INÉDITOS AC - 1983
paz-1-os dossiês do silêncio–movimentos sociais e máquinas partidárias–inédito ac de 1983–ligar ao caderno «o lobo vestido de avózinha»
19/11/1983 -
«Esta divisão do Mundo em Bons e Maus, parece-me demasiado simples e simplória para ser verdade»
Ora pró ora anti, ora a favor ora contra, não faltam beneméritas cruzadas na sociedade industrial onde exactamente os direitos mais elementares do Homem e da Natureza são constantemente violentados.
Ninguém de bom coração - que afinal somos todos, no remanso doméstico, no calorzinho do nosso borralho íntimo - contestará a licitude e a legitimidade indiscutíveis de coisas tão belas, tão boas, tão justas como defender a paz e atacar a guerra, proteger a Natureza e abominar a Poluição.
Não faltam as chamadas causas nobres, logo puxadas a si pelas máquinas partidárias, sempre prontas a tirar delas dividendos: a Paz e a Natureza são hoje das mais propaladas, mas não menos dignas de amores e favores são, outrossim, a Criança, a Juventude, a Música, o Património Cultural, as Energias solares, o Artesanato, etc
Exércitos de salvação, por seu turno, extremamente bem intencionados, andam por este tempo e mundo de lança na mão, investindo contra os maus da Fita: a Fome, a Poluição, o Tabagismo, a Droga, a Prostituição, o Cancro, a Infidelidade Conjugal, os Lixos nauseabundos, etc .
Esta divisão do Mundo em Bons e Maus, parece-me demasiado simples e simplória para ser verdade.
Como demasiado simplório me parece que uma causa, só porque é justa, possa discricionariamente e demagogicamente ser instrumentalizada por qualquer, sem mãos nem moral para pegar nela.
Confundir-se a legitimidade de uma causa - em favor da Paz ou da Natureza - com aqueles interesses que, sendo exactamente os seus opostos, completamente a instrumentalizam e prostituem, esta e que é a questão,
Do maniqueísmo deles, blocos que dividiram o Mundo em Bons e Maus, não nos façam a nós, simples cidadãos, cúmplices. Assiste-nos um dos direitos fundamentais do Homem: o Não Alinhamento a nenhuma das superpotências nucleares.
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OS ADEPTOS DAS BOAS CAUSAS
19/11/1983 -
«Esta divisão do Mundo em Bons e Maus, parece-me demasiado simples e simplória para ser verdade»
Ora pró ora anti, ora a favor ora contra, não faltam beneméritas cruzadas na sociedade industrial onde exactamente os direitos mais elementares do Homem e da Natureza são constantemente violentados.
Ninguém de bom coração - que afinal somos todos, no remanso doméstico, no calorzinho do nosso borralho íntimo - contestará a licitude e a legitimidade indiscutíveis de coisas tão belas, tão boas, tão justas como defender a paz e atacar a guerra, proteger a Natureza e abominar a Poluição.
Não faltam as chamadas causas nobres, logo puxadas a si pelas máquinas partidárias, sempre prontas a tirar delas dividendos: a Paz e a Natureza são hoje das mais propaladas, mas não menos dignas de amores e favores são, outrossim, a Criança, a Juventude, a Música, o Património Cultural, as Energias solares, o Artesanato, etc
Exércitos de salvação, por seu turno, extremamente bem intencionados, andam por este tempo e mundo de lança na mão, investindo contra os maus da Fita: a Fome, a Poluição, o Tabagismo, a Droga, a Prostituição, o Cancro, a Infidelidade Conjugal, os Lixos nauseabundos, etc .
Esta divisão do Mundo em Bons e Maus, parece-me demasiado simples e simplória para ser verdade.
Como demasiado simplório me parece que uma causa, só porque é justa, possa discricionariamente e demagogicamente ser instrumentalizada por qualquer, sem mãos nem moral para pegar nela.
Confundir-se a legitimidade de uma causa - em favor da Paz ou da Natureza - com aqueles interesses que, sendo exactamente os seus opostos, completamente a instrumentalizam e prostituem, esta e que é a questão,
Do maniqueísmo deles, blocos que dividiram o Mundo em Bons e Maus, não nos façam a nós, simples cidadãos, cúmplices. Assiste-nos um dos direitos fundamentais do Homem: o Não Alinhamento a nenhuma das superpotências nucleares.
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