PETRÓLEO 1980
1-4- 80-03-27-ie-em> =ideia ecológica = ecos do mundo - quinta-feira, 2 de Janeiro de 2003-scan
27/Março/1980:
MEMÓRIA DE UMA PLATAFORMA AFUNDADA(*)
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
Depois das catástrofes, é vê-los acusarem-se mutuamente quanto à responsabilidade, à procura da "falha técnica" mas de preferência a "falha humana" que afinal explica tudo.
Desta zaragata entre regateiras, regra geral, não se apura grande coisa: mas a precisão, o rigor, a garantia de segurança que os técnicos responsáveis tinham prometido até à eternidade ficam, regra geral, bastante comprometidos.
Sobre a plataforma "Alexander Kielland", afundada no Mar do Norte, quinta feira, dia 27 de Março de 1980, às 17.30, não faltaram acusações.
A companhia operadora "Phillips Petroleum" nunca chegou a dizer ao certo quantos trabalhadores tinha ao seu serviço na plataforma-hotel, tendo indicado, por várias vezes, números diferentes.
O facto valeu-lhe numerosos críticos, tanto mais que há já dois meses havia um relatório da polícia precisamente no mesmo sentido, relatório do qual a companhia não fez caso.
Por seu turno, "The Observer'', de Londres, citando engenheiros encarregados do controle das plataformas petrolíferas, afirma que nenhum teste sério de resistência dos materiais utilizados para a fabricação dos pilares de suporte tinha sido efectuado.
Note-se que, logo a seguir à catástrofe, não faltaram afirmações quer dos construtores, quer dos técnicos em funções na plataforma, jurando a pés juntos de que o material fora garantido e de que estava previsto para ondas com mais de N metros de altura e ventos com mais de X de velocidade.
Vá lá saber qual das regateiras, afinal, fala verdade.
Mas dissonâncias destas verificam-se em todos os desastres e catástrofes.
Todos estamos lembrados de que foi assim em Seveso, com Three Mile Island, com o BC-10 no aeroporto de Chicago, etc, etc. Eles garantem sempre tudo, e o que é preciso é muita fé na técnica, na ciência, no progresso, nos senhores funcionários de toda esta bagunça.
Dentro de uma semana a plataforma - hotel iria ser substituída por uma nova. Dá que pensar, esta coincidência.
Em Novembro passado teria sido inspeccionada e foi tomada a decisão de a revesar por outra. É porque já não oferecia as necessárias garantias. No entanto, ninguém foi posto em segurança, antes de que se consumasse o desastre. Arriscou-se a deixar tudo na mesma, sem cautelas nem avisos, até ao fim. Até haver 123 mortos.
Isto faz pensar. Tanto mais que os jornais, quer londrinos quer noruegueses, se mostram muito artificialmente empenhados em provar que conhecem a causa: um falou em 40 botijas de gás que teriam explodido, outro, como o "Sunday Express", especula sobre um barco de transporte que teria sido atirado pelas vagas contra os cabos que amarram o pilar à própria estrutura, partindo-se e originando o desmoronamento.
Mas, entretanto, chovem as afirmações dos mais próximos responsáveis pela plataforma, repetindo que o acidente é "impossível", "imprevisível", inexplicável" e "misterioso”.
A plataforma «Alexander Kiellend» estava segura em 50 milhões de dólares (cerca de 2 milhões e 670 mil contos) no mercado norueguês de seguros, mas estava re-segura , em Londres, na Lloyds e em diversas companhias de seguros em dois terços desta soma, soube-se nos meios especializados.
Esta indemnização será paga , quaisquer que sejam as responsabilidades da catástrofe que só poderão ser estabelecidas após inquérito das autoridades norueguesas.
Pelo que assim, com esta notícia, talvez fique mais claro porque ruiu a plataforma e a quem interessava que ela ruísse.
A FÉ (NA TÉCNICA) É QUE NOS SALVA
Há precisamente um ano, em 28 de Março de 1980, era a mesmíssima conversa por causa de Three Mile Island. Ainda hoje não se explica esse acidente "inexplicável", "misterioso", "impossível'. Ainda hoje não se explica como surgiu a bolha de hidrogénio, e muito menos como é que a bolha, por um azar da sorte, em vez de explodir e ter provocado a mais linda catástrofe da história, decidiu descer e, na cama, fazer suspirar de alívio as três centenas de técnicos que entretanto foram de emergência transportados ao local do crime, boquiabertos sem perceber patavina do que se estava passando.
Temos ou não a futurologia científica que merecemos?
Temos ou não motivos para estar confiantes neste pessoal que nos governa e das nossas vidas ou mortes decide?
Temos ou não motivos diários suficientes para nos orgulharmos do progresso?
Mas atenção: a pior catástrofe em plataformas petrolíferas foi também um dos estribilhos mais repetidos pelos "mass media".
Conforme o ponto de vista. Em vidas humanas, talvez: mas em gravidade ecológica, nem pouco mais ou menos.
De três explosões em poços petrolíferos submarinos, que há meses continuam deitando para o mar toneladas de petróleo bruto, temos nós conhecimento.
A última a ser noticiada, curiosamente, foi a de um poço soviético, tendo a Tass escolhido precisamente o momento exacto para o fazer: quando todo o mundo andava cheio com a plataforma do Mar do Norte, a Tass mandou a notícia que naturalmente ficou soterrada (submersa) na montanha diluviana de telexs debitados a propósito do "Alexander Kielland". E depois digam-me que os rapazes não são previstos e não sabem as técnicas todas de "informar com toda a verdade a que temos direito."
A ÉPICA DO PROGRESSO PETROLÍFERO
Tal como em outros desastres de envergadura e à dimensão dos tempos brutalmente progressistas que atravessamos, os jornais não se cansaram de enfatizar: tratava-se da primeira catástrofe em hotéis e também, na Noruega, o desastre em prospecção petrolífera com mais mortos no balanço.
Aliás. Stes «recordes» são sempre anunciados, por toda a Imprensa, com um incontido júbilo. O seu negócio é números.
É a partir de "experiências" como esta, que a humanidade aprende e a tecnologia se aperfeiçoa. Agora, sim, e tal como em Three Mile Island, os técnicos vão poder estudar, in vitro, como as coisas se passam. Na impossibilidade de realizar catástrofes no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, com modelos simulados, só no grande "laboratório da vida", com muitas mortes no prato, a ciência e a tecnologia podem avançar.
Mais: desgraças como esta, onde «só» morreram 123 pessoas, vão encorajar os off-shore
e os in-shore que continuam, por esse mundo fora, a procurar petróleo cada vez mais nas profundas e em regiões do globo cada vez mais inóspitas. É, como diria Baptista, a gesta épica da humanidade na sua marcha para o infinito.
Daí que os jornais noruegueses, 48 horas depois da plataforma sossobrar, tenham começado no que logo se considerou a "polémica sobre a segurança em matéria de prospecções petrolíferas''
A polémica anima muito e se for pré-fabricada dá lucros a todas as partes em litígio.
Em Portugal debate-se " O Crime da Rua das Flores" enquanto as edições se vão esgotando. Na Noruega, a polémica sobre segurança vai fazer passar para segundo plano muitas outras questões. Quem sabe se a indústria nuclear não poderá mesmo ganhar novo alento, agora que ficou à vista como a petro-exploração afinal mata mais e melhor. Quem sabe se, no fundo do pilar e a cortá-lo com uma serra mecânica, não andou mãozinha de eco-terrorista a soldo das multinacionais nuclearistas.
Ouvindo os técnicos - que, sinceramente, não conseguem mesmo atinar na causa, - chegamos a pensar que só uma causa pode ter existido: um bando armado de piolhos verdes, serrando a coluna, e preparando-se para serrar as outras quatro. Mas, contra aquilo também que todos os técnicos tinham jurado, a plataforma que devia ter ficado perfeitamente equilibrada só em quatro pés, virou-se quando lhe faltou um. Vá lá a gente acreditar em pilares.
Claro que, entre as imaginosas causas ventiladas pela imprensa britânica e norueguesa, nem uma só vez passou pelas nórdicas cabecinhas a mais provável das improbabilidades: qualquer movimento da crosta onde assentam os pilares, qualquer dos milhares de abalos sísmicos que por todo o Mundo se verificam, especialmente quando há (como houve, confirmada em notícias) mais uma explosãozinha no atol da Muroroa, seguida ou não de maremoto.
Curioso é que a mais verosímil das hipóteses nunca tivesse sido levantada, nem antes nem depois do pilar partir, com todos a gritar que "o impossível acontecera".
OS MAUSOLÉUS DA CIVILIZAÇÃO
Os quatro cogumelos laranja emergindo à superfície da zona sinistrada, foi uma das imagens mais repetidas pelos repórteres que de helicóptero tiveram ocasião de sobrevoar os despojos da tragédia.
O progresso deixa sempre estes "restos", dificeis de remover.
O "Tollan" no Tejo, continua folhetim.
Folhetim continua esse "mausoleu" chamado central de Three Mile Island, que alguns espertos ainda consideram "recuperável", pronta a funcionar, em breve, outra vez.
Folhetim será ainda, por muito tempo, rebocar ou não rebocar esse monstruoso imóvel de três andares, "Alexander Kielland".
O "derrick" ameaça danificar, no percurso, a rede de «pipe-lines do Mar do Norte" "Rede" é a palavra. E enredados a palavra certa para os "apanhados" desta civilização de mentira, morte, tragédia.
Esta civilização caricata, quando nem sequer percebe ou domina os processos que engendra.
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(*) Este texto de Afonso Cautela terá ficado inédito ou terá sido publicado em «Voz do Povo»
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27/Março/1980:
MEMÓRIA DE UMA PLATAFORMA AFUNDADA(*)
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
Depois das catástrofes, é vê-los acusarem-se mutuamente quanto à responsabilidade, à procura da "falha técnica" mas de preferência a "falha humana" que afinal explica tudo.
Desta zaragata entre regateiras, regra geral, não se apura grande coisa: mas a precisão, o rigor, a garantia de segurança que os técnicos responsáveis tinham prometido até à eternidade ficam, regra geral, bastante comprometidos.
Sobre a plataforma "Alexander Kielland", afundada no Mar do Norte, quinta feira, dia 27 de Março de 1980, às 17.30, não faltaram acusações.
A companhia operadora "Phillips Petroleum" nunca chegou a dizer ao certo quantos trabalhadores tinha ao seu serviço na plataforma-hotel, tendo indicado, por várias vezes, números diferentes.
O facto valeu-lhe numerosos críticos, tanto mais que há já dois meses havia um relatório da polícia precisamente no mesmo sentido, relatório do qual a companhia não fez caso.
Por seu turno, "The Observer'', de Londres, citando engenheiros encarregados do controle das plataformas petrolíferas, afirma que nenhum teste sério de resistência dos materiais utilizados para a fabricação dos pilares de suporte tinha sido efectuado.
Note-se que, logo a seguir à catástrofe, não faltaram afirmações quer dos construtores, quer dos técnicos em funções na plataforma, jurando a pés juntos de que o material fora garantido e de que estava previsto para ondas com mais de N metros de altura e ventos com mais de X de velocidade.
Vá lá saber qual das regateiras, afinal, fala verdade.
Mas dissonâncias destas verificam-se em todos os desastres e catástrofes.
Todos estamos lembrados de que foi assim em Seveso, com Three Mile Island, com o BC-10 no aeroporto de Chicago, etc, etc. Eles garantem sempre tudo, e o que é preciso é muita fé na técnica, na ciência, no progresso, nos senhores funcionários de toda esta bagunça.
Dentro de uma semana a plataforma - hotel iria ser substituída por uma nova. Dá que pensar, esta coincidência.
Em Novembro passado teria sido inspeccionada e foi tomada a decisão de a revesar por outra. É porque já não oferecia as necessárias garantias. No entanto, ninguém foi posto em segurança, antes de que se consumasse o desastre. Arriscou-se a deixar tudo na mesma, sem cautelas nem avisos, até ao fim. Até haver 123 mortos.
Isto faz pensar. Tanto mais que os jornais, quer londrinos quer noruegueses, se mostram muito artificialmente empenhados em provar que conhecem a causa: um falou em 40 botijas de gás que teriam explodido, outro, como o "Sunday Express", especula sobre um barco de transporte que teria sido atirado pelas vagas contra os cabos que amarram o pilar à própria estrutura, partindo-se e originando o desmoronamento.
Mas, entretanto, chovem as afirmações dos mais próximos responsáveis pela plataforma, repetindo que o acidente é "impossível", "imprevisível", inexplicável" e "misterioso”.
A plataforma «Alexander Kiellend» estava segura em 50 milhões de dólares (cerca de 2 milhões e 670 mil contos) no mercado norueguês de seguros, mas estava re-segura , em Londres, na Lloyds e em diversas companhias de seguros em dois terços desta soma, soube-se nos meios especializados.
Esta indemnização será paga , quaisquer que sejam as responsabilidades da catástrofe que só poderão ser estabelecidas após inquérito das autoridades norueguesas.
Pelo que assim, com esta notícia, talvez fique mais claro porque ruiu a plataforma e a quem interessava que ela ruísse.
A FÉ (NA TÉCNICA) É QUE NOS SALVA
Há precisamente um ano, em 28 de Março de 1980, era a mesmíssima conversa por causa de Three Mile Island. Ainda hoje não se explica esse acidente "inexplicável", "misterioso", "impossível'. Ainda hoje não se explica como surgiu a bolha de hidrogénio, e muito menos como é que a bolha, por um azar da sorte, em vez de explodir e ter provocado a mais linda catástrofe da história, decidiu descer e, na cama, fazer suspirar de alívio as três centenas de técnicos que entretanto foram de emergência transportados ao local do crime, boquiabertos sem perceber patavina do que se estava passando.
Temos ou não a futurologia científica que merecemos?
Temos ou não motivos para estar confiantes neste pessoal que nos governa e das nossas vidas ou mortes decide?
Temos ou não motivos diários suficientes para nos orgulharmos do progresso?
Mas atenção: a pior catástrofe em plataformas petrolíferas foi também um dos estribilhos mais repetidos pelos "mass media".
Conforme o ponto de vista. Em vidas humanas, talvez: mas em gravidade ecológica, nem pouco mais ou menos.
De três explosões em poços petrolíferos submarinos, que há meses continuam deitando para o mar toneladas de petróleo bruto, temos nós conhecimento.
A última a ser noticiada, curiosamente, foi a de um poço soviético, tendo a Tass escolhido precisamente o momento exacto para o fazer: quando todo o mundo andava cheio com a plataforma do Mar do Norte, a Tass mandou a notícia que naturalmente ficou soterrada (submersa) na montanha diluviana de telexs debitados a propósito do "Alexander Kielland". E depois digam-me que os rapazes não são previstos e não sabem as técnicas todas de "informar com toda a verdade a que temos direito."
A ÉPICA DO PROGRESSO PETROLÍFERO
Tal como em outros desastres de envergadura e à dimensão dos tempos brutalmente progressistas que atravessamos, os jornais não se cansaram de enfatizar: tratava-se da primeira catástrofe em hotéis e também, na Noruega, o desastre em prospecção petrolífera com mais mortos no balanço.
Aliás. Stes «recordes» são sempre anunciados, por toda a Imprensa, com um incontido júbilo. O seu negócio é números.
É a partir de "experiências" como esta, que a humanidade aprende e a tecnologia se aperfeiçoa. Agora, sim, e tal como em Three Mile Island, os técnicos vão poder estudar, in vitro, como as coisas se passam. Na impossibilidade de realizar catástrofes no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, com modelos simulados, só no grande "laboratório da vida", com muitas mortes no prato, a ciência e a tecnologia podem avançar.
Mais: desgraças como esta, onde «só» morreram 123 pessoas, vão encorajar os off-shore
e os in-shore que continuam, por esse mundo fora, a procurar petróleo cada vez mais nas profundas e em regiões do globo cada vez mais inóspitas. É, como diria Baptista, a gesta épica da humanidade na sua marcha para o infinito.
Daí que os jornais noruegueses, 48 horas depois da plataforma sossobrar, tenham começado no que logo se considerou a "polémica sobre a segurança em matéria de prospecções petrolíferas''
A polémica anima muito e se for pré-fabricada dá lucros a todas as partes em litígio.
Em Portugal debate-se " O Crime da Rua das Flores" enquanto as edições se vão esgotando. Na Noruega, a polémica sobre segurança vai fazer passar para segundo plano muitas outras questões. Quem sabe se a indústria nuclear não poderá mesmo ganhar novo alento, agora que ficou à vista como a petro-exploração afinal mata mais e melhor. Quem sabe se, no fundo do pilar e a cortá-lo com uma serra mecânica, não andou mãozinha de eco-terrorista a soldo das multinacionais nuclearistas.
Ouvindo os técnicos - que, sinceramente, não conseguem mesmo atinar na causa, - chegamos a pensar que só uma causa pode ter existido: um bando armado de piolhos verdes, serrando a coluna, e preparando-se para serrar as outras quatro. Mas, contra aquilo também que todos os técnicos tinham jurado, a plataforma que devia ter ficado perfeitamente equilibrada só em quatro pés, virou-se quando lhe faltou um. Vá lá a gente acreditar em pilares.
Claro que, entre as imaginosas causas ventiladas pela imprensa britânica e norueguesa, nem uma só vez passou pelas nórdicas cabecinhas a mais provável das improbabilidades: qualquer movimento da crosta onde assentam os pilares, qualquer dos milhares de abalos sísmicos que por todo o Mundo se verificam, especialmente quando há (como houve, confirmada em notícias) mais uma explosãozinha no atol da Muroroa, seguida ou não de maremoto.
Curioso é que a mais verosímil das hipóteses nunca tivesse sido levantada, nem antes nem depois do pilar partir, com todos a gritar que "o impossível acontecera".
OS MAUSOLÉUS DA CIVILIZAÇÃO
Os quatro cogumelos laranja emergindo à superfície da zona sinistrada, foi uma das imagens mais repetidas pelos repórteres que de helicóptero tiveram ocasião de sobrevoar os despojos da tragédia.
O progresso deixa sempre estes "restos", dificeis de remover.
O "Tollan" no Tejo, continua folhetim.
Folhetim continua esse "mausoleu" chamado central de Three Mile Island, que alguns espertos ainda consideram "recuperável", pronta a funcionar, em breve, outra vez.
Folhetim será ainda, por muito tempo, rebocar ou não rebocar esse monstruoso imóvel de três andares, "Alexander Kielland".
O "derrick" ameaça danificar, no percurso, a rede de «pipe-lines do Mar do Norte" "Rede" é a palavra. E enredados a palavra certa para os "apanhados" desta civilização de mentira, morte, tragédia.
Esta civilização caricata, quando nem sequer percebe ou domina os processos que engendra.
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(*) Este texto de Afonso Cautela terá ficado inédito ou terá sido publicado em «Voz do Povo»
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