HIDROTERMAIS 1972
1-1-72-04-12-di = diário de ideias - quinta-feira, 12 de Dezembro de 2002-scan
[12/Abril/1972, in «Diário do Alentejo»] - Sendo Portugal um dos países mais dotados de águas minero-medicinais, pergunta-se o que já foi feito ou planificado para explorar manancial tão abundante. Apesar das perspectivas tão animadoras que se apresentam, nem o turismo conseguiu, por enquanto, acordar essa bela adormecida que continua renitente a todos os apelos.
A confirmar o que dizemos, sirva de exemplo um estabelecimento termal - Caldas de Monchique - que não parece acompanhar o ritmo de vertigem transformadora que percorre a zona da província algarvia onde se encontra implantado.
Não parece, de facto, que o turismo tenha começado a semear por ali os seus malefícios mas nenhum também dos seus benefícios. Os naturais desta pacata povoação em plena serra de Monchique pensam que a construção de um hotel de luxo, já iniciada, marcará o ponto de arranque para uma nova fase daquela estância, mas outros opinam que a recente construção de um edifício onde funcionam, simultaneamente, balneários, clínica particular e hospital, justificava outro movimento e outra protecção por parte das autoridades e das entidades ligadas à exploração turística.
Há que fomentar, ao mesmo tempo, o sector clínico e o sector turístico, interdependentes, assim como acudir à melhoria das instalações hoteleiras, por enquanto escassas e sem factores de atracção. Aqui deverá perguntar-se o que já foi feito no sentido de divulgar, pelo País, o que já existe, o pouco que já existe e merece visita.
Muito em especial numa estância de cura e repouso, salta à vista que uma culinária adequada, uma alimentação complementar dos tratamentos, deverá constituir não só atributo indispensável ou essencial mas atractivo de primeira ordem. Pois que pode o turista, doente ou não, desejar melhor do que descanso e... sopas?
Mas - pergunta-se - estarão os restaurantes e pensões dos nossos estabelecimentos termais à altura desta exigência? A par dos mais modernos conceitos de dietética e higiene alimentar? Ligados inclusive às possibilidades/ responsabilidades de cura que prestigiam um centro hidrotermal, e lhe trazem clientes de todo o mundo, - já se pensou que "milagres" turísticos poderia operar (ao menos aí, onde um mínimo de condições favoráveis se conjugam) uma alimentação segundo os princípios da higiene e do bom gosto?
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(*) Este texto de Afonso Cautela, bastante para o conjuntural diga-se de passagem, foi publicado no ”Diário do Alentejo", Beja, provavelmente na data que indico acima
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ÁGUAS MEDICINAIS(*)
[12/Abril/1972, in «Diário do Alentejo»] - Sendo Portugal um dos países mais dotados de águas minero-medicinais, pergunta-se o que já foi feito ou planificado para explorar manancial tão abundante. Apesar das perspectivas tão animadoras que se apresentam, nem o turismo conseguiu, por enquanto, acordar essa bela adormecida que continua renitente a todos os apelos.
A confirmar o que dizemos, sirva de exemplo um estabelecimento termal - Caldas de Monchique - que não parece acompanhar o ritmo de vertigem transformadora que percorre a zona da província algarvia onde se encontra implantado.
Não parece, de facto, que o turismo tenha começado a semear por ali os seus malefícios mas nenhum também dos seus benefícios. Os naturais desta pacata povoação em plena serra de Monchique pensam que a construção de um hotel de luxo, já iniciada, marcará o ponto de arranque para uma nova fase daquela estância, mas outros opinam que a recente construção de um edifício onde funcionam, simultaneamente, balneários, clínica particular e hospital, justificava outro movimento e outra protecção por parte das autoridades e das entidades ligadas à exploração turística.
Há que fomentar, ao mesmo tempo, o sector clínico e o sector turístico, interdependentes, assim como acudir à melhoria das instalações hoteleiras, por enquanto escassas e sem factores de atracção. Aqui deverá perguntar-se o que já foi feito no sentido de divulgar, pelo País, o que já existe, o pouco que já existe e merece visita.
Muito em especial numa estância de cura e repouso, salta à vista que uma culinária adequada, uma alimentação complementar dos tratamentos, deverá constituir não só atributo indispensável ou essencial mas atractivo de primeira ordem. Pois que pode o turista, doente ou não, desejar melhor do que descanso e... sopas?
Mas - pergunta-se - estarão os restaurantes e pensões dos nossos estabelecimentos termais à altura desta exigência? A par dos mais modernos conceitos de dietética e higiene alimentar? Ligados inclusive às possibilidades/ responsabilidades de cura que prestigiam um centro hidrotermal, e lhe trazem clientes de todo o mundo, - já se pensou que "milagres" turísticos poderia operar (ao menos aí, onde um mínimo de condições favoráveis se conjugam) uma alimentação segundo os princípios da higiene e do bom gosto?
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(*) Este texto de Afonso Cautela, bastante para o conjuntural diga-se de passagem, foi publicado no ”Diário do Alentejo", Beja, provavelmente na data que indico acima
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