mutação de carácter positivo em 1000 ou 10000, todas as outras são de carácter negativo, até letal.
«Como a síntese dos enzimas que regulam o metabolismo está também condicionada pelos genes, uma lesão destes últimos pode acarretar igualmente prejuízos metabólicos hereditários deste género, das quais algumas muito graves. »
Outra evidência tantas vezes menosprezada mas que os médicos lembram no memorando é a «indestrutibilidade» das radiações ionizantes:
«Não existe nenhuma possibilidade de destruir a radioactividade: ela subsiste até que a totalidade da energia seja emitida. A radiação varia conforme os corpos radioactivos, de algumas fracções de segundo até milhões de anos, segundo o «período» físico de cada corpo.
«Por «período» entende-se a duração necessária para um corpo radioactivo perder metade da sua actividade inicial. O mesmo tempo deverá decorrer novamente para que metade da radioactividade restante desapareça e assim sucessivamente. É assim que depois de dez períodos subsiste ainda no corpo radiactivo cerca de 1/1000 da sua actividade inicial. Mas dadas as quantidades consideráveis de radionucleidos produzidos durante longos períodos pela indústria nuclear cujas actividades se adicionam, mesmo 1/1000 representa ainda uma actividade enorme.
«Dada a extrema nocividade de certos elementos radioactivos (principalmente do Plutónio) é preciso esperar vinte períodos para atingir uma actividade igual a l/1000 da actividade inicial (no caso do plutónio 239, é preciso esperar 24 100 anos x 20=482 000 anos).
«Os esforços feitos para tornar inofensiva a parte da radioactividade proveniente dos resíduos radioactivos líquidos ou sólidos, quer dizer dos «resíduos atómicos», não deram resultados satisfatórios.
As tentativas para os isolar em galerias de minas («cemitérios atómicos») em imersão no mar fixando-os numa matéria dita refractária (betão ou betume) ou vitrificando-os, não podem suprimir as radiações. Eles produzem calor e gás que tornam mais difícil o isolamento, tornando-o mesmo impossível. Devido às radiações emitidas no interior, a corrosão radioactiva torna porosos todos os materiais conhecidos.»
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(*) Relatório apresentado em 28 de Dezembro de 1971 sobre efeitos biológicos das radiações ionizantes: «A corrosão radioactiva torna porosos todos os materiais conhecidos»
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13-4-1994
«ENSAIOS DE ECOLOGIA HUMANA»
-FACTORES ADVERSOS DO AMBIENTE EXÓGENO
-ECODIAGNÓSTICO
-DESPISTAGEM AMBIENTAL
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CARNÍVOROS VERSUS VEGETARIANOS: UMA FALSA POLÉMICA
«METABOLIC MEDECINE»: O FIEL DA BALANÇA
13/Abril/1994 - Recusam-se muitos médicos a aceitar a tese de alguns « vegetarianos», que atribuem todas as doenças e até todos os males do mundo à alimentação carnívora. Os lacto-ovo-vegetarianos de certa data, com efeito, levaram longe demais a concepção alimentar da doença. Uma atenta observação, porém, talvez reduza ao tamanho mais justo esta discrepância entre duas posições extremas, uma que atribui tudo ao que comemos e outra que pretende explicar as doenças, ao fim e ao cabo, por causas «teológicas» como Vírus, Bactérias e outros seres , que sempre existiram e sempre hão-de coexistir connosco... E que só se instalam quando a imunidade baixa e o metabolismo falha.
Para a medicina ecológica que explica as causas sem se limitar a verificar os efeitos, o terreno é tudo e o micróbio (quase) nada. Nunca se poderá esquecer esta máxima da lei natural, a que as alternativas de vida devem estrita obediência.
«Metabolismo» é o conceito que pode introduzir clareza nesta polémica, afirmando-se então, sem lugar a dúvidas : tudo o que altere negativamente o metabolismo ( e a imunidade) é factor de doença.
Ora, no mundo industrial de hoje, recheado de químicas, os factores que alteram o Metabolismo são não só alimentares mas de ordem ambiental a mais diversa, especialmente se considerarmos a química que vai nos medicamentos, que está no ar, nos solos e na água, que carrega os alimentos, que se insinua até em cosméticos e produtos de «ménage», na intimidade mais secreta das pessoas.
«Diz-me, pois, que ambiente respiras e dir-te-ei que doenças tens.» Esta máxima corrige, ao mesmo tempo que amplia, a noção estrita de alimento como único factor condicionante do metabolismo.
A «medicina metabólica», como hoje se designa, tem assim a ver com o alimento no sentido lato - tudo o que se respira, recebe do ar e da terra, tudo o que se toca ou manipula, etc. Mas também é verdade que medicina metabólica se torna sinónimo de ecomedicina, ou seja, aquela que diagnostica os efeitos (sintomas) através de todas as causas exógenas e endógenas que os provocam.
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actual-2-alergia1
CRÓMIO E NÍQUEL:ATENÇÃO ÀS DERMITES DE CONTACTO
Os dermatologistas atribuem aos metais Níquel e Crómio grande parte das afecções alérgicas e dermites de contacto que hoje afectam um numeroso grupo de pessoas. De acordo com um estudo de Vera Monteiro Torres e António Pinto Soares, publicado no boletim clínico dos Hospitais Civis de Lisboa, a hipersensibilidade ao níquel verificar-se-ia com maior frequência nas mulheres, enquanto os homens seriam mais afectados pelo Crómio. Ambos se encontram presentes nas marcas de detergentes fabricados em Portugal, mas o Crómio intervém também em cimentos, conservantes de madeiras, curtumes, pigmentos de tintas, óleos de corte em metalurgia, etc.
Os níveis de Crómio e Níquel, que são elevados em alguns detergentes à venda em Portugal, só podiam ser atenuados pela intervenção no fabrico de substâncias quelantes que transformam o Crómio. Essa intervenção tornaria, porém, mais elevado o custo do produto no mercado, pelo que o dilema, para o consumidor em Portugal, é entre detergentes mais caros com menos Crómio ou detergentes mais baratos com mais Crómio.
É de referir ainda os detergentes com enzimas, cuja acção irritante provoca a secura da pele, privada assim, pela acção dos enzimas, da sua gordura natural. Os especialistas dizem que estes detergentes podem também provocar pneumopatias graves quando respirados.
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actual-3-apri
DEFESA CONTRA RADIAÇÕES IONIZANTES
Entre as publicações que mais agitaram a opinião pública e que, por isso, mais reedições têm merecido, cita-se o memorando de médicos denunciando a nocividade e os perigos da indústria nuclear.
Elaborado, numa primeira fase, por grupos restritos de diversas associações, compostos por médicos e não médicos, o memorando foi apresentado à imprensa e ao público de Estrasburgo, no dia 28 de Dezembro de 1971, uma data histórica, por 47 associações e comissões antinucleares da então Alemanha Federal, Áustria, Bélgica, França, Holanda, Suécia e Suíça.
Ao denunciar os efeitos nocivos da irradiação ionizante sobre os organismos vivos, o memorando afirma:
«O processo inicial da absorção de energia e suas consequências radioquímicas acarretam uma modificação das estruturas celulares e alterações metabólicas. As reacções químicas normais e necessárias à vida da célula são interrompidas ou desviadas pela transformação das matérias químicas sobre as quais elas se exercem: a reestruturação de um só átomo numa molécula acarreta a modificação desta molécula, eventualmente o fim da sua existência.»
«Formam-se produtos metabólicos anormais, isto é, corpos tóxicos para o organismo. A regulação do número infinito de enzimas é assim perturbada ou bloqueada, o que significa a morte possível das células e também, se a lesão ataca os fermentos da respiração celular, a sua degenerescência possível em células cancerosas.
«Se a lesão ataca o núcleo da célula, cujo papel é essencial nos processos metabólicos, resultam daí perturbações funcionais. Se o núcleo é atingido durante uma divisão celular, a radiolesão acarreta uma inadaptação a novas divisões celulares ou mutação de genes que podem, por sua vez, se se trata de células da reprodução, modificar os caracteres hereditários.
«Não há que esperar uma melhoria da raça humana, porque os trabalhos de genética mostraram que há apenas uma mutação de carácter positivo em 1000 ou 10000, todas as outras são de carácter negativo, até letal.
«Como a síntese dos enzimas que regulam o metabolismo está também condicionada pelos genes, uma lesão destes últimos pode acarretar igualmente prejuízos metabólicos hereditários deste género, das quais algumas muito graves. »
Outra evidência tantas vezes menosprezada mas que os médicos lembram no memorando é a «indestrutibilidade» das radiações ionizantes:
«Não existe nenhuma possibilidade de destruir a radioactividade: ela subsiste até que a totalidade da energia seja emitida. A radiação varia conforme os corpos radioactivos, de algumas fracções de segundo até milhões de anos, segundo o «período» físico de cada corpo.
«Por «período» entende-se a duração necessária para um corpo radioactivo perder metade da sua actividade inicial. O mesmo tempo deverá decorrer novamente para que metade da radioactividade restante desapareça e assim sucessivamente. É assim que depois de dez períodos subsiste ainda no corpo radiactivo cerca de 1/1000 da sua actividade inicial. Mas dadas as quantidades consideráveis de radionucleidos produzidos durante longos períodos pela indústria nuclear cujas actividades se adicionam, mesmo 1/1000 representa ainda uma actividade enorme.
«Dada a extrema nocividade de certos elementos radioactivos (principalmente do Plutónio) é preciso esperar vinte períodos para atingir uma actividade igual a l/1000 da actividade inicial (no caso do plutónio 239, é preciso esperar 24 100 anos x 20=482 000 anos).
«Os esforços feitos para tornar inofensiva a parte da radioactividade proveniente dos resíduos radioactivos líquidos ou sólidos, quer dizer dos «resíduos atómicos», não deram resultados satisfatórios.
As tentativas para os isolar em galerias de minas («cemitérios atómicos») em imersão no mar fixando-os numa matéria dita refractária (betão ou betume) ou vitrificando-os, não podem suprimir as radiações. Eles produzem calor e gás que tornam mais difícil o isolamento, tornando-o mesmo impossível. Devido às radiações emitidas no interior, a corrosão radioactiva torna porosos todos os materiais conhecidos.»
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(*) Relatório apresentado em 28 de Dezembro de 1971 sobre efeitos biológicos das radiações ionizantes: «A corrosão radioactiva torna porosos todos os materiais conhecidos»
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