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*DEEP ECOLOGY - NOTE-BOOK OF HOPE - HIGH TIME *ECOLOGIA EM DIÁLOGO - DOSSIÊS DO SILÊNCIO - ALTERNATIVAS DE VIDA - ECOLOGIA HUMANA - ECO-ENERGIAS - NOTÍCIAS DA FRENTE ECOLÓGICA - DOCUMENTOS DO MEP

2006-02-15

NATURISMO 1968

segunda-feira, 14 de Outubro de 2002- prontíssimo a editar com cautelas de algumas partes a censurar sem hesitação antes de seguir on line - 13 páginas - diário de um consumidor de medicinas - dcm68-1 - merge de 4 files wri dcm68-2,3,4 e 5

A CIVILIZAÇÃO COMO DOENÇA(1)E A MISSÃO DA SPN - FUNÇÃO E OBJECTIVOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE NATUROLOGIA EM 1968

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Alienação
Causalidade
Comportamento
Crimes contra a vida
Defesas nervosas
Desintoxicação
desnutrição
Doença-Civilização
Imunidade
Insalubridade do Habitat
Insegurança no trabalho
Íridiagnose
Leis da natureza
Meio anti-natural
Mitos da violência
Palavras-chave (estranhamente) ausentes:
Palavras-chave deste texto antecedente da ecologia humana:
Perspectiva neo-hipocrática
Sinistralidade
Sintomatologia

15/Fevereiro/1968 - (Porque de certo modo fiquei um bocado inquieto com a nossa discordância, venho tentar esclarecer em que ponto reside o atrito das nossas opiniões e como limá-lo.)

Parecendo que não, mas há uma grande diferença entre naturismo e práticas ou técnicas naturistas. Parecendo que não, a questão de terminologia, neste caso, determina as atitudes que podem entrar em choque e em conflito.
A meu ver, se falamos de naturismo, a ideia que prevalece é de retorno à natureza, com a rejeição pura e simples das coisas civilizadas (as boas e as péssimas) : é a vida o mais possível junto do mar, da montanha, do ar puro, das comidas cruas, dos animais nossos irmãos, etc.
Na palavra naturismo contém-se, explícita ou não, toda uma religião de contacto directo com a natureza, que mais cedo ou mais tarde entra em conflito com todas as forças anti-naturais de vida, que o mesmo é dizer, com todas as formas civilizadas: a cidade, a máquina, o trabalho, as casas, o tráfego, as indústrias, os tribunais, a guerra, a economia - e até o livro, a televisão, a imprensa, o cinema, o teatro, as artes, as ciências, as escolas, enfim, a cultura.
O naturismo - por muito moderado que queira fazer-se - tem sempre a tendência, como ismo que é, para o extremo dos extremos - que é exactamente o regresso total à natureza e rejeição total de toda a civilização, de toda a cultura, de todo o artifício.
Ora e verdade é que este retorno à natureza, este naturismo de cunho doutrinal e até religioso, esta opção radical e absoluta, é que pode levar, na Sociedade de Naturologia ou em outro local qualquer onde se fale de coisas naturistas, a extremos fanatistas, na medida em que se põe a funcionar o mecanismo que dá origem a todos os fanatismos e que é confundir uma opção de foro puramente individual, pessoal, íntimo com uma regra de vida comum e em comum, com um estatuto de vida colectiva e para uso simultâneo de várias pessoas.
Quer dizer: o regresso às origens (ao mar, à montanha, ao ar, ao sol) é uma opção quase ao nível religioso ou conversão, na medida em que implica substituir um padrão de vida por outro; e então teremos o eremita, teremos o asceta, teremos aquele estilo de vida que, por definição, é excepção e o facto de ser excepção é que o justifica, o explica.
Pessoalmente, eu creio mesmo que teria inclinações de eremita, que gostaria de dizer adeus ao trabalho, à cidade, à vida complicada e pseudo-civilizada, às escolas, aos livros, às ciências, a todo o artifício e a toda a cultura. Pessoalmente, eu até sonharia com esse paraíso perdido e lamentar-me-ia de não o poder, por enquanto, realizar.
Mas eis que se trata de um problema puramente individual, até porque se trata de uma atitude extremamente individualista, já que no fundo se trata de recusar o convívio humano , a sociedade humana e tudo o que ela engendrou para a vida de relação. E ninguém pode transformar, sob pena de se contradizer pela base, essa opção, essa quimera, esse ideal em regra de vida colectiva.
Ora quando se fala de naturismo , em vez de práticas naturistas, parece-me que há sempre, no fundo, uma ideia individual ao mesmo tempo que individualista, querendo arvorar-se em regra colectiva. E é isso que dá origem aos piores fanatismos. Se prefiro falar de técnicas e de práticas naturistas, não será por casmurrice filológica mas por diferenciação de atitude na abordagem dos problemas relacionados com a sobrevivência e a segurança da nossa causa e da sociedade que a serve.
Na verdade, principalmente naquilo que detestamos, há pontos comuns sobre os quais não é difícil estabelecer uma concordância básica e uma certa comunidade de propósitos; as coisas negativas da civilização gostaríamos todos, igualmente, de as eliminar ; a pestilência do ar e das águas, os tubos de escape, as drogas medicamentosas que criam novas doenças sem curar as antigas, as drogas diabólicas como a talidomida, os pesticidas , os insecticidas, os adubos e os corantes químicos, etc.

O VÍCIO DO TABACO

Mas tentemos ver, com a maior serenidade, o problema do vício do tabaco enquadrado nestes antecedentes . No fundo, o que leva os homens a usar o tabaco , assim como o álcool, assim como o LSD, os estupefacientes e todas as drogas pseudo-medicamentosas, é pura e simplesmente o seu desejo de ser um pouco menos infeliz, a sua necessidade de se defender dos agentes que nesta sociedade-cidade de facto infernal, o agridem.
O homem cria vícios porque sofre, porque é chicoteado, porque a civilização exige dele , não só a mais antinatural das coisas - o trabalho - mas uma sobrecarga de esforços aos quais acaba por sucumbir. O vício não é culpa nem pecado (e tudo estará estragado se virmos o problema por aí) , é uma técnica deficiente de defesa contra os aspectos negativos da civilização, contra a doença no seu mais lato sentido e nas suas formas mais difusas, já que o conceito de doença vai, mais ou menos, identificar-se com o de civilização.

Aqui surge o momento da grande opção : ou se nega pura e simplesmente a civilização-doença e cada um vai para a ilha que tiver mais a jeito imitar o Robinson Crusoé; ou, por falta de ilha, de coragem, de oportunidade, continuamos mergulhados na doença-civilização, interessados acima de tudo em conhecer as técnicas que nos defendem dela. No fundo, é um problema de coexistência com a doença.

Ora a Sociedade Portuguesa de Naturologia , só pode ter um objectivo enquanto Sociedade e colectividade : ensinar, por todos os meios ao seu alcance, a toda a gente as técnicas conhecidas para defender as pessoas das agressões da civilização e as técnicas conhecidas são as várias terapêuticas , da terapêutica alimentar à helioterapia, da fisioterapia à hidroterapia, da magnetoterapia à hipnoterapia, da marcha pedestre ao ioga, da ginástica sueca à acupunctura.
À Sociedade Portuguesa de Naturologia compete ensinar e não evangelizar, compete esclarecer e apontar ao doente os motivos de esperança contra o desespero. Nada pode ela, entretanto, contra os hábitos ou vícios generalizados, contra o tabaco que se consome e gera cancros, contra os pesticidas, contra a cortisona, contra os corantes, contra os gases dos automóveis, contra o ar envenenado, porque mudar a fisionomia das nossas cidades industriais, a anarquia em que se desenvolveu a chamada civilização, compete aos urbanistas e em última análise aos políticos.
Poderá alegar-se que à Sociedade Portuguesa de Naturologia cabe também o papel de, pela teimosia, promover campanhas que pressionem os poderes públicos a tomar medidas não só defensivas da saúde do cidadão mas também repressivas contra os agentes da doença e da morte; porém, nem a repressão resolve , no fundo, nenhum problema de base (que só a política resolveria) , nem me parece que à SPN reste tempo para dedicar a uma tarefa que excede as suas posses, quando é verdade que tem todo um programa concreto a executar , que é ele o de lutar, ensinando, pelos direitos do doente face às agressões do mundo e de uma medicina fundamentalmente errada.
Para já, se eu sei que não pode ser decretado (como pessoalmente desejaria)que todos os automóveis de Lisboa sejam queimados e substituídos por bicicletas (COMO QUEREM os provos de Amsterdão) não me parece viável fazer campanhas contra os automóveis e seus pestilentos escapes: mais urgente e dentro da tarefa que à SPN incumbe, parece-me mais urgente dizer às pessoas intoxicadas (pelo tabaco, sem dúvida) mas - hélas! - por mil outros venenos também: pelos medicamentos, pela imprensa e suas mentiras, pelo cinema e seus mitos, pela literatura e suas quimeras) como deve criar defesas ou curas mais eficazes.

PARA SE TORNAR CREDÍVEL O NATURISMO TEM QUE EVITAR O MORALISMO

Fora do campo terapêutico (ao que suponho) a SPN exorbita das suas funções : não lhe compete fornecer regras de procedimento que não pode tornar exequíveis e que não digam exclusivamente respeito ao homem doente e que deseja tratar-se; repare-se que isto não significa ambicionar torná-lo são, mas apenas ensiná-lo a viver no meio da doença de modo a saber evitá-la e a combatê-la.
Nem sequer compete à SPN obrigar ninguém doente (e que usa o tabaco, o álcool, os medicamentos como terapêuticas que julga boas) a substituir essas pelas terapêuticas que supomos autênticas.
Parece útil limitar e definir a função da SPN , não apenas porque é limitada a nossa capacidade de acção, havendo portanto necessidade de hierarquizar actividades, de forma a começarmos pelo mais importante, deixando o secundário para depois, mas porque definir a função da SPN, limpando-a de pontos doutrinais obscuros ou controversos ao nível da crença (da fé!) é contribuir para o seu prestígio e para a impor nos meios onde a naturologia (muitas vezes por culpa dos seus profetas, demasiado santos para serem homens) é motivo de mofa.
Antes a hostilidade do que a troça, porque, se assim for e quando assim for, é sinal de que a SPN começa a ser tomada a sério, temida e portanto hostilizada.
No entanto, se confundirmos práticas de terapêutica natural com naturismo e naturismo com zoofilia e zoofilia com espiritualismo e espiritualismo com espiritismo, teosofia, ciências ocultas, charlatanismo, vê-se claramente qual é o caminho mais curto para desacreditar uma causa que nada tem, em verdade, de censurável ou de ridículo, de quimérico ou de idealista, e de concorrente às várias místicas do transcendente.
À SPN , creio, não compete, no caso do tabaco para exemplo, nem debelar o mal social que ele representa (porque debelar males sociais compete ao poder político ) nem tão pouco ministrar conselhos de higiene pessoal; quer dizer, ao contrário do que os santos loucos da Liga de Profilaxia Social têm também desejado, não se trata de dizer a toda a gente para se lavar (os pés, o couro cabeludo, as unhas, etc.) porque a porcaria pode dar origem a doenças (piolhos, eczemas, etc.) não se trata de recomendar que não fumem porque sujam os pulmões, os dentes, os dedos, além de prepararem o cancro ; com efeito, os conselhos a posteriori parecem-me inócuos. Prégar que não se fume a pessoas que fumam exactamente por um derivativo, uma necessidade de evasão , um apaziguamento nervoso (ainda que façam tudo isto inconscientes das intenções determinantes) é pregar moral a barrigas vazias , assim como é pregar no vazio fazer campanhas contra a prostituição (como mal social e...como coisa anti-higiénica do ponto de vista pessoal) quando a sociedade de consumo cria todas as condições para a prostituição, e em todos os sectores, nem só o sexual.
Se num eléctrico o «odor corporal» de alguém incomoda, o caminho não é fazer à pessoa em causa um sermão sobre a água e suas vantagens e sobre o uso de back-stick; nem reunir um comício, à noite, para apontar os perigos, vergonhas e misérias do cheiro a sovaco; o caminho, no aspecto das relações humanas, é compreender que vivo entre pessoas imperfeitas (que cheiram a suor, a tabaco, a mijo e até a alho) e que não posso criar uma lei para suprimir da minha vista esses miseráveis mal cheirosos.
A SPN está fadada, creio eu, para maiores feitos: ela será uma escola de boa vontade, de esclarecimento, de lucidez, de respeito pelo próximo e, acima de tudo, animada pela ideia do respeito pelo homem doente que somos todos. Mau ou vicioso (de tabaco, por exemplo) mas doente, apenas doente e sempre doente.
À SPN compete apontar o caminho, não da regeneração moral de ninguém mas da sua recuperação orgânica, da sua cura por terapêuticas racionais. Tornar os corpos menos infelizes, ajudar a minorar a dor física, libertar os indivíduos dos fardos e preconceitos seculares, ajudá-los a recobrar energias para enfrentar esta tão triste civilização de morte e destruição, - eis, creio eu, o modesto, limitado, apagado mas único desiderato da Sociedade Portuguesa de Naturologia.

INDEPENDÊNCIA E COORDENAÇÃO

Há, no entanto, uma coisa que também me parece verdade e quero reconhecer: a SPN bateu-se desde cedo por práticas que, combatidas a princípio e consideradas extravagantes, constituem hoje o campo de acção de outras colectividades, como que destacadas da colectividade-mãe, com sua independência e autonomia: se vemos hoje proliferarem os clubes campistas, as piscinas, os saunas, as clínicas de agentes físicos, os ginásios, os campos de jogos, as termas e até as praias, não pode esquecer-se que a SPN foi pioneira de tudo isso, quando tudo isso era considerado extravagante ocupação de ociosos e malucos.
Mas a verdade é que, se compete à SPN ficar ligada por direito e tradição, a todas essas actividades, não deve ela, nem pode, nostalgicamente, situar-se na primitiva fase de pioneirismo (tudo evolui!) nem reivindicar , ciosamente, para si a exclusiva execução de tarefas que, aliás, lhe seria humanamente impossível de realizar.
Humildemente, a SPN tem aceitado a autonomia dessas actividades mantendo uma espécie de comunidade espiritual com elas. No fundo a SPN é como que o Ministério de Defesa e Propaganda , e também de educação, que preside a esses outros departamentos; se não possui uma efectiva acção coordenadora ou federativa (quem sabe se o poderá ter um dia?) virtualmente pode aceitar o cargo de tornar conhecidas, do ângulo terapêutico (e nunca moral) todas as práticas que ajudem as pessoas a defender-se do meio anti-natural que as cerca.
Assim como, dentro de uma empresa, uma comissão de prevenção de acidentes no trabalho procura ensinar ao operário a defender-se da agressão da máquina, dentro desta grande empresa que é o estado político moderno, a SPN ajuda o «operário» a defender-se dos mil e um mecanismos que o agridem.
Se meditarmos um pouco sobre o que a SPN significa para a saúde e esperança de todos os doentes, e no que se perderia se ela deixasse de existir, surge-nos a uma luz mais forte a evidência de continuá-la e desenvolvê-la, de não a deixar morrer e, antes pelo contrário, de trabalhar com todas as nossas energias e vontade para que ela não morra, para que ela cresça.
Pensemos, por exemplo, que à SPN compete manter a tradição naturopática que é actualmente mantida por raros homens de rara tenacidade e que, por isso, corre o risco de se extinguir com eles. O dr. Indíveri Collucci , mestre de outros mestres que actualmente se consagram à naturopatia, ocupa o lugar de honra, mas a sua obra , se é certo que já criou discípulos, terá também que criar raízes, grupos de apoio, núcleos de simpatizantes e praticantes, apóstolos; esses, terão de congregar-se em volta de um organismo que pode ser, que deve ser a SPN.
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DIGNIFICAR A CAUSA DANDO A CONHECÊ-LA

Pensemos também que são necessárias campanhas de divulgação; criar novos restaurantes de alimentação racional; criar grupos de simpatizantes das ideias naturológicas; criar cursos de cozinha , culinária e dietética racional; criar clínicas de naturopatia; criar grupos de estudiosos que, embora sem formação médica oficial (escolar) , podem e devem ser os auxiliares preciosos dos médicos, quando estes são ainda poucos e raros; criar uma opinião pública esclarecida sobre a verdade da naturopatia, contrariando os vícios mentais e preconceitos ainda correntes a respeito do objectivo, função e ideal da nossa causa; criar serviço de respostas às perguntas dos que desejam ser esclarecidos sobre os mais diversos temas ou conceitos afins da naturologia, criar bibliotecas de obras seleccionadas sobre naturopatia; editar obras antológicas com os melhores e mais actualizados textos de naturologia; criar (ou incentivar a criação) de grupos de prática ioga , grupos de prática campista, grupos de prática pedestrianista; criar (ou contribuir para) uma opinião pública mais informada sobre os perigos da civilização que nos cerca e as maneiras práticas de os evitarmos, de lutarmos contra, ou de nos defendermos deles; criar as condições favoráveis à ideia de cursos, por iniciativa oficial, de dietética, cozinha e culinária racionais.

COORDENAR NÃO É CENTRALIZAR

Pensemos ainda que aos órgãos de imprensa que actualmente servem o movimento naturopático (Natura, Medicina Natural) deve ser criada uma base cada vez mais estável e sólida de sobrevivência , uma coordenação cada vez mais nítida, e que essa base existe na SPN , organismo que sem ambições de federar ou centralizar esses órgãos com independência própria, deve manter com eles laços estreitos de camaradagem e colaboração.
Pensemos também que a Naturopatia é um movimento que serve essencialmente os interesses da saúde, da felicidade, da integridade individual e que, por isso, não contará nunca com o apoio das grandes forças económicas que o exploram. A SPN terá portanto que viver exclusivamente da cooperação entre os associados , representando a força da sua união e a união da sua força.

DAR A PALAVRA AOS DOENTES E SEUS DIREITOS

Não deseja a SPN condenar a autoridade dos médicos que estudaram e se prepararam ao longo de muitos anos para exercer a medicina alopática: não deseja desautorizar ninguém, mas pretende, com todo o direito, dignificar a posição e autoridade do doente frente às arbitrariedades praticadas por certa medicina e por certos médicos.
Há que dar a palavra ao paciente, à vítima, ao sujeito que até agora passivamente se submete à autoridade médica; não para pôr em dúvida essa autoridade mas para reafirmar a qualidade humana do doente e os seus direitos de ser ouvido, respeitado, atendido.
A naturopatia é um movimento que parte essencialmente dos doentes e da sua iniciativa, do seu desejo de ir ao encontro dos médicos, não para os hostilizar mas para deles receber o tratamento adequado.
Pensemos que a SPN reúne exactamente todos os doentes que, estando cônscios dos seus deveres para com a medicina, estão também certos e seguros dos seus direitos; estudaram nos livros e estudaram-se a si próprios; na própria experiência e na experiência alheia ganharam também um pouco de autoridade que desejam ver respeitada e considerada.
Pensemos que a SPN existe para reunir esses doentes que não querem continuar a ser meros sujeitos passivos da medicina, sem opinião e sem vontade.
Além do mais, o nosso tempo e suas urgências , está a multiplicar os cursos rápidos de formação prática, subdivisões de outros cursos mais morosos e onerosos; também a medicina, com a sua pulverização de actividades , está a sentir a necessidade de profissões complementares, em que a formação profissional acelerada terá de surgir e já está surgindo.
Portanto, não é argumento contra a naturopatia o facto de não se possuir diploma de doutoramento em medicina oficial; não só porque há muitos auxiliares e assistentes de profissão médica a quem esse título não é exigido (enfermeiros, analistas, etc.) mas também porque há os direitos inalienáveis do doente a conhecer também as formas de se tratar.
Aliás, a medicina caminha cada vez mais para uma educação do doente, para a sua consciencialização: objectivo supremo que é também o da naturopatia e da SPN, votadas à consciencialização cada vez maior do doente.

O ÂMBITO DAS MATÉRIAS AFINS

Na palavra naturologia congrega-se hoje um corpo definido de conhecimentos e, principalmente, de preceitos profilácticos, higiénicos, clínicos, terapêuticos, que estão dispersos por diversas outras actividades e colectividade , ciências e disciplinas.
A naturologia engloba um conjunto definido mas bastante vasto de objectivos, muitos deles em execução por organismos especializados mas dos quais à SPN compete efectivar a coordenação.
Vejamos que organismos afins são esses e com os quais a SPN , por isso, deseja manter não só boas relações de vizinhança mas identidade de propósitos:
Centros clínicos onde se apliquem agentes fisioterápicos
Clubes de campismo
Clubes-ginásios
Cursos de ioga
Piscinas
Saunas

Por outro lado, que assuntos nos podem dizer respeito e que matérias importam, primordialmente, ao naturologista , entre as muitas que se leccionam por escolas e cursos?
Enumerem-se algumas:
Culinária e alimentação racional(ortotrofia)
Dietética
Higiene
Medicina preventiva
Medicina psicosomática
Tudo isto confere à SPN uma função vasta e complexa mas também selectiva : aproveitando, da perspectiva neo-hipocrática, tudo o que nas ciências auxiliares da medicina (anatomia, anatomia patológica, fisiologia, biologia molecular, química orgânica, bactereologia) constitui matéria de facto, reserva-se a SPN o direito de aproveitar esses conhecimentos em ordem às normas que defende para a arte de curar, inspirada por outros ideais , apoiada em outras técnicas diferentes da terapêutica químico-farmacêutica.
Se os conhecimentos de anatomia patológica (por exemplo) podem servir a um naturologista, se as técnicas de análise e diagnóstico lhe podem ser de grande auxílio, se a biologia esclarece processos orgânicos indispensáveis à ciência trofoterápica, é óbvio que um naturologista rejeita em princípio a medicação química, assim como os restantes tóxicos químicos e alimentares (carne, peixe, álcool, excitantes, profamina, anfetamina, cortisona, etc).
Um naturologista rejeita a carne e o peixe não por princípios metafísicos, postulados a priori, não por fé ou convicção religiosa mas pura e simplesmente por coerência lógica, porque a carne e o peixe se inscrevem entre os alimentos com efeitos intoxicantes secundários; o mesmo para os produtos refinados (açúcar e arroz branco, farinhas brancas), para as frituras e para os molhos; para a levedura prensada; para os mariscos; etc.
Nas matérias de estudo afins da naturopatia, ha que limitar as nossas ambições, porque as nossas forças , como entidade associativa, são limitadas; se é certo que há dezenas de disciplinas ou ciências que podem interessar, em princípio, um naturologista , algumas há que preferir a outras: a biologia; a microbiologia; a microscopia electrónica; a patologia celular; a química orgânica; a zoologia; a antropologia; a psicologia; sei lá quantas disciplinas podem, mais de perto ou de longe, interessar um estudioso da naturologia, na sua máxima extensão.
Mas há que limitar e a modéstia aconselha prudência: a terapêutica será o nosso ponto de partida e de chegada, será o núcleo da nossa acção, o fulcro das nossas ideias.
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CRÍTICA DE ALGUNS PRINCÍPIOS

À luz deste critério estão fora do alcance da nova medicina certos objectivos e princípios preconizados por um naturismo com base religiosa, moral e mística, como sejam os que a seguir se discriminam e analisam, todos eles transcritos de impressos da SPN que pretenderam traduzir a sua doutrina oficial.

A CULTURA INTEGRAL DO INDIVÍDUO

É corrente, em folhetos naturistas, este lema, que me parece um mero «flatus vocis» sem consistência, exactamente pela vastidão ambiciosa do conceito; a cultura integral compete, no fundo, a instituições de educação e se é verdade que naturistas convictos devem propugnar pelo progresso dessas instituições , se é verdade que a educação, afinal, é também um dos primeiros objectivos da naturopatia, a verdade é que se trata de uma educação muito localizada : o doente na sua qualidade de doente para se defender contra a doença. A educação , nos outros sectores, compete aos respectivos serviços. Portanto, proponho que a expressão «cultura integral do indivíduo» seja substituída por «educação do indivíduo doente na defesa contra a doença».

APERFEIÇOAMENTO MORAL DO INDIVÍDUO

Parte este postulado de um conceito ou preconceito corrente entre os que julgam o comportamento moral das pessoas independentemente das suas bases ou situação psicológica e estas sem os condicionalismos económico-sociais.
Ora hoje sabemos que a moral dos indivíduos ( o seu carácter) melhora quando melhorar a sua saúde psíquica e esta é função directa não só da sua saúde física mas principalmente da sua saúde social: estabilidade no trabalho, segurança política, dificuldades de habitação, conflitos de classe, etc. É criminoso pregar moral a barrigas vazias e pedir responsabilidades a mentes doentes e a homens sem liberdade.

CUIDADOS DE HIGIENE PESSOAL

A higiene é hoje, fundamentalmente, de ordem pública: lixos nas ruas, ar poluído, tóxicos os mais diversos : pesticidas, corantes, cortisonas, etc.
Os princípios básicos da higiene individual já são lugares comuns e tornaram-se intuitivos com a própria evolução dos costumes. Aliás, se a via pública for anti-higiénica, pouco adiantam as medidas individuais de protecção; se for higiénica, somos automaticamente beneficiários delas e não são necessários sermões.

REUNIR OS NATURISTAS

Exigir que haja primeiro naturistas para os reunir depois na SPN é o avesso do que se pretende: a grande massa de doentes desorientados será a massa potencialmente a ganhar para a SPN. Porque a SPN não é para receber santos ou candidatos a isso mas aprendizes de saúde, como diz José Castro, doentes, desesperados, desencaminhados pela medicina oficial, pela indiferença dos médicos, pelo cinismo dos negociantes de droga, pelo comércio imoral que os envolve, engana e conduz ao desespero.

MORIGERAÇÃO SEXUAL

Que terá a ver o foro íntimo de cada qual com o seu comportamento? No dia em que a naturologia, seguindo as pisadas de todos os torquemadas que fizeram da moral sexual o inferno na terra, pretendeu ou pretender interferir no comportamento erótico-sentimental dos indivíduos , não só está a repetir a lição desses torquemadas como está a contribuir para desacreditar o naturismo, assim confundido com a mais puritana das «comissões de censura» ou «polícias de costumes».

O QUE DIZ O NATURISMO O QUE DEVIA DIZER


Cultura integral do indivíduo Educar o doente na luta contra a doença

Alimentação racional e coadunada Cozinha, culinária, alimentação e dietética racionais

Luz, sol e ar Não constituem monopólio de nenhuma causa ou movimento médico

Cuidados de higiene geral Não constituem monopólio de nenhuma causa

Aperfeiçoamento moral do indivíduo Compete a padres, educadores, pais de família, professores de moral, etc

Reunir os naturistas portugueses Reunir os doentes que desejam curar-se recorrendo às terapêuticas naturais

Tratamento das doença pelas plantas Fitoterapia entre outras terapêuticas naturais

Exercícios físicos metódicos e regrados Compete aos ginásios, saunas e parques de jogos, enquanto a SPN não tiver os seus


Banhos de ar, água e sol Com certeza, mas toda a gente sabe

Vestuário e calçado simples e cómodo Com certeza, mas toda a gente sabe

Reforma mental pela auto-disciplina Mas a disciplina não é prática pouco natural e naturista?

Defesa da mulher E porque não também do homem?

Defesa da criança E porque não também do velho?

Protecção aos irracionais e às árvores Compete a toda a gente civilizada e nem só aos naturistas

Luta contra o alcoolismo Compete ao Ministério da saúde

Luta contra o tabagismo Idem

Luta contra a prostituição Fidel de Castro aboliu a prostituição porque aboliu o capitalismo

Luta contra desportos violentos É uma luta de qualquer pessoa civilizada, naturista ou não

Luta contra o vício ???????????????????????

Luta contra o gasto prejudicial de energia/Isso é com cada um e a consciência ecológica de cada um

Luta contra a miséria e morte prematura A miséria é com o socialismo (a fazer) a imortalidade é com os deuses

Vida dentro das sábias leis da natureza Toda a civilização é equilíbrio precária pró e contra a natureza, entre leis da natureza e leis humanas

Desenvolvimento da força de vontade Compete talvez ao ioga o que até hoje os métodos ocidentais não conseguiram com discursos e sermões moralistas

Moralização dos costumes Tinha de começar por moralizar a geral corrupção ao mais alto nível e nunca mais acabava

Oposição aos vícios Vício é o sintoma da doença e é claro que somos contra a doença : mas contra causas da doença e não contra os sintomas declarados, como ensina Hipócrates

Protecção aos fracos Compete a todos, naturistas ou não ?
Felicidade na família ?????????????????
Revigoramento da raça ??????????
Prosperidade da nação Mas não há nada que não se faça neste país que não seja para a prosperidade da nação.

SAÚDE E DOENÇA SEGUNDO O NATURISMO

Saúde e doença, para um naturista, não são fenómenos isolados, esporádicos, superficiais: radicam na mais profunda realidade do homem e do meio que o cerca ou habitat: físico, climático, histórico, cultural.
Por isso o âmbito de assuntos que interessam um naturista é quase tão vasto como a vida, o homem e a sociedade.
Eis, em breves tópicos, problemas e matérias que nos interessam - especialmente para elucidação dos que julgam o naturista preocupado apenas em não comer carne...

1 - A DESINTOXICAÇÃO

O conceito de desintoxicação - sua importância na cura das doenças em geral e em especial das doenças crónicas degenerativas

2 - OS TÓXICOS ALIMENTARES
Alimentos fermentados
Bebidas alcoólicas
Carnes Peixes
Conservas
Corantes
Enlatados
Frituras
Levedura prensada
Mariscos
Molhos

3 - OS TÓXICOS NÃO ALIMENTARES
Fármacos
Estupefacientes
Água e ar poluídos
Adubos
Pesticidas

4 - AS DOENÇAS DEGENERATIVAS OU POR INTOXICAÇÃO
Arterioesclerose
Cancro
Diabetes

5 - AS DOENÇAS DE ORIGEM ARTRÍTICA POR INTOXICAÇÃO

Reumatismo
Cárie

6 - OS MÉTODOS E TÉCNICAS DE DESNTOXICAÇÃO

Jejum de frutos
Alimentação racional e individualizada
Argila
Banhos de sudação
Dieta vegetalina
Ioga
Marcha
Sauna

6 - A TEORIA TÉRMICA DE LAZAETA ACHARAN E SUA IMPORTÂNCIA NOS MÉTODOS DE DESINTOXICAÇÃO

7 - NUTRIÇÃO E DESNUTRIÇÃO

Desnutrição por carência quantitativa e desnutrição por alimentos desvitalizados
Açúcar refinado
Arroz descorticado
Farinha sem farelo
Indústrias alimentares ao serviço da degeneração da espécie
O problema das proteínas e seu equilíbrio
Avitaminoses
doenças por carência

8 - HERESIAS DIETÉTICAS

Em nome da alimentação racional , como método desintoxicante, interessa combater heresias de origem mística ou religiosa que procuram interferir nos propósitos exclusivamente higiénicos , profilácticos, clínicos e terapêuticos do naturismo: vegetarianismo, crudivorismo, veganismo, etc.

9 - AS TERAPÊTICAS NATURAIS

Água (hidroterapia)
Alimentos (trofoterapia)
Hipnotismo
Magnetismo (magnetoterapia)
Massagens
Música (meloterapia)
Sol (helioterapia)
Sono

10 - O ERRO E OS ERROS DA MEDICINA SINTOMÁTICA

O papel defensivo do sintoma no equilíbrio orgânico

11 - AS DUAS CORRENTES DO PENSAMENTO MÉDICO:
ALOPÁTICA OU SINTOMÁTICA
NATUROPÁTICA OU CAUSAL

12 - RAMOS PRINCIPAIS DA MEDICINA MODERNA

Sintomática, curativa e medicamentosa -> preventiva
Cirúrgica -> higiene e educação sanitária
Cirurgia plástica e reconstrutiva ------------
Física e de reabilitação psicosomática
reanimação
parto sem dor

13 - HABITAT HISTÓRICO E SEUS TRAUMATISMOS NO COMPORTAMENTO

Matanças totais e parciais
A competição industrial e financeira mascarada de competição técnico- científica
A guerra das velocidades
Bombardeamentos
Genocídios

14 - A BOMBA OU CHANTAGEM DAS CONSCIÊNCIAS

O medo termo-nuclear como ameaça absoluta para ocultar e escamotear as agressões relativas ou quotidianas

15 - OS MITOS DA CIÊNCIA OU O LOGRO CULTURAL

Barnard como exemplo do fenómeno pseudo-científico, criado para fins de propaganda política
A ciência manobrada pela tecnologia e esta pela necessidade de explorar o homem pelo homem
Corrupção da autonomia cultural pela pressão económica e financeira
O conceito de neurose com base nas alienações sofridas pelo indivíduo a vários níveis

16 - AS DOENÇAS DO HABITAT

Alcoolismo
Crime
Delinquência juvenil
Depressão nervosa
Manifestações sintomáticas ou consequências das desigualdades económicas,sociais, orgânicas e psicológicas, em vez de flagelos «morais» como se consideram
Neurose
Prostituição
Suicídio
Tabagismo

17 - A ILUSÃO DOS TRANQUILIZANTES CONTRA A INSANIDADE PSÍQUICA

Alucinogénicos
Analgésicos
Anfetaminas
Estupefacientes (morfina, cocaína, haxixe, marijuana)
Profamina

18 - OS MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO OU A MITOLOGIA DEGENERADA

Pela literatura (fotonovela, presse du coeur, policial, espionagem, bandas desenhadas)
Pela radio (rádio-novela, policiais, espionagem, etc.
Pelo cinema (cine-novela, policiais, espionagem)
Pela televisão (telenovela, policiais, espionagem)
Os seriais no equilíbrio emocional dos indivíduos alienados pelo trabalho pela exploração económica, pela instabilidade social, pela doença e pelos traumatismos físicos ou psíquicos
Os mitos da violência intercalados nos temas sentimentais que servem de isca à finalidade última dos empresários

19 - AS TÉCNICAS DE AVILTAMENTO INDIRECTO OU DE LAVAGEM DIRECTA DO CÉREBRO

A propaganda e publicidade como técnicas perfeitas de aviltamento
Os meios de informação que deveriam ser de educação de massas ao serviço da intoxicação mental pela publicidade-propaganda
A crítica como técnica de higiene ou prevenção da saúde e ataque à doença

20- AS MANOBRAS DISTRACTIVAS CONTRA A SAÚDE MENTAL

As indústrias distractivas ao serviço delas mesmas
Estádios
Olimpíadas
Taças
Campeonatos
Rallis
Lotarias
Concursos
Totobolas como mecanismos simultaneamente de distracção, aviltamento e compensação para as frustrações do homem alienado - Os desportos de luxo (inverno, náuticos)
O conceito de alienação fundado nas condições de atrofia exercidas sobre os homens pela insanidade ou insalubridade do habitat: habitação, clima urbanismo, tráfego, poluição , política, economia desníveis sociais, insegurança profissional, psicose do consumo, etc
O crime não como vício ou pecado mas como doença de uma sociedade doente onde campeia o crime legalizado (a guerra), a injustiça social, a opressão económica, a discriminação racial
O pesadelo climatizado (Henry Miller)
Recurso à droga , se a fuga é impossível - sentir demais é também uma doença

21 - OS SERVIÇOS OFICIAIS DE HIGIENE

Defesa anti-sezonática
Higiene do trabalho e das indústrias
Lixos e sua remoção
Profilaxia das doenças infecciosas
Radio-rastreio
Salubridade das águas
Serviço antitracomatoso
Serviço anti-tuberculoso
Serviço anti-venéreo
Serviço de desinfecção e desinfestação
Vacinação

22 - OS SERVIÇOS PÚBLICOS E FALTA DE RESPEITO PELA VIDA HUMANA

Acidentes de trabalho
As barras dos nossos rios-perigo constante
Helicópteros na costa, para quando?
Insegurança no trabalho
Passagens de nível sem guarda

23 - A EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM

Rendas de casa, ordenados de fome, alimentação pobre em quantidade
Desemprego, insegurança no trabalho, defesas nervosas diminuídas, doença
Impostos
Crescimento em flecha dos lucros bancários e das empresas. Seu reverso no esgotamento ou «surménage» do trabalhador
Falta de saúde individual em razão directa da abundância ou saúde capitalista
Acidentes e atrasos nas linhas suburbanas, acréscimo de surménage
Aumento de tarifas, subida de preços, cortes nos géneros de 1º necessidade: pão, leite, arroz, batata, massas
Locais de trabalho sem ventilação ou aquecimento, instalações sanitárias deficientes
A saúde em risco diário
Passagens de nível sem guardas e acidentes
Os lixos da cidade contra o transeunte
Helicópteros na costa para quando?
As barras dos nossos rios, perigo constante
Insegurança no trabalho, acidentes no trabalho
Espionagem e devassa da vida ou integridade íntima : escuta dos telefones, violação de correspondência, denúncia e arresto sem causa formada
As corridas de automóveis, os touros, a caça, o tiro aos pombos ou o elogio do crime organizado
Hipocrisia da civilização cristã que apanigua todos os crimes contra a vida

24 - QUE PODE A PSICOTERAPIA?

Psicanálise
Narcoanálise
Hipnoterapia
Cura pelo sono

25 - ALGUNS ARGUMENTOS MAIS USADOS CONTRA OS MÉTODOS NATUROTERAEUTICOS

Pouco práticos e muito morosos
Mais caros
Desnutrição e carências
Nada podem contra as doenças agudas
Combater as causas pela desintoxicação é mais demorado, difícil e complicado do que abafar sintomas com medicamentos
O doente fica entregue a si próprio

Destes argumentos conclui-se que:
Os métodos naturopáticos exigem assistência médica ou paramédica mais persistente e implicam, para seu completo êxito, tratamento em clínica .
De onde se conclui que a naturopatia implica , necessita e fomenta desde já a verdadeira medicina do futuro, não preocupada com o tempo que o doente faz perder ao médico mas preocupada efectivamente em curar, a verdadeira socialização da medicina.
A naturopatia exige desde já que a terapêutica não seja caseira e pessoal mas organizada, socializada, planificada.

26 - NEM PANACEIAS NEM ESPECÍFICOS

O novo médico, entre os erros da medicação específica e os erros da panaceia ou remédio universal, irá escolher: argila, água do mar, sol, magnetismo, massagem, etc.
A verdade está no conhecimento da multiplicidade de recursos a que cada cas , cada doente deverá recorrer.
O novo médico será o que conhece todos os métodos , por todos se interessa e de todos exclui a parte que a experiência comprovar ser erro e aproveita a parte que a experiência aconselha porque confirma.

27 - A IMPORTÂNCIA DECISIVA DO CRITÉRIO NATURISTA NA ETIOLOGIA DE DOENÇAS DE NUTRIÇÃO E DEGENARATIVA : CANCRO, TUBERCULOSE, ARTERIOESCLEROSE, DIABETES, ETC

28 - OS MÉTODOS NATURAIS DE DIAGNÓSTICO
Pela íris
Pela temperatura interna
Pelo rosto (fisiognomia)
Pelas linhas da mão

29 - NATURISMO E PROSPECTIVA

O naturismo preconiza a prospectiva nas disciplinas médicas, assim como outros movimentos de vanguarda a preconizam
na pintura (dadaísmo, futurismo, surrealismo, pop art, etc.)
na filosofia (positivismo lógico, estruturalismo)
na poesia (surrealismo)
no romance (école du regard)
na política (materialismo dialéctico)
na lógica (dialéctica, lógica matemática, lógica do contraditório)
na economia (cooperativismo )
na biologia

30 - ERRO E VERDADE EM ALGUMAS TEORIAS TERAPÊUTICAS

A teoria sintomática
A teoria microbiana
A teoria dos humores ou da desintoxicação
A teoria do jejum e a teoria da superalimentação
A teoria da unidade de todas as doenças
A teoria térmica (Lazaeta Acharán)
A teoria das proteínas e sua nocividade (José Castro)
A teoria das crises curativas
A teoria da «natura vix medicatrix» ou de que a natureza (o organismo) tem em si o poder de se curar
A teoria da força ou magnetismo vital
A teoria do magnetismo animal (Mesmer)
A teoria psicanalítica (Freud)
A teoria dos biótipos (José Castro)
A teoria dos complexos (Jung)

Todas as teorias são limitadas e corrigidas pelo princípio de que «não há doenças, há doentes» e cada doente é um caso ao qual as teorias têm de ser ajustadas, adaptadas.

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(1)13/Agosto/1999 - Neste longo texto de 15/Fevereiro/1968, encontra-se praticamente toda a nomenclatura (muitas das palavras-chave) que iria enquadrar as futuras noções de Ecologia Humana, tal como eu me esforcei por definir.
Escrito quando me encontrava na direcção da Sociedade Portuguesa de Naturologia, ele constitui o que podia ser a base de um manifesto para a nova naturologia.
31 anos depois, nada tenho a retirar deste texto, que voltaria a subscrever apenas com alguns acrescentes que a experiência de três décadas aconselharia.
Deve ter sido escrito para publicar no boletim da SPN, ou nas três páginas que a SPN tinha na revista «Natura». Obviamente longo demais, ficaria e há-de continuar inédito provavelmente por mais 30 anos.

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