NOTÍCIAS DA FRENTE - 1982
82-11-19-oj=o jornal-mep-5-oj
ECOLOGIA:RELIGIÃO DO SÉCULO XXI (*)
(*) Este artigo de Clara Pinto Correia foi publicado no semanário «O Jornal» (Lisboa),19-11-1982
«Pára, Terra, que eu me quero apear!» - gritam, escrevem, entre a denúncia e a súplica: um alerta nas paredes ou um protesto nas manifestações. São os mentores da alternativa, os que professam já hoje, e com carácter de urgência, o que os perscrutadores do futuro consideram que será a grande e verdadeira religião do próximo século: quando for maior a esperança de vida média individual mas cada vez mais iminente a explosão das disputas catastróficas que em minutos deixarão o planeta deserto e árido para sempre, quando as brechas já hoje tão visíveis nos processos mentais, sociais e políticos, que ainda nos regem tiverem crescido de forma a desmoronar todo o edifício e do desencanto generalizado que já se faz sentir tiver nascido uma nova militância - então terá soado a hora da Ecologia antes de todos os outros valores.
«Cremos continuar vivos!» - e o brado mobiliza a Europa, depois os States de Reagan. Em Stuttgard nascem «Die Gruenen», primeira onda da «maré verde» que desagua em breve, por todos os países vizinhos em crise de crescimento e de confiança, em tempo de busca de alternativas.
Há já muitos anos que René Dumont criara escola ao levantar pela primeira vez o véu do vandalismo bárbaro por trás da exportação descoordenada e egoísta de tecnologia despropositada para os países subdesenvolvidos, a abastança dos EUA a obrigar à pilhagem da América Latina. Os Verdes dirão logo de início: «os nossos esforços de paz são também para o Terceiro Mundo.
O poder político não sabe que fazer com eles. Os conservadores chamam-lhes idiotas ao serviço de Moscovo. A resposta é firme - se não nos levarem a sério tornaremos este país ingovernável.. A luta contra a construção de uma nova pista no enorme aeroporto de Frankfurt, facilitando sobretudo as operações militares e destruindo o último reduto de floresta que tornava ainda minimamente humana a vida entre pólos industriais maciços, com as suas cabanas levantadas entre as árvores para sediar os defensores da mata, a longa resistência que fundiu tendências e escalões etários, foi uma batalha perdida mas também o firmar de uma implantação impossível de ignorar: um saldo, em fins de 1982, de seis parlamentos regionais na RFA com representantes ecologistas (rotativamente substituídos para que nenhum tome o gosto pelo poder), a situação de terceira força política. Schmidt corrigiu sensivelmente o seu discurso em relação àqueles que começara por atacar frontalmente. Willy Brandt namorou-os, num tipo de jogada que se tornou cortante.
A eles se juntam religiosos e juventudes dos partidos tradicionais para desfilar nas ruas de capital em capital, atacando cimeiras dos grandes ou encontros da NATO.
«É necessário dar à vida o que se gasta com a morte»: de Nova Iorque com Jill Claibourg a Estocolmo com Liv Ullman, em Paris para condenar a política dos EUA, da URSS, da França, da China e da Grã-Bretanha, como em Varsóvia para apoiar um «Solidariedade» nascente. Quando os norte-americanos, bombardeados sistematicamente com a publicidade à ideia de que uma guerra nuclear é perfeitamente limitável e humanamente viável, lembram que está já armazenado no mundo inteiro um poder explosivo um milhão de vezes superior ao da bomba de Hiroshima, e formam o seu primeiro movimento antinuclear, contam logo à partida com vinte milhões de aderentes.
E quando o movimento Green Peace, sediado no Reino Unido para rapidamente se ramificar, abre as grandes campanhas em defesa das baleias, e lança o seu navio «Sirius» em cruzada contra os cargueiros vindos de cinturas industriais cinzentas despejar no Atlântico o lixo radioactivo das centrais do mundo desenvolvido, a imprensa internacional de grande tiragem dá-lhe já as suas primeiras páginas.
MOVIMENTAÇÕES PORTUGUESAS
Em Portugal foram acordando os primeiros alarmes. Festivais ecológicos nas Caldas da Rainha ou no Parque Eduardo VII para sacudir o torpor e remover aos poucos a surpresa. Os primeiros sóis vermelhos a rir nas lapelas em fundo amarelo.
A aparência das pretensões do PPM, que tentou para a direita um espaço noutros países, sateliza situado à esquerda, não resistiu às provas.
Em Ferrel projectou-se a instalação de uma central nuclear: Fausto gravou «Rosalina, se tu fores à praia», carregaram-se as mochilas de Ervidel a A-dos-Cunhados, o acampamento foi a nossa primeira e ainda incipiente aprendizagem (olhos redondos de espanto ou brilhantes de troça para os espanhóis que armaram as bancas mal chegaram, os alemães que cortaram a instalação sonora para não ouvirem música do imperialismo) da condução destas novas lutas.
Foi há muito, muito tempo, quando despertávamos para estes caminhos. A central não se fez em Ferrel. Hoje é em Sayago que se concentra a energia dos grupos ecológicos do Norte, enquanto os espanhóis se juntam repetidamente em Cáceres para protestar contra a reabertura de Almaraz, também à beira do Tejo, já por duas vezes encerrada por motivos de segurança.
Em Viana do Castelo, a oposição foi firme: não haverá central térmica. Em Coruche e Salvaterra são as Câmaras que fazem soar o alarme e impedem a implantação do maior complexo de produção de pasta de papel do País, em concelhos que sofrem já a conquista crescente do eucalipto.
Em Sines, o mar banha agora as obras de um complexo ambiciosa acompanhado desde a nascença pelos laivos incómodos do projecto malogrado, que ninguém ainda explicou com clareza a que é que se destina exactamente. O peixe sabe a petróleo. Numa greve que tem a adesão de 90 por cento dos interessados, os pescadores bloqueiam o porto industrial durante catorze horas: conseguem da Petroquímica e do gabinete da Área de Sines um acordo escrito com vista a minimizar os efeitos da poluição nas águas. Nos liceus, este é o novo móbil dos movimentos associativos. Organiza-se o dia do Tejo.
Em Dezembro, são 1500 a integrar a Marcha da Juventude pela Paz: «AEIOU, metam as bombas no cu.»
Muito lentamente, vai-se tornando colectiva esta nova consciência. Então, no fim do Verão, a notícia chega - inesperada: Portugal tem agora um Partido Verde. Movimento Ecológico Português, em ante-título.
A MENTIRA DO LINCE E O MISTÉRIO DOS «VERDES»
O tema do «Partido Melancia», verde por fora, vermelho por dentro, foi já largamente glosado. Para as verdadeiras intenções deste grupo de desconhecidos nos meios ligados a estas áreas, de contacto difícil e declarações escassas, que «O Jornal» tentou sem êxito entrevistar, foram já adiantadas hipóteses de ordem diversa.
Rui Nunes Castelhano, um dos porta-vezes do PV, disse já em entrevista que «é falso que sejamos da APU». Mas os grupos ecologistas insistem no seu ataque. Acusam um programa ambíguo e muitas vezes pouco compreensível, expresso numa terminologia estranhamente híbrida - e, antes de mais nada, criticam a frouxidão do ataque ao nuclear. Estão contra o Partido «Os Verdes» como estiveram contra a «Marcha da Paz» de Janeiro, contra a falta de clareza destes propósitos como contra a subtil mas significativa alteração que os manifestantes de Janeiro introduziram no dístico do sol risonho, de «energia nuclear, não obrigado» para «armas nucleares, não obrigado».
O Grupo Ecológico de Lagos considerou-o «uma aberração», já que «a humanização do nosso planeta não passa pela formação de partidos». O Grupo Ecológico de Portimão juntou-se à condenação, considerando que «nisto da Ecologia é como em relação a tudo o resto: há quem cá de alma e coração para servir a causa da conservação e protecção da Natureza, mas também começa a haver quem cá ande por questões de oportunidade, para se servir dessa mesma causa».
O protesto, pelo menos a desconfiança, varreu o país de Sul a Norte.
Muitos dos que já há anos militam nesta área são unânimes a considerar que chegou o momento de finalmente se criar um verdadeiro Partido Ecológico.
«Andamos há anos a discutir se devemos formar um partido ou não, e acabávamos sempre a achar que não era o caminho certo. Mas agora, para desmascarar este, para que ninguém se deixe iludir e possa ter alternativas, talvez seja a única solução. Porque não há qualquer dúvida: aquele PV é uma mentira!»
Outros hesitam em empregar um termo tão frontal, mas revelam, pelo menos, a existência de mentiras parcelares. A direcção da Liga para a Protecção da Natureza, por exemplo, ainda não se recompôs do espanto de ver aparecer, na lista dos apoiantes do Partido Verde, a «Campanha Salvemos o Lince e a Serra da Malcata»...
«Lançámos a campanha em 1979, e tivemos depois o apoio do Serviço Nacional de Parques Reservas e Património Paisagístico, dos então Serviços Florestais, e, mais tarde, do Núcleo de Estudos e Protecção da Vida Selvagem, no Porto. Mesmo que alguém de alguns destes organismos tivesse, a título particular, apoiado o Partido Verde, era absolutamente abusivo usar o nome da campanha. E é, além disso, absolutamente ridículo, porque a campanha foi oficialmente encerrada há já mais de um ano, quando se entregaram as assinaturas na Presidência da República!»
ECOLOGIA E ECOLOGISMO
A Liga para a Protecção da Natureza tem várias décadas de antiguidade. Fundaram-na os nomes conceituados das Ciências Naturais, para espaço de informação e discussão. Continuaram-na contingentes sucessivos de estudantes e investigadores, até ao grande «boom» de expansão nas escolas nos últimos anos. A educação é, de resto, neste momento, uma das actividades primordiais da LPN, que edita textos, promove programas de esclarecimento sobre os problemas relacionados com a Conservação da Natureza, organiza visitas, passeios e conferências. Entretanto, edita a revista Bios, para os sócios, e o Boletim, que só publica trabalhos originais; representa em Portugal a União Internacional da Conservação da Natureza, do Conselho da Europa; e deverá passar a representar também o World Wildlife Fund - o panda dentro do círculo de fundo verde em emblema da organização sediada na Suíça e largamente implantada pelo mundo para estudar, proteger e sensibilizar a opinião pública para o problema das espécies ameaçadas de extinção.
Uma actividade estritamente dentro do âmbito do rigor científico: «é preciso deixar
bem clara a distinção entre a ecologia, de que nos ocupamos, e o ecologismo.»
Para a ecologia, desde a antiga definição de «estudo das interacções entre os organismos vivos e o seu meio, há o estatuto estabelecido de disciplina científica, leccionável nas escolas sob várias subdivisões específicas, objecto de teses de licenciatura ou doutoramento, computadorizável, traduzível em gráficos e modelos matemáticos. Do ecologismo serão então os tantos e tantos pequenos grupos em efervescência pelo país: do caloroso, do emocional, do intrinsecamente ligado à aspiração de um modelo novo de vida.
VIDAS EFÉMERAS
Um levantamento recente da Comissão Nacional do Ambiente indicava a existência de cerca de 75 destes grupos, do comité de luta contra a poluição de uma ribeira local aos redactores de um jornal regional todo feito sob a perspectiva ecológica.
Os nomes recentemente alinhados em duas longas listas pela revista Naturalia, da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, apontavam para números muito semelhantes: excluindo os organismos estatais que têm a seu cargo questões dentro desta área, dos Serviços de Caça ao Centro de Estudos de Migrações e Protecção de Aves, são cada vez mais numerosas as organizações que particularmente se tentam delinear em prol do sol que ri.
No entanto, a maioria destes grupos tem uma vida efémera: muitos não dispõem de qualquer estrutura organizativa, numerosos são os que se fragmentam cedo e entram em subdivisões até à exaustão.
E são um largo mundo em que muitas correntes cabem. Os radicais praticarão alimentação macrobiótica, recusarão a medicina tradicional, investirão na agricultura biológica. Lêem os livros que detalhadamente explicam as vantagens do semicúpio, as técnicas da acupunctura, os segredos da divisão do corpo em meridianos. Sabem massajar o dedo grande do pé para curar dores no pâncreas, experimentaram os benefícios da argila, assumem sem pestanejar que muito contribuem para o equilíbrio do corpo as caminhadas sem roupa sobre a relva aos primeiros alvores da manhã depois das chuvas.
Os místicos entroncarão na ecologia primordialmente pelas sinuosas vias do interior, a meditação sob filosofias diversas. Outros virão reivindicar-lhe o macio prazer do `haxe' antes de mais nada. Ao som de Milton Nascimento, por exemplo.
Depois, as ligações são rápidas. O restaurante macrobiótico da Unimave servirá de sede durante todo o processo de arranque à Associação Livre dos Objectores e Objectoras de Consciência. O Comité Antinuclear de Lisboa, depois os Amigos da Terra, funcionarão inicialmente nas instalações do restaurante macrobiótico Espiral. Os dois primeiros números da revista «O Ecologista», com colaboradores diversos, iniciativa do CAL e da Sociedade Portuguesa de Naturologia, dedicar-se-ão ao alerta contra as centrais nucleares e o desaparecimento das baleias, ao mesmo tempo que, entre uma citação de Fernando Pessoa («pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares. Parecem ter medo da polícia») e o «Gemido da árvore», de Gomes Leal, referem a criação da ALOOC, focam o esperanto em artigo de uma página e noticiam o início de um curso rápido, e anunciam a morte do italiano Lanza del Vasto, criador da Ordem da Arca para uma tentativa comunitária de vida na não-violência.
DEPOIS DE THREE MILE ISLAND
João conhece de cor esta história imbrincada, que percorreu durante anos. E diz, antes de mais nada:
«O movimento ecológico é espontâneo. Nasce apenas da necessidade que as pessoas têm de procurar um ambiente mais aceitável para viverem, e não pode ser organizado, de forma nenhuma.»
«De um modo geral, todos os grupos se formaram em torno de questões concretas» - depois do acidente de Three Mile Island, a partir de uma reunião organizada em Junho de 81 no Centro Nacional de Cultura por Afonso Cautela, o eterno paladino da causa, Fernando Pessoa, antigo director do Serviço Nacional de Parques e Reservas, e Delgado Domingos, professor do Instituto Superior Técnico, nasce o Comité Antinuclear de Lisboa.
«Eles tinham, sobretudo muita informação sobre a questão nuclear, acumulada pelo seu tipo de actividade, sobretudo o Afonso Cautela, que podia guardar os telexes que lhe chegavam das agências e não eram publicados. A primeira ideia era até constituir-se um Centro de Informação Alternativa, mas isso depois deu muitas voltas...» .
Os assistentes sentiram, sobretudo, a necessidade de acções imediatas.
«Naquela altura, o acidente nuclear era novo. Era a primeira vez que se ouvia falar nisso, se bem que, a seguir, os técnicos americanos tenham noticiado uma série de acidentes anteriores a Three Mile Island. Sentimos necessidade de criar um grupo que alertasse a opinião pública, que organizasse manifestações em 3 de Junho, o Dia Antinuclear, por exemplo.»
Seguiram-se as reuniões, «e começaram a aparecer pessoas para trabalhar connosco, sobretudo miúdos, cheios de entusiasmo.» Foram com máscaras de oxigénio para a porta do cinema que estreava «O Síndroma da China» distribuir panfletos. Organizaram o Festival da Primavera no Parque Eduardo VII para 4 mil pessoas, aonde os UHF actuaram pela primeira vez ao ar livre».
Inicialmente, sob o tecto do «Espiral», mais tarde numa sala das instalações da Base-FUT, apostada desde o início em abrir o seu espaço a grupos e projectos desabrigados, por onde passam de «turistas de esquerda» de pé mais que descalço a apoiantes holandesas do Sindicato do Serviço Doméstico - e onde os Amigos da Terra permanecem activos..
«Na altura, éramos cerca de vinte. Ligámo-nos ao `Green Peace', até vieram cá uns gajos, porque também pegámos na questão das baleias. Queríamos fazer uma manifestação com uma baleia gigantesca, mas não tínhamos sítio onde houvesse espaço para a montar...»
No intervalo das aulas ou no sábado à tarde, «íamos para lá fazer cartazes e discutir coisas»: o CAL «não era um grupo na verdadeira acepção da palavra, fazíamos questão em não ter organização, só tínhamos actividades coordenadas quando apareciam questões pontuais».
Porque «um gajo dizer o que é que devemos fazer é muito contrário aos nossos ideais».
Dos que procuravam uma actividade mais organizada, travando conhecimento ao longo dos complicados processos de reuniões e policopiadores para constituição dos centros de documentação («são uma espécie de segredo de Estado dos grupos - cada um procura ter o seu mais completo, com coisas mais raras»), acabariam por nascer os Amigos da Terra, uma organização legalizada, com estatutos aprovados e actividade editorial com a regularidade possível. João também os integrou. «Tirando mesmo ao princípio, não houve rivalidade. O CAL ainda funcionou com material deles. Nem sequer tínhamos dinheiro para nos legalizarmos...»
O ÚLTIMO TERRENO VAGO
A ecologia, dizem os seus militantes, «é o último terreno vago». Na ressaca das grandes euforias multipartidárias do pós 25 de Abril, quando marxistas leninistas e revisionistas, maoistas e esquerdas socialistas, acordaram com o desencanto a fazer pesar mais o cansaço - aqui estava a nova alternativa, ainda toda por explorar.
«Eu, por exemplo, estava na FEC(m-l) e já me interessava pelo problema da extinção das espécies. Era como se levasse uma verdadeira vida dupla!»
O Movimento Ecológico Português, de Afonso Cautela («ele sempre defendeu isso de os ecologistas formarem um partido») podia então ter sido o grande canalizador de energias órfãs, «mas ele extinguiu-o muito cedo, porque ninguém pagava as quotas».
Pedro fez o mesmo percurso que João: já na UJCR, depois da UDP, escrevia sobre energias alternativas. «A primeira vez que vi escrito numa parede `nem comunismo nem capitalismo', fiquei muito espantado. Demorei tempo a perceber que o ecologismo contraria tanto um sistema como outro. Tudo o que seja limitar zonas para desenvolvimento industrial e zonas para reservas naturais é ridículo. Não é isso que nós queremos. Queremos um equilíbrio global, uma nova forma de vida. Durante muito tempo, pensei que, de qualquer forma, era preciso resolver primeiro os problemas materiais do povo. Depois achei que também não era a UJCR que os ia resolver... »
A última referência de Pedro, João, e os outros que os ouviam, vai inevitavelmente para o Partido Verde: lembram que o ecologismo é o espírito crítico, a espontaneidade e a alegria - e onde estão eles nestes ambíguos desconhecidos? Rejeitam-nos como, em tempos, rejeitaram o «namoro» que lhes fez o PPM. E continuam a escrever na contracapa dos seus boletins policopiados - «Vem, vamos embora, que esperar não é saber...»
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ECOLOGIA:RELIGIÃO DO SÉCULO XXI (*)
(*) Este artigo de Clara Pinto Correia foi publicado no semanário «O Jornal» (Lisboa),19-11-1982
«Pára, Terra, que eu me quero apear!» - gritam, escrevem, entre a denúncia e a súplica: um alerta nas paredes ou um protesto nas manifestações. São os mentores da alternativa, os que professam já hoje, e com carácter de urgência, o que os perscrutadores do futuro consideram que será a grande e verdadeira religião do próximo século: quando for maior a esperança de vida média individual mas cada vez mais iminente a explosão das disputas catastróficas que em minutos deixarão o planeta deserto e árido para sempre, quando as brechas já hoje tão visíveis nos processos mentais, sociais e políticos, que ainda nos regem tiverem crescido de forma a desmoronar todo o edifício e do desencanto generalizado que já se faz sentir tiver nascido uma nova militância - então terá soado a hora da Ecologia antes de todos os outros valores.
«Cremos continuar vivos!» - e o brado mobiliza a Europa, depois os States de Reagan. Em Stuttgard nascem «Die Gruenen», primeira onda da «maré verde» que desagua em breve, por todos os países vizinhos em crise de crescimento e de confiança, em tempo de busca de alternativas.
Há já muitos anos que René Dumont criara escola ao levantar pela primeira vez o véu do vandalismo bárbaro por trás da exportação descoordenada e egoísta de tecnologia despropositada para os países subdesenvolvidos, a abastança dos EUA a obrigar à pilhagem da América Latina. Os Verdes dirão logo de início: «os nossos esforços de paz são também para o Terceiro Mundo.
O poder político não sabe que fazer com eles. Os conservadores chamam-lhes idiotas ao serviço de Moscovo. A resposta é firme - se não nos levarem a sério tornaremos este país ingovernável.. A luta contra a construção de uma nova pista no enorme aeroporto de Frankfurt, facilitando sobretudo as operações militares e destruindo o último reduto de floresta que tornava ainda minimamente humana a vida entre pólos industriais maciços, com as suas cabanas levantadas entre as árvores para sediar os defensores da mata, a longa resistência que fundiu tendências e escalões etários, foi uma batalha perdida mas também o firmar de uma implantação impossível de ignorar: um saldo, em fins de 1982, de seis parlamentos regionais na RFA com representantes ecologistas (rotativamente substituídos para que nenhum tome o gosto pelo poder), a situação de terceira força política. Schmidt corrigiu sensivelmente o seu discurso em relação àqueles que começara por atacar frontalmente. Willy Brandt namorou-os, num tipo de jogada que se tornou cortante.
A eles se juntam religiosos e juventudes dos partidos tradicionais para desfilar nas ruas de capital em capital, atacando cimeiras dos grandes ou encontros da NATO.
«É necessário dar à vida o que se gasta com a morte»: de Nova Iorque com Jill Claibourg a Estocolmo com Liv Ullman, em Paris para condenar a política dos EUA, da URSS, da França, da China e da Grã-Bretanha, como em Varsóvia para apoiar um «Solidariedade» nascente. Quando os norte-americanos, bombardeados sistematicamente com a publicidade à ideia de que uma guerra nuclear é perfeitamente limitável e humanamente viável, lembram que está já armazenado no mundo inteiro um poder explosivo um milhão de vezes superior ao da bomba de Hiroshima, e formam o seu primeiro movimento antinuclear, contam logo à partida com vinte milhões de aderentes.
E quando o movimento Green Peace, sediado no Reino Unido para rapidamente se ramificar, abre as grandes campanhas em defesa das baleias, e lança o seu navio «Sirius» em cruzada contra os cargueiros vindos de cinturas industriais cinzentas despejar no Atlântico o lixo radioactivo das centrais do mundo desenvolvido, a imprensa internacional de grande tiragem dá-lhe já as suas primeiras páginas.
MOVIMENTAÇÕES PORTUGUESAS
Em Portugal foram acordando os primeiros alarmes. Festivais ecológicos nas Caldas da Rainha ou no Parque Eduardo VII para sacudir o torpor e remover aos poucos a surpresa. Os primeiros sóis vermelhos a rir nas lapelas em fundo amarelo.
A aparência das pretensões do PPM, que tentou para a direita um espaço noutros países, sateliza situado à esquerda, não resistiu às provas.
Em Ferrel projectou-se a instalação de uma central nuclear: Fausto gravou «Rosalina, se tu fores à praia», carregaram-se as mochilas de Ervidel a A-dos-Cunhados, o acampamento foi a nossa primeira e ainda incipiente aprendizagem (olhos redondos de espanto ou brilhantes de troça para os espanhóis que armaram as bancas mal chegaram, os alemães que cortaram a instalação sonora para não ouvirem música do imperialismo) da condução destas novas lutas.
Foi há muito, muito tempo, quando despertávamos para estes caminhos. A central não se fez em Ferrel. Hoje é em Sayago que se concentra a energia dos grupos ecológicos do Norte, enquanto os espanhóis se juntam repetidamente em Cáceres para protestar contra a reabertura de Almaraz, também à beira do Tejo, já por duas vezes encerrada por motivos de segurança.
Em Viana do Castelo, a oposição foi firme: não haverá central térmica. Em Coruche e Salvaterra são as Câmaras que fazem soar o alarme e impedem a implantação do maior complexo de produção de pasta de papel do País, em concelhos que sofrem já a conquista crescente do eucalipto.
Em Sines, o mar banha agora as obras de um complexo ambiciosa acompanhado desde a nascença pelos laivos incómodos do projecto malogrado, que ninguém ainda explicou com clareza a que é que se destina exactamente. O peixe sabe a petróleo. Numa greve que tem a adesão de 90 por cento dos interessados, os pescadores bloqueiam o porto industrial durante catorze horas: conseguem da Petroquímica e do gabinete da Área de Sines um acordo escrito com vista a minimizar os efeitos da poluição nas águas. Nos liceus, este é o novo móbil dos movimentos associativos. Organiza-se o dia do Tejo.
Em Dezembro, são 1500 a integrar a Marcha da Juventude pela Paz: «AEIOU, metam as bombas no cu.»
Muito lentamente, vai-se tornando colectiva esta nova consciência. Então, no fim do Verão, a notícia chega - inesperada: Portugal tem agora um Partido Verde. Movimento Ecológico Português, em ante-título.
A MENTIRA DO LINCE E O MISTÉRIO DOS «VERDES»
O tema do «Partido Melancia», verde por fora, vermelho por dentro, foi já largamente glosado. Para as verdadeiras intenções deste grupo de desconhecidos nos meios ligados a estas áreas, de contacto difícil e declarações escassas, que «O Jornal» tentou sem êxito entrevistar, foram já adiantadas hipóteses de ordem diversa.
Rui Nunes Castelhano, um dos porta-vezes do PV, disse já em entrevista que «é falso que sejamos da APU». Mas os grupos ecologistas insistem no seu ataque. Acusam um programa ambíguo e muitas vezes pouco compreensível, expresso numa terminologia estranhamente híbrida - e, antes de mais nada, criticam a frouxidão do ataque ao nuclear. Estão contra o Partido «Os Verdes» como estiveram contra a «Marcha da Paz» de Janeiro, contra a falta de clareza destes propósitos como contra a subtil mas significativa alteração que os manifestantes de Janeiro introduziram no dístico do sol risonho, de «energia nuclear, não obrigado» para «armas nucleares, não obrigado».
O Grupo Ecológico de Lagos considerou-o «uma aberração», já que «a humanização do nosso planeta não passa pela formação de partidos». O Grupo Ecológico de Portimão juntou-se à condenação, considerando que «nisto da Ecologia é como em relação a tudo o resto: há quem cá de alma e coração para servir a causa da conservação e protecção da Natureza, mas também começa a haver quem cá ande por questões de oportunidade, para se servir dessa mesma causa».
O protesto, pelo menos a desconfiança, varreu o país de Sul a Norte.
Muitos dos que já há anos militam nesta área são unânimes a considerar que chegou o momento de finalmente se criar um verdadeiro Partido Ecológico.
«Andamos há anos a discutir se devemos formar um partido ou não, e acabávamos sempre a achar que não era o caminho certo. Mas agora, para desmascarar este, para que ninguém se deixe iludir e possa ter alternativas, talvez seja a única solução. Porque não há qualquer dúvida: aquele PV é uma mentira!»
Outros hesitam em empregar um termo tão frontal, mas revelam, pelo menos, a existência de mentiras parcelares. A direcção da Liga para a Protecção da Natureza, por exemplo, ainda não se recompôs do espanto de ver aparecer, na lista dos apoiantes do Partido Verde, a «Campanha Salvemos o Lince e a Serra da Malcata»...
«Lançámos a campanha em 1979, e tivemos depois o apoio do Serviço Nacional de Parques Reservas e Património Paisagístico, dos então Serviços Florestais, e, mais tarde, do Núcleo de Estudos e Protecção da Vida Selvagem, no Porto. Mesmo que alguém de alguns destes organismos tivesse, a título particular, apoiado o Partido Verde, era absolutamente abusivo usar o nome da campanha. E é, além disso, absolutamente ridículo, porque a campanha foi oficialmente encerrada há já mais de um ano, quando se entregaram as assinaturas na Presidência da República!»
ECOLOGIA E ECOLOGISMO
A Liga para a Protecção da Natureza tem várias décadas de antiguidade. Fundaram-na os nomes conceituados das Ciências Naturais, para espaço de informação e discussão. Continuaram-na contingentes sucessivos de estudantes e investigadores, até ao grande «boom» de expansão nas escolas nos últimos anos. A educação é, de resto, neste momento, uma das actividades primordiais da LPN, que edita textos, promove programas de esclarecimento sobre os problemas relacionados com a Conservação da Natureza, organiza visitas, passeios e conferências. Entretanto, edita a revista Bios, para os sócios, e o Boletim, que só publica trabalhos originais; representa em Portugal a União Internacional da Conservação da Natureza, do Conselho da Europa; e deverá passar a representar também o World Wildlife Fund - o panda dentro do círculo de fundo verde em emblema da organização sediada na Suíça e largamente implantada pelo mundo para estudar, proteger e sensibilizar a opinião pública para o problema das espécies ameaçadas de extinção.
Uma actividade estritamente dentro do âmbito do rigor científico: «é preciso deixar
bem clara a distinção entre a ecologia, de que nos ocupamos, e o ecologismo.»
Para a ecologia, desde a antiga definição de «estudo das interacções entre os organismos vivos e o seu meio, há o estatuto estabelecido de disciplina científica, leccionável nas escolas sob várias subdivisões específicas, objecto de teses de licenciatura ou doutoramento, computadorizável, traduzível em gráficos e modelos matemáticos. Do ecologismo serão então os tantos e tantos pequenos grupos em efervescência pelo país: do caloroso, do emocional, do intrinsecamente ligado à aspiração de um modelo novo de vida.
VIDAS EFÉMERAS
Um levantamento recente da Comissão Nacional do Ambiente indicava a existência de cerca de 75 destes grupos, do comité de luta contra a poluição de uma ribeira local aos redactores de um jornal regional todo feito sob a perspectiva ecológica.
Os nomes recentemente alinhados em duas longas listas pela revista Naturalia, da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, apontavam para números muito semelhantes: excluindo os organismos estatais que têm a seu cargo questões dentro desta área, dos Serviços de Caça ao Centro de Estudos de Migrações e Protecção de Aves, são cada vez mais numerosas as organizações que particularmente se tentam delinear em prol do sol que ri.
No entanto, a maioria destes grupos tem uma vida efémera: muitos não dispõem de qualquer estrutura organizativa, numerosos são os que se fragmentam cedo e entram em subdivisões até à exaustão.
E são um largo mundo em que muitas correntes cabem. Os radicais praticarão alimentação macrobiótica, recusarão a medicina tradicional, investirão na agricultura biológica. Lêem os livros que detalhadamente explicam as vantagens do semicúpio, as técnicas da acupunctura, os segredos da divisão do corpo em meridianos. Sabem massajar o dedo grande do pé para curar dores no pâncreas, experimentaram os benefícios da argila, assumem sem pestanejar que muito contribuem para o equilíbrio do corpo as caminhadas sem roupa sobre a relva aos primeiros alvores da manhã depois das chuvas.
Os místicos entroncarão na ecologia primordialmente pelas sinuosas vias do interior, a meditação sob filosofias diversas. Outros virão reivindicar-lhe o macio prazer do `haxe' antes de mais nada. Ao som de Milton Nascimento, por exemplo.
Depois, as ligações são rápidas. O restaurante macrobiótico da Unimave servirá de sede durante todo o processo de arranque à Associação Livre dos Objectores e Objectoras de Consciência. O Comité Antinuclear de Lisboa, depois os Amigos da Terra, funcionarão inicialmente nas instalações do restaurante macrobiótico Espiral. Os dois primeiros números da revista «O Ecologista», com colaboradores diversos, iniciativa do CAL e da Sociedade Portuguesa de Naturologia, dedicar-se-ão ao alerta contra as centrais nucleares e o desaparecimento das baleias, ao mesmo tempo que, entre uma citação de Fernando Pessoa («pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares. Parecem ter medo da polícia») e o «Gemido da árvore», de Gomes Leal, referem a criação da ALOOC, focam o esperanto em artigo de uma página e noticiam o início de um curso rápido, e anunciam a morte do italiano Lanza del Vasto, criador da Ordem da Arca para uma tentativa comunitária de vida na não-violência.
DEPOIS DE THREE MILE ISLAND
João conhece de cor esta história imbrincada, que percorreu durante anos. E diz, antes de mais nada:
«O movimento ecológico é espontâneo. Nasce apenas da necessidade que as pessoas têm de procurar um ambiente mais aceitável para viverem, e não pode ser organizado, de forma nenhuma.»
«De um modo geral, todos os grupos se formaram em torno de questões concretas» - depois do acidente de Three Mile Island, a partir de uma reunião organizada em Junho de 81 no Centro Nacional de Cultura por Afonso Cautela, o eterno paladino da causa, Fernando Pessoa, antigo director do Serviço Nacional de Parques e Reservas, e Delgado Domingos, professor do Instituto Superior Técnico, nasce o Comité Antinuclear de Lisboa.
«Eles tinham, sobretudo muita informação sobre a questão nuclear, acumulada pelo seu tipo de actividade, sobretudo o Afonso Cautela, que podia guardar os telexes que lhe chegavam das agências e não eram publicados. A primeira ideia era até constituir-se um Centro de Informação Alternativa, mas isso depois deu muitas voltas...» .
Os assistentes sentiram, sobretudo, a necessidade de acções imediatas.
«Naquela altura, o acidente nuclear era novo. Era a primeira vez que se ouvia falar nisso, se bem que, a seguir, os técnicos americanos tenham noticiado uma série de acidentes anteriores a Three Mile Island. Sentimos necessidade de criar um grupo que alertasse a opinião pública, que organizasse manifestações em 3 de Junho, o Dia Antinuclear, por exemplo.»
Seguiram-se as reuniões, «e começaram a aparecer pessoas para trabalhar connosco, sobretudo miúdos, cheios de entusiasmo.» Foram com máscaras de oxigénio para a porta do cinema que estreava «O Síndroma da China» distribuir panfletos. Organizaram o Festival da Primavera no Parque Eduardo VII para 4 mil pessoas, aonde os UHF actuaram pela primeira vez ao ar livre».
Inicialmente, sob o tecto do «Espiral», mais tarde numa sala das instalações da Base-FUT, apostada desde o início em abrir o seu espaço a grupos e projectos desabrigados, por onde passam de «turistas de esquerda» de pé mais que descalço a apoiantes holandesas do Sindicato do Serviço Doméstico - e onde os Amigos da Terra permanecem activos..
«Na altura, éramos cerca de vinte. Ligámo-nos ao `Green Peace', até vieram cá uns gajos, porque também pegámos na questão das baleias. Queríamos fazer uma manifestação com uma baleia gigantesca, mas não tínhamos sítio onde houvesse espaço para a montar...»
No intervalo das aulas ou no sábado à tarde, «íamos para lá fazer cartazes e discutir coisas»: o CAL «não era um grupo na verdadeira acepção da palavra, fazíamos questão em não ter organização, só tínhamos actividades coordenadas quando apareciam questões pontuais».
Porque «um gajo dizer o que é que devemos fazer é muito contrário aos nossos ideais».
Dos que procuravam uma actividade mais organizada, travando conhecimento ao longo dos complicados processos de reuniões e policopiadores para constituição dos centros de documentação («são uma espécie de segredo de Estado dos grupos - cada um procura ter o seu mais completo, com coisas mais raras»), acabariam por nascer os Amigos da Terra, uma organização legalizada, com estatutos aprovados e actividade editorial com a regularidade possível. João também os integrou. «Tirando mesmo ao princípio, não houve rivalidade. O CAL ainda funcionou com material deles. Nem sequer tínhamos dinheiro para nos legalizarmos...»
O ÚLTIMO TERRENO VAGO
A ecologia, dizem os seus militantes, «é o último terreno vago». Na ressaca das grandes euforias multipartidárias do pós 25 de Abril, quando marxistas leninistas e revisionistas, maoistas e esquerdas socialistas, acordaram com o desencanto a fazer pesar mais o cansaço - aqui estava a nova alternativa, ainda toda por explorar.
«Eu, por exemplo, estava na FEC(m-l) e já me interessava pelo problema da extinção das espécies. Era como se levasse uma verdadeira vida dupla!»
O Movimento Ecológico Português, de Afonso Cautela («ele sempre defendeu isso de os ecologistas formarem um partido») podia então ter sido o grande canalizador de energias órfãs, «mas ele extinguiu-o muito cedo, porque ninguém pagava as quotas».
Pedro fez o mesmo percurso que João: já na UJCR, depois da UDP, escrevia sobre energias alternativas. «A primeira vez que vi escrito numa parede `nem comunismo nem capitalismo', fiquei muito espantado. Demorei tempo a perceber que o ecologismo contraria tanto um sistema como outro. Tudo o que seja limitar zonas para desenvolvimento industrial e zonas para reservas naturais é ridículo. Não é isso que nós queremos. Queremos um equilíbrio global, uma nova forma de vida. Durante muito tempo, pensei que, de qualquer forma, era preciso resolver primeiro os problemas materiais do povo. Depois achei que também não era a UJCR que os ia resolver... »
A última referência de Pedro, João, e os outros que os ouviam, vai inevitavelmente para o Partido Verde: lembram que o ecologismo é o espírito crítico, a espontaneidade e a alegria - e onde estão eles nestes ambíguos desconhecidos? Rejeitam-nos como, em tempos, rejeitaram o «namoro» que lhes fez o PPM. E continuam a escrever na contracapa dos seus boletins policopiados - «Vem, vamos embora, que esperar não é saber...»
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