ASMA 1992
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Lisboa, 22/Abril/1992
C.F.: Foi na tentativa de compreender os problemas da asma, teus e da Astrid, que reuni essa documentação sobre espasmofilia que te envio. Em vez de a destruir, talvez te possa ser útil. Do que se trata, então? Acho que cada um deve fazer o dossier do seu caso, tentando conhecer-se o melhor possível nos seus problemas, tendências e sintomas.
É nesta perspectiva - do «conhece-te a ti próprio» - que eu acho dever colocar a questão da autoterapia. A verdade é que cada um tem obrigação de zelar, velar por si próprio, ainda que toda a tendência, no nossa sociedade, vá no sentido contrário: e cada um entrega-se sempre nas mãos de um médico ou qualquer outro salvador.
Curiosamente, foi ainda este princípio de autosuficiência o que sempre me interessou mais nas chamadas tecnologias «limpas». Não apenas por serem ecológicas, mas principalmente por primarem o princípio da autolibertação e da autoindependência. O prefixo «auto» acaba por ser mais importante do que o prefixo «eco» em uma ética ecologista, digamos assim.
Não sei se estás nesta onda nem se quererás aproveitar o espaço que tens - que tens a sorte de ter - para conservar documentação que pode ser útil sempre a quem dela necessite. Dou comigo, neste momento, de cabeça louca à procura de tudo o que respeite a pêndulos, teleradiestesia, pirâmides, etc. Imagina que um inesperado (?) relâmpago me acaba de mostrar a faceta inédita desses temas que eu supunha menores e de cuja documentação fiz o favor de me expoliar, numa manifestação de burrisse em que provei bem o grau de atrofia do meu sexto sentido, a intuição.
É o momento de te dizer que estou a ressuscitar da segunda maior crise que jamais atravessei. Dizem-me que irei agora viver a minha segunda infância. O Carlos Carvalho foi um dos que me ajudaram a sair do buraco mais negro onde jamais estive. [ Curiosamente, recorri à Macrobiótica para ultrapssar uma crise devida a erros praticados dentro da Macrobiótica, o que só prova que ainda sabemos pouco de dialéctica taoísta].
O Carlos Carvalho perguntou por ti, como te sentes. Disse-lhe que devias estar a marcar nova consulta, se é que não marcaste já. Se vieres, ficas então a saber que neste momento, em matéria de documentação e nem só, a minha Prioridade das prioridades é o pêndulo. Acho que por ele vamos poder começar a construir a tão propalada era do Aquário. Só que, no meio dos ruídos parasitas, raramente se ouve a melodia principal.
A convicção a que fui compelido - por força dos factos, por força do que para mim tem a maior força que é a experiência vivida e vivenciada - diz-me que, finalmente, e depois de vários atalhos, estou finalmente a caminhar na estrada real, aquela que leva à mansão certa. É como se todos os fios se tivessem subitamente reunido num único fio, sendo este o do humilde e maravilhoso pêndulo. É como se tivesse tocado o centro de gravidade do Universo. Se estou enganado, já não era a primeira vez. Mas pode ser que não esteja: e que, dentro de algum tempo, me encontre em condições de ajudar os outros com energia e eficiência, em sinal de gratidão pelos que me ajudaram a sair desta.
Será exagero falar de transmutação? Dizem-me que é mesmo e eu tenho fé que seja. Sendo a experiência mais espantosa que já vivi - sofri - é claro que me assedia a vontade de a compartilhar com os amigos. Mas para isso - e por enquanto - a distância física é um obstáculo. Pode ser, em breve, que a distância não seja obstáculo nem faça nenhuma diferença. Mas isso é a parte mais prodigiosa deste prodígio de que te falo. Teleradiestesia: tudo o que encontrares sobre esta matéria, guarda e diz-me. A restante documentação que me prometeste, continua a ser-me útil e podes mandá-la ou trazê-la quando te calhar: o essencial sobre o MS-DOS, por exemplo.
É nestes momentos que me surge a ideia-força: um grupo (mesmo clandestino) trabalhando e investigando no mesmo sentido, sem dispersar energias - tempo e dinheiro - é de facto, como diziam os surrealistas, o princípio de tudo. Isolado vou avançar na minha pesquisa. Mas avançaria ao dobro da velocidade, se houvesse constituído um grupo, um núcleo, um a equipa de investigadores sintonizados. Mas, como digo, pode ser que a gente, mesmo à distância, consiga fazer essa grupo. Consta-me, mas não pude confirmar, que a teleradiestesia é considerada em França, nesta altura do campeonato, uma seita subversiva. Se se confirmar a notícia, é porque há então fortes razões para esta minha súbita euforia.
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Lisboa, 22/Abril/1992
C.F.: Foi na tentativa de compreender os problemas da asma, teus e da Astrid, que reuni essa documentação sobre espasmofilia que te envio. Em vez de a destruir, talvez te possa ser útil. Do que se trata, então? Acho que cada um deve fazer o dossier do seu caso, tentando conhecer-se o melhor possível nos seus problemas, tendências e sintomas.
É nesta perspectiva - do «conhece-te a ti próprio» - que eu acho dever colocar a questão da autoterapia. A verdade é que cada um tem obrigação de zelar, velar por si próprio, ainda que toda a tendência, no nossa sociedade, vá no sentido contrário: e cada um entrega-se sempre nas mãos de um médico ou qualquer outro salvador.
Curiosamente, foi ainda este princípio de autosuficiência o que sempre me interessou mais nas chamadas tecnologias «limpas». Não apenas por serem ecológicas, mas principalmente por primarem o princípio da autolibertação e da autoindependência. O prefixo «auto» acaba por ser mais importante do que o prefixo «eco» em uma ética ecologista, digamos assim.
Não sei se estás nesta onda nem se quererás aproveitar o espaço que tens - que tens a sorte de ter - para conservar documentação que pode ser útil sempre a quem dela necessite. Dou comigo, neste momento, de cabeça louca à procura de tudo o que respeite a pêndulos, teleradiestesia, pirâmides, etc. Imagina que um inesperado (?) relâmpago me acaba de mostrar a faceta inédita desses temas que eu supunha menores e de cuja documentação fiz o favor de me expoliar, numa manifestação de burrisse em que provei bem o grau de atrofia do meu sexto sentido, a intuição.
É o momento de te dizer que estou a ressuscitar da segunda maior crise que jamais atravessei. Dizem-me que irei agora viver a minha segunda infância. O Carlos Carvalho foi um dos que me ajudaram a sair do buraco mais negro onde jamais estive. [ Curiosamente, recorri à Macrobiótica para ultrapssar uma crise devida a erros praticados dentro da Macrobiótica, o que só prova que ainda sabemos pouco de dialéctica taoísta].
O Carlos Carvalho perguntou por ti, como te sentes. Disse-lhe que devias estar a marcar nova consulta, se é que não marcaste já. Se vieres, ficas então a saber que neste momento, em matéria de documentação e nem só, a minha Prioridade das prioridades é o pêndulo. Acho que por ele vamos poder começar a construir a tão propalada era do Aquário. Só que, no meio dos ruídos parasitas, raramente se ouve a melodia principal.
A convicção a que fui compelido - por força dos factos, por força do que para mim tem a maior força que é a experiência vivida e vivenciada - diz-me que, finalmente, e depois de vários atalhos, estou finalmente a caminhar na estrada real, aquela que leva à mansão certa. É como se todos os fios se tivessem subitamente reunido num único fio, sendo este o do humilde e maravilhoso pêndulo. É como se tivesse tocado o centro de gravidade do Universo. Se estou enganado, já não era a primeira vez. Mas pode ser que não esteja: e que, dentro de algum tempo, me encontre em condições de ajudar os outros com energia e eficiência, em sinal de gratidão pelos que me ajudaram a sair desta.
Será exagero falar de transmutação? Dizem-me que é mesmo e eu tenho fé que seja. Sendo a experiência mais espantosa que já vivi - sofri - é claro que me assedia a vontade de a compartilhar com os amigos. Mas para isso - e por enquanto - a distância física é um obstáculo. Pode ser, em breve, que a distância não seja obstáculo nem faça nenhuma diferença. Mas isso é a parte mais prodigiosa deste prodígio de que te falo. Teleradiestesia: tudo o que encontrares sobre esta matéria, guarda e diz-me. A restante documentação que me prometeste, continua a ser-me útil e podes mandá-la ou trazê-la quando te calhar: o essencial sobre o MS-DOS, por exemplo.
É nestes momentos que me surge a ideia-força: um grupo (mesmo clandestino) trabalhando e investigando no mesmo sentido, sem dispersar energias - tempo e dinheiro - é de facto, como diziam os surrealistas, o princípio de tudo. Isolado vou avançar na minha pesquisa. Mas avançaria ao dobro da velocidade, se houvesse constituído um grupo, um núcleo, um a equipa de investigadores sintonizados. Mas, como digo, pode ser que a gente, mesmo à distância, consiga fazer essa grupo. Consta-me, mas não pude confirmar, que a teleradiestesia é considerada em França, nesta altura do campeonato, uma seita subversiva. Se se confirmar a notícia, é porque há então fortes razões para esta minha súbita euforia.
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