MEDICINA 1968
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MARRAR CONTRA A PAREDE OU A TEIMOSIA DO REFORMISMO
1/Abril/1968 - Andam à procura do vírus. E continuam a marrar contra a parede, contra o absurdo. De nada serve a verificação, já tantas vezes feita de que o cancro, como tantas outras doenças da civilização, precisa de ser enfrentado (estudado) com novos métodos de pesquisa, diagnóstico e terapia.
O pior da estupidez que grassa entre os inteligentes é a sua cegueira das causas, das verdadeiras causas. E marra-se contra a parede, à procura de um hipotético vírus que não existe nem existirá.
A cirurgia vem depois, quando a doença não estacionou, para dar o golpe de misericórdia e adiar a morte por alguns dias.
Bem entendido que a vida é sempre a morte adiada de alguns dias mas o que revolta, neste caso, não é verificar que se adia de alguns meses uma vida que ainda poderia durar anos.
O que revolta é sabermos a atitude que preside, nos círculos entendidos, a este e outros problemas.
O erro é de base e de método.
Não pode avançar-se com um método errado. E no entanto continua-se à procura do vírus, que é o reformismo da medicina, assim como a caridade é o reformismo da política.
A medicina, como todas as artes, ou conduz à política, ao urbanismo, à educação, à higiene, à planificação ou, em vez de avançar, recua. Se a maior parte das doenças crónicas e degenerativas se provou serem doenças da civilização, como querem atacá-las sem atacar a verdadeira origem: a civilização? Fóra disto, só se fazem remendos desesperados. A procura do vírus é o maior desses remendos.
Verdadeiramente científica e portanto revolucionária é a atitude prospectiva em todos os campos e no da medicina também. Ou vemos as coisas a longo prazo e preparamos as condições, omitimos as causas, planificamos com antecedência, ou não pensemos em curar, atenuar, melhorar, progredir seja o que for.
Anestesiar a dor e encobrir o mal por algumas horas, talvez. Mas mais nada.
Procurar o vírus que origina o cancro é o símbolo de um método de investigação totalmente do avesso. É o símbolo do fracasso da propedêutica médica corrente.
Atitude científica, experimental, realista e revolucionária, só a prospectiva que, em vez dos remendos no presente, para solucionar problemas que a própria aceleração histórica agrava aceleradamente, vai tentar lutar contra as causas e abrengendo a totalidade do real.
Para curar as doenças de que a humanidade sofre, é necessário, indispensáve, ir ao fundo da questão e, para isso, é preciso ir à totalidade: porque é toda estrutura do real a alterar, a modificar, a revolucionar.
A revolução ou será total ou não será.
Nenhuma noção, depois da de prospectiva, é tão necessária à revolução como a de totalidade. A medicina conduz à higiene, a higiene conduz à educação, a educação conduz à política e a política conduz à planificação prospectiva de todos os sectores, sua interpenetração e recíproca causalidade, ou organização.(*)
O resto é supérfluo, o resto são eventos e dados soltos, elementos para armazenagem, erudição, enciclopédias, inflação informativa, estratos mortos, arqueologia, ciência académica, morta, fossilizada, cultura reaccionária.
Só o conhecimento para a acção é revolucionário.
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(*) Os conceitos de organização e de investimento seriam dois outros conceitos de importância básica na prospectiva, não falando já da ideia de que dormimos, por atrofia das faculdades críticas e por falta de perspectiva: quer dizer, marramos contra a parede
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MARRAR CONTRA A PAREDE OU A TEIMOSIA DO REFORMISMO
1/Abril/1968 - Andam à procura do vírus. E continuam a marrar contra a parede, contra o absurdo. De nada serve a verificação, já tantas vezes feita de que o cancro, como tantas outras doenças da civilização, precisa de ser enfrentado (estudado) com novos métodos de pesquisa, diagnóstico e terapia.
O pior da estupidez que grassa entre os inteligentes é a sua cegueira das causas, das verdadeiras causas. E marra-se contra a parede, à procura de um hipotético vírus que não existe nem existirá.
A cirurgia vem depois, quando a doença não estacionou, para dar o golpe de misericórdia e adiar a morte por alguns dias.
Bem entendido que a vida é sempre a morte adiada de alguns dias mas o que revolta, neste caso, não é verificar que se adia de alguns meses uma vida que ainda poderia durar anos.
O que revolta é sabermos a atitude que preside, nos círculos entendidos, a este e outros problemas.
O erro é de base e de método.
Não pode avançar-se com um método errado. E no entanto continua-se à procura do vírus, que é o reformismo da medicina, assim como a caridade é o reformismo da política.
A medicina, como todas as artes, ou conduz à política, ao urbanismo, à educação, à higiene, à planificação ou, em vez de avançar, recua. Se a maior parte das doenças crónicas e degenerativas se provou serem doenças da civilização, como querem atacá-las sem atacar a verdadeira origem: a civilização? Fóra disto, só se fazem remendos desesperados. A procura do vírus é o maior desses remendos.
Verdadeiramente científica e portanto revolucionária é a atitude prospectiva em todos os campos e no da medicina também. Ou vemos as coisas a longo prazo e preparamos as condições, omitimos as causas, planificamos com antecedência, ou não pensemos em curar, atenuar, melhorar, progredir seja o que for.
Anestesiar a dor e encobrir o mal por algumas horas, talvez. Mas mais nada.
Procurar o vírus que origina o cancro é o símbolo de um método de investigação totalmente do avesso. É o símbolo do fracasso da propedêutica médica corrente.
Atitude científica, experimental, realista e revolucionária, só a prospectiva que, em vez dos remendos no presente, para solucionar problemas que a própria aceleração histórica agrava aceleradamente, vai tentar lutar contra as causas e abrengendo a totalidade do real.
Para curar as doenças de que a humanidade sofre, é necessário, indispensáve, ir ao fundo da questão e, para isso, é preciso ir à totalidade: porque é toda estrutura do real a alterar, a modificar, a revolucionar.
A revolução ou será total ou não será.
Nenhuma noção, depois da de prospectiva, é tão necessária à revolução como a de totalidade. A medicina conduz à higiene, a higiene conduz à educação, a educação conduz à política e a política conduz à planificação prospectiva de todos os sectores, sua interpenetração e recíproca causalidade, ou organização.(*)
O resto é supérfluo, o resto são eventos e dados soltos, elementos para armazenagem, erudição, enciclopédias, inflação informativa, estratos mortos, arqueologia, ciência académica, morta, fossilizada, cultura reaccionária.
Só o conhecimento para a acção é revolucionário.
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(*) Os conceitos de organização e de investimento seriam dois outros conceitos de importância básica na prospectiva, não falando já da ideia de que dormimos, por atrofia das faculdades críticas e por falta de perspectiva: quer dizer, marramos contra a parede
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